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1 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon Doença diverticular e D.benignas Anatomia • 150 cm de comprimento; • 7,5-10 cm diâmetro. Geralmente o ceco e o cólon ascendente têm um diâmetro maior, justamente por receber um volume maior de secreção e alimentos para a formação do bolo fecal. É uma região com bastante pressão em função da válvula (válvula ileocecal) emitir o conteúdo líquido para dentro do ceco. Na porção mais inferior está o apêndice, que atualmente não serve para nada, apenas para inflamar e infectar; às vezes é usado em algumas cirurgias, como na cirurgia de Mitrofanoff, em que existe uma doença congênita no trato geniturinário. Seguindo o caminho que o bolo fecal irá fazer, tem-se: ceco, cólon ascendente, flexura direita do cólon (flexura hepática), cólon transverso, flexura esplênica (normalmente um pouco mais alta que a flexura hepática), cólon descendente, sigmoide, reto e canal anal. Na imagem acima, as estruturas destacadas pelo círculo em vermelho são chamadas de apêndices omentais. A chamada apendagite é a inflamação dos apêndices omentais do cólon, mimetizando um abdome agudo inflamatório. Normalmente o tratamento é anti- inflamatório. Se do lado direito, faz diagnóstico diferencial com apendicite, se do lado esquerdo, com diverticulite. As tênias do cólon são regiões de tecido fibroso mais espesso. São bastante utilizadas, principalmente no intraoperatório, para direcionar onde está o apêndice. O óstio ileal está conectado com o íleo terminal e o óstio do apêndice vermiforme. O apêndice vermiforme pode ter diversas posições anatômicas e isso pode influenciar – no caso de uma apendicite – no local da dor do paciente. A localização mais comum é retrocecal; isso pode dificultar um pouco na cirurgia, pela necessidade de retirar o cólon da frente. SUPRIMENTO ARTERIAL As principais são a artéria mesentérica superior e inferior: • Artéria mesentérica superior: ❖ Ileocólica → íleo, ceco e apêndice; ❖ Cólica direita → cólon ascendente, flexura hepática; ❖ Cólica média → transverso. • Artéria mesentérica inferior: ❖ Cólica esquerda → distal do transverso, flexura esplênica, descendente; ❖ Artérias sigmóides → acessórias da cólica esquerda. Lembrando que existe toda uma ramificação e uma intercomunicação entre essas artérias. 2 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon • Artéria mesentéria inferior. ❖ Artéria retal superior (hemorroidária superior). • Artéria ilíaca interna. ❖ Artéria retal média. ❖ Artéria pudenda → artéria retal inferior. Já na porção do reto, além da mesentérica inferior, essa porção recebe suprimento também da artéria ilíaca interna. • Arco de Riolan: ❖ Artéria mesentérica sinuosa. ❖ Comunica AMS e AMI. Existe toda uma rede de intercomunicação entre esses vasos sanguíneos. A principal rede que faz essa intercomunicação da mesentérica superior com a inferior é chamada de “arco de Riolan” ou “arcada de Riolan”. No caso de uma trombose da mesentérica superior, é possível manter a nutrição do cólon através da mesentérica inferior pela dessa arcada, assim como na situação contrária. Por isso a importância dessa intercomunicação. O fluxo sanguíneo é alterado a depender de onde está obstruído, ou seja, ela muda o sentido de irrigação (seta) para o lado que está obstruído (bolinha). Mas se ela também estiver obstruída, perde esse suprimento. SUPRIMENTO VENOSO É bastante semelhante ao suprimento arterial. • Veia mesentérica superior → veia esplênica → veia porta. ❖ Cólon direito e transverso proximal. • Veia mesentérica inferior → veia esplênica. ❖ Cólon transverso distal, descendente, sigmóide e reto. • Veias retais médias e inferiores → veia ilíaca interna → VCI. ❖ Reto. A parte do reto, normalmente a mais alta, drena diretamente para a mesentérica inferior e esplênica, enquanto a parte mais baixa drena direto para a veia cava inferior. A parte linfática é basicamente a mesma, segundo os vasos arteriais e venosos. Doença diverticular do cólon • Divertículo: saco anormal que protrui da parede de órgão oco. Ele pode ser verdadeiro ou ele pode ser um psedodivertículo. • Divertículo verdadeiro → todas as camadas da parede intestinal (mucosa, submucosa, muscular e serosa) são protruídas para fora do órgão. • Pseudodivertículo → não possui todas as camadas. No caso da doença diverticular do cólon é basicamente mucosa e submucosa. • Divertículos colônicos. ❖ Adquiridos ou congênitos: o congênito existe desde sempre e o adquirido foi um advento da revolução industrial, pois começamos a triturar a farinha e incluir mais carboidrato, carne e açucares na nossa dieta, ao mesmo tempo, o consumo de cereais e fibras diminuíram, então a diverticulose, ocorreu pela mudança no hábito de vida pós revolução industrial. ❖ Pseudodivertículos → protrusões da mucosa. a parte mais escura na imagem acima. ❖ Diverticulose. ❖ Sem relatos antes da revolução industrial. • Diminuiu consumo de cereais → aumento de açúcar e carne. 3 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon Patogênese O mecanismo da doença diverticular do cólon, ao diminuir fibras da dieta e elevar o teor de carboidrato e carne na dieta, como não passam fácil pelo intestino é preciso aumentar a pressão para “empurrar” o alimento, então, é necessário uma pressão maior exercida pelo cólon auxilia a propelir o alimento. Com esse esforço supracitado, ocorre uma hipertrofia da camada muscular do intestino e posteriormente, nos vasos retos, que entram perpendicularmente no intestino fazendo a irrigação da borda da mucosa, há mais fragilidade para o vaso passar, então ocorrem herniações da mucosa e os divertículos, justamente nos pontos que são anatomicamente mais fracos (arteríolas). • Raros < 30 anos; incidência semelhante entre os gêneros. • 5% nos 40 anos; 30% nos 60 anos e 65% nos 85 anos - isso ocorre pois com o envelhecimento há menos fibra colágena, a musculatura já está mais fraca, por isso a tendência é que os divertículos também aumentem. • Cólon sigmóide (+ comum, menor diâmetro) → depois o descendente, pois é uma região mais fina e precisa de uma pressão maior para empurrar o fluído. Porém podemos ter divertículos no intestino inteiro. Quadro clínico Assintomático na forma não complicada. Normalmente, a diverticulose apresenta um quadro assintomático na forma não complicada, porém quando se tem SII pode haver um certo desconforto abdominal. A descoberta é, na maioria das vezes, por uma colonoscopia ou um exame baritado (ingestão de bário) que por acaso se encontra os divertículos, se não houver complicações é assim que na maioria das vezes são identificados. Tratamento Quando é identificado um divertículo, mesmo na ausência de complicações, deve-se propor uma mudança no estilo de vida. • Aumento ingesta de fibras. • Suplementação dietética de fibras se necessário. • Aumento ingesta hídrica (2 a 3L por dia), • Antiespasmódicos/analgésicos se SII concomitante. Complicações As complicações que necessitam de mais atenção são o sangramento e a diverticulite. SANGRAMENTOS • Hemorragia digestiva baixa → hematoquezia / melena (trânsito lentificado). • Principal causa de HDB em pacientes acima de 50 anos. É muito importante lembrar que a doença diverticular do cólon é a principal causa de HDB, que é todo sangramento que ocorre abaixo do ângulo de Treitz (junção do duodeno com o jejuno). • Existem situações em que pode ocorrer sangramento acima do ângulo de Treitz, que eventualmente evolua para hematoquezia, porém a principal característica de HDB é a hematoquezia (sangue vermelho vivo nas fezes), eventualmente, essa hematoquezia podese apresentar como melena e ser HDB, ou seja, por exemplo, o cólon direito sangrou mas há transito lento e dá tempo do sangue ser digerido, saindo como melena. Com um sangramento de duodeno, ou de estomago muito grande, haverá o aumento do peristaltismo e com isso, esse sangue passará rápido demais, não haverá tempo de ser digerido e se confundirá com um sangramento digestivo baixo pela presença de hematoquezia. • 50-70% do cólon direito que apresentará sangramento, pois do lado direito os divertículos são maiores e com base mais larga, por isso é importante lembrar que cólon direito sangra e esquerdo inflama e a patologia desse quadro se associa a proximidade com os vasos. • Arteríola penetrante próxima ao divertículo. 4 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon • Sangramento indolor, abdome “inocente”. Normalmente, o sangramento apresenta-se indolor e não refere associação aos motivos do sangramento e com isso há erosão daquela mucosa e a arteríola vai sangrar e parar sozinho, ou seja, há um sangramento com interrupção espontânea na maioria dos casos (70%). • Fecalitos; Hipertensos; Uso de AINEs, facilitam esse sangramento. • 70% sangramento interrompe espontâneo. • Risco de novo sangramento → 30%. • Diagnóstico diferencial: ❖ A primeira causa é a doença Diverticular. ❖ Angiodisplasia: Segunda causa mais comum. Má formação vascular. Mais comum no ceco, podendo acontecer no intestino como um todo. Idosos > 65 anos. FR: estenose aórtica, doença de Von Willebrand, síndrome urêmica crônica. Ou seja, o paciente que tem uma uremia muito elevada por N motivos pode ter essas angiodislpasias. Câncer colorretal é a terceira. Se o paciente começa a sangrar de repente, devemos nos questionar se esse paciente não pode ter um câncer colorretal, se ele pode estar perdendo peso ao longo desses últimos meses. OBS.: Isso quando falarmos de pacientes acima de 50, 60 anos. • Doença hemorroidária: também pode ter sangramento, também pode ter hematoquezia. • Divertículo de Meckel – intestino delgado, < 30 anos. É menos comum, é uma alteração congênita. MANEJO: • Estabilização clínica, fazer volume, vou passar sangue se for preciso. • Afastar HDA: passar uma sonda nasogástrica / EDA. Se na sonda voltar sangue, muito provavelmente o que tem é uma hemorragia digestiva alta. Se voltar bile, provavelmente não é – é uma hemorragia digestiva baixa mesmo. Se não voltar nada, nem sangue e nem bile, a gente fica preocupado porque às vezes acontece um espasmo do piloro e podemos ter sangramento do duodeno, com o piloro fechado, e não volta sangue para dentro do estômago. Eu passei uma sonda dentro do estomago, se tiver sangue ali, provavelmente o sangramento é de lá ou do esôfago (ou seja, é alto); se eu passei a sonda e não veio nada, pode ter essa inflamação e esse fechamento do piloro e o sangue as vezes que é de uma ulcera duodenal, não volta para o estômago. Mas se meu piloro estiver normal, vai voltar bile. Bile geralmente é encontrada um pouco mais baixa, lá no meu duodeno. Se eu ficar na dúvida, a melhor coisa é a endoscopia digestiva alta, que vai até lá no duodeno e vai me dizer se tem algum sangramento ativo lá em cima. • Anuscopia → passa um aparelho transparente para ver doença hemorroidária. Nem toda hemorroida é externa, às vezes, na inspeção anal, não vemos nada, é a hemorroida interna, ela pode ser o motivo do sangramento. Se não for, resolvemos em uma cirurgia bem mais simples do que a cirurgia feita para sangramento digestivo baixo. • Colonoscopia → diagnóstico e tratamento. É o melhor exame na teoria para fazer diagnóstico e estancar esse sangramento. Um colonoscopista bom vai conseguir localizar o sangramento em até 85% das vezes. Eu preciso saber o local onde realmente está sangrando. Se vê divertículo, mas não vê sangramento, não serve, é preciso saber de onde foi que sangrou. ❖ 4-12h do episódio hemorrágico. No momento em que o paciente chega, mesmo que ele não estiver mais sangrando, faz a colonoscopia nesse período. ❖ A princípio, a colonoscopia fecha o diagnóstico e também, às vezes, consegue-se fazer injeção de vasopressina, alguma medicação que faça um vaso espasmo na arteríola e pare de sangrar. • Cintilografia: Se não conseguir fazer a colonoscopia ou ela for inconclusiva, se eu tiver disponível, pode fazer cintilografia com hemácias marcadas, e assim com a angiografia só serve em sangramento ativo. ❖ Antes da angiografia – sangramento acima 0,1ml/min. Ou seja, precisa mesmo de um sangramento ativo. ❖ A vantagem da cintilografia é que é um método não invasivo. Se eu fiz a cintilografia e não tem sangramento, não adianta fazer a angiografia, porque a cintilografia é mais sensível. 5 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon • Cápsula endoscópica – sangramento de Delgado. A colonoscopia consegue ir até a válvula ileal. As vezes consegue ir até o íleo, mas não consegue passar disso. Então todo o intestino delgado pode estar sangrando e eu não sei. A cápsula endoscópica é como se fosse um comprimido que a gente engole e vai fotografando o intestino todo e sai nas fezes. • Sangramento contínuo e instabilidade → angiografia seletiva ou SALA! ❖ Angiografia seletiva → > 0,5-1ml/min → diagnóstico e tratamento para os pacientes que estiverem sangrando um pouquinho mais do que captado na cintilografia. ou seja, eu pego e injeto vasopressina ou embolizar mesmo a artéria que está sangrando. Na imagem abaixo, a seta mostra o local onde houve extravasamento de contranste. Nem sempre a angiografia resolve e nem sempre eu tenho a ela. Se paciente estiver instável, eu vou levar para a sala de cirurgia. ❖ Colectomia segmentar se descoberto o sitio. Se eu conseguir onde foi o sítio do sangramento, eu posso fazer uma colectomia segmentar, porque agora eu sei onde é o sangramento. ❖ Colectomia subtotal + ileoretoanastomose: Se não se sabe onde está o sangrando, vai fazer uma colectomia subtotal, ou seja, tirar todo o cólon, ceco, ascendente, descendente, transverso, sigmoide, e deixo o reto. E aí pego o íleo e faço anastomose com o reto. OBS.: Quanto mais intestino eu deixar no paciente é melhor, mas só pode deixar se souber onde é que está sangrando. Se não souber e o paciente estiver morrendo, tem que fazer uma colectomia subtotal. Diverticulite aguda • As diverticulites do cólon esquerdo inflamam, cólon direito sangram. Então o local mais comum vai ser o intestino descendente e sigmoide. • Perfuração (macro ou micro) do divertículo com extravasamento de fezes para cavidade abdominal. Não se pensa em diverticulite em cocô caindo na barriga, porque existem as diverticulites iniciais com perfuração bem pequena e só há o processo inflamatório e o corpo consegue bloquear esse processo, o médico entra com ATB e resolve o problema do paciente. Quadro clínico • Dor em quadrante inferior esquerdo; • Alteração dos hábitos intestinais, porque toda vez que fazemos um quadro inflamatório tem diminuição da peristalse, então, normalmente o paciente vem com queixa de que não está defecando. • • Febre pode ou não estar associada, quando a febre é um pouco mais alta pensar mais em peritonite fecal e não tanto em doença diverticular do colón. • • Distensão abdominal e defesa no exame físico. Quando o médico palpa o abdome, o paciente sente dor, chega urra, se dobra e tira a mão do médico do local. • • Peritonite pode surgir em pessoas que ficam muito tempo com a inflamação e não procura o médico, mas é mais provável em diabéticos, imunossuprimidos... Diagnóstico diferencial • Colite isquêmica; • Câncer colorretal (câncer pode erodir a paciente e fazer peritonite também ou pode obstruir e fazerum quadro clínico semelhante): • Apendicite aguda (menos comum porque geralmente a dor do apendicite é do lado contralateral); • DII (Crohn, RCU); colite infecciosa; • Cisto de ovário – torção (geralmente no lado esquerdo); • Apendagite. Diagnóstico • História clínica + exame físico. No exame de sangue, normalmente, terá uma leucocitose, porém se for um quadro muito inicial nem uma leucocitose terá. 6 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon • Leucocitose ao exame de sangue. Se for inicial pode não ter. As provas inflamatórias normalmente estão um aumentadas. • USG abdome: Se o médico ficar na dúvida, é mais disponível, é o exame que se consegue ver a diverticulite, mas tem o mesmo problema da pancreatite: às vezes tem interposição de alça e não consegue visualizar bem. • TC/RNM: O melhor exame, caso se tenha disponível, é a TC ou RNM, mas a RNM é um exame que demora mais, que é mais caro e que o paciente não tolera ficar na mesma posição por muito tempo. A TC é um exame rápido que na maioria das vezes fecha um diagnóstico pra gente. • Clister opaco – em desuso, mas pode ser usado também. Nesse exame o profissional coloca uma medicação radiopaca pelo ânus, só que isso aumenta a pressão e se aumenta a pressão o divertículo que já está perfurado, às vezes ele pode aumentar a perfuração, ou seja, piorar o quadro por isso que o pessoal tem usado muito menos, porque TC é melhor. Classificação de Hinchey-TC ❖ A classificação usada para diverticulite é a de Hinchey – TC, mas RNM consegue ver também. ❖ I – Abscesso pericólico ou flegmão. Pequeno, às vezes é só um borramento de gordura pericólico. ❖ II – Abscesso intra-abdominal ou retroperitoneal. Já não está só próximo do cólon. Na maioria das vezes tem um abscesso tanto do mesentério, quanto pode ir para trás do peritônio. Pode acumular um pouco na pelve, mas ainda assim são coleções organizadas. ❖ III – Peritonite purulenta. Não está mais só localizada no retroperitônio, perto da pelve ou no mesentério. Já extrapolou a região do divertículo, já tem líquido do lado do fígado, na pelve contralateral. ❖ IV – Peritonite fecal. Cocô na cavidade! É a mais grave de todas. ❖ I é geralmente não complicada. II, III e IV, complicada. Diverticulite aguda não complicada • Sem perfuração livre, fistula ou obstrução. • Antibiótico: Normalmente o combo da cirurgia é ciprofloxacina 500mg 12/12h + Metronidazol 500 mg VO 8/8h, eventualmente pode-se fazer amoxicilina- clavulonato 1g 8/8h e por 7 a 10 dias. • O ATB pode ser feito ambulatorialmente se o paciente estiver clinicamente estável, só com um borramento, sem coleção organizada, não tiver líquido livre na pelve. • Avaliar internação: ❖ Gravidade da apresentação; não tiver aceitação de ingesta oral; idade (idoso, 60-65 anos, porque esses pacientes podem degringolar e evoluir muito rápido para uma sepse); comorbidades – imunossupressão; não tiver condições de suporte domiciliar. ❖ Dieta zero + ATB venoso. O paciente que será mandado para casa, não deve necessariamente seguir a dieta zero, pode mandá-lo com líquido claro, nada que seja muito pesado, caso a dor melhore, ele pode comer normal. Sempre orientar o acompanhamento com um médico, ou cirurgião ou gastro. • Evitar morfina – aumenta pressão intracolônica. ❖ Meperidina (geralmente é a escolha). • Dieta com alto teor de fibra, normalmente após o quadro inicial, primeiro pedir líquido claro normalmente, para ele evoluir a dieta com calma e depois orienta as mesmas coisas de antes, então, dieta com alto teor em fibra. • Tratamento obstipação intestinal. ❖ Agentes hidrofílicos – metamucil, muvinlax, para não deixar o intestino ficar obstipado, beber bastante líquido. • Investigação após 4-6 semanas – colonoscopia. (precisa ver esses divertículos e avaliar se tem mais alguma alteração no cólon desse paciente. Geralmente espera 4 a 6 semanas que é o tempo, geralmente, do processo inflamatório resolver. Lembrar que, às vezes, pode ter um divertículo e um câncer coloretal). • Sigmoidectomia eletiva (porque normalmente é o lugar que vai inflamar). Indicações: ❖ Após três crises não complicadas (estudos mostram que esses pacientes podem evoluir para uma 7 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon diverticulite complicada – fazer um quadro mais grave de diverticulite, podendo ser necessário cirurgia de urgência e todos os problemas que não queremos - se não for feita a sigmoidectomia). ❖ Após a primeira crise em imunocomprometidos (estudos mostram que esses pacientes podem evoluir para uma diverticulite complicada – fazer um quadro mais grave de diverticulite, podendo ser necessário cirurgia de urgência e todos os problemas que não queremos - se não for feita a sigmoidectomia). ❖ Após a primeira crise complicada com abscesso (Rinchen2), o 3 e 4 acaba internando e operando na mesma internação. Alguns abscessos conseguem só drenar percutâneo, ou abscessos muito pequenos nem precisa drenar, o próprio ATB e o corpo resolvem. ❖ Complicada com fistula. ❖ Impossibilidade de excluir carcinoma (tem pólipo, ou divertículo misturado, alguma coisa estranha no intestino do paciente, vai acabar indicando). ❖ Doença diverticular complicada com obstrução persistente (tem algumas situações que o sigmoide espessa tanto que tem uma obstrução, às vezes, por toda a pressão exercida pelo espessamento, para empurrar o alimento). ❖ Falha terapêutica na diverticulite não complicada (se foi tentado medidas clínicas, mesmo na diverticulite complicada, acaba indicando a sigmoidectomia e quando há falha no tratamento da não complicada, ou seja, tratou o paciente, resolveu a princípio a diverticulite dele, mas o ATB foi retirado e o paciente reagudiza, nesse paciente, mantém o ATB, interna e opera). Diverticulite aguda complicada ABSCESSO • Dieta zero (para repor o uso do intestino) + ATB (normalmente venoso) + nutrição parenteral. • Drenagem percutânea se >2cm (com uma agulha entra no abscesso, drena e pronto, normalmente resolve). • Colectomia eletiva → 6 semanas (ou até 4) após a drenagem, opera o paciente. • Se o abscesso for menor que 2cm, pode esperar, fazer o ATB, aguarda, retomografa, vê como o paciente vai ficar e ver se esse abscesso é reabsorvido. FÍSTULA • Pele (normalmente pela própria drenagem feita, gerando uma comunicação), bexiga (sítio mais comum durante a diverticulite, gás na bexiga, geralmente houve infecção urinária), vagina, intestino delgado. • Diagnóstico: TC. • ATB → cirurgia (faz o antibiótico, esfria o processo e opera posteriormente). Na seta branca da primeira imagem há uma coleção organizada ao lado do intestino, em média 4cm. Na segunda imagem, observa-se um exame contrastado, o intestino grosso, na marcação vermelha, o contraste extravasou e caiu na bexiga, na tomografia, vê gás na bexiga, que normalmente não têm, o paciente começa a reclamar que tem infecção urinária. Se a diverticulite for complicada, a ostomia as vezes é necessária, se tiver operando eletivamente esse paciente, na maioria das vezes não será necessário, e inclusive, ele é operado por vídeo, tira o intestino por vídeo, fica só os buraquinhos dos trocaters e é feita uma anastomose primária, nos casos não complicados, sem inflamação. Se um processo infeccioso, inflamatório ocorrer no momento da cirurgia, dificilmente o intestino será reconstruído, ou seja, fazer anastomose, na maioria das vezes, vai deixar o paciente com essa ostomia. PERITONITE • Dor abdominal intensa, defesa, febre, leucocitose, taquicardia, hipotensão, não é aquela diverticulite tranquila que pode mandar para casa só com ATB. • Radiografia (consegue ser visto o pneumoperitôneo) e tomografia comar livre intraperitoneal. • Antibiótico. OBSTRUÇÃO • Laparotomia exploradora + colectomia a Hartmann (tira um pedaço do intestino e não reconstrói nesse primeiro momento). 8 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon • Estenose do sigmoide (fica hipertônico e acaba obstruindo) ou processo inflamatório pela diverticulite. • Sonda nasogástrica + ATB. • Sigmoidectomia se refratária. A: tirou o sigmoide que é normalmente o local que faz a diverticulite e não reconstrói, essa reconstrução ocorre 4 a 6 semanas depois de resolver o processo inflamatório. Tira o pedaço do intestino e tem algumas opções, fecha o coto que vai para o reto e deixa uma ostomia, as fezes, então, saem na ostomia. 4 a 6 semanas depois, quando a paciente estiver bem, reconstrói esse trânsito, fazendo uma anastomose primária. É a colectomia mais comum de ser feita, em que sepulta o reto e faz uma ostomia. B: Quando o coto está muito infectado, quando tem muita secreção purulenta, está muito ruim, às vezes, deixa o coto com uma ostomia, por medo de abrir o fechamento do coto, como em A. C: Caso o cirurgião tenha muita coragem, pode ser feita uma anastomose primária dentro da cirurgia, ou seja, é uma diverticulite ruim, mas o intestino estava com o aspecto bom, as vezes, faz a anastomose e para preservar, ou seja, tomar cuidado dela, não deixando cair coco na cavidade mais inferior, faz uma ostomia alta, e depois de um tempo, reconstrói a ostomia feita. As fezes passam pelo cólon ascendente e parte do transverso, enquanto que o resto do transverso e o inferior não tem fezes passando, nem na linha de anastomose que conecta com o reto. Porque o que mais faz as deiscências é o conteúdo fecal passando na anastomose e causando o processo inflamatório da diverticulite. Nesses casos normalmente passa-se a sonda nasogástrica, entra com antibiótico e vê se consegue resolver o processo, ou seja, se o processo inflamatório vai melhorar, se a gente consegue resolver e o paciente volta a comer; caso o paciente volte a comer, a cirurgia passa a ser eletiva, mas se não, acaba-se operando esse paciente caso ele não consiga tolerar tirar a sonda nasogástrica e comer por boca. Pólipos colorretais Na imagem, observa-se a presença de pólipo séssil, ou seja, ele é achatado, não possui uma base. • Qualquer massa que se projeta para o lúmen do intestino, acima da superfície do epitélio intestinal. No caso do cólon, colorretal, pois ela pode aparecer em todo o caminho do cólon e no reto. • Aparência macroscópica: ❖ Pediculados – com haste ❖ Sésseis – achatados, sem haste. • Neoplásicos ❖ Malignos (características ruins - adenocarcinomas) x benignos (adenomatosos) ❖ Adenomatosos são lesões pré-malignas (até 10% malignizam em 10 anos – risco desse adenoma virar um carcinoma) Às vezes na colonoscopia não se sabe se o pólipo é adenomatoso ou se ele é não neoplásico, e quando isso acontece, retira-o; todo pólipo encontrado o ideal é que seja retirado e encaminhado para anatomopatológico, onde esse pólipo será classificado (se é neoplásico ou não). • Não neoplásicos: ❖ Hiperplásicos; ❖ Inflamatórios. ❖ Hamartomas. ADENOMATOSOS 9 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon Tubular: é o “melhorzinho”, pois ele normalmente tem menos atipia, é mais comum (65 – 80%), normalmente são pequenos e pediculados. Adenoma viloso: (apresenta projeções difitiformes), ele tem mais chance de malignizar, pois normalmente eles possuem mais atipia com mais displasia (alterações pré malignas), e se for deixado onde encontra-se, ele pode virar um carcinoma; normalmente eles são grandes e sésseis (base mais larga) e acontecem em menor quantidade. Túbuloviloso: tem os dois elementos, ficando no meio termo entre o bonzinho e o ruim (até 25% deles serão tubulovilosos). NÃO NEOPLÁSICOS Hiperplásicos: geralmente são pequenos e sésseis, assintomáticos e normalmente de reto e sigmoide, exceto os hiperplásicos serrilhados, sendo importante ficar atento porque geralmente eles apresentam algum grau de displasia; se for retirado um pólipo e ele é hiperplásico serrilhado, deve-se ficar mais atento porque esse paciente pode vir a ter outros, e esses outros serem pré malignos. Hamartomatoso juvenil: geralmente é grande (juvenil porque geralmente ele acontece em criança <5 anos, mas até 20 anos pode-se encontrar), sendo normalmente pediculados e o principal problema é que eles sangram, e na criança, por eles serem grandes, as vezes eles podem fazer intussuscepção (quando o intestino entra ele mesmo) e isso faz um quadro obstrutivo na criança, e normalmente precisa de cirurgia ou as vezes procedimento endoscópico para resolver; além disso, por eles serem grandes, se estiverem no reto podem fazer prolapso retal também; alguns desses pólipos podem estar relacionados com uma síndrome chamada síndrome da poliposecolorretal juvenil. Inflamatórios: geralmente vão estar relacionados com doenças inflamatórias, na retocolite eles são pseudopólipos, não são completos, e em algum grau eles tem risco de transformação maligna, principalmente nos casos de retocolite ulcerativa (mas o risco é bem menor do que o dos adenomas). Importância • Sangramento – como eles sangram, pode cair HB, pode fazer hematoquezia. • Malignização – tem chance de malignizar ❖ Tamanho: <1cm – 1 – 3% de chance de malignizar. 1 – 2 cm – 10% de chance de malignizar. >2cm – 40% de chance de malignizar. ❖ Tipo histológico – pólipos vilosos, pólipos tubulares. ❖ Grau da displasia – maior displasia, maior chance de malignizar. Quadro clínico • Assintomáticos – maioria das vezes. • Hematoquezia – diagnóstico diferencial. Diagnóstico • Toque retal – se ele for no reto, as vezes não precisa de outro exame, pois no próprio toque retal é possível identificar. • Clister opaco – menos utilizado. • Retossigmoidoscopia/colonoscopia – na retossigmoidoscopia, como o próprio nome diz, só vê reto e sigmoide, mas na colonoscopia consegue-se percorrer todo o intestino, até a válvula ileocecal. Caso observe-se um pólipo na retossigmoidoscopia, complementa-se com a colonoscopia, pois pode-se ter outro desse em outros locais, ou seja, eles podem ser simultâneos, e um desses acaba sendo um câncer. 10 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon Tratamento • Remoção por colonoscopia – se for identificado no exame, resseca-o, a não ser que haja muito risco de perfurar a alça; • Pólipos pediculados – ressecção com alça; • Pólipos sésseis – risco de perfuração. ❖ Pinça de “hot biopsy” ou “coldbiopsy” ❖ Fatiamento “piecemelpolypectomy” • Repetir colono 3-6 meses depois – erradicação (eventualmente alguma parte pode ter ficado e virar um câncer); ❖ Elevação com injeção de solução salina; ❖ Refratários – ressecção cirúrgica. Na imagem, observa-se o que a alça utilizada para retirar o pólipo, onde eles amarram, cortam e retiram-o, encaminham o pólipo para análise para se saber o que ele é. Principalmente os sésseis, que não se consegue passar a alça por baixo, pode-se injetar solução salina para que ele fique mais alto, e aí passa-se a alça, mas existem outras técnicas que são utilizadas; são técnicas de endoscopia que eles ressecam a lesão, tem risco de perfuração de intestino (toda vez que for visto um paciente que há um ou dois dias fez uma colonoscopia e começou a evoluir com dor abdominal, deve-se ficar atento se esse paciente não perfurou essa alça). Caso não se tenha tirado tudo, ou o pólipo é muito séssil e ele está muito aderido, oferecendo risco de perfuração de alça, as vezes conversa-se com o cirurgião para que se faça uma ressecção cirúrgica. • Análise anatomopatológica– identificar qual tipo dele. • Cura com polipectomia: ❖ Margens macro e microscópicas livres; ❖ Histologia bem diferenciada; ❖ Ausência de invasão linfática ou venosa. • Sem preencher os critérios ❖ Cirurgia: Alguns pólipos podem apresentar um carcinoma in situ, ou seja, dentro do pólipo tem algum foco de carcinoma, mas só quem pode dizer isso é o anatomopatológico, daí a importância de se retirar esses pólipos. Se houver algum carcinoma dentro do pólipo, mas ele foi retirado com margem livre, ele tiver com histologia bem diferenciada e não houver invasão linfática ou venosa, a polipectomia curou o paciente, mas se por um acaso tem- se uma polipectomia e na margem vem um carcinoma in situ, ou bem estabelecido, ou seja, algumas dessas situações que são provas da cura, deve-se conversar com o cirurgião e solicitar avaliação, e normalmente a indicação vai ser a cirurgia, sendo necessário as vezes retirar o próprio intestino (as metástases geralmente vão para o fígado). Acompanhamento • Pós polipectomia: ❖ Nova colonoscopia em 3 anos ❖ Se não houverem novos pólipos, a cada 5 anos (até esse paciente não conseguir mais fazer colono). • Familiares dos adenomas colorretais esporádicos ❖ Parentes de primeiro grau; ❖ Se adenoma colorretal do caso índice é avançado (>1cm viloso) e dx antes dos 60 anos; ❖ Irmão ou irmã, quando um dos pais teve câncer colorretal em qualquer idade. Se por um acaso houver algum paciente que foi retirado o pólipo e ele veio com algum adenoma colorretal, ou seja, o paciente não tinha história nenhuma ele é o primeiro caso na família de adenoma colorretal, lembrando que tem uma parte familiar desse câncer. Então, nos parentes de primeiro grau, se foi encontrado o adenoma colorretal em estágio avançado, maior que 1cm e que foi diagnosticado antes dos 60 anos, ou se ele é irmão ou irmã do paciente e algum dos pais teve câncer colorretal, nesses pacientes deve-se investigar com colonoscopia precoce. Normalmente acima de 40 anos ou então 10 anos antes do caso índice, no caso é aquele paciente que teve um câncer colorretal com 38 anos, com 28 anos se começa a fazer colonoscopia nos parentes de primeiro grau. Então, termina os pólipos colorretais que acontecem esporadicamente e que eventualmente podem virar um câncer de intestino e que por conta disso é ressecado. Síndromes hereditárias de polipose POLIPOSE ADENOMATOSA FAMILIAR Muitos pólipos, não são pólipos isolados e sim um “atapetamento” de pólipos. O da foto que é justamente 11 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon o “atapetamento” de pólipos é chamado de adenomatosa familiar, que é a PAF. • Variantes da PAF: ❖ Síndrome de Gardner; ❖ Síndrome de Turcot. • Polipose juvenil; • Síndrome de Peutz- Jeghers. ❖ Autossômico dominante; ❖ Centenas ou milhares de pólipos adenomatosos. Se é um pólipo adematoso, já tem uma lesão pré-maligna, então ele tem chance de malignizar. ❖ Diagnóstico: pelo menos 100 pólipos adenomatosos na colocospia; ❖ Gene APC mutante; ❖ 100% de CA colorretal por volta dos 40 anos; ❖ Outros tumores cancerígenos: às vezes podem estar associados a outros tumores cancerígenos, como de pâncreas ou de endométrio na mulher; ❖ Hiperpigmentação retiniana hipertrófica: é praticamente patognomônico da síndrome; ❖ Osteomas e tumores de SNC: são variantes que serão abordadas mais à frente. Se você é o primeiro caso de PAF na família, vai ser ressecado 3 ou 4 adenomas e encaminhar para anatomopatológico. Mas a PAF normalmente é adenomatoso, e geralmente vai ter história na família. Quando encontra uma pessoa com PAF, tem que acompanhar todos os familiares. • Tumores desmoides: são tumores fibrosos que podem acontecer antes ou depois da cirurgia; Colectomia profilática Fazer uma colectomia profilática numa criança ou num adolescente, porque eles começam a apresentar uma infinidade de pólipos, não tem como ressecar todos porque tem risco de perfuração e deixar um pedaço, e esse paciente já se sabe que ele vai ter câncer. Então, faz uma colectomia profilática. • Colectomia total + ileostomia. A íleostomia é o íleo na barriga da pessoa, não é o ideal fazer isso, deixar uma ileostomia numa criança de 10-12 anos. • Colectomia total + anastomose ileoanal com bolsa ileal. Geralmente opta por fazer essa (imagem). Tira o intestino todo da criança, sobrou o íleo, dobra-se o íleo sobre ele mesmo, com o grampeador faz a bolsa íleal e essa bolsa anastomosa no ânus. Às vezes, esses pacientes ficam com incontinência fecal, as anastomoses podem abrir e o paciente fazer peritonite. Mas, está tentando deixar ele livre de um câncer. • Colectomia subtotal (deixa só o reto) + anastomose ileorretal. Se deixar o reto, vai ser necessário acompanhar o paciente com retossigmoidoscopia já que o reto também pode ter pólipo e também pode ter pólipo adenomatoso que pode virar câncer. QUANDO ❖ Normalmente colectomiza quando é jovem, pode tentar segurar por conta do estigma que é uma criança que será feita uma colectomia total. Então, pode tentar segurar até ter muitos pólipos maiores que 1cm, se for menor do que isso pode tentar segurar. ❖ Se tiver displasia de alto grau ou histologia vilosa. Tirou os pólipos, mandou para anatomopatológico e veio histologia vilosa ou displasia de alto grau: não dá mais para esperar, tem que operar esse paciente. E os familiares? Lembrar que é uma síndrome hereditária. Pesquisa da mutação do gene APC: vai primeiro pesquisar a mutação no paciente índice. 12 Beatriz Machado de Almeida Doença diverticular e doenças benignas do cólon Se for encontrada a mutação da APC, é o chamado portador positivo, vai testar todos os familiares que estão em risco a partir dos 10-12 anos. Se o exame for negativo, não é preciso fazer nada. Se for positivo, retossigmoidoscopia a partir de 10-12 anos até os 35-40 anos, que é quando vai talvez operar esse paciente, se ele eventualmente desenvolver a PAF. Se não tiver pólipo, vai só acompanhar. Se o caso índice for negativo, vai fazer a retossigmoidoscopia dos pacientes que estão em risco a partir dos 10-12 anos. Ou se não tiver como fazer o teste, vai fazer a retossigmoidoscopia, não é preciso testar os familiares. Mas geralmente vai acompanhar. SÍNDROME DE GARDNER • PAF; • Osteomas (mandibulares e cranianos): acúmulos de material cálcico tanto na mandíbula quanto no crânio; • Tumores de tecidos moles (desmoides, cistos sebáceos, lipomas). SÍNDROME DE TURCOT • PAF; • Tumores do SNC (meduloblastoma e glioblastoma); • Todos eles estão relacionados com mutação do gene APC, então mesmo risco de CA colorretal e mesmo tratamento e seguimento da PAF. POLIPOSE JUVENIL FAMILIAR • Autossômica dominante; • 10 ou mais pólipos juvenis colorrerais. Lembrar que pólipo juvenil a princípio é pólipo não maligno, não é dos adenomatosos. Mas quando tem a polipose juvenil familiar, ou seja, mais do que 10 desses, já tem uma chance de malignização um pouco maior; • Geralmente são pólipos um pouco maiores, então tem risco de eles sangrarem, ter intussuscepção e obstrução; • Apresentação entre os 4-14 anos; • 10% de malignização. SÍNDROME DE PEUTZ-JEGUERS • Autossômica dominante; • Pólipos hamartomatosos, são um pouquinho diferentes dos da polipose juvenil, isso quem vai dizer é o patologista, pois são as características específicas do polípo (que não será cobrado) + manchas melanólicas na pele e mucosas (foto). Se pesquisar na internet encontra umas maiores, com várias pintinhas em volta da boca e mãos também. • Pólipos predominam no delgado; • Episódios recorrentes de intussuscepção, obstrução, hematoquezia; • Tumores extra-intestinais; • Colonoscopia + trânsito de delgado + endoscopia a cada 2 anos + USG anulado pâncreas. Então, vai fazer a investigação não só com os pólipos com colonoscopia e as vezes investigação com trânsito de delgado porque pode ter um pólipo também lá. As vezes também é necessário acompanhar com USG de pâncreas porque também é um lugar que tem outro tumor + endoscopia a cada 2 anos; • Mulheres: USG pélvica, por conta de tumor de útero, anual + mamografias. Logo, além de dar essa síndrome com pólipo, pode ter associado outros tipos de câncer.
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