Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fonte: Aula 1 CIRROSE HEPÁTICA Gizelle Felinto INTRODUÇÃO ➢ Cirrose não é uma doença específica, mas sim uma condição sindrômica que ocasiona uma série de complicações que diminuem consideravelmente a sobrevida do paciente ➢ É um estágio avançado ou terminal de disfunção hepática ➢ Tem-se duas formas de não funcionamento do fígado: • Aguda → Hepatite Fulminante • Crônica → Cirrose Hepática ➢ A cirrose trata-se de um insulto crônico, lento e progressivo que vai lesando as células hepáticas, acarretando um depósito de colágeno e fibrose no parênquima hepático. Causa uma distorção do parênquima do fígado, interferindo na capacidade desse órgão de realizar suas funções, como: • Produção de fatores de coagulação • Produção de proteínas e metabólitos... CONCEITO ➢ Qualquer agressão ao fígado faz com que, lenta e progressivamente, ele vá fibrosando. Quando essa fibrose é intensa, grau IV, todas as células hepáticas são substituídas por fibrose, o que é denominado cirrose ➢ Melhor definição de Cirrose → perda da arquitetura lobular hepática ➢ A fibrose pode ser Reversível: • Porém, aqueles pacientes que tem ascite, icterícia, encefalopatia hepática e que não cessam a ingesta de álcool não terão o mesmo fígado de antes • Muitos pacientes em estágio inicial de Cirrose que param de beber e que tratam sua causa podem ter a fibrose, até certo tempo, reabsorvida e, ao invés de continuar em grau IV (avançada), volta para grau III ou até mesmo grau II ➢ PRINCIPAIS CAUSAS DE CIRROSE: • Álcool • Hepatite B, C e D • Esteato-Hepatite não Alcoólica (NASH) • Autoimune • Drogas • Metabólicas • Vascular • Idiopática ➢ Se essas causas não forem tratadas, a tendência é que haja uma perda de função ao longo do tempo ➢ FÍGADO NORMAL: • Textura homogênea e com superfície lisa ➢ FÍGADO CIRRÓTICO: • Fígado com textura heterogenea, com parênquima irregular, micro ou macronodular ➢ O exame inicial para avaliar a textura do fígado é o Ultrassom de Abdômen ➢ Exame Padrão-ouro → Biópsia do fígado • Pois a fibrose na cirrose ocorre a nível microscópico • Porém, não se faz para todo mundo, pois é um método caro e invasivo ➢ Teoricamente, cirrose tem diagnóstico histológico. Porém, na prática, com as características clínicas e outros exames consegue-se dar o diagnóstico TRATAMENTO ➢ Medidas gerais ➢ TRATAMENTO DA ETIOLOGIA: • Sempre que se estiver diante de uma cirrose e/ou de uma hepatopatia crônica, segue-se o seguinte tripé → buscar, identificar e tratar etiologia /causa. Exemplos – se a causa for: ▪ Álcool → parar de beber ▪ Hepatite B → tratar hepatite B ▪ Hepatite C → tratar hepatite C ▪ Esteatose não alcoólica → controle dos fatores de risco (perder peso, realizar atividade física...) ▪ Hepatite autoimune → tratar ➢ PROFILAXIA E TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES: • Prevenir as complicações e, se elas estiverem vigentes, trata-las • Complicações da cirrose: ▪ Infecções → higiene adequada, vacinação em dias... ▪ Hipertensão portal ▪ Hemorragia digestiva → é de rotina pedir endoscopia digestiva alta ▪ Câncer de fígado → realizar ultrassom de 6 em 6 meses ➢ TRANSPLANTE HEPÁTICO: • 2 grandes indicações de transplante: ▪ Insuficiência hepática aguda grave (hepatite fulminante) ▪ Cirrose hepática descompensada AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO HEPÁTICA ➢ A cirrose depende da etiologia e do grau de disfunção. Assim, para classificar a gravidade da cirrose, foi criado um parâmetro Fonte: Aula 2 CIRROSE HEPÁTICA Gizelle Felinto objetivo que é o mais utilizado no mundo todo → CRITÉRIOS DE CHILD-PUGH: • Leva em conta 3 parâmetros laboratoriais e 2 clínicos PROGNÓSTICO ➢ O Ministério da Saúde preconiza transplante hepático para pacientes Child B e C ➢ SOBREVIDA EM 1 E 2 ANOS – História Natural: • Quanto pior a disfunção hepática (maior Child), menor a sobrevida • Child A → 100% e 85% • Child B → 80% e 60% • Child C → 45% e 35% ➢ Quando há descompensação da cirrose (ascite, encefalopatia...) → a sobrevida encurta ainda mais LABORATÓRIO ➢ Elevação de TGO e TGP em 5 – 10x o limite superior normal, caracterizando o processo crônico ➢ TGO > TGP ➢ Alargamento progressivo de INR ➢ Queda de Albumina ➢ Aumento de Bilirrubina com a progressão da doença ➢ Não há pico de transaminases, pois não há massa de hepatócito suficiente para suportar essas transaminases ➢ Quando o paciente cirrótico agudiza/descompensa, suas transaminases nunca estarão em valores muito altos, pois no parênquima quase não se tem mais hepatócitos → no máximo chega a valores como 300, 400 ou 500, por exemplo ➢ Nunca se vê um paciente cirrótico agudizando com transaminases de 1000 ou 2000 ➢ A quantidade de transaminases depende da massa hepática restante desse paciente COMPLICAÇÕES ➢ Hipertensão Portal→ é a pior complicação • Cirrótico com hipertensão portal pode: ▪ Ter Ascite → pois ela depende a hipertensão portal ▪ Sangrar... ➢ Hemorragia Digestiva ➢ Ascite ➢ Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE) → infecção do líquido ascítico ➢ Síndrome Hepatorrenal (SHR) → insuficiência renal decorrente da insuficiência hepática ➢ Síndrome Hepatopulmonar → insuficiência respiratória decorrente do mau funcionamento do fígado ➢ Encefalopatia Hepática PATOGÊNESE ➢ Relembrando conceitos da Física → P = F x R • P → pressão • F → fluxo • R → resistência • Como o fluxo e a resistência são diretamente proporcionais à pressão, tem-se duas formas de aumentar a pressão: aumentando o Fluxo ou aumentando a Resistência ➢ Empregando esse conceito acima na Cirrose: • Resistência aumentada devido à fibrose → A fibrose vai distorcendo a arquitetura do parênquima, fazendo com que as fibras se contraiam e seja depositado colágeno nos hepatócitos, o que aumenta a resistência vascular intra- hepática ao fluxo sanguíneo. Assim, quando o sangue que chega a esse fígado encontra uma resistência aumentada, ocorre a elevação da pressão do sistema porta • Fluxo aumentado por meio da veia esplênica → Outra forma de aumentar a pressão no sistema porta seria através do aumento do Fluxo. Esse fluxo para a veia porta vem por meio da veia esplênica. Assim, quando esses pacientes cirróticos tem esplenomegalia pela fibrose, quando maior o baço, maior será o fluxo da veia esplênica, aumentando ainda mais a pressão no sistema porta • Tudo isso culmina para o aumento da pressão no sistema porta • Esse aumento do fluxo e da resistência faz com que, cada vez mais, chegue mais sangue no sistema porta. De todo esse líquido, apenas uma pequena parte vai conseguir passar pelo fígado e a outra parte buscará caminhos alternativos de Fonte: Aula 3 CIRROSE HEPÁTICA Gizelle Felinto menor pressão, reabrindo a circulações colaterais e formando: ▪ Varizes de esôfago ▪ Varizes retais ▪ Varizes periumbilicais (Cabeça de Medusa) • Com a hipertensão porta tem-se: ▪ Circulações colaterais ▪ Aumento da permeabilidade vascular ▪ Grande liberação de vasodilatadores (como o óxido nítrico e Prostaglandinas) → pois o organismo vê que se tem muita fibrose e a pressão porta está muito aumentada. Assim, ele libera vasodilatadores endógenos para dilatar/aliviar o sistema porta • Inicialmente, todo o mecanismo fisiopatológico da hipertensão porta é compensatório, vasodilatando o sistema porta para aliviar sua pressão: ▪ Porém, onde há essa vasodilatação, faz com que o fluxo sanguíneo se direcione para esses locais dilatados. Assim, a ASCITE trata-se de um paciente com hipertensão porta aumentada em que houve grande liberação de óxido nítrico e prostaglandinas, vasodilatando o sistema o sistema porta. Essa dilatação aumenta a permeabilidade e o líquido começa a transudar para o peritônio. Além disso, pelo fato de o cirrótico ter diminuiçãoda produção de albumina, não há proteínas que segurem esse liquido no vaso, havendo um mecanismo de aumento da pressão hidrostática e diminuição da pressão osmótica • Quando se tem essa vasodilatação portal tentando compensar essa hipertensão, atrai-se muito fluxo para o território abdominal (esplâncnico), fazendo com que se comece a ter pouco fluxo cerebral e pouco fluxo renal, por exemplo, caracterizando o surgimento de outras disfunções HEMORRAGIA POR VARIZES DE ESÔFAGO ➢ As varizes de esôfago são causadas pela hipertensão porta, que tem a cirrose como uma de suas várias causas. Assim, quando se vê um paciente com varizes de esôfago não significa dizer que ele tem cirrose hepática ➢ Todo paciente cirrótico, em sua primeira consulta, precisa fazer uma Endoscopia Digestiva Alta (EDA) • Se essa endoscopia acusar a presença de varizes, deve-se prevenir uma possível hemorragia • Calibre grosso, manchas vermelhas, Child B ou Child C → a chance de sangrar é muito alta, devendo-se iniciar a profilaxia primária, tentando impedir que esse paciente sangre • Fatores de risco para sangramento das varizes: ▪ Calibre grosso das varizes ▪ Presença de manchas vermelhas (Red signs) ▪ Grau de disfunção hepática (Classificação do Child – B ou C) ➢ Profilaxia primária → impedir a ocorrência do primeiro sangramento • Ligadura das varizes → é um método endoscópico ou • Betabloqueador: PROPANOLOL CARVEDILOL ➢ Profilaxia secundária → é a prevenção de um novo sangramento em um paciente que já teve uma hemorragia • É aquele paciente que teve uma hemorragia digestiva alta (hematêmese e/ou melena) e acabou descobrindo que é hepatopata após esse episódio • Corresponde à realização conjunta das duas terapias: ▪ Ligadura das varizes + Betabloqueador ➢ O sangramento digestivo do paciente cirrótico é muito mais grave, tendo mortalidade maior que a mortalidade de outras hemorragias digestivas altas por outras causas → pois o cirrótico, além de ter o sangramento das varizes do esôfago, é coagulopata, ➢ TRATAMENTO DA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA DO CIRRÓTICO: • Tem como base o seguinte tripé: ▪ Estabilidade Hemodinâmica: ✓ Antibioticoterapia profilática: QUINOLONA ou CEFALOSPORINA DE 3ª GERAÇÃO ✓ Drogas vasoativas: Imagens endoscópicas de varizes de esôfago Fonte: Aula 4 CIRROSE HEPÁTICA Gizelle Felinto o Início precoce SOMATOSTATINA ou TERLEPRESSIMA o Terlipressina → é a mais utilizada em todo o mundo ❖ Em bolus endovenoso de 6/6h ou de 4/4h ▪ EDA dentro das primeiras 12 horas: ✓ Após a estabilidade hemodinâmica do paciente ✓ Realiza-se: o Ligadura → uso de uma ligadura elástica ❖ É um procedimento muito melhor ou o Esclerose endoscópica → uso de soluções esclerosantes ❖ Faz-se em último caso, quando não se tem ligadura ▪ Balão de Sengstaken-Blakemore ✓ Quando não se consegue/pode realizar os procedimentos da EDA ✓ Usado como uma medida temporária, por no máximo 24h ➢ TIPS (derivação intra-hepática portossistêmica transjugular) → é um stent transjugular que comunica um ramo da porta com o ramo da veia hepática, ou seja, ele liga a circulação portossitemica, aliviando a pressão portal • Indicação → em hemorragias digestivas altas refratárias • É caro e pouco disponível PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES DA HIPERTENSÃO PORTAL PERITONITE BACTERIANA ESPONTÂNEA (PBE) CARACTERÍSTICAS ➢ É uma infecção típica do cirrótico, pois a PBE só ocorre quando se tem ascite e a ascite só ocorre quando há hipertensão portal ➢ É uma infecção do líquido ascítico → as bactérias intestinais transudam para o líquido ascítico, causando a PBE ➢ 30% dos pacientes são assintomáticos ➢ É comum haver dor e febre ➢ Geralmente é causada por bactérias gram-negativas ➢ Cirrótico que descompensa, que está sem querer comer, que piora função renal → fazer rastreio de infecção ➢ DIAGNÓSTICO: • Celularidade do líquido ascítico (Por punção do líquido ascítico): ▪ Polimorfonucleares (PMN) > 250/mm3 → trata-se de um peritônio inflamado ✓ Peritônio inflamado + cultura positiva = infecção do líquido ascítico ▪ PARACENTESE DIAGNÓSTICA (punção) → tira-se 10mL do líquido e faz-se a celularidade e a cultura ➢ Está associada a doença hepática grave ➢ TRATAMENTO: • Cefalosporina de 3ª geração por 5 a 7 dias: CEFTRIAXONA CEFOTAXIMA ➢ PROFILAXIA → Antibioticoterapia profilática: • Nos seguintes casos: ▪ Cirrose e sangramento gastrointestinal ✓ Antibiótico por no máximo 7 dias ▪ Cirrose com proteína do líquido ascítico < 1g/dL → pois a presença de poucas vitaminas significa a presença de uma ascite volumosa e que tem risco de PBE ✓ Uso de antibiótico pelo resto da vida, pois o fator de risco persiste ▪ Cirrose com recuperação de um episódio prévio de PBE ✓ Esses pacientes tem chance de ter PBE novamente, assim ele terá que fazer antibioticoprofilaxia pelo resto da vida, pois o fator de risco persiste • Medicamentos: NORFLOXACINO 400mg/dia por 7 dias CIPROFLOXACINA CEFTRIAXONA QUINOLONA por tempo indefinido → na PBE prévia SÍNDROME HEPATORRENAL INTRODUÇÃO ➢ É o desenvolvimento de insuficiência renal em paciente com doença hepática grave, na ausência de qualquer doença renal identificável. Ou seja, é um paciente que tem um rim saudável que, secundariamente à insuficiência hepática, acaba tendo uma insuficiência renal progressiva ➢ É um distúrbio renal funcional e não estrutural ➢ FISIOPATOLOGIA: • A vasodilatação do sistema porta atrai o influxo de células e líquido para o território abdominal, causando o pouco fluxo renal (Hipovolemia renal). Assim, a hipertensão porta funciona como uma insuficiência renal aguda pré-renal. Com isso, o rim libera Renina, Angiotensina e Aldosterona. A aldosterona causa a maior reabsorção de sal e água, perpetuando essa hipervolemia do organismo • O cirrótico com ascite é hipervolêmico, mas, efetivamente, ele funciona como hipovolêmico CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ➢ Baixa Taxa de Filtração Glomerular (TFG): • Creatinina (Cr) > 1,5 ou Depuração de Creatinina Endógena de 24h (DCE) < 40mL/min ➢ Deve-se excluir as seguintes possíveis causas: • Choque • Sepse em evolução • Perdas hídricas • Drogas nefrotóxicas ➢ Ausência de melhora da função renal após suspensão de diuréticos e expansão do volume plasmático → dá-se volume Fonte: Aula 5 CIRROSE HEPÁTICA Gizelle Felinto (tirar diuréticos e administrar albumina) e o paciente não melhora, pois está ocorrendo essa insuficiência renal devido ao fato de todo o fluxo de líquido estar indo para o abdômen, caracterizando-se como uma insuficiência renal causada pelo fígado doente. O tratamento que muda sobrevida nesses casos não é a dialise, mas sim o transplante hepático ➢ Proteinúria < 500mg/dia, ausência de obstrução de vias urinárias ou de doença renal TRATAMENTO ➢ VOLUME PARA TENTAR PERFUNDIR O RIM: • Infusão rápida de 1500mL de soro fisiológico ➢ SUSPENSÃO DE DROGAS NEFROTÓXICAS ➢ PUNÇÃO DO LÍQUIDO ASCÍTICO → pois qualquer complicação que o cirrótico tem pode ter como causa uma infecção • Na suspeita de infecção no paciente cirrótico deve-se pedir os seguintes exames: ▪ Raio-x de tórax ▪ Hemocultura ▪ Urocultura ▪ Punção do líquido com celularidade e cultura para descartar PBE ➢ HEMODIÁLISE NÃO É EFETIVA → pois a causa da insuficiência renal é o fígado doente ➢ Síndrome Hepatorrenal TIPO 1 → insuficiência renal rapidamente progressiva ALBUMINA + TERLIPRESSINA Transplante hepático é o tratamento mais definitivo ➢ Síndrome Hepatorrenal TIPO 2 → paciente que vai lentamente piorando a função renal TRANSPLANTE HEPÁTICO PATOGÊNESE ➢ O cirrótico tem um sistema que se retroalimenta ➢ Paciente com cirrose tem hipertensão porta, levando a umalibração de vasodilatadores para abrir os vasos abdominais e diminuir essa hipertensão porta. Na medida em que se vasodilata o território abdominal, diminui-se o volume plasmático efetivo que vai para outros locais como o rim. Assim, quando o rim sente que não está chegando liquido (que está diante de uma hipovolemia, que na verdade é uma hipervolemia com acúmulo de líquido no peritônio), ele ativa vasoconstritores sistêmicos, que promovem maior reabsorção de sal e água para tentar manter volume. Porém, esse volume não vai para o rim, ele se direciona para o peritônio, piorando a ascite ➢ O rim também aumenta o ADH, que é responsável por fazer com que o paciente urine menos, para conter líquido ENCEFALOPATIA HEPÁTICA INTRODUÇÃO ➢ É um distúrbio neuropsiquiátrico que pode ocorrer tanto na insuficiência hepática aguda quanto na crônica ➢ Alterações neuropsiquiátricas ocasionadas por distúrbios metabólicos, potencialmente REVERSÍVEIS, na presença de disfunção hepática e/ou shunts protossistêmicos (circulação colateral) ➢ FISIOPATOLOGIA: • O fígado é responsável pela metabolização de uma série de substâncias tóxicas (como amônia e ureia). Assim, quando esse órgão vai perdendo sua capacidade funcional e/ou quanto há a formação de circulação colateral (substâncias tóxicas não passam pelo fígado, indo direto para a circulação sistêmica), ele não consegue proteger o organismo dessas substâncias tóxicas que são, geralmente, de conteúdo proteico (advindas da absorção intestinal). Isso causa um acúmulo de substâncias neurotóxicas • As bactérias da flora intestinal são responsáveis pela conversão da amônia, que é uma substância tóxica ➢ SINTOMATOLOGIA: • Confusão mental • Desorientação • Sonolência • Sinal do Asterix → sinal clínico que indica lapso de postura, manifestando-se, geralmente, por um tremor de flapping bilateral nas articulações do punho, metacarpofalângicas e do quadril CLASSIFICAÇÃO DE WEST HAVEN ➢ Grau I: • Alteração do comportamento e do ritmo sono-vigília • Pode haver sonolência ou euforia ➢ Grau II: • Maior predomínio da sonolência e aparecimento de “flapping” ou asterix ➢ Grau III: • Dorme a maior parte do tempo, mas responde a estímulos verbais • Confuso e com voz arrastada • Asterix evidente ➢ Grau IV: • Comatoso, podendo responder (IV A) ou não (IVB) a estímulos dolorosos • Asterix ausente • Muitas vezes esses pacientes precisam ser intubados Fonte: Aula 6 CIRROSE HEPÁTICA Gizelle Felinto TRATAMENTO ➢ Tratamento consiste nas 3 seguintes em conjunto: • Dieta hipoproteica • Lactulose • Rifaximina ➢ Dieta hipoproteica (restringe-se proteína animal) → pois proteína piora a encefalopatia, por não ser metabolizada pelo fígado ➢ Lactulose → para evacuar 2 a 3 vezes por dia • Evacuações pastosas ou semi-líquidas • Esses pacientes não podem constipar, pois se o bolo fecal fica muito tempo no intestino acaba sofrendo ação das bactérias intestinais e libera amônia • É em forma de mel que se toma de 8/8h ou de 6/6h ➢ Sulfato de Neomicina → é um antibiótico para destruir a flora intestinal, pois é ela quem faz a conversão da amônia • Muito pouco utilizado ➢ Flumazenil → antagonista benzodiazepínico ➢ TRATAMENTO USADO NO MUNDO TODO HOJE EM DIA: RIFAXIMINA (Xifaxan®): ▪ Ainda é um medicamento caro ▪ É um antibiótico que destrói seletivamente gram- negativas intestinais ▪ Assim, destruindo-se a flora intestinal, tem-se menos conversão intestinal de amônia ➢ ASPARTATO DE ORNITINA (LOLA): • É um pó • Aumenta um pouco a metabolização hepática da amônia
Compartilhar