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RESIDÊNCIA PEDAGÓGIGA E DESAFIOS NO ESTÁGIO REMOTO: APRENDENDO SOBRE O ENSINO DA HISTÓRIA REGIONAL E SUA IMPORTÂNCIA PARA O AUTORRECONHECIMENTO DOS SUJEITOS HISTÓRICOS Aline Teles Barbosa RESUMO O relato a seguir visa retratar as experiências do estágio remoto no Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás Nestório Ribeiro através do programa Residência Pedagógica que integra discentes do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Jataí/UFJ. A exposição da trajetória vivenciada conta com discussões acerca do ensino de História regional e local na 2ªsérie do ensino médio através da matéria “Cultura Goiana”, evidenciando assim, reflexões a respeito da importância do ensino deste conteúdo para que as/os estudantes se reconheçam como parte da história. O presente programa viabilizou a nossa incorporação nas aulas intervindo, participando e observando o cotidiano escolar que por sua vez foi adaptado ao ensino remoto, trazendo consigo novos desafios e aprendizados, tanto para as próprias/os professoras/es e alunas/os em si, quanto para nós enquanto estagiárias/os. Através disso, pode-se dizer que é indescritível a contribuição que este programa oferece para a nossa formação e sua cooperação para nos tornar profissionais capacitadas/os. Palavras-chave: Residência Pedagógica; Estágio Remoto; História Regional; INTRODUÇÃO O Programa Residência Pedagógica (RP), é um projeto cujo objetivo visa aperfeiçoar a prática docente incluindo nas escolas do ensino básico, estudantes dos cursos de licenciatura para que estas/es tenham contato prévio com o dia-a-dia da profissão antes da aquisição do diploma do ensino superior. LIMA (2009) nos informa que “o Estágio é um campo de conhecimento, uma aproximação do estagiário com a profissão docente e com os seus profissionais em seu local de trabalho, no concreto das suas práticas”. A partir das percepções adquiridas ao cursar as disciplinas de Estágio Supervisionado (I, II e III), concluímos o valor significativo das reflexões teóricas em conjunto com a prática. Para LIMA (2009): “as experiências são confrontadas com os estudos teóricos sobre as finalidades da educação na formação da sociedade humana. O registro reflexivo mostra o Estágio como reflexão da práxis, a partir do estágio como pesquisa, e a pesquisa no Estágio”. Aperfeiçoar nosso conhecimento e também o nosso trabalho para nos tornarmos profissionais capacitadas/os, vai de acordo com todo o estudo realizado nas disciplinas voltadas para a educação no curso de Licenciatura em História, simultaneamente com a experiência adquirida como estagiária no projeto Residência Pedagógica. Diante dessa análise, gostaria de ponderar que este relato de experiência, é resultado da minha vivência enquanto estagiária pelo RP no período que vai de Novembro de 2020 a Abril do ano de 2021 no Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás Nestório Ribeiro localizado na Cidade de Jataí (GO). No referido período, nos encontrávamos em meio a pandemia do COVID 19, portanto, o estágio foi adaptado para o formato remoto. Sou estudante do curso de Licenciatura em História da Universidade Federal de Jataí (UFJ), e participei ativamente junto ao meu colega, estagiário Danilo Silva Teixeira1, com intervenções e observação nas aulas da matéria “Cultura Goiana” ministradas na 2ªsérie do ensino médio pela professora Nubia Alves Lucas2. Durante o tempo de observação e contribuição, acompanhamos as aulas através da plataforma digital ZOOM3, e utilizamos de ferramentas digitais como o Trello4 e o Power Point para elaborar e realizar nossas apresentações. Tratar da matéria de Cultura Goiana, é tratar sobre o campo da História Regional. Têm-se que ensino de História durante os anos, passou por uma conturbada trajetória. Um exemplo disso foi o fechamento de muitas escolas no período da ditadura militar onde taxavam os ensinamentos da disciplina como “comunizantes e subversivos”. Em seguida, com a queda do regime, veio o processo de redemocratização na década de 80, onde se viu a inevitabilidade de repensar o ensino dos “Estudos Sociais5”. “Os historiadores voltaram seus olhares para um campo mais cultural, mais social, sugerindo assim possibilidades de rever o ensino escolar.” (PAIM; PICOLLI, 2007). Mas foi nos fins da década de 90, após a aprovação do Projeto de Leis das Diretrizes e Bases da Educação Nacional, que surgiram problemáticas relacionadas a distância entre o conteúdo de História e as alunas/os. PAIM e PICOLLI (2009) constataram que: “Estes não se reconhecem como sujeitos da história e não conseguem refletir historicamente a respeito, pois estão envolvidos por uma proposta 1 Bolsista do programa Residência Pedagógica de História da Universidade Federal de Jataí/UFJ. E- mail: dst27059932@gmail.com 2 Professora do CEPMG Nestório Ribeiro e do Colégio Anglo Jataí. 3 Zoom Vídeo Communications é uma empresa americana de serviços de conferência remota com sede em San Jose, Califórnia. Ela fornece um serviço de conferência remota "Zoom" que combina videoconferência, reuniões online, bate-papo e colaboração móvel. ⁴ Organizador de listas interativas e digitais. Para começar, deve-se criar um quadro para uma tarefa de várias etapas ou várias partes que você deseja realizar. Em seguida, dividir a tarefa criando listas e adicionando “cards” em cada lista. Pode-se, ainda, facilmente mover e reorganizar estas listas e cartões. ⁵ Os Estudos Sociais unia as disciplinas de História e Geografia ignorando assim suas especificidades e acabando com o ensino de História como possibilidade de gerar reflexões. de História que volta-se somente para o passado”. Dentre várias propostas para o ensino de História, estavam presentes algumas que se tratavam das problemáticas sobre Histórias regionais e locais, para que ocorresse a aproximação da História e aqueles sujeitos os quais também fazem parte dela: as/os estudantes. Perante estas considerações, nos embasamos na relevância do estudo da História regional/local para as alunas/os, na esperança de gerar bons resultados nas nossas participações na matéria “Cultura Goiana”. As intervenções foram pensadas para dialogarem com o conteúdo que foi ministrado, e foram avaliadas e incluídas nos planos de aula pela professora Núbia Lucas. Ademais, gostaria de frisar o quão significativo é para a minha formação, participar do RP, pois construí até o presente momento muitos conhecimentos e concepções que com certeza darão bons frutos: Ajuda-nos a compreensão do Estágio/Prática Pedagógica a metáfora da árvore, cujas raízes representam a fundamentação teórica estudada, o tronco simboliza a pesquisa, os galhos e as folhas são as atividades desenvolvidas e os frutos representam os registros reflexivos realizados pelos estagiários. (LIMA, 2009, p. 45). DESENVOLVIMENTO O Colégio Estadual da Polícia Militar de Goiás Unidade Nestório Ribeiro, de acordo com o seu Plano Político Pedagógico (PPP), é uma Instituição de Ensino que ministra o Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) e Ensino Médio, mantida pela Secretaria Estadual de Educação e Secretaria de Segurança Pública. Possui sede e foro na cidade de Jataí (GO). Para a estruturação das turmas do CEPMG, usa-se o critério de sorteio, entre as/os candidatas/os previamente inscritas/os, conforme o Edital publicado anualmente pelo Comando de Ensino da Polícia Militar de Goiás (PMGO). A escola conta com alunas/os provenientes de vários bairros e também da zona rural. Desde a sua ativação em 2013, foram disponibilizados tambémos recursos humanos que integraram a unidade: em sua maioria militares da reserva remunerada e servidoras/es da rede estadual. Com a chegada da pandemia do COVID19, o Colégio se adaptou ao ensino remoto para não prolongar o período de interrupção das aulas. É importante evidenciar, que em meio ao período de intensas dificuldades, existem estudantes que não conseguem fazer parte da dinâmica das aulas por meios digitais. Através da entrevista realizada com a professora Nubia Lucas, foi relatado que estes alunos fazem as atividades xerocadas pela própria escola. Geralmente as mães ou pais buscam, levam para casa, e retornam à atividade concluída a escola. Alunas/os da Zona rural, possuem enorme dificuldade de acesso à internet. Com início em novembro de 2020, o RP nos estimula a pensar como será nosso trajeto pelo estágio através da elaboração do plano de trabalho feito em conjunto com outras/os residentes que atuam na escola e com a professora supervisora. Dados esses pormenores, é chegada a hora das observações e das intervenções. A professora supervisora Núbia Lucas, é responsável por ministrar além da matéria de História, a matéria “Cultura Goiana”. Percebi essa disciplina como estratégia para trabalhar a História regional com os alunos, visto que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) mesmo propondo 60% dos conteúdos do currículo voltados à ideia de “História Geral” e do “Brasil”, e reservando 40% deste para se tratar da História regional, ela não enfatiza a importância desta temática. O assunto fica apagado em meio ao currículo que traz uma história linear de viés mais eurocêntrico, e que não leva em consideração a realidade do aluno e sua comunidade escolar. No processo de distribuição dos residentes por horários e turnos, vi a oportunidade de optar pelas aulas de “Cultura Goiana”. Como fui bolsista do Museu Histórico de Jataí Francisco Honório de Campos (MHJ), e ainda hoje atuo como integrante da equipe, vi a chance de cooperar no conteúdo, pois o MHJ possuí muitas fontes a respeito da História regional, seja ela de Goiás ou do próprio município de Jataí. Nas palavras de PAIM e PICOLLI (2007): “o estudo da história regional e local não deve limitar-se a bibliografias e explicações, existem outras fontes ainda não muito exploradas, como os museus, as casas de cultura, os monumentos históricos, entre outros, que contribuem muito para que alunos e professores possam melhor compreender as especificidades de um local.” (PAIM; PICOLLI, 2007, p. 120-121). E nessa perspectiva, exerci a tentativa de manter um diálogo com a história local em uma das nossas intervenções. Explicarei melhor a seguir, quando for relatar mais detalhadamente a respeito dos procedimentos das intervenções. A minha primeira participação se deu em uma quarta-feira. As aulas de “Cultura Goiana” são ministradas uma vez na semana contendo duração de 45 minutos. É um tempo muito curto que deve ser bem aproveitado. Tive um estranhamento inicial com a plataforma ZOOM. O fato desta ser nova para mim e os comandos estarem escritos em inglês, me geraram insegurança, pois algum clique errado, pode atrapalhar a aula. Foi uma experiência agradável pois fui bem recebida pelos alunos. A respeito do conteúdo, era voltado para as “Bandeiras em Goiás”, a chegada do Anhanguera6 na região. A professora utilizou slides para apresentar o conteúdo. Neste dia, aprendi que a dinâmica deste Colégio Militar, é diferente dos demais Colégios Estaduais que atuei com estagiária. Na aula, estão presentes além de nós estagiárias/os: a professora, as alunas/os e uma/um anfitriã/ão (civil ou militar) que é responsável por fazer a chamada, observar o comportamento dos alunos, verificar quem entra e sai das aulas, etc. Ao final dessa primeira aula que acompanhei, aprendi algumas regras presentes no Colégio militar: exigências da câmera aberta, da utilização do uniforme mesmo no ensino a distância (ead), do corte de cabelo específico, dentre outras. Foi uma realidade nova para mim. Foi chegado o dia da primeira intervenção. Vi surgir uma dificuldade em elaborar algo que fosse contribuir com o conhecimento das/os estudantes e que estivesse coerente com o currículo e o plano de aula. Recorri a professora de Estágio Supervisionado III Clarissa Ulhoa7, para que nos auxiliasse (a mim e ao meu colega) na intervenção. O diálogo entre as/os professoras/es de Estágio e as/os discentes da disciplina podem contribuir e muito no momento em que os obstáculos surgem. Como sugestão, ela apresentou uma bibliografia interessante: “Traços da alimentação na Bandeira do Anhanguera - 1734” com a autoria de Deusdedith Alves Rocha Junior. A discussão deste texto é muito cativante, e trouxe uma visibilidade necessária para as/os indígenas presentes no contexto. Conseguimos concluir a apresentação do material elaborado nessa primeira intervenção. Foram destinados 15 minutos da aula para que ela ocorresse. Infelizmente o tempo é muito curto, e só foi possível responder a uma única dúvida. Nas outras experiências de estágio presencial, lembro que o diálogo acontecia de maneira mais fluída. Fiquei me perguntando o quanto o ensino remoto atrapalha a participação dos alunos. Cheguei à conclusão que atrapalha de maneira bastante significativa. A professora Núbia Lucas, sempre manda os conteúdos que serão trabalhados em aula para pensarmos a intervenção. A expectativa era que as intervenções ocorressem semana sim, semana não, mas não foi possível manter esse ritmo por vários motivos. Percebi que o cotidiano em sala de aula é cheio de imprevistos, até mesmo no ensino remoto. Algumas aulas programamos intervenções, mas ocorreram contratempos ora relacionados ao curto tempo para ministrar o conteúdo, ora relacionados a interrupções de militares da equipe escolar que vinham conversar com os alunos sobre assuntos referentes ao acompanhamento da aula com câmeras fechadas, uso do uniforme, ou até mesmo por não ter aula da matéria em algumas semanas específicas. 6 Anhanguera, apelido de Bartolomeu Bueno da Silva, (1672-1740) foi um bandeirante paulista que integrou o grupo dos colonizadores do Brasil Central. 7 Professora Doutora da Universidade Federal de Goiás/Regional Jataí. clarissau@gmail.com Na busca de maior criatividade para as intervenções resolvemos utilizar a ferramenta Trello. ARAUJO (2020) destaca que “um dos maiores benefícios do Trello é a habilidade de fornecer uma perspectiva de alto nível aos alunos sobre o que eles estão aprendendo”; diante disso, entendemos a necessidade de apresentar a ferramenta Trello para as/os estudantes e para a professora, para que ela pudesse ser conhecida por elas/es e agregue no aprendizado das alunas/os. O tema trabalhado foi “CULTURA GOIANA NO SÉCULO XIX: O OLHAR DOS VIAJANTES”. Criamos um quadro no Trello com imagens, explicações e informações sobre a passagem dos os viajantes (séc. XIX) por Goiás. A participação das/os alunas/os foi de maior destaque neste dia. Respondemos dúvidas e vimos surgir o interesse pelo tema trabalhado. A seguir, imagens do quadro gerado na referida ferramenta digital: Parte 1 do quadro: Cultura Goiana no século XIX: O olhar dos viajantes, Ferramenta Trello, 2021. Parte 2 do quadro: Cultura Goiana no século XIX: O olhar dos viajantes, Ferramenta Trello, 2021. Através deste quadro, foi possível explicar sobre o trabalho da/o historiadora/or, a construção dos discursos, as relações de poder por trás destes e tudo isso permeado com a participação das/os alunas/os. As aulasde “Cultura Goiana”, começaram a trazer o conteúdo voltado para as tradições de Goiás, incluindo as festas religiosas. A professora utilizou de videoaulas e slides para explicar o conteúdo. Goiás, tem muitas tradições religiosas que fazem parte de sua cultura. Foi assim, que busquei no Museu Histórico de Jataí, referências sobre a matéria Cultura Goiana que pudessem fazer parte da intervenção. Essa intervenção, está projetada, mas ainda não foi executada devido a fatores que não nos permitiram. Identifiquei no livro “Jataí, espaços de morar” (PINTO JÚNIOR; MENEZES, 2012), trechos sobre tradições religiosas da cultura Goiana que eram/são realizadas na cidade de Jataí. Acho muito importante trazer este conteúdo, pois de acordo com Maria Edna, é necessário “encontrar uma forma de inserir a História no cotidiano dos alunos, pois só assim eles podem perceber que esta não é algo inacessível, mas algo que faz parte do seu dia a dia” (Relatório, 1994 apud TOURINHO, 2008). É muito relevante incentivar para que as/os alunas/os se sintam postas/os no contexto histórico que nós vivenciamos, pois em conformidade com MARTINS E PAIVA (2016): “é possível refletir e construir esse conceito de Sujeito-Histórico e mostrar que eles (os alunos) são sujeitos ativos na construção da história que se constituí em seus dias”. Para complementar o conteúdo, utilizaremos um material didático sobre a cidade de Pirenópolis. O material intitulado: “Pirenópolis: A cidade faz a festa e a festa faz a cidade”, é um material didático que foi criado por colegas de curso (Cássio Franco8 e Luana da Silva9) em um projeto intitulado @esinarhistória10. Este conteúdo possibilita uma aula bem interessante, que viabilizará uma apresentação sobre as Congadas, sobre a Igreja nossa Senhora do Rosário dos Pretos11, sobre as Cavalhadas, e até sobre a o peso da perda de um Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade (Queima da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário) na cidade de Pirenópolis. Imagens a seguir: Material Didático: Pirenópolis: A cidade faz a festa e a festa faz a cidade, 2020. 8 Discente do curso de Licenciatura em História pela UFJ. E-mail: cassiosfranco@gmail.com 9 Discente do curso de Licenciatura em História pela UFJ. E-mail: luhwarynace@gmail.com 10 Projeto com o intuito de produzir e selecionar materiais didáticos pensados especificamente para o ensino de História, com ênfase em temas da História de Goiás. 11 A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi um templo católico em Pirenópolis, Goiás, dedicado à população negra da cidade, proibida de frequentar as outras igrejas devido à segregação racial vigente na época. Foi construída entre 1743 e 1757 e demolida em 1944 por ordem da autoridade diocesana. https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Cat%C3%B3lica https://pt.wikipedia.org/wiki/Piren%C3%B3polis https://pt.wikipedia.org/wiki/Goi%C3%A1s https://pt.wikipedia.org/wiki/Afro-brasileiros https://pt.wikipedia.org/wiki/Segrega%C3%A7%C3%A3o_racial https://pt.wikipedia.org/wiki/Diocese_de_Goi%C3%A1s Material Didático: Pirenópolis: A cidade faz a festa, a festa faz a Cidade, 2020. Material Didático: Pirenópolis: A cidade faz a festa, e a festa faz a Cidade, 2020. Trazer o conteúdo de História regional/local para a sala de aula, exige de nós, uma certa cautela. PAIM e PICOLLI nos explicam o motivo: Precisamos ter alguns cuidados para não construirmos uma visão fragmentada dos acontecimentos, impedindo assim uma visão crítica da existência social, tornando os grupos sociais impotentes diante das desigualdades regionais, pois esta visão fragmentada "esconde a dominação e os conflitos oriundos das estratégias capitalistas de organização espacial-espaços homogêneos". (PAIM; PICOLLI, 2007, p.113 apud MACHADO, 1999, p.13). Por isso, concluímos que os conhecimentos das problemáticas regionais e locais são cruciais na compreensão de conexões entre a região onde vivem e o coletivo global, porque é através dessa percepção que se faz possível contribuir para as/os alunas/os elaborarem reflexões históricas a respeito de acontecimentos, proporcionando assim, um olhar crítico em relação aos fatos para que haja a transformação, a formação da sua opinião, e a consciência de seu lugar como sujeito-histórico. O PPP do CEPMG Nestório Ribeiro, vai de acordo com nossa proposta quando sugere a ideia que: “A educação liberta o homem do desconhecido, colocando-o como “dono da situação”, pois a partir do domínio do conhecimento o sujeito poderá progredir e lutar por sua autonomia”, pois uma das principais importâncias do ensino de História regional e local além do reconhecimento do próprio aluno como Sujeito-Histórico, é que ela “ajuda o aluno a melhor perceber sua história e consequentemente, a sua realidade, ou como ressalta CÉRRI: "ensinar a pensar e a agir na história, autonomizar para possibilitar a convivência em bases melhores". (PAIM E PICOLLI, 2007, p.114 apud CÉRRI, 1996, p.789). CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do relato apresentado, fica evidente os desafios e o trabalho para as superações destes no cotidiano escolar do Ensino de História no estágio remoto. Lidar com o pouco tempo para discutir sobre o conteúdo, a inacessibilidade de alguns alunos a internet, o exercício de trabalhar a História local/regional, são alguns deles. Porém, fazer parte do RP, é uma experiência extremamente gratificante. A superação de desafios cotidianos com certeza é uma das partes mais significativas para a nossa experiência. Quero deixar claro aqui, que os desafios não são propriamente algo negativo, mas sim, emblemas necessários para o nosso aprendizado. Poder atuar nas aulas de “Cultura Goiana”, me fez refletir sobre teorias relacionadas com o ensino de história regional e local, pois podemos perceber que ela possuiu a relevante missão de orientar as/os estudantes sobre questões pertinentes como quem são os sujeitos históricos que eles conhecem, se eles fazem parte da história, porque o ensino de história local é regional é pouco evidenciado em sala de aula, dentre outras problemáticas, pois é através delas, que vislumbro duas possibilidades possíveis: a primeira, é desatar com o padrão oficial da história dos vencedores (que ainda enaltece a história dos “grandes homens”), e a segunda, é levar as/os alunas/os a sensação de pertencimento a um lugar, a noção de integração em um grupo que desempenha uma determinada função social, para que elas/es possam criar uma identificação, e assim, poderemos então fazer com que elas/es se reconheçam Sujeitos-Históricos. REFERÊNCIAS ARAUJO, Diego de Oliveira. A utilização do Trello pelos professores como ferramenta de aprendizagem colaborativa. XV Encontro Virtual de Documentação em Software Livre e XII Congresso Internacional de Linguagem e Tecnologia Online, 2018. BNCC. [Locução de]: Éder Mendes de Paula. Me Conta Essa História, Abr. 2020. Podcast. Disponível em: https://www.mecontaessahistoria.com.br/temporada-1. Acesso em: 19 abr. 2021. BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. CONCEIÇÃO, Juliana Pirola da; DIAS, Maria de Fátima Sabino. Ensino de História e consciência histórica latino-americana. In: Revista Brasileira de História. São Paulo, v31, n. 62, 2011. FRANCO, Cassio Santos; SILVA, Luana Clara da. Pirenópolis: A cidade faz e a festa a festa faza cidade. @ensinarhistória, Jataí, 2020. JUNIOR, D, A, R. Traços da alimentação na bandeira do Anhanguera – 1734. Revista Latino-Americana de História, 2019. LIMA, Maria Socorro Lucena. O estágio nos cursos de licenciatura e a metáfora da árvore. 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