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1 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal Hepatopatia Crônica Descompensada e Hipertensão Portal Anatomia • Órgão sólido – 1,2 a 1,6kg, praticamente todo revestido por peritônio, excetuando-se a área nua e a área portahepática; • Protegido pela caixa torácica; • A vascularização é basicamente pela v. porta e a. hepática; • Ligamento venoso (posterior), ligamento falciforme (anterior), ligamento redondo (inferior). Anatomia funcional • 8 segmentos de Couinaud; • Tríade portal: veia porta, artéria hepática e ducto Biliar para cada segmento. • Fluxo sanguíneo hepático - 1.500ml/min. 25% do débito cardíaco. VEIA PORTA • 75% do fluxo sanguíneo (desoxigenado) hepático; • 50-70% da oxigenação do fígado. Isso porque, apesar do fato de ser desoxigenado, a quantidade de sangue que chega por ela é muito maior que a que chega pela artéria; • Veia porta → ramo direito → anterior (V e VIII), posterior (VI e VII). • Veia porta → ramo médio (IV); • Veia porta → ramo esquerdo → anterior (II), posterior (III); • Lobo caudado que é o segmento I não tem uma vascularização única; recebe tanto do ramo direito quanto do ramo esquerdo. CONEXÃO SISTEMA VENOSO PORTAL X S ISTÊMICO • Veias submucosas do estômago proximal e Esôfago distal; • Veias da parede abdominal e umbilical; • Plexo hemorroidário superior; • Comunicações retroperitoneais; • A veia umbilical é obliterada no adulto, porém, quando há hipertensão portal, esta veia pode voltar a ser pérvia e então gerar a cabeça de medusa; • Toda vez que há aumento da pressão portal: cabeça de medusa, varizes esofágicas, gastropatia hipertensiva portal, esplenomegalia, hemorroida. ARTÉRIA HEPÁTICA • 25% do fluxo total de sangue; • 30-50% da sua oxigenação; • Pequenas artérias perihepáticas provenientes da frênica inferior e gastroduodenal que também ajudam na irrigação; • Grande variação anatômica; • Aorta → tronco celíaco → gástrica esquerda, esplênica e hepática comum. • Hepática comum → gastroduodenal, supraduodenal, gástrica direita e hepática própria; • Hepática própria → hepática direita e cística; hepática esquerda e média. VEIAS HEPÁTICAS • Veia hepática direita → VCI; • Veia hepática média se une a hepática esquerda → VCI. 2 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal SISTEMA BIL IAR • Ducto hepático direito e esquerdo → ducto hepático comum; • Ducto cístico + ducto hepático comum → ducto biliar comum ou colédoco; • Colédoco + ducto pancreático (wirsung) → papila de Vater. Histologia • Polígonos microscópicos → lóbulos Hepáticos; • Hepatócitos → unidade básica; • Espaço de disse → células estreladas (de Ito), entre o hepatócito e o sinusóide hepático; • Sinusóides hepáticos: células endoteliais, células de Kupffer (facocíticas – imunidade). • Espaços porta → vênula, arteríola, dúctulo biliar e vasos linfáticos. • Centro → vênula central. • Zona 1: periportal (rica em nutrientes e O2) • Zona 2: intermediária; • Zona 3: perivenular (pobre em nutrientes e O2). Se tiver um ataque ao fígado, essa é a que mais sofre. Metabolismo hepático • Fonte de albumina e proteínas plasmáticas; • Fonte de glicose sérica (glicogênio/ gliconeogênese); • Fonte de lipoproteínas plasmáticas; • Eliminação de substâncias tóxicas e inativação de medicamentos (efeitos de primeira passagem); • OBS.: Efeito de 1ª passagem: o fármaco logo que é absorvido passa pelo fígado, que limita sua biodisponibilidade; • Metabolismo das vitaminas; • Coagulação; • Regeneração. Cirrose hepático • Incidência: 3,5 – 5% (em autópsias); • Alcóolatras → 10 – 15% desenvolvem cirrose; • Processo patológico irreversível do parênquima hepático caracterizado por: necrose hepatocelular → fibrose → regeneração nodular. FISIOPATOLOGIA: 1. Atividade necroinflamatórioa crônica ativa células de Kupffer e sistema imunológico. Quando isso acontece... 2. Células estreladas (sem “função” quando o fígado está normal) sintetizam matriz extracelular (colágeno tipo I e III) que se deposita no espaço de Disse, gerando a capilarização dos sinusóides e fibrose em ponte. Assim, o sangue vai acabar passado direto, sem sofrer absorção pelos hepatócitos, isso acaba levando ao... 3. Aumento da resistência vascular intra-hepática, que é a gênese da hipertensão porta. Então, nesse momento acorre a... 4. Necrose, fibrose e regeneração → nódulos de regeneração (não funcionais). Causas: Hepatite crônica + doença hepática e alcoólica são responsáveis por 80% dos casos de cirrose no Brasil. História e exame físico No início pode não ter alteração. Assim como pode ter perda ponderal, mal estar, fraqueza e história pregressa (causas). Doença hepática crônica: telangiectasias; eritema palmar; atrofia testicular; ginecomastia. Sintomas devido ao hipoandrogenismo. Descompensação ou hipertensão portal: baço palpável; icterícia; ascite; borda hepática firme e irregular; cabeça de medusa; flapping; alteração do nível de consciência. Laboratoriais • Anemia, leucopenia e trombocitopenia; • Coagulopatia; • Hipoalbuminemia; • Elevação AST e ALT (3x valor de referência); • AST/ALT > 2 → cirrose alcoólica; • FA e GGT → aumentados se colestase; • Bilirrubinas totais > 3mg/100ml → descompensação hepática grave; • Sorologia para hepatite; • Alfa fetoproteína → desenvolvimento de CHC; 3 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal • Hiponatremia, hipocalmeia, acidose metabólica → Hiperaldosteronismo, diarréia e hêmese. Exames de imagem • Fase inicial → todos normais → corroborar uma forte suspeita clínica de cirrose; • RNM → identificação de nódulos regenerativos; • USG (ou TC) → rastreio semestral de CHC em pacientes cirróticos + dosagem alfafetoproteina; • Não existe um exame que seja de escolha. Nenhum é padrão. Biópsia • Padrão-ouro. • Reservado para dúvida diagnóstica, pouco usado. Quando é um paciente que não tem fatores de risco ou que já se pesquisou por outras formas, mas não se chegou a uma conclusão; • Causa e acesso a atividade da doença hepática; • Percutânea → evitar se coagulopatia ou ascite moderada; • Formas de fazer a biópsia: transjugular venosa ou via laparoscópica; • Achados: ácino hepático todo desregulado, hepatócito sem funcionar, necrose perivenular... fecha o diagnóstico de cirrose hepática. Avaliação do paciente com cirrose • Diagnóstico da doença hepática subjacente. Qual a doença hepática que esse paciente tem? Começar investigar... • Estimativa da reserva hepática funcional (Child- Pugh) → intervenções terapêuticas e tratamento definitivo; • Definição da anatomia venosa porta e avaliação hemodinâmica hepática para saber se tem hipertensão portal; • Identificação do sítio de hemorragia digestiva alta, se presente. Reserva hepática funcional • Classificação de Child-Pugh; • Taxa de mortalidade operatória; a) A → 0-5% (evolui melhor); b) B → 10-15% (evolui melhor); c) C → > 25% (toleram pior um procedimento invasivo maior, p. ex. transplante hepático). Vai juntar os pontos, classificar e graduar. Avaliação hepática hemodinâmica • Medida direta da pressão porta (pressão porta – pressão VCI). Invasivo, pouco usado; • USG com doppler → fluxo, patência de shunts. Fluxo centrífugo (hipertensão portal). O doppler vai mostrar informações sobre as chances de intervenção para diminuir a pressão dentro da porta; • AngioTC; RNM: grau de hipertensão e o desenvolvimento de colaterais; • Angiografia visceral seletiva (em desuso), invasivo. Hepatopatia crônica descompensada • Distúrbios hemodinâmicos: ❖ Teoria da vasodilatação. Quando há hipertensão porta, há todo umrefluxo de sangue venoso. A veia esplênica vai desaguar na porta, então, se há um aumento da pressão na porta, aumenta a pressão na esplênica e aumenta a pressão também dentro do baço, o que pode levar a: 1. Vasodilatação arteriolar esplâncnica, que sintetiza NO, assim como as bactérias gram (-) do intestino. 2. Vasodilatação esplâncnica desloca volemia para este território vascular → barorreceptores renais e carotídeos interpretam uma hipovolemia → gera ativação sistema RAA → rim retém água e sal. 3. Retenção hidrossalina aumenta volemia total, porém volume sanguíneo extra está nos vasos esplâncnicos levando a ascite e edema periférico. 4 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal Esses pacientes geralmente são hipotensos devido ao estado hipovolêmico. Por isso que se trata a hepatopatia crônica com diuréticos, começando com doses mais baixas para não quebrar de vez o mecanismo já formado, o que levaria a uma hipotensão mais grave. Encefalopatia hepática • Passagem de substâncias tóxicas para cérebro (principal substância → amônia). Quando há a capilarização, o sangue cheio de toxinas e amônia acaba indo direto para a vênula central, não sendo absorvido e “neutralizado” nos hepatócitos. Quadro clínico • Distúrbios de comportamento (agressividade, agitação); • Sonolência/ letargia; • Inversão ciclo sono-vigília; • Fala arrastada com bradipsiquismo; • Hálito hepático, halitose; • Asterixis (“flapping”); • Incoordenação muscular; • Crise convulsivas / descerebração. O diagnóstico é clínico! Fatores precipitantes ❖ HDA; ❖ Hipocalemia; ❖ Alcalose; ❖ Desidratação/hipovolemia; ❖ Diuréticos de alça ou tiazídicos; ❖ Infecções (incluindo Peritonite Bacteriana Espontânea - PBE). ❖ Uso de sedativos; ❖ Procedimentos cirúrgicos; ❖ Constipação; ❖ Hipóxia; ❖ Shunts portossistêmicos. A maioria das fisiopatologias desses fatores é o acúmulo de toxinas, principalmente a amônia. Tipos clínicos • EH mínima: somente detectada em testes neuropsicométricos; aqui só se faz o acompanhamento; • EH aguda esporádica: mais comum; • EH crônica: persistência por longos períodos, geralmente estados avançados. Começa agudizada, mas persiste. • EH associada a insuficiência hepática fulminante. CLASSIFICAÇÃO EH AGUDA ESPORÁDICA DE WEST-HAVEN GRAU ESTADO MENTAL SINAIS NEUROLÓGICAS I Confusão leve, euforia ou depressão; diminuição da atenção, raciocínio bradipsíquico; irritabilidade; inversão do ciclo sono-vigília. Incoordenação motora; tremor leve; escrita irregular. II Letargia; déficit de habilidade analítica; alterações de personalidade e comportamento inapropriado; desorientação intermitente. Asterixis (flapping); ataxia; disartria. III Sonolência ou torpor; incapacidade de realização de tarefas mentais; desorientação temporoespacial; confusão mental acentuada; amnésia; ataques violentos de ira imotivada; discurso incoerente. Hiper-reflexa; rigidez muscular; fasciculações; sinal da Babinski; flapping. IV Coma Perda dos reflexos oculovestibulares; perda de resposta a estímulos dolorosos; postura de descerebração. Tratamento • Controle dos fatores precipitantes: controlar HDA, acidose, alcalose, hipocalemia, PBE... • Restrição proteica: troca da proteína animal pela vegetal. 5 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal • Estágios III e IV (torpor e coma): dieta zero por 24-48h. • Corrigir a constipação, a principal medicação para esse paciente é a lactulose, 15-20 mL, de 8/8 horas, objetivando 2-3 evacuações/dia. Quanto mais tempo deixa alimento, maior proliferação de bactéria, maior liberação de amônia, formando um ciclo vicioso. Quando o paciente começa a evacuar, ele já começa a ficar bem. • Antibioticoterapia: pode associar pensando em diminuir a flora colônica; nesse caso faz neomicina; metronidazol (nos refratários a Lactulose). Síndrome Hepatorrenal • Perda progressiva da função renal, secundária à vasoconstricção renal e vasodilatação extrarrenal, com queda da resistência vascular periférica e eventualmente hipotensão arterial. Ele vai ter como se fosse uma nefropatia pré renal. • Tipo 1 → rápida progressão, em menos de 2 semanas a creatinina está 2x o inicial (> 2,5) e clearance < 20ml/min. Prognóstico ruim. Agudizada, não tem tempo para tentar compensar o paciente. • Tipo 2 → insidiosa, com creatinina > 1,5mg/dl e/ou clearance < 40ml/min. Quadro clínico Cirrótico que descompensa e que começa a perceber azotemia (começa subir creatinina, ureia...), não urina como deveria, aí já se pensa em síndrome hepatorrenal. Fatores precipitantes • Sangramento gastrointestinal; • Infecção (especialmente PBE); • Diurese intensa com rápida perda de peso; • Paracentese de grande volume sem reposição de albumina; CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS O objetivo de se fazer a albumina é deixar o líquido dentro do vaso, diminuindo a perda para o terceiro espaço. Tratamento • Repouso, estado euvolêmico, retirada de agentes nefrotóxicos; • Farmacológico: vasoconstrictores esplâncnico (terlipressina) + infusão de albumina; • TIPS → falência do tratamento farmacológico; • Terapia de substituição renal → não é tratamento definitivo, mas sim ponte até o transplante hepático; • Transplante hepático → tratamento de escolha. Prevenção • Pode ser que não funcione, mas são os casos que dá para tentar... • Na PBE → infusão de albumina; • Há hepatite alcoólica → uso de pentoxifilina. Síndrome Hepatopulmonar • Aumento na circulação pulmonar de vasodilatadores endógenos (no) levando a dilatações vasculares intrapulmonares (DVIP). Então os capilares que antes eram finos e que passavam uma hemácia por vez, agora maior, passam várias hemácias por vez e com isso não há a oxigenação de 100% das hemácias. • 5-10% pacientes com cirrose hepática; • Hepatopatia crônica descompensada; • Dispneia, cianose de lábios e extremidades, baqueteamento digital. • Platipneia – clássico! Falta de ar na posição supina e pior ao sentar ou levantar; praticamente patognomônico. • Ortodeóxia – clássico! Diminuição de O2 na posição ortostática, patognomônico. • Gasometria arterial → hipoxemia, hipocapnia. ❖ Ortodeóxia → decréscimo > ou = 10% na PaO2 saindo da posição supina para sentada ou em pé. Ortodeóxia e ECO contrastado = diagnóstico. 6 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal • RX de tórax: • Normal; infiltrado intersticial bilateral. • Afastar outras causas. Não ajuda muito no diagnóstico. • Ecocardiograma contrastado: ❖ Não invasivo e efetivo para diagnóstico. Injeta o contraste e faz o acompanhamento dele dentro do coração para o VD. Bem específico. • Cintilografia pulmonar ou TC de alta resolução. • Angiografia pulmonar. ❖ Diagnóstico duvidoso pelos exames não invasivos. Tratamento • Oxigênio a fluxo → melhora da hipoxemia. • Embolização dos shunts → curto prazo. A nível de vascularização pulmonar. • Transplante hepático → tratamento definitivo. Hipertensão Portopulmonar • Vasos pulmonares arteriais periféricos sofrem remodelamento com trombos “in situ”. Como uma trombose pulmonar, mas a nível de microvascularização; • Dispneia progressiva e sobrecarga de VD; Diagnóstico Ecocardiograma (sobrecarga VD) → cintilografia pulmonar (afastar TEP) → cateterismo cardíaco direito (medir as pressões). Tratamento • Anticoagulação com varfarina e epoprostenol (prostaciclina) venosa. • Transplante hepático em casos selecionados. Aqui o paciente tem uma progressão muito rápida, não tendo benefício em casos mais avançados. Hipertensão portaDefinição • Alteração dentro do fígado → nódulo de regeneração e capilarização dos sinusóides → aumento da resistência dentro do fígado à passagem do sangue para VCI → regurgitação de todo sistema porta → circulação sistêmica; • Pressão portal > 5 mmHg; • > 8-10 mm → colaterização portossistêmica (dilatação de todas as veias relacionadas com o sistema porta). • > 12mm → ruptura de varizes (o grande problema da hipertensão portal). Causas • Pré-hepática → trombose de veia porta; trombose veia esplênica (hipertensão porta só a esquerda). À princípio nada tem a ver com a cirrose. • Intra-hepática: ❖ Pré-sinusoidal → esquistossomose, sarcoidose. Destruição da circulação veia porta, artéria hepática e canalículo biliar. ❖ Sinusoidal → cirrose hepática (vírus, álcool; autoimune...) ❖ Pós-sinusoidal → doença hepática venoclusiva. Oclusão da vênula central. • Pós-hepática: ❖ Síndrome de Budd-Chiari (trombose da veia hepática); obstrução VCI; pericardite constrictiva; Insuficiência cardíaca. Diagnóstico • Suspeita: ascite, esplenomegalia, encefalopatia ou varizes esofagogástricas. • Laboratório → pode ter disfunção hepatocelular. • Imagem: ❖ USG com doppler → fluxo hepatofugal, volta do fluxo sanguíneo para o sistema porta. ❖ EDA → varizes esofágicas sela diagnóstico. Se tem varizes esofágicas, tem hipertensão portal, independente do que levou a elas. ❖ AngioTC e RM → delinear o sistema porta. ❖ Angiografia. ❖ Medidas hemodinâmicas. Sangramento digestivo alto • Varizes esofágicas (80%); • Varizes gástricas (20%); • Gastropatia hipertensiva portal; • Colopatia porta. Varizes esofagogástricas ❖ Complicação mais ameaçadora a vida; ❖ 1/3 de todas as mortes em pacientes cirróticos; 7 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal ❖ Risco de morte relaciona-se com reserva funcional hepática; ❖ Maior risco de ressangramento: primeiros dias após episódio; ❖ Risco diminui rapidamente até 6 semanas. Variáveis-chave preditivas ❖ Classificação de Child-Pugh. A e B podem sangrar e sobreviver, mas o C é mais complicado; ❖ Tamanho das varizes e presença; ❖ Gravidade das marcas vermelhas (afinamento da parede). Tratamento • TERAPIAS SEQUENCIAIS • SANGRAMENTO AGUDO ❖ Prioridade – reposição volêmica (cristalóide + sangue). ❖ Controle débito urinário e pressão venosa central (se disponível). ❖ Tempo de protrombina (TP) > 3 seg → plasma fresco congelado. ❖ Transfusão de plaquetas → só se < 50.000/mm³. ❖ Antibióticos profiláticos → reduz taxa de infecção em 50%, reduzindo a chance de ressangramento e melhora sobrevida. ❖ Outras complicações da doença hepática → encefalopatia, ascite, coagulopatia, desnutrição. ❖ Não cirúrgicos → endoscópico com esclerose ou ligadura e injeção de cianoacrilato. A maioria das vezes tentar fazer o não cirúrgico. ❖ Terlipressina ou somatostatina ou ocreotide (mais usado); ❖ Vasopressina (em desuso) → associar com nitroglicerina por conta dos efeitos sistêmicos; ❖ Tamponamento por balão → menos frequente, sem outros métodos disponíveis ou quando o sangramento é muito grande que não consegue fazer a endoscopia; ❖ TIPS → falha do tratamento endoscópico e medicamentoso; ❖ Cirurgia → casos selecionados e não candidatos a TIPS, casos de urgência. • TAMPONAMENTO POR BALÃO DE SENGSTAKEN-BLAKEMORE: ❖ Vantagens: disponibilidade, cessa hemorragia em 85% dos casos. ❖ Desvantagens: recidiva do sangramento em 50% após esvaziamento, desconforto para o paciente, complicações graves se inexperiência (perfuração esofágica, necrose do esôfago, broncoaspiração). ❖ Hemorragias exsanguinantes, falha escleroterapia e da farmacoterapia. • TERAPIA ENDOSCÓPICA: ❖ Sangramento agudo e prevenção da recidiva; ❖ Cessa sangramento 80-90%; ❖ Nova sessão controle 4-6 dias depois; ❖ Se 2 sessões falharem → falha de tratamento; ❖ Pode fazer esclerose (imagem 1) ou ligadura elástica (imagem 2), que é superior a esclerose. ❖ Complicações: ➢ Dor retroesternal, úlcera esofágica, febre; ➢ Perfuração esofágica, piora do sangramento, pneumonite por aspiração. • TIPS (derivação portossistêmica transjugular Intra-hepática) ❖ Derivação geralmente entre veias hepática direita e porta. Vai cateterizar a veia porta direita e passar um shunt (círculo vermelho na imagem abaixo), uma prótese autoexpansível, comunicando o sistema porta com a circulação sistêmica. Essa 8 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal derivação vai diminuir a pressão na porta. É intra- hepático. ❖ Falha após endoscopia e farmacoterapia no sangramento agudo. ❖ “Ponte” até transplante hepático. Vai fazer o TIPS já pensando em transplante. Outra exceção é paciente terminal, que não tem prognóstico nenhum mais, pode fazer a TIPS nesse caso. ❖ Child C, mesmo que não candidato a transplante. ❖ Desvantagem: piora encefalopatia; estenose ou oclusão da derivação em 50% até 1 ano após procedimento. Necrose perivenular. ❖ Contra indicações: ➢ Absoluta: IC direita, doença policística hepática. ➢ Relativas: trombose veia porta, tumores hepáticos hipervascularizados, encefalopatia. CIRURGIA DE EMERGÊNCIA • Falha de outras terapias; • TIPS contraindicado ou insucesso; • Secção esofágica com grampeador → recidiva de sangramento alta; • Anastomose portocava (não seletiva); • Mortalidade > 25%. Paciente instável, Child B, C... Prevenção da recidiva de sangramento • Terapia farmacológica: Beta adrenérgico não seletivo + nitrato (propranolol,nadolol + monocordil, isordil). • Terapia endoscópica: erradicação das varizes + controle com intervalos de 6 meses a 1 ano. Associado com terapia farmacológica. Ligadura elástica > escleroterapia. TIPS • Tratamento definitivo, porém alta incidência de trombose ou estenose (50%) no primeiro ano. • Eficiente em casos de ascite clínica intratável. • Encefalopatia pós procedimento (30%). • Candidatos a tx hepático com falha de terapia endoscópica e farmacológica → facilita transplante por diminuição da hipertensão porta e minimiza sangramento até tx. • Pacientes com doença avançada que não sobreviverão o suficiente. DERIVAÇÕES PORTOSSISTÊMICAS • Meio mais eficiente de prevenção; • Encefalopatia portossistêmica e insuficiência hepática acelerada; • Derivações não seletivas. ➢ Desvia a veia porta direto para a VCI. ➢ Descomprimem as varizes. ➢ Encefalopatia e insuficiência hepática acelerada. ➢ Anastomoses laterolaterais aliviam ascite. Como a portocava e a interposição. Derivação parcial. ➢ TIPS é um tipo de não seletiva menos invasiva → preferível. • Derivações seletivas: ❖ Derivação esplenorrenal distal (cirurgia de Warren), veia esplênica na veia renal. Além de 9 Beatriz Machado de Almeida Hepatopatia crônica descompensada e Hipertensão portal desviar todas as outras veias que se comunicava com a porta para outro vaso. ❖ Evita encefalopatia hepática e falência. ❖ Agrava ascite → não indicada em ascite intratável. ❖ Esplenectomia prévia contra indica. • Derivações parciais: ❖ Próteses com diâmetro 8- 10mm. ❖ Continua mantendo a porta pérvia e faz um shunt menor. ❖ Restringe fluxo derivativo, diminuindo a encefalopatia. • PROCEDIMENTOS DE DESVASCULARIZAÇÃO: • Procedimento de urgência. • Procedimento de Sugiura: corta o esôfago e libera todas as varizes. • Desconexão ázigo-portal com esplenectomia → esquistossomose. TRANSPLANTE HEPÁTICO TERAPIA DEFINITIVA
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