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MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves TUBERCULOSE Patogênese, manifestações clínicas e diagnóstico A tuberculose (TB) é causada por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis. Essa doença acomete mais frequentemente os pulmões, mas outros órgãos são acometidos em até 1/3 dos casos. TRANSMISSÃO O M. tuberculosis é mais comumente transmitido por disseminação aérea de aerossóis produzidos pelos pacientes com TB pulmonar infecciosa, por: → Tosse; → Espirro; ou → Fala. Outras vias de transmissão do bacilo da TB (ex.: por meio da pele ou placenta) são incomuns, precisa-se de importância epidemiológica. Determinantes da probabilidade de transmissão: → O contato com uma pessoa que apresenta a forma infecciosa de TB; → A intimidade e a duração desse contato; → O grau de infectividade do caso; → O ambiente compartilhado no contato. O risco de aquisição da infecção pelo M. tuberculosis é determinado principalmente por fatores exógenos. Ex.: devido à demora na procura de atendimento médico e no estabelecimento de um diagnóstico. INFECÇÃO O risco de desenvolver a doença após ter sido infectado depende, em grande parte, de fatores endógenos, como: → Defesas imunológicas inatas e não imunológicas do indivíduo; → O nível em que a imunidade mediada por célula (IMC) isoladamente está funcionando. A doença clínica que ocorre diretamente após a infecção é classificada como TB primária, sendo a sua ocorrência comum entre: → Crianças nos primeiros anos de vida; e → Indivíduos imunocomprometidos. A TB primária pode ser grave e disseminada, mas, geralmente, não está associada a um alto nível de transmissibilidade. Quando a infecção é adquirida mais tarde durante a vida, a probabilidade de que o sistema imune possa contê-la, pelo menos temporariamente, é maior. Porém, os bacilos latentes podem persistir durante anos antes de serem reativados, produzindo TB secundária (ou pós-primária); → Esta é mais infectante do que a primária, devido à frequente ocorrência de cavitação. De modo geral, estima-se que até 10% dos indivíduos infectados acabarão desenvolvendo TB ativa durante a sua vida – metade deles durante os primeiros 18 meses após a infecção. A reinfecção pode favorecer o desenvolvimento da doença. A idade representa um importante determinante do risco de doença após a infecção; → Maior em indivíduos idosos, possivelmente devido ao declínio da imunidade e a comorbidades. O fator de risco mais potente para a TB entre indivíduos infectados é a coinfecção pelo HIV, que suprime a imunidade celular. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves O risco de a ILTB (infecção latente da tuberculose) evoluir para a doença ativa está diretamente relacionado com o grau de imunossupressão do paciente. PATOGÊNESE E IMUNIDADE INFECÇÃO E INVASÃO DE MACRÓFAGOS 1. Núcleos de gotículas que contêm microrganismos viáveis propagados no ar por pacientes infectantes são inalados por um observador próximo; 2. A maioria dos bacilos inalados são retidos nas vias respiratórias superiores e expelidos pelas células mucosas ciliadas, uma fração (normalmente < 10%) alcança os alvéolos (ambiente imunorregulador exclusivo). 3. Assim, macrófagos alveolares que ainda não foram ativados (macrófagos prototípicos alternativamente ativados) fagocitam os bacilos. 4. Aderência de micobactérias aos macrófagos. Isso é resultado, em grande parte, da ligação da parede celular bacteriana a uma variedade de moléculas de superfície celular do macrófago, como receptores: → Do complemento; → De manose; → GFcγ de imunoglobulina; → De varredura do tipo A. 5. A fagocitose é aumentada por ativação do complemento que leva à opsonização de bacilos com ativação de derivados de C3 (C3b e C3bi); → Os bacilos são resistentes à lise mediada pelo complemento. 6. A ligação de determinados receptores, como o receptor de manose, regula os eventos pós- fagocíticos, como: → Fusão fagossomo-lisossomo; → Produção de citocina inflamatória. 7. Após a formação de um fagossomo, a sobrevida do M. tuberculosis no seu interior parece depender, em parte, de uma redução da acidificação devido à falta de montagem de próton-adenosina trifosfatase vesicular completa. 8. O lipoglicano da parede celular bacteriana (lipoarabinomanana – ManLAM), desencadeia série de eventos: → ManLAM inibe o aumento intracelular de Ca2+. → Consequentemente, ocorre comprometimento da via Ca2+/calmodulina (que leva à fusão do fagossomo-lisossomo); e → Os bacilos podem sobreviver no interior dos fagossomos. A!! O fagossomo do M. tuberculosis inibe a produção de fosfatidilinositol 3-fosfato (PI3P). → Normalmente, PI3P induz os fagossomos à ordenação e maturação da membrana, incluindo a formação defagolisossomo, que destruiria as bactérias. A!! Os fatores bacterianos bloqueiam a defesa de autofagia do hospedeiro (autofagossomo). Se os bacilos tiverem sucesso na interrupção da maturação do fagossomo: → Começa a replicação; → Macrófago sofre ruptura e liberando seu conteúdo bacilar; → Novas células fagocíticas serão recrutadas; As novas células dão continuidade ao ciclo da infecção ao ingerirem os macrófagos que estão morrendo e o seu conteúdo bacilar; com isso elas se infectam expandem a infecção. RESPOSTA DO HOSPEDEIRO, FORMAÇÃO DE GRANULOMA E LATÊNCIA ESTÁGIO INICIAL M. tuberculosis: → Se dissemina através dos vasos linfáticos, e se espalha outros locais nos pulmões e outros órgãos; e MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves → passa por um período de crescimento extenso dentro de macrófagos não ativados imaturos; Outros macrófagos imaturos são recrutados para o granuloma inicial. O M. tuberculosis usa mecanismos de virulência específicos para subverter a sinalização celular do hospedeiro e para evocar uma resposta inicial pró- inflamatória que promove: → Expansão do granuloma; → Crescimento bacteriano durante essa fase inicial essencial. Mecanismo molecular provável pelo qual as micobactérias induzem formação de granuloma: Estudo 1 → Proteína micobacteriana ESAT-6 induz secreção de metaloproteinase matricial 9 (MMP9) por células epiteliais vizinhas que estão em contato com macrófagos infectados. → MMP9 estimula o recrutamento de macrófagos imaturos, induzindo, assim, maturação do granuloma e crescimento bacteriano. → A perturbação da função de MMP9 resulta em redução do crescimento bacteriano. Estudo 2 O AMPc, derivado de M. tuberculosis, é secretado pelos fagossomos para os macrófagos hospedeiros, e: → Estimula uma elevação na secreção do TNF-α; → Recrutamento celular pró-inflamatório adicional. As quimiocinas e os produtos bacterianos liberados durante a lise celular e infecção de macrófagos, possibilitam às células dendríticas ter acesso aos bacilos; → Essas células migram para linfonodos de drenagem e apresentam antígenos micobacterianos aos linfócitos T. Nesse ponto, o desenvolvimento de imunidade celular e humoral inicia-se. A!! Esses estágios iniciais da infecção são geralmente assintomáticos. RESPOSTA DO HOSPEDEIRO A resposta do hospedeiro surge cerca de 2 a 4 semanas após a infecção, são duas: → Resposta da IMC de ativação dos macrófagos; → Resposta de lesão tecidual. RESPOSTA DE ATIVAÇÃO DOS MACRÓFAGOS → Fenômeno mediado por células T; → Células T leva à ativação de macrófagos que matam e digerem os bacilos da TB. A imunidade celular é fundamental nesse estágio inicial. 1. Macrófagos locais processam antígenos bacilares e estimulam os linfócitos T a liberarem uma variedade de linfocinas. 2. Macrófagos são ativados, agregam-se ao redor do centro da lesão e neutralizam efetivamenteos bacilos da TB, sem causar destruição tecidual adicional. 3. Na parte central da lesão, o material necrótico parece queijo mole (necrose caseosa). 4. Mesmo quando ocorre cicatrização, bacilos viáveis podem permanecer dormentes no interior dos macrófagos ou no material necrótico durante muitos anos. 5. Essas lesões “cicatrizadas” no parênquima pulmonar e nos linfonodos hilares podem, subsequentemente, sofrer calcificação. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves RESPOSTA DE LESÃO TECIDUAL → Resulta de uma reação de hipersensibilidade do tipo tardio (DTH) a vários antígenos bacilares; → Destrói os macrófagos inativados que contêm bacilos em multiplicação, mas também provoca necrose caseosa dos tecidos acometidos. Embora ambas as respostas possam inibir o crescimento das micobactérias, é o equilíbrio entre as duas que determina as formas de TB que irão surgir subsequentemente. TUBÉRCULOS Com o desenvolvimento da imunidade específica (acúmulo de linfócitos) e o acúmulo de macrófagos ativados no local da lesão primária, formam-se tubérculos (lesões granulomatosas). A princípio, a resposta de lesão tecidual pode limitar o crescimento das micobactérias no interior dos macrófagos. (porém, há consequente necrose tecidual) O M. tuberculosis pode sobreviver nesse ambiente necrótico, mas seu crescimento é inibido devido: → Baixa tensão de oxigênio; e → pH baixo. Nesse estágio, algumas lesões podem cicatrizar por fibrose, com calcificação subsequente, enquanto ocorrem inflamação e necrose em outras lesões. Granulomas isolados que são formados durante essa fase da infecção podem: → Variar em tamanho e composição celular; → Conter a disseminação de micobactérias, enquanto outros, não. A latência pode não ser o melhor termo, porque os bacilos podem permanecer ativos durante esse estágio “latente”, formando biofilmes em áreas necróticas onde se escondem temporariamente. → Assim, o termo persistidor talvez seja mais adequado para indicar o comportamento dos bacilos nessa fase. A!! A infecção latente e a doença representam um estado contínuo por onde a infecção irá percorrer pra se ter a contenção completa ou a doença em si. A!! Utilizar biomarcadores sistêmicos, para prever a evolução para doença, têm importância na definição das intervenções profiláticas. HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO TARDIA Em uma minoria de casos, a resposta de ativação dos macrófagos é fraca, e o crescimento das micobactérias só pode ser inibido por respostas de DTH (reações de hipersensibilidade tardia) intensificadas, as quais levam à destruição do tecido pulmonar. → A lesão tende a aumentar ainda mais, e o tecido circundante apresenta lesão progressiva. 1. No centro da lesão, o material caseoso se liquefaz (permanecendo com grande número de bacilos) 2. As paredes brônquicas e os vasos sanguíneos são invadidos e destruídos com formação de cavidades. 3. O material caseoso liquefeito é drenado por meio dos brônquios. No interior da cavidade, os bacilos: → Multiplicam-se; → Espalham-se pelas vias respiratórias; e → São eliminados no ambiente por meio de manobras expiratórias (tosse ou fala) A!! Nos estágios iniciais da infecção, os bacilos são geralmente transportados por macrófagos até os linfonodos regionais, a partir dos quais têm acesso ao retorno venoso central; de lá, eles são implantados novamente nos pulmões e também podem se disseminar amplamente pelo corpo, por meio da circulação cardíaca. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves → As lesões extrapulmonares resultantes podem exibir a mesma evolução que as dos pulmões, embora a maioria tenha tendência a cicatrizar. Em crianças pequenas com imunidade natural precária, a disseminação hematogênica pode resultar em: → TB miliar altamente fatal; ou → Meningite tuberculosa. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A TB é classificada em: → Pulmonar; → Extrapulmonar; ou → Ambas. Os sinais, sintomas e as manifestações radiológicas dependem do tipo de apresentação da TB. Classicamente, as principais formas de apresentação são a forma primária, a pós- primária (ou secundária) e a miliar. Em qualquer das 3 apresentações podem aparecer os sintomas clássicos, como: → Tosse persistente seca ou produtiva; → Febre vespertina; → Sudorese noturna; → Emagrecimento. TUBERCULOSE PULMONAR A TB pulmonar pode ser convencionalmente classificada em: → Primária; ou → Pós-primária (do tipo adulto, secundária). A classificação foi feita por evidências moleculares decorrentes de áreas endêmicas para TB indicando que uma grande porcentagem de casos de TB pulmonar no adulto resulta de infecção recente (seja infecção primária ou reinfecção), e não de reativação. DOENÇA PRIMÁRIA A TB pulmonar primária normalmente ocorre em seguida ao primeiro contato do indivíduo com o bacilo e, por isso, é mais comum em crianças. → As manifestações clínicas podem ser insidiosas, com o paciente apresentando-se irritadiço, com febre baixa, sudorese noturna e inapetência. → Nem sempre a tosse está presente. → O exame físico pode ser inexpressivo. Ela pode ser: → Assintomática; ou → Sintomática, com: febre e, ocasionalmente, dor torácica pleurítica. As áreas que são mais acometidas na TB primária são as regiões média e inferior dos pulmões, por serem as regiões de maior distribuição do ar inspirado. Achados: 1. Nódulo de Ghon (RX tórax): → É a lesão que se forma após a infecção inicial; → É geralmente periférica e acompanhada de linfadenopatia hilar ou paratraqueal transitória (pode ou não ser visível na radiografia de tórax padrão). MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves Figura: Radiografia de tórax mostrando aumento de linfonodo hilar direito com infiltração para o tecido pulmonar circundante em uma criança com tuberculose primária. 2. Eritema nodoso nas pernas (alguns pacientes). 3. Conjuntivite flictenular (alguns pacientes). A!! Na maioria dos casos, a lesão cicatriza espontaneamente e torna-se evidente apenas na forma de um pequeno nódulo calcificado. A!! O nódulo de Ghon, com ou sem reação pleural, espessamento e linfadenopatia regional subjacentes, é chamado de complexo de Ghon. IMUNOCOMPROMETIMENTO Em crianças com sistema imune imaturo e nos indivíduos com imunodeficiência (desnutrição ou HIV), a TB primária pode evoluir rapidamente para doença clínica. → A lesão inicial aumenta de tamanho, podendo evoluir de diferentes maneiras. A partir de um foco subpleural, há formação de espaço pleural e penetração de bacilos no mesmo, ocasionando um derrame pleural. Nos casos graves há TB primária progressiva: → Local primário aumenta rapidamente; → O centro sofre necrose; e → Verifica-se o desenvolvimento de cavitação. A TB em crianças pequenas é quase sempre acompanhada de linfadenopatia hilar ou paratraqueal devido à disseminação de bacilos do parênquima pulmonar através dos vasos linfáticos. 1. Os linfonodos aumentados podem comprimir os brônquios, causando: → Obstrução total com colapso distal; → Obstrução parcial com sibilo de grande via respiratória; ou → Efeito de movimento de válvula (ballvalve effect) com hiperinsuflação segmentar/lobar. 2. Os linfonodos também podem romper-se na via respiratória com desenvolvimento de pneumonia, frequentemente incluindo áreas de necrose e cavitação, distal à obstrução. → Bronquiectasia pode se desenvolver em qualquer segmento/lobo lesionado por pneumonia caseosa progressiva. A!! A disseminação hematogênica oculta geralmente acompanha infecção primária. → No entanto, na ausência de uma resposta imune adquirida suficiente, que em geral contém a infecção, pode ocorrerdoença disseminada ou miliar. A!! Há desenvolvimento de lesões granulomatosas em múltiplos órgãos e elas podem causar doença localmente progressiva ou resultar em meningite tuberculosa; → Essa é uma preocupação especial em crianças e em indivíduos imunocomprometidos (HIV). DOENÇA PÓS-PRIMÁRIA (TIPO ADULTO) Também denominada TB de reativação ou secundária. A TB pulmonar pós-primária ou secundária pode ocorrer em qualquer idade, mas é mais comum no adolescente e no adulto jovem. → Tem como característica principal a tosse seca ou produtiva. Ela pode resultar da reativação endógena de ILTB distante ou infecção recente (infecção primária ou reinfecção). Localiza-se, geralmente, nos segmentos apicais e posteriores dos lobos superiores, onde a tensão de oxigênio média consideravelmente mais alta (em comparação com a das regiões inferiores) favorece o crescimento das micobactérias. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves → Os segmentos superiores dos lobos inferiores também ficam frequentemente acometidos. A extensão do comprometimento do parênquima pulmonar varia acentuadamente, desde infiltrados pequenos até doença cavitaria extensa. Com a formação de cavidades, o conteúdo necrótico liquefeito é, em última análise, liberado nas vias respiratórias e pode sofrer disseminação broncogênica, resultando em lesões-satélite dentro dos pulmões, que, por sua vez, podem sofrer cavitação. Ocorre a pneumonia caseosa devido ao comprometimento maciço de segmentos ou lobos pulmonares, com coalescência das lesões. Evolução: → 1/3 dos pacientes sem tratamento sucumbem à TB pulmonar grave em semanas ou meses após o início da doença (a “consunção de galope” clássica do passado); → Outros podem sofrer um processo de remissão espontânea ou seguem um curso crônico, progressivamente debilitante (“consunção” ou tísica). Na cronicidade, algumas lesões pulmonares tornam-se fibróticas e, posteriormente, podem sofrer calcificação; entretanto as cavidades persistem em outras partes dos pulmões. Os indivíduos crônicos continuam eliminando bacilos da TB no meio ambiente. A maioria dos pacientes respondem (em várias semanas) ao tratamento com: → Defervescência; → Diminuição da tosse; → Ganho ponderal; → Melhora geral do bem-estar. TUBERCULOSE EXTRAPULMONAR Por ordem de frequência, os locais extrapulmonares mais acometidos na TB são: → Linfonodos; → Pleura; → Trato geniturinário; → Ossos e articulações; → Meninges; → Peritônio; → Pericárdio. Entretanto, praticamente todos os sistemas orgânicos podem ser acometidos. TB MILIAR OU DISSEMINADA A TB miliar deve-se à disseminação hematogênica dos bacilos da TB. → Em crianças: normalmente é a consequência de infecção primária; → Nos adultos: pode ser decorrente de uma infecção recente ou reativação de antigos focos disseminados. As lesões consistem geralmente em granulomas amarelados de 1-2 mm de diâmetro, que lembram sementes de milho (daí o termo miliar). As manifestações clínicas são inespecíficas e multiformes, dependendo do local de acometimento predominante. Tem um aspecto radiológico pulmonar específico, que pode ocorrer tanto na forma primária quanto na forma secundária da TB. É uma forma grave da doença, que é mais comum em pacientes imunocomprometidos (HIV/SIDA). A apresentação clínica pode ser aguda ou subaguda, com maior frequência em crianças e em adultos jovens. De uma forma mais incomum, a TB miliar apresenta-se como doença crônica (idosos) ou mesmo febre de origem obscura. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves Os sintomas como febre, astenia, emagrecimento e tosse ocorrem em 80% dos casos. Normalmente os sintomas são: → Febre; → Sudorese noturna; → Anorexia; → Fraqueza; → Perda de peso; → Tosse, sintomas respiratórios e abdominais (alguns pacientes) Achados físicos: → Hepatomegalia (35% dos casos); → Esplenomegalia; → Linfadenopatia. → Alterações do sistema nervoso central (30% dos casos); → Alterações cutâneas do tipo eritemato- máculo-pápulo-vesiculosas (incomum). O exame oftalmológico pode revelar tubérculos corióideos; → São patognomônicos da TB miliar, em até 30% dos casos. Ocorre meningismo em < 10% dos casos. É necessário ter elevado índice de suspeita para o diagnóstico de TB miliar. Radiografia de tórax: 1. Revela um padrão reticulonodular miliar (mais facilmente observado em radiografia pouco penetrada); → Embora possa não haver anormalidade radiográfica evidente no estágio inicial da doença e entre pacientes infectados pelo HIV. 2. Grandes infiltrados, infiltrados intersticiais (particularmente em pacientes infectados pelo HIV); 3. Derrame pleural. Figura: Radiografia de tórax mostrando infiltrados miliares bilaterais em uma criança. A microscopia do esfregaço de escarro é negativa na maioria dos casos. Podem-se observar várias anormalidades hematológicas, como: → Anemia; → Leucopenia → Linfopenia; → Leucocitose neutrofílica; → Reações leucemoides; → Policitemia. Foi relatada a ocorrência de coagulação intravascular disseminada. São detectadas elevações dos níveis de fosfatase alcalina e outras anormalidades nas provas de função hepática em pacientes com grave comprometimento hepático. O lavado broncoalveolar e a biópsia transbrônquica tendem a fornecer confirmação bacteriológica, e os granulomas são evidentes em amostras de biópsia de fígado ou medula óssea de muitos pacientes. A!! Se não for diagnosticada, a TB miliar é fatal; → Entretanto, com tratamento precoce e apropriado, a doença é passível de cura. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves A!! Uma apresentação rara observada em idosos é a TB miliar críptica, que possui uma evolução crônica caracterizada por: → Febre leve intermitente; → Anemia; e → Comprometimento meníngeo precedendo a morte. A!! Uma forma septicêmica aguda, a TB miliar não reativa, ocorre muito raramente e se deve à disseminação hematogênica maciça de bacilos da tuberculose. → A pancitopenia é comum nessa forma de doença, que é rapidamente fatal. → Ao exame post mortem, são detectadas múltiplas lesões necróticas, porém não granulomatosas (“não reativas”). TB NOS LINFONODOS (LINFADENITE TUBERCULOSA) É a forma mais frequente de TB extrapulmonar em PVHIV e em crianças, sendo mais comum abaixo dos 40 anos. Cursa com aumento subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervicais anterior e posterior, além da supraclavicular. Em PVHIV, o acometimento ganglionar tende a ser bilateral, associado com maior comprometimento do estado geral. Ao exame físico, os gânglios podem apresentar-se: → Endurecidos ou amolecidos; → Aderentes entre si e aos planos profundos; → Podendo evoluir para flutuação e/ou fistulização espontânea, com a inflamação da pele adjacente. O diagnóstico é obtido por meio de aspirado por agulha e/ou ressecção ganglionar, para realização de exames bacteriológicos e histopatológicos. → A biopsia de gânglio pode cursar com fístula no pós-operatório. A confirmação bacteriológica é conseguida na maioria dos casos, lesões granulomatosas com ou sem BAAR visível são observadas, e as culturas são positivas na maioria dos casos. Entre os pacientes infectados pelo HIV, os granulomas são menos organizados e frequentemente são ausentes, mas as cargas bacterianas são maiores, com maior rendimento em microscopia e cultura. O diagnóstico diferencial inclui uma variedade de: → Doenças infecciosas; → Doenças neoplásicas (linfomas ou carcinomas metastáticos) → Distúrbios raros (doença de Kikuchi - linfadenite histiocítica necrosante; doença de Kimura e doença deCastleman). Fugura: Linfadenite tuberculosa acometendo os linfonodos cervicais em uma criança. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO CLÍNICO Não raramente, a TB pode manifestar-se sob diferentes apresentações clínicas, relacionadas com o órgão acometido. Desta forma, outros sinais e sintomas, além da tosse prolongada, podem ocorrer e devem ser valorizados na investigação diagnóstica individualizada. A!! Em locais com elevadas taxas de incidência de TB, toda pessoa que procura a unidade de saúde MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves devido à tosse prolongada (busca passiva) deve ter a TB incluída na sua investigação diagnóstica. Nos casos em que a tosse é produtiva, a expectoração pode ser: → Purulenta ou mucoide; → Com ou sem sangue. A febre vespertina, sem calafrios, não costuma ultrapassar os 38,5º C. A sudorese noturna e a anorexia são comuns. Exame físico Geralmente mostra fácies de doença crônica e emagrecimento; → Embora indivíduos com bom estado geral e sem perda do apetite também possam ter TB pulmonar. A ausculta pulmonar pode apresentar: → Diminuição do murmúrio vesicular; → Sopro anfórico; ou → Ser normal. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL A TB deve ser incluída no diagnóstico diferencial dos casos de: → Febre de origem indeterminada; → Síndrome consumptiva; → Pneumonias de resolução lenta; → Em todo paciente com tosse prolongada sem causa conhecida. FORMA PULMONAR Na forma pulmonar, o diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com: → Silicose; → Infecções fúngicas; → Neoplasias; → Infecções bacterianas; → Outras micobacterioses; → Doenças autoimunes; → Embolia pulmonar; e outros Quadro: Principais doenças que fazem diagnóstico diferencial com as formas pulmonares de TB. SILICOSE A história ocupacional é um importante subsídio para o diagnóstico, lembrando que nesses pacientes a concomitância com a TB ocorre com maior frequência. MICOSES PULMONARES A história epidemiológica é importante e, diferentemente da TB, a necrose do granuloma é do tipo liquefação, apresentando, radiologicamente nódulos: → De múltiplos tamanhos; → Bilaterais; → Simétricos. VASCULITES PULMONARES Os quadros clínico e radiológico podem eventualmente ser semelhantes, inclusive com presença de: Hemoptise e nodulações e/ou opacidades pulmonares múltiplas, escavadas e/ou justapleurais, geralmente acompanhadas de doença sistêmica. SARCOIDOSE Não há necrose nos granulomas e geralmente são observadas: → Linfonodomegalias hilares; → Opacidades pulmonares reticulares (RX e TC do tórax); → Comprometimento de outros órgãos (pele, olhos e articulações). MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves MICOBACTERIOSE NÃO TUBERCULOSA (MNT) A apresentação clínica mais frequênte das MNT é a pulmonar, e os sintomas incluem: → Tosse produtiva crônica; → Dispneia; → Hemoptise; → Febre; → Perda de peso. Esses sintomas frequentemente são confundidos com doenças pulmonares, que constituem condições de risco para o desenvolvimento da colonização dessas micobactérias e da doença. Essas condições incluem: → Sequelas de tuberculose; → Bronquiectasias; → Pneumoconioses, entre outras. A!! É possível que muitos casos de doença pulmonar por micobactérias não tuberculosas possam estar sendo tratados como TB, uma vez que os esquemas terapêuticos utilizados para o tratamento da TB contêm fármacos parcialmente eficazes para o tratamento de doença causada por MNT. As alterações radiológicas são semelhantes às da TB pulmonar, e a doença por MNT deve ser considerada, especialmente nas situações em que a resposta ao tratamento da TB é inadequada. DIAGNÓSTICO BACTERIOLÓGICO Resultados bacteriológicos positivos confirmam a tuberculose ativa em pacientes com quadro clínico sugestivo de TB e em sintomáticos respiratórios identificados através da busca ativa. Os métodos bacteriológicos utilizados são: EXAME MICROSCÓPICO DIRETO – BACILOSCOPIA DIRETA É um método simples e seguro, e deve ser realizado por todo laboratório público de saúde e pelos laboratórios privados tecnicamente habilitados. A pesquisa do bacilo álcool-ácido resistente (BAAR), pelo método de Ziehl-Nielsen, é a técnica mais utilizada em nosso meio. A baciloscopia do escarro, desde que executada corretamente em todas as suas fases, permite detectar de 60% a 80% dos casos de TB pulmonar em adultos. Em crianças, a sensibilidade da baciloscopia é bastante diminuída pela dificuldade de obtenção de uma amostra com boa qualidade. Situações em que a baciloscopia de escarro é indicada: → No sintomático respiratório, durante estratégia de busca ativa; → Em caso de suspeita clínica e/ou radiológica de TB pulmonar, independentemente do tempo de tosse; → Para acompanhamento e controle de cura em casos pulmonares com confirmação laboratorial. A baciloscopia de escarro deve ser realizada em duas amostras: → Uma por ocasião do primeiro contato com a pessoa que tosse; e → Outra, independente do resultado da primeira, no dia seguinte, com a coleta do material sendo feita preferencialmente ao despertar. A!! Nos casos em que houver indícios clínicos e radiológicos de suspeita de TB e as duas amostras de diagnóstico apresentarem resultado negativo, podem ser solicitadas amostras adicionais. → A baciloscopia de outros materiais biológicos também está indicada na suspeição clínica de TB extrapulmonar. Os resultados dos exames diretos são descritos nos Quadros 5 e 6: MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves Quadro: Leitura e interpretação dos resultados de baciloscopia de escarro Quadro: Leitura e interpretação de resultados de baciloscopias de outros materiais Baciloscopia positiva e quadro clínico compatível com TB fecham o diagnóstico e autorizam o início de tratamento da TB. A!! Outros microrganismos podem ser evidenciados na baciloscopia direta e essa possibilidade deve ser considerada na interpretação de casos individualizados. Diagnóstico de certeza bacteriológica só é obtido com a cultura (que é o padrão ouro) e/ou testes moleculares. TESTE RÁPIDO MOLECULAR PARA TUBERCULOSE (TRM-TB) TRM-TB está indicado, prioritariamente, para o diagnóstico de tuberculose pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes. O TRM-TB é um teste de amplificação de ácidos nucleicos utilizado para detecção de DNA dos bacilos do complexo M. tuberculosis e triagem de cepas resistentes à rifampicina pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) em tempo real. O teste apresenta o resultado em aproximadamente 2h em ambiente laboratorial, sendo necessária somente uma amostra de escarro. A sensibilidade do TRM-TB em amostras de escarro de adultos é de cerca de 90% sendo superior à da baciloscopia. O teste também detecta a resistência à rifampicina, com uma sensibilidade de 95%. O TRM-TB está indicado nas seguintes situações: → Diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes; → Diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes de populações de maior vulnerabilidade; → Diagnóstico de TB extrapulmonar nos materiais biológicos já validados; → Triagem de resistência à rifampicina nos casos de retratamento; → Triagem de resistência à rifampicina nos casos com suspeita de falência ao tratamento da TB. A sensibilidade para diagnóstico em adulto > criança (menores de 10 anos). → Utilização ainda é limitada na infância. → crianças pequenas são incapazes de expectorar e, teriam que ser colhidos por lavado gástrico, escarro induzido, lavado brônquico ou outros métodos invasivos. Como também pode detectar bacilos mortos ou inviáveis,o TRM-TB não deve ser utilizado para diagnóstico nos casos de retratamento (reingresso após abandono e recidivas). → Nesses casos, o diagnóstico da TB deve ser feito com baciloscopia de escarro e cultura para micobactérias, seguida do teste de sensibilidade antimicrobiano (TS) para verificação de resistência aos fármacos, e o TRM-TB poderá ser utilizado apenas para triagem da resistência à rifampicina. O TRM-TB também pode ser utilizado para triagem de resistência à rifampicina em pacientes com suspeita de falência ao esquema básico. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves O TRM-TB pode ser utilizado para diagnóstico de TB extrapulmonar, nas seguintes amostras: → Líquor; → Gânglios linfáticos; → Outros tecidos. A!! Nesses casos, como a sensibilidade é mais baixa que nas amostras pulmonares, o resultado negativo não exclui tuberculose, sendo necessário manter a investigação. Amostras recomendadas para realização do TRM-TB: → Escarro; → Escarro induzido; → Lavado broncoalveolar; → Lavado gástrico; → Líquor; → Gânglios linfáticos; e → Outros tecidos. Os cinco possíveis resultados para o TRM-TB: Figura: Algoritmo diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes baseado no TRM-TB. Figura: – Algoritmo diagnóstico de casos novos de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes de populações com maior vulnerabilidade1 baseado no TRM-T Fugura: Algoritmo diagnóstico para casos de retratamento de TB pulmonar e laríngea em adultos e adolescentes. Triagem para resistência à rifampicina com TRM-TB. CULTURA PARA MICOBACTÉRIA, IDENTIFICAÇÃO E TESTE DE SENSIBILIDADE A cultura é um método de elevada especificidade e sensibilidade no diagnóstico da TB. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves → Nos casos pulmonares com baciloscopia negativa, a cultura do escarro pode aumentar em até 30% o diagnóstico bacteriológico da doença. Os métodos para cultura de micobactérias utilizam a semeadura da amostra em meios de cultura sólidos e líquidos. Meios de cultura mais comumente utilizados são os: 1. Sólidos à base de ovo, Löwenstein-Jensen e Ogawa-Kudoh. → Vantagem: Tem menor custo e de apresentam baixo índice de contaminação. → Desvantagem do meio sólido é o tempo de detecção do crescimento bacteriano, que varia de 14 a 30 dias, podendo estenderse por até oito semanas. 2. Líquido é utilizado nos métodos automatizados disponíveis no Brasil, entre eles MGIT®, no qual o tempo de resultado varia entre: → 5 a 12 dias, quando positivo; e → 42 dias, quando negativo. A identificação da espécie é feita por métodos bioquímicos e fenotípicos ou por meio de técnicas moleculares. Os métodos disponíveis para o teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TS) são: → Método das proporções que utiliza meio sólido e tem seu resultado em até 42 dias de incubação; → Método automatizado que utiliza o meio líquido, com resultados resistentes disponíveis entre 5 a 13 dias; e ensíveis em 13 dias. Os fármacos testados são: → Estreptomicina; → Isoniazida; → Rifampicina; → Etambutol; → Pirazinamida. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM RADIOGRAFIA DE TÓRAX Dentre os métodos de imagem, a radiografia do tórax é o de escolha na avaliação inicial e no acompanhamento da TB pulmonar. Nela podem ser observados vários padrões radiológicos sugestivos de atividade de doença, como: → Cavidades; → Nódulos; → Consolidações; → Massas; → Processo intersticial (miliar); → Derrame pleural; → Alargamento de mediastino. A radiografia de tórax deve ser solicitada para todo paciente com suspeita clínica de TB pulmonar. A!! Associado as RX de tórax, devem ser realizados exames laboratoriais (baciloscopias, cultura e/ou teste rápido molecular) para buscar o diagnóstico bacteriológico. O RX em pacientes com diagnóstico bacteriológico tem como principais objetivos: → Excluir outra doença pulmonar associada; → Avaliar a extensão do acometimento; → Evolução radiológica durante o tratamento. Para notificação de casos de TB, os resultados das radiografias de tórax devem ser registrados da seguinte forma: MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE TÓRAX A TC do tórax é mais sensível para demonstrar alterações anatômicas dos órgãos ou tecidos comprometidos; É indicada na suspeita de TB pulmonar: → Quando a radiografia inicial é normal; → Na diferenciação com outras doenças torácicas, especialmente em PVHIV. Alterações sugestivas de TB ativa ou sequela de TB em tomografia computadorizada de tórax: ACHADOS DA TUBERCULOSE PULMONAR EM EXAMES DE IMAGEM TB PRIMÁRIA A presença do bacilo no parênquima pulmonar promove a formação de um processo inflamatório granulomatoso, que pode se manifestar radiologicamente como opacidade parenquimatosa (nódulo ou consolidação), denominada foco primário ou nódulo de Ghon. Em adultos, a forma primária acomete mais os lobos superiores, enquanto que em crianças isso não é o comum. A partir desse foco inicial, pode ocorrer a progressão para: → Necrose caseosa; → Eliminação do material necrótico; e → Disseminação broncogênica. As apresentações radiológicas dessa fase são as: → Cavidades; → Consolidações; → Nódulos; → Massas; ou → Opacidades retículo-nodulares. O acometimento das cadeias ganglionares depende da localização do processo inflamatório no parênquima pulmonar. A associação do nódulo de Ghon e linfonodomegalias hilares é denominada Complexo de Ranke. → Esses nódulos são focos de bacilos, que podem evoluir para a cura, com fibrose e calcificação, ou para a doença. A disseminação da doença para o sistema linfático pode ser visualizada como linfonodomegalias hilares e/ou alargamento do mediastino. → Geralmente, são linfonodos maiores que 2 cm, com áreas de baixa atenuação central associadas a um aumento de atenuação perinodal, correspondendo a focos de necrose caseosa central. → Essas alterações são mais bem visualizadas na TC e ocorrem com mais em crianças menores de cinco anos de idade, sendo, geralmente, unilaterais. O aumento de linfonodos mediastinais pode ocasionar: → Compressão dos brônquios; e → Lesão da parede brônquica com drenagem do material necrótico para dentro da luz brônquica (TB endobrônquica). A obstrução brônquica total ou parcial pode ocasionar atelectasias, que são visualizadas na radiografia e na TC de tórax. A presença de bacilos ou proteínas do bacilo decorrente de disseminação hematogênica e/ou linfática ou contato anatômico pode acometer a pleura e/ou o pericárdio, com consequente derrame pleural e, menos frequentemente, derrame pericárdico. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves A TB miliar é caracterizada por opacidades retículo-micronodulares difusas de distribuição randômica decorrentes da disseminação hematogênica pelo parênquima pulmonar. TB PÓS-PRIMÁRIA As alterações em exames de imagem geralmente são semelhantes às apresentadas da forma primária, com predileção dos lobos superiores e segmentos superiores dos lobos inferiores. A presença de múltiplos nódulos (granulomas) coalescentes resulta em imagens radiológicas como nódulos, massas e consolidações. As cavidades podem ser únicas ou múltiplas e suas paredes geralmente são espessas na fase ativa da doença. Após a cura, as cavidades evoluem para cicatrização, cujo aspecto residual são as bandas, calcificações e retrações do parênquima acometido. As cavidades podem também permanecer com suas paredes mais finas após a cura, representando a sequela ou inatividade do processo específico. A!! Alguns autores sugeremque esses achados devem ser descritos como “radiologicamente estáveis”, pela possibilidade de recrudescência futura de bacilos latentes. Em idosos, é comum o acometimento dos segmentos inferiores, assim como menor ocorrência de cavidades, dificultando ainda mais o diagnóstico nessa faixa etária. Também em diabéticos, os segmentos inferiores são mais acometidos, porém com maior número de cavidades do que entre os não diabéticos. Nos pacientes com alterações da imunidade celular ou em uso de altas doses de corticosteroides, os achados radiológicos mais frequentes são a disseminação miliar e/ou consolidações difusas. A disseminação da infecção através dos brônquios resulta em novos focos de infecção, em outros segmentos pulmonares. Um achado sugestivo de atividade da TB é a “lesão cruzada”, que decorre da disseminação broncogênica do Mycobacterium tuberculosis pelo parênquima pulmonar. Nódulos centrolobulares de distribuição segmentar são o achado tomográfico mais frequente na fase ativa da doença (82% a 100%). → Esses nódulos tendem a confluir ou a formar nódulos maiores. O aspecto de consolidação segmentar ou lobar pode ocorrer em associação com linfonodomegalia hilar ou mediastinal. Outros achados são o espessamento da parede brônquica e o aspecto de “árvore em brotamento”. Também pode ocorrer o aspecto em mosaico que se traduz pela coexistência de áreas de maior e de menor densidade do parênquima pulmonar, sendo essas últimas decorrentes do aprisionamento aéreo por bronquiolite constritiva cicatricial. As atelectasias podem ser segmentares ou lobares e são causadas por fibrose (broncoestenoses). → São lesões sugestivas de sequelas de tuberculose. → No entanto, a distinção entre sequela e lesão em atividade requer confirmação bacteriológica e análise clínica. Os tuberculomas são opacidades redondas ou ovaladas, geralmente localizadas em lobos superiores, e podem representar sequela ou doença em atividade. Observam-se pequenos nódulos satélites circundando o nódulo maior, mais bem visualizados na TC de tórax, e o diagnóstico diferencial deve ser feito principalmente com o câncer de pulmão. MÓDULO FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO | Luíza Moura e Vitória Neves DIAGNÓSTICO HISTOPATOLÓGICO A avaliação histológica de fragmento de tecido obtido por biópsia é um método empregado na investigação das formas pulmonares que se apresentam radiologicamente como doença difusa e nas formas extrapulmonares. → Assim, a identificação histológica de granuloma com necrose de caseificação é compatível com o diagnóstico de TB. A identificação de um granuloma sem necrose de caseificação deve ser interpretada com cuidado e à luz dos achados clínicos, visto que outras doenças granulomatosas, como sarcoidose e silicose, podem ter essa apresentação histológica. Além do granuloma, a análise histológica pode também buscar bacilos no fragmento de tecido. A baciloscopia do tecido normalmente é negativa nos pacientes não imunossuprimidos, mas é positiva, com frequência, nos pacientes com imunossupressão mais avançada, onde a identificação de granuloma é incomum. Uma vez que o método diagnóstico de certeza de TB é a cultura seguida da confirmação da espécie M. tuberculosis, sempre que possível um ou dois fragmentos obtidos por biopsia devem ser armazenados em água destilada ou em soro fisiológico 0,9% e enviados para cultura em meio específico. lkkmkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk k
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