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AUDIOLOGIA CLÍNICA Um guia prático, interativo e lúdico Milena Ferreira Ana Borja 2020 2 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO A Deus, pela graça de nossas vidas e daqueles que nos apoiaram, por ter sido minha força ao longo da construção e finalização deste material e meu auxílio por toda a minha graduação; À minha orientadora, professora e amiga Dra. Ana Borja, que foi (e é!) a minha orientadora de vida, e não só orientadora acadêmica, pelo apoio desde o início – ainda em uma conversa informal –, incentivo, paciência e sabedoria durante todo o trajeto para a conclusão deste trabalho e, sobretudo, por sua dedicação ao curso de Fonoaudiologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA); À professora Ana Paula Corona por ter revisado os resumos no período em que fui monitora da disciplina na qual ela ministrava a aula, por ter aceitado fazer parte da banca e pela revisão final de todo o trabalho. Além disso, pela dedicação ao curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA); À professora Conceição Oliveira por ter aceitado fazer parte da banca e pela revisão final do trabalho, e à professora Júlia Valente, pela revisão de todo o material que compõe este trabalho. À minha colega de turma e amiga da vida Sara Chaves, por ter me estimulado a concretizar este projeto quando ele era só um pensamento – por ter acreditado, quando eu duvidei; por ter participado inteiramente das cenas de um dos arquivos multimídia, e pelo incentivo assíduo durante todo o percurso, quando eu pensava em desistir. Ao meu colega de turma e amigo da vida Pedro Macêdo, por ter auxiliado no nascimento e finalização dos arquivos multimídia. E, além disso, pela revisão atenciosa e crítica deste material, quando estava na fase de finalização; pela gravação das paródias com a sua voz que tanto fez parte da minha rotina. Aos meus colegas de graduação, em especial ao meu amigo Lucas Assis, pelo suporte, paciência e incentivo durante todos os anos de faculdade. Por terem sido espelho. Aos alunos de monitoria da disciplina ICSB 18 – Audiologia Clínica, do semestre 2017.2 e 2018.1, por terem compartilhado a dificuldade de encontrar material para estudo e, além disso, contribuído e incentivado este projeto, na fase dos resumos; em especial, a aluna Louise, que sugeriu que fosse feito um material mais formal, a partir dos resumos. AGRADECIMENTOS 3 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO I. Anatomofisiologia da audição.......................................................................4 I.I. Orelha Externa...........................................................................................4 I. II. Orelha Média...........................................................................................5 I. III. Orelha Interna.........................................................................................8 II. Avaliação auditiva........................................................................................12 II.I. Anamnese...............................................................................................12 II.II. Meatoscopia..........................................................................................12 II. III. Verificação de colabamento................................................................12 III. Audiometria Tonal.......................................................................................14 III.I Pesquisa dos limiares tonais por via aérea...............................................14 III. II. Pesquisa dos limiares tonais por via óssea............................................16 III. III. Conclusão dos testes tonais............................................................ ...17 IV. Audiometria Vocal........................................................................................20 IV. I. Limiar de Reconhecimento de Fala......................................................20 IV.II. Índice Percentual de Reconhecimento de Fala.....................................22 IV. III. Limiar de Alerta de Fala....................................................................23 V. Mascaramento................................................................................................25 V. I. Mascaramento tonal por via aérea...........................................................28 V. II. Mascaramento tonal por via óssea.........................................................29 V. III. Mascaramento nos testes de fala...........................................................30 VI. Imitanciometria..............................................................................................36 VI.I. Timpanometria ......................................................................................38 VI.II. Reflexo Acústico Estapediano...............................................................40 VII. Testes Complementares.................................................................................46 VII. I. Teste de Weber......................................................................................46 VII. II. Teste de Rinne......................................................................................47 IX. Referências....................................................................................................50 SUMÁRIO 4 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO AUDIÇÃO As orelhas nos ajudam a perceber o mundo ao nosso redor, auxiliam na percepção do som e, além disso, contribuem na manutenção do nosso equilíbrio. Dividem-se em orelha externa, orelha média e orelha interna (Figura 1). ORELHA EXTERNA (OE) A orelha externa (Fig. 2) é constituída pelo pavilhão auricular, meato acústico externo (MAE) e pela face externa da membrana timpânica. Tem a função de captar e conduzir o som até a membrana timpânica (MT), fazendo-a vibrar, além de proteger contra lesões externas. A curva acentuada do MAE, a presença de pelos e o cerume agem como uma barreira mecânica, dificultando a passagem de corpos estranhos. Além disso, o cerume também protege a pele, por ter um PH (potencial hidrogeniônico) ligeiramente ácido, que age como bactericida e fungicida. O MAE também tem a propriedade de amplificar o som, por meio da ressonância, em até 20 decibel (dB). Então, o que é ressonância? Todos os sistemas físicos possuem uma ou mais frequências de vibração natural. A frequência natural do MAE está entre 2, 5 e 3 kHz (Kilo Hertz). Quando a frequência de qualquer outro sistema físico coincide com a frequência natural do MAE, há um Fonte: https://www.audioflexx.com.br/audicao.php# Fonte: Sobotta, vol. 3. Ed 23ª Figura 02 Figura 01 5 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO aumento na amplitude do sinal, que passa a vibrar a amplitudes crescentes, ocorrendo então a ressonância. Ao final da orelha externa, encontra-se a membrana timpânica (MT), que separa a orelha externa da orelha média. É constituída por três camadas: uma externa, coberta por pele, uma intermediária que possui uma rede elástica de colágeno e uma camada mucosa, voltada para a orelha média. ORELHA MÉDIA (OM) A orelha média tem a função de amplificar o som que chega até ela. Constituída por um espaço aéreo no osso temporal, é delimitada pela face mucosa da MT e o promontório. No seu interior, encontramos a cadeia ossicular, músculos, ligamentos e a tuba auditiva. Três ossículos formam a cadeia ossicular (Fig. 3 e 4): o martelo (em contato direto com a MT), a bigorna e o estribo (em contato com a cóclea através da janela oval). Por que é preciso amplificaro som? Porque somente 0,1 % da energia acústica que chega na janela oval atinge os líquidos da cóclea, os outros 99, 9% são refletidos. Isto ocorre porque a onda sonora passa do meio aéreo (OE e OM) para o meio líquido (cóclea) e perda de energia. Para garantir a audibilidade do som, alguns mecanismos de amplificação são necessários. https://www.audioflexx.com.br/audicao.php# Fonte: http://2.bp.blogspot.com Figura 03 Figura 04 http://2.bp.blogspot.com/ 6 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO Quais são os mecanismos de amplificação utilizados? 1. Diferença de área entre a membrana timpânica e a janela oval. Imaginem que os pontos vermelhos em “A” (Fig. 5), que correspondem à área da MT, representem uma quantidade de energia acústica e, quando eles se concentram em “B”, que corresponde a área da janela oval, esses pontos exercem uma força ainda maior por estarem concentrados numa área menor. Assim, todo som que atinge a MT é concentrado na janela oval com uma pressão muito maior, pois quanto menor a área, maior será a pressão, ou seja, mais forte o som é transmitido. (Fig. 6) 2. Sistema de alavanca existente por meio da cadeia ossicular. Fonte: xtremedoc.blogspot.com Figura 05 Fonte: http://hudson-calasans.blogspot.com.br. Adaptado. Figura 07 Legenda: BF= Braço de força; PF= Ponto fixo; BR = Braço de Resistência Figura 06 Figura 08 Fonte: Autora Fonte: Autora http://hudson-calasans.blogspot.com.br/ 7 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO Numa alavanca interfixa (Fig. 07), quanto mais próximo o braço de força estiver do ponto fixo, menor será a força aplicada para deslocar um corpo no braço de resistência. Pensando na cadeia ossicular (Fig. 8), o braço de força seria o martelo; o ponto fixo, a bigorna e o braço de resistência, o estribo. Quando o som faz vibrar a MT, a cadeia ossicular transfere essa energia para o estribo como uma força de resistência maior, que é aplicada à janela oval. Também na orelha média, há a tuba auditiva (Fig. 9), cuja função principal é equalizar a pressão da orelha média com a pressão externa (ambiente), que é importante para que a MT possa vibrar livremente. Esse canal se mantém fechado e sua abertura ocorre por meio da deglutição ou do bocejo, quando o ar da orelha média tem a possibilidade de ser trocado. Nem sempre amplificar o som é benéfico para os ouvidos!!!!! Caso o som externo seja muito forte, ao invés de precisar de mecanismos de amplificação, a orelha precisará de mecanismo de proteção. Para isso existem dois pequenos músculos que se inserem nos ossículos da orelha média: o músculo tensor do tímpano e o músculo estapédio (Fig. 9.1). O primeiro, inervado pelo trigêmeo (V par craniano), está ligado ao cabo do martelo e produz tensão na membrana timpânica. Já o músculo estapédio, inervado pelo facial (VII par craniano), insere-se no estribo e, quando contraído, provoca o movimento do estribo para fora, fazendo com que haja a diminuição da amplitude da vibração da cadeia ossicular. Ambos os músculos atuam na redução da amplitude do movimento do sistema tímpano -ossicular evitando lesões na orelha interna e nas células ciliadas do órgão de Corti. Fonte: https://fofuuu.com/ Figura 09 Figura 9.1 Fonte: www1.ibb.unesp.br/ 8 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO ORELHA INTERNA (OI) A orelha interna, também chamada de labirinto, está localizada na parte petrosa do osso temporal, é revestida por membrana e preenchida por líquidos. A orelha apresenta uma parte anterior (a cóclea), responsável pela audição; e a parte posterior (o vestíbulo e canais semicirculares), responsável pelo equilíbrio. Para melhor visualização, observe a figura a seguir: A cóclea é formada por tubos em forma de espiral (Fig. 11) Ela é composta por três tubos individuais que são denominadas de rampas timpânicas, média e vestibular. Além disso, possui duas janelas: a oval (ou janela do vestíbulo) e a redonda (janela da cóclea). A oval se comunica com a rampa vestibular e a rampa média. Já a janela redonda se comunica diretamente com a rampa timpânica (Fig.12). Nas rampas vestibular e timpânica circula a perilinfa (rica em sódio (Na+) e pobre em potássio (K+), já na rampa média, a endolinfa (pobre em Na e rica em K). A rampa Fonte: http:// aparelhoauditivo.com Figura 10 Figura 11 Figura 12 Fonte: http:// afh.bio.br Fonte: http:// afh.bio.br 9 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO vestibular está separada da rampa média pela membrana vestibular, e a rampa timpânica está separada da rampa média pela membrana basilar. Quando o som chega ao estribo, faz com que ele vibre em movimento de báscula empurrando o líquido perilinfático da escala vestibular. As ondas de compressão e de descompressão no líquido propagam-se pelas três escalas e dissipam-se pela janela redonda. Na superfície da membrana basilar está o órgão de Corti onde há células nervosas ciliares (células sensoriais), cuja função é de transformar ondas sonoras em impulsos bioelétricos. Sobre o órgão de Corti, há uma estrutura membranosa, chamada membrana tectórica, que se apoia (como um telhado) sobre os cílios das células sensoriais. Veja as imagens (Fig. 13 e 14) a seguir: A membrana basilar, sensível à vibração mecânica, entra em ressonância descrevendo oscilações ascendentes e descendentes. O pico dessa oscilação depende da frequência: ondas de frequências altas (sons agudos) atingem a amplitude máxima na base da cóclea e as de frequências baixas (sons graves), próxima ao ápice. O órgão de Corti (Fig. 15) possui as células ciliadas internas (CCI) e as células ciliadas externas (CCE). As CCE são em torno de 12.500 possuem forma cilíndrica sendo menores na base e maiores no ápice da cóclea e funcionam como um amplificador coclear, devido a sua motilidade e estão em constante alteração do seu volume, comprimento e diâmetro. Além disso, elas servem para modular as células ciliadas internas (e essas, sim, possuem o papel de transdutoras sonoras). Figura 13 Figura 14 Fonte: http:// afh.bio.br Fonte: http:// afh.bio.br 10 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO As CCI são mais curtas do que as CCE e estão em torno de 3.500, estando fixadas às células de sustentação, e não há, entre elas, espaços livres. Quando estão em repouso, não tocam na membrana tectórica, esse contato só acontece a partir do movimento das CCE. As CCE são um amplificador coclear e elas se contraem para amplificar o som e compensar a perda de energia. Elas são responsáveis pela transdução da energia mecânica em energia bioelétrica. As células ciliadas internas transmitem, por meio de impulsos nervosos, o som que, através da via auditiva, vai até o córtex cerebral, onde as informações são interpretadas. Como ocorre a transdução sensorial? Durante a propagação sonora pela membrana basilar, a membrana tectórica que está em contato com os esterocílios (prolongamentos imóveis e longos de células que aumentam a superfície de contato da célula), os desloca. Nesse momento os canais de K se abrem, e com a inclinação e estimulação dos esterocílios ocorre despolarização das células ciliadas internas. Em seguida ocorre a recuperação, os canais se fecham e os esterocílios movem-se em sentido contrário resultando em hiperpolarização (Fig. 16). Na despolarização os canais de Ca se abrem e o aumento do Ca intracelular estimula a liberação de neurotransmissores (NT) excitatórios para a fenda sináptica do VIII nervo (vestibulococlear). Assim, a frequência dos potenciais de ação desencadeados nessas fibras ficará aumentada quando o potencial receptor for despolarizante e diminuído quando ocorrer a hiperpolarização. Com a liberação dos NT, há a formação de uma Figura 15 Fonte: http:// afh.bio.brFonte: http://www.biologia.bio.br Figura 16 f http://www.biologia.bio.br/ 11 CAPÍTULO I – ANATOMOFISIOLOGIA DA AUDIÇÃO mensagem sonora codificada em impulsos elétricos que será transmitida ao Sistema Nervoso Central (SNC). Agora vamos cantar para fixar o conteúdo e dar uma relaxada? PARÓDIA (Música original: Por enquanto – Cássia Eller) Link: https://youtu.be/JvKhMjJhdRs PENSANDO NA AUDIÇÃO, O SOM ENTROU CAPTADO, CONDUZIDO, SE AMPLIFICOU CHEGOU NA MEMBRANA MAIS POTENTE O SOM COM SUA VIBRAÇÃO FOI PRA CADEIA OSSICULAR COM A DIFERENÇA DE ÁREA E A ALAVANCA, ELE VAI SE AMPLIFICAR NÃO VAMOS NOS ESQUECER QUE A TUBA JÁ EQUALIZOU A PRESSÃO DA ORELHA MÉDIA E DO AMBIENTE PRA QUE A MEMBRANA VIBRE LIVREMENTE NA CÓCLEA TEMOS OS LÍQUIDOS VIBRANDO A MEMBRANA BASILAR E AS CÉLULAS CILIADAS VÃO TRANSMITIR O IMPULSO PRA GENTE ESCUTAR (2X) https://youtu.be/JvKhMjJhdRs 12 CAPÍTULO II –AVALIAÇÃO AUDITIVA PROCEDIMENTOS PRÉVIOS À AUDIOMETRIA TONAL Alguns procedimentos devem ser realizados antes da avaliação audiológica. São eles: a anamnese, a meatoscopia e a verificação de colabamento. ANAMNESE A anamnese tem grande importância na avaliação, porque é, através dela, que obtemos informações da queixa, do histórico da saúde e da audição do indivíduo. Na anamnese já é possível inferir sobre a audição do paciente a partir do comportamento auditivo como, por exemplo, se ele utiliza apoio de leitura labial, padrão de fala modificado e/ou tonalidade da voz elevada. MEATOSCOPIA A meatoscopia, realizada com otoscópio, consiste na observação do meato acústico externo (MAE). Ela tem como objetivo uma inspeção cuidadosa do MAE e visualização da membrana timpânica, excluindo a presença de rolha de cerume e de corpos estranhos, que poderiam interferir na obtenção correta dos limiares tonais e resultados imitanciométricos. É imprescindível que se faça essa observação, pois sem ela, não é recomendável a realização da avaliação. Em caso de presença de corpos estranhos ou rolha de cerume, orienta-se ao paciente que procure o médico otorrinolaringologista para avaliação e realização dos procedimentos necessários para que o MAE esteja livre para a avaliação da audição. VERIFICAÇÃO DO COLABAMENTO O colabamento é o fechamento ou a redução total ou parcial da luz do MAE quando uma pressão é exercida sobre o pavilhão auricular. Em uma orelha com a estrutura mais flexível, quando o fone supra-aural é colocado, o pavilhão é empurrado para trás (para a região temporal) e as paredes do conduto se aproximam diminuindo o diâmetro do MAE. O colabamento do MAE pode causar redução dos limiares auditivos já que dificulta a passagem do som para a orelha média. Quando esse fenômeno ocorre, é 13 CAPÍTULO II –AVALIAÇÃO AUDITIVA necessário utilizar técnicas que corrijam esta interferência. Como exemplo, pode-se utilizar um tubo de borracha que impeça a deformação ou fechamento do MAE. No momento em que o fone for colocado, o tubo (com plástico mais resistente) será colocado na entrada do MAE, evitando o fechamento das suas paredes. É recomendável prender uma linha resistente ao tubo para assegurar que ele possa ser retirado facilmente após a avaliação. Pode ser feito, além disso, a colocação de um rolinho feito com gaze, atrás do pavilhão auricular, impedindo, assim, que este se encoste na região temporal quando o fone for colocado. Confira no link abaixo os conceitos que acabamos de estudar e cante no videokê! Link: https://youtu.be/A5boPQM4-sc PARÓDIA (Música original: Dois Rios - Skank) Link: https://youtu.be/TXF0P0DHhKg AGORA ATENÇÃO VAI COMEÇAR A AVALIAR A AUDIÇÃO ANAMNESE EM MÃOS QUE É UM ROTEIRO PARA TERMOS INFORMAÇÃO DO PACIENTE SÓ PRA PODER CONHECER O QUE A AUDIÇÃO PODE DIZER QUAL É A QUEIXA TEMOS QUE SABER SE TEM OTALGIA, OTORREIA, AUTOFONIA SABER A OCUPAÇÃO SEGUE A AVALIAÇÃO COM O OTOSCÓPIO VAI FAZER A OBSERVAÇÃO E COM CUIDADO, VAI PARA, ASSIM, FINALIZAR A INSPEÇÃO E VAI PRESSIONAR O PAVILHÃO AURICULAR PRA VER SE O COLABAMENTO VAI OCORRE https://youtu.be/A5boPQM4-sc https://youtu.be/TXF0P0DHhKg CAPÍTULO III – AUDIOMETRIA TONAL 14 O que é? A audiometria é um teste que permite medir a audição através da obtenção dos limiares auditivos, cujos valores em indivíduos com audição normal encontram-se em até 25 dBNA. O que é limiar? É a menor intensidade na qual um indivíduo é capaz de ouvir um som, pelo menos, 50% das vezes em que este som for apresentado. Como realizar? Este exame deve ser realizado em uma cabina acusticamente tratada através do audiômetro. Mede-se a audição através da via aérea com fones supra-aurais. Há a possibilidade de realizar essa medição através dos fones de inserção, porém, eles são menos usados na prática clínica. E através da via óssea, com um vibrador sobre a mastoide. Tudo o que se referir ao lado direito será identificado pela cor vermelha, e ao lado esquerdo pela cor azul. O estímulo acústico pode ser o tom puro ou o modulado, apresentado de forma contínua ou pulsátil. O paciente deverá responder levantando a mão ou levantando a pêra da resposta (chave usada para indicar quando houver a percepção do som) todas as vezes que ouvir o som, ou conforme combinado entre ele e o examinador. PESQUISA DOS LIMIARES TONAIS POR VIA AÉREA Ao colocar o paciente na cabina, deve-se fazer as devidas orientações. O próprio examinador deve fazer a colocação dos fones, sempre de frente para o paciente. Independentemente do tamanho do pavilhão, o que importa é que o diafragma (onde sai o som, no fone) esteja posicionado na direção do conduto, para que não escape som entre o coxim e a orelha. A orelha adequada para o início do teste é aquela que o paciente referir como melhor. Caso o paciente relate que não percebe diferença entre as duas orelhas, é recomendado que se inicie pela orelha direita. CAPÍTULO III – AUDIOMETRIA TONAL 15 Quais frequências devem ser pesquisadas? As frequências utilizadas para avaliação vão de 250 Hz até 8000 Hz. Inicia-se a pesquisa na frequência de 1000 Hz, em seguida 2000 Hz, 3000 Hz, 4000 Hz, 6000 Hz, 8000 Hz, 500 Hz e 250 Hz. As frequências de 750 e 1500, 3000 e 6000 Hz são chamadas de frequências intermediárias. As frequências de 3000 e 6000 Hz sempre serão pesquisadas, já 750 e 1500 Hz serão pesquisadas sempre que houver uma diferença maior ou igual a 20 dB entre as frequências vizinhas. Por exemplo, ao pesquisar a frequência de 500 Hz, o limiar do paciente for 40 dB e, ao pesquisar a frequência de 1000 Hz, o limiar do mesmo for 60 dB, é necessário pesquisar 750 Hz (frequência intermediária). Para obter os limiares auditivos, pode-se usar a técnica ascendente ou descendente. Na técnica descendente, a pesquisa do limiar começa de um som audível para um som inaudível. Na técnica ascendente, a pesquisa é realizada do som inaudível para um som audível. Cabe a cada profissional decidir qual técnica utilizar no momento da avaliação ou optar por aquela em que o paciente demonstrar mais facilidade para responder. Utiliza-se com mais frequência a técnica mista. Recomenda-se 40 dBNA para o início do teste em pessoas com provável audição normal e essa inferência será feita de acordo com o comportamento auditivo e relato na hora da anamnese. Se o primeiro tom apresentado for escutado, o examinador deve diminuir a intensidade de 10 em 10 dB até que ele não mais responda. Quando o paciente parar de escutar o som, o examinador sobe de 5 em 5 dB até que ele volte a escutar. Neste ponto, deve-se alternar a intensidade entre níveis maiores e menores, variando de 5 dB, até o ponto em que o paciente responda pelo menos 50% das vezes na mesma intensidade. Este será o limiar final. Veja ao lado um exemplo de pesquisa de limiar de um paciente cujocomportamento auditivo foi compatível com uma audição normal. O exame foi iniciado em 40 dBNA e, cada vez que o paciente respondeu ao estímulo dado, diminuiu- se 10 dB. Em 0 dB, o paciente não ouviu, então, aumentou-se 5 dB. Em 5dB, ele ouviu, mas é preciso confirmar. Se, após quatro estímulos, o paciente responder, pelo menos duas vezes 40 dB OUVIU 30 dB OUVIU 20 dB OUVIU 10 dB OUVIU 0 dB NÃO OUVIU 5 dB OUVIU 0 dB NÃO OUVIU 5 dB OUVIU 0 dB NÃO OUVIU 5 dB OUVIU Limiar Esquema 01 CAPÍTULO III – AUDIOMETRIA TONAL 16 (50%) então este será o limiar. Perceba pelo exemplo que o paciente não escutou em 0 dB, confirmando o limiar em 5 dB. Alguns fatores podem atrapalhar a obtenção dos limiares tonais, tais como fatores intrínsecos, relacionados ao paciente: cansaço, fome, desatenção, comorbidades etc., ou fatores extrínsecos, relacionados ao ambiente ou ao examinador. Assim, o profissional deve estar atento para que as condições necessárias à realização do exame sejam as melhores possíveis. No momento da realização do exame, o profissional precisa tomar cuidado com pistas visuais, que podem levar o paciente a perceber a movimentação do examinador, durante a apresentação dos estímulos. Este cuidado é fundamental para garantir uma resposta fidedigna. Conforme o paciente for respondendo aos estímulos, caso julgue necessário, o profissional pode fornecer um reforço positivo. PESQUISA DOS LIMIARES TONAIS POR VIA ÓSSEA Quando testar a Via Óssea? Testa-se a via óssea (VO) sempre que os limiares da via aérea apresentarem valores iguais ou maiores que 25 dB. A via óssea nunca é pior do que a via aérea; ou é igual, ou melhor, porque através da via aérea, a orelha média tem o mecanismo de amplificação da energia sonora. Observando-se essa regra, a pesquisa do limiar por via óssea será realizada da mesma forma que a via aérea (esquema 01). Entretanto, para a realização da VO utiliza-se o vibrador ósseo colocado na mastoide do lado a ser testado. É importante que o vibrador não encoste no pavilhão auricular, fique livre do contato com fivelas, hastes de óculos, cabelo e outros objetos que poderiam atenuar a intensidade do estímulo apresentado. As instruções ao paciente serão idênticas as já apresentadas na avaliação por via aérea. Serão testadas as frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz, 3000 Hz e 4000 Hz. Porém, quando na via aérea forem testadas as frequências intermediárias de 750 Hz e 1500 Hz, obrigatoriamente, deve-se pesquisar as respectivas vias ósseas. IMPORTANTE: A intensidade máxima para pesquisa do limiar de via aérea é de 100 dBNA para as frequências de 250 e 8000 Hz e de 120 dBNA para as demais frequências. Já a intensidade máxima para pesquisa do limiar tonal por via óssea é de 60 CAPÍTULO III – AUDIOMETRIA TONAL 17 dB, na frequência de 500 Hz. Isso ocorre porque, em frequências graves a sensação da vibração supera a percepção a auditiva, principalmente em perdas severas a profundas. Desta forma, o paciente poderia responder, não pelo estímulo sonoro, e sim pela sensação tátil. Para as demais frequências, a intensidade máxima é de até 70 dB. Veja abaixo a simbologia que utiliza para a marcação dos resultados da audiometria tonal por via aérea e óssea, com e sem mascaramento. Observe que quando não há resposta para determinada frequência coloca uma seta para baixo indicando que foi testado até o limite de saída do equipamento. Para ligar os símbolos de via aérea da orelha direita, utiliza-se uma linha tracejada (-----) da cor correspondente, já para ligar os símbolos da orelha esquerda, utiliza-se uma linha contínua ( ). Sobre mascaramento falaremos mais adiante. SIMBOLOGIA CONCLUSÃO DOS TESTES TONAIS Após a obtenção dos limiares aéreos e ósseos é possível definir se existe perda auditiva. A audição de um adulto será normal quando o seu limiar auditivo for igual ou até 25 dB. Quando existe a perda auditiva pode classificá-la quanto ao tipo, grau, lateralidade, simetria e configuração da curva. Quanto ao tipo de perda: A perda será sensorioneural se os limiares da via aérea e via óssea estão rebaixados (maiores que 25 dB) e acoplados, ou seja, não existe diferença entre as vias aérea e óssea. O comprometimento, nestes casos, está na cóclea. Esse tipo de perda (Fonte: Conselho de Fonoaudiologia) Figura 17 CAPÍTULO III – AUDIOMETRIA TONAL 18 auditiva pode ser encontrado na presbiacusia, ototoxicidade, etc. O paciente pode apresentar sintomas como: sensação de zumbido, dificuldade para identificar a direção do som, necessidade de aumentar volumes, dificuldade para entender fala em lugares ruidosos, etc. A perda será mista se os limiares da via aérea estiverem rebaixados (maiores que 25 dB) e os limiares de via óssea também, porém permanece um “gap” * entre eles, em pelo menos uma frequência. O comprometimento estará simultaneamente na cóclea e na orelha média e/ou externa. * O GAP é a diferença entre a via aérea e a via óssea, e sugere alteração da orelha média. Essa diferença deve ser igual ou até 15 dB. A perda será condutiva se os limiares da via aérea estiverem rebaixados (maiores que 25 dB) e os limiares de via óssea normais, existindo um gap entre eles. O local do comprometimento pode ser na orelha externa e/ou média. Essa perda pode ser encontrada nas otites médias serosas, otosclerose, perfuração da membrana timpânica e outras alterações. Nestes casos, o paciente pode apresentar sintomas como autofonia, otalgia, otorreia, zumbido, etc. Quanto ao grau O grau da perda define o quanto a nossa capacidade de ouvir se desvia dos padrões de normalidade. Para determinar o grau faz-se a média aritmética dos limiares aéreos nas frequências de 500 Hz, 1000 Hz e 2000 Hz, que é a chamada média tritonal. De acordo com Lloyd e Kaplan (1978): Até 25 dB – normal 26 dB a 40 dB – perda auditiva leve 41 dB a 55 dB – perda auditiva moderada 56 dB a 70 dB – perda auditiva moderadamente severa 71 dB a 90 dB – perda auditiva severa 91 dB ou > - perda auditiva profunda CAPÍTULO III – AUDIOMETRIA TONAL 19 Quanto à configuração: A configuração está relacionada com o desenho dos limiares de via AÉREA de cada orelha. Pode ser horizontal ou plana, descendente ou ascendente. A configuração será horizontal quando limiares alternarem melhora ou piora de 5 dB por oitava em todas as frequências. Será descendente quando houver uma piora entre 15 a 20 dB por oitava em direção às frequências altas. E ascendente quando houver uma melhora igual ou maior do que 5 dB por oitava em direção às frequências altas. Pode ser classificada, também, quanto a lateralidade, sendo bilateral ou unilateral. É bilateral quando a perda é nas duas orelhas, e unilateral quando ocorre em apenas uma. Além disso, pode ser classificada quanto a simetria, sendo simétricas quando as curvas audiométricas possuem o mesmo grau ou configuração, e sendo assimétricas quando uma difere da outra quanto ao grau ou configuração. Obs.: Lembrando que essas classificações se aplicam apenas em casos de investigação do limiar de indivíduos adultos. Veja o vídeo no link abaixo e depois cante mais uma vez! Link: https://youtu.be/M0iUi9gLo1Y PARÓDIA (Música Original: Kid abelha – Na rua, na chuva, na fazenda) Link: https://youtu.be/ktTs_qVv6Ho A AUDIOMETRIA É O PADRÃO OURO QUE VÊ SE A AUDIÇÃO ESTÁ NORMAL PRIMEIRA USA O FONE E, SE DER ALTERADO VAI TER QUE TESTAR VO TAMBÉM PEDE AO PACIENTE ‘’ATENÇÃO” “LEVANTAR A MÃO SE OUVIR” E PARA SABER O LIMIAR, SEMPRE VAMOS TER QUE PESQUISAR USANDO A TÉCNICA DO PLATÔ OU ALGUMA OUTRA QUE ESCOLHER SE O RESULTADO FOR ATÉ 25 dB, https://youtu.be/M0iUi9gLo1Y https://youtu.be/ktTs_qVv6Ho CAPÍTULO III – AUDIOMETRIA TONAL 20 A AUDIÇÃO ESTÁ NORMAL MAS SE FOR ABAIXO, PODE TERPROBLEMAS PRA OUVIR E ISSO JÁ NÃO É LEGAL PEGUE O RESULTADO DA ÓSSEA, VEJA SE ELA ESTÁ REBAIXADA E SE NÃO TIVER É CONDUTIVA MAS NÃO SE ESQUEÇA DE OLHAR, POIS PODE SER MISTA OU UMA SENSÓRIO, SE A VIA ÓSSEA ACOPLAR ACOPLAR... (3X) CAPÍTULO IV – AUDIOMETRIA VOCAL 21 O que é? A logoaudiometria ou audiometria vocal é um exame que complementa o exame da audiometria tonal. Diferente desta última, a audiometria vocal visa a detecção e o reconhecimento da fala. A logoaudiometria oferece informações que nos auxiliam: Na confirmação dos limiares tonais; Na mensuração da capacidade de detectar e reconhecer a fala; Na inferência de hipóteses diagnósticas e do local da lesão (topodiagnóstico); Na detecção de perdas auditivas funcionais ou não orgânicas e nos quadros de simulação de perda auditiva; Na indicação de prótese auditivas; Na avaliação do rendimento auditivo-social, É de fundamental importância informar previamente ao paciente sobre o exame e o que esperamos dele como resposta. Nos testes de fala, é preciso tomar alguns cuidados, como: pista visual, sensibilidade do microfone para que a intensidade seja adequada, fluxo de ar direcionado ao microfone, estímulos, sussurros, articulação, etc. A logoaudiometria pode ser representada por três testes básicos: O Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF), Índice Percentual de Reconhecimento de fala (IPRF ou IRF) e Limiar de Detecção de Voz (LDV ou LDF ou LAF). Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) O que é o LRF? É um teste que visa ao reconhecimento dos sons da fala, cujo resultado reflete um limiar que corresponde à menor intensidade com a qual o paciente é capaz de repetir pelo menos 50% das palavras faladas. CAPÍTULO IV – AUDIOMETRIA VOCAL 22 Como realizá-lo? O teste poderá ser feito com palavras dissílabas ou trissílabas, podendo ser usadas perguntas simples ou figuras, dependendo da idade do paciente. Para dar início ao exame, é importante começar em uma intensidade confortável para o paciente, de acordo com o que já foi encontrado na pesquisa dos limiares. Existem várias formar de pesquisar o LRF. O procedimento mais conhecido no Brasil é uma adaptação feita do procedimento descrito por Hughson-Westtlake em 1959. O qual será utilizado nesse material. A partir de uma lista de palavras, inicia-se o teste pedindo para que o paciente repita todas as palavras que escutar. A cada acerto, diminui-se a intensidade de 10 em 10 dB apresentando uma palavra até que a resposta seja errada. Nesse ponto, a intensidade é aumentada para a intensidade onde a última resposta foi correta e são apresentadas 4 palavras. A partir dessa intensidade, são feitas reduções de 5 dB, apresentando-se 4 palavras de forma que seja verificada a intensidade em que o indivíduo repete corretamente dois dos quatro estímulos (equivalente a 50% de acertos). O LRF nunca é melhor do que a média tritonal. Ou é igual ou até 10 dB pior. Exceto quando a configuração audiométrica é descendente, o LRF pode ser melhor, por ser compatível com os dois melhores limiares ou a média quadritonal. Veja ao lado o exemplo de um paciente que possui comportamento auditivo compatível com uma audição normal, em que a média tritonal foi igual a 10 dB. Optou-se por começar 30 dB acima da média tritonal. Conforme o paciente acertou cada palavra, o examinador diminuiu 10 dB, até o paciente errar ou deixar de responder. Em 0 dB, o paciente teve o primeiro erro. Aumentou-se a intensidade para a última resposta correta, ou seja, em 10 dB. Neste ponto, o paciente acertou 50% das palavras 40 dB Coca-cola ACERTOU 30 dB Acarajé ACERTOU 20 dB Abacaxi ACERTOU 10 dB Namorado ACERTOU 0 dB Guarda-chuva ERROU 10 dB Televisão ACERTOU Namorado ERROU Acarajé ACERTOU Laranjada ERROU 5 dB Bicicleta ERROU Laranjada ACERTOU Abacaxi ERROU Coca-cola ERROU 10 dB Limiar de Reconhecimento de Fala CAPÍTULO IV – AUDIOMETRIA VOCAL 23 apresentadas. Contudo, a intensidade de 5 dB ainda não havia sido testada. Sendo assim, apresentou-se mais 4 palavras e o paciente acertou apenas 25%. Dessa forma, o LRF foi considerado 10 dB, compatível com a média tritonal. Índice Percentual de Reconhecimento de Fala (IPRF ou IRF) O que é? A audiometria vocal fornece informações importantes sobre a capacidade de perceber e reconhecer os sons da fala, ou seja, mede o percentual de inteligibilidade da fala em uma intensidade fixa, na qual espera-se que o paciente ouça e repita o maior número de palavras possíveis. Como realizá-lo? A realização do exame consiste em apresentar ao paciente 25 palavras monossílabas através dos fones e anotar o percentual de palavras corretas que ele foi capaz de repetir. Em pessoas com audição normal espera-se que o percentual de acerto mínimo seja de 88% das palavras. O teste é realizado em uma intensidade fixa. Soma-se ao valor do LRF ou à média tritonal dos limiares de 500Hz, 1000Hz e 2000Hz de 30 a 40 dB para garantir que o paciente possa ouvir claramente todas as palavras. A cada acerto são pontuados 4%. Assim, ao final das 25 palavras o paciente pode obter um índice de 100%. Em caso de erro, pode-se repetir mais uma vez a palavra que o paciente errou ao final, dando mais uma chance. Caso o número de monossílabos repetidos corretamente seja inferior a 88%, deve- se apresentar uma lista com 25 dissílabos, repetindo-se o mesmo procedimento adotado com as palavras monossílabas. Se ainda assim os acertos forem inferiores a 88%, pode- se usar uma lista com trissílabos. Em uma audição normal ou perda do tipo condutiva, é esperado que o paciente seja capaz de ter o resultado acima de 90% de acerto. Em casos de perdas sensorioneurais, quando o comprometimento for coclear, é esperado que, conforme aumente as pistas auditivas, o percentual de acertos melhore. Já nas alterações retrococleares, isso não acontecerá: conforme houver aumento das pistas auditivas, a porcentagem permanecerá a mesma ou piorará. CAPÍTULO IV – AUDIOMETRIA VOCAL 24 Limiar de Detecção de Voz (LDV) ou Limiar de Alerta de Fala (LAF) O que é o LAF? É a menor intensidade em que o indivíduo consegue perceber a voz humana. O LDV ou LAF não exige a compreensão da palavra, mas e sim a detecção da voz. Quando realizar o LAF? Quando o paciente não apresentar linguagem oral ou tiver dificuldade de compreendê-la. É aplicado em perdas auditivas severas ou profundas. Os resultados encontrados poderão coincidir com a média tritonal das frequências de 500, 1000 e 2000 Hz ou então com o melhor limiar tonal do paciente, sendo igual ou até 5 dB pior. Como realizá-lo? O LAF, assim como o LRF, tem como resultado um limiar. Ao invés de palavras, serão utilizadas sílabas como “pá pá pá”, “pó pó pó”, “IiiIiiIii”. Antes da avaliação, combine com o paciente o sinal que ele fará ao ouvir essas sílabas. Veja um exemplo ao lado: o teste iniciou-se a 120 dB de intensidade. A cada acerto, reduziu-se 10 dB. Em 90 dB, o paciente teve o primeiro erro, então, subiu-se a intensidade para 95dB e ele acertou outra vez. Alterna-se 5 dB para cima ou para baixo até confirmar o limiar (50% de acertos). Veja o vídeo no link abaixo e cante mais uma vez! Link: https://youtu.be/n3Vw8Qnz0Fk PARÓDIA (Música original: Sinônimos – Zé Ramalho) 120 dB Pá Pá Pá ACERTOU 100 dB Pá Pá Pá ACERTOU 90 dB Pá Pá Pá ERROU 95 dB Pá Pá Pá ACERTOU 90 dB Pá Pá Pá ERROU 95 dB Pá Pá Pá ACERTOU 90 dB Pá Pá Pá ERROU 95 dB Pá Pá Pá ACERTOU Limiar Esquema 03 https://youtu.be/n3Vw8Qnz0Fk CAPÍTULO IV – AUDIOMETRIA VOCAL 25 Link: https://youtu.be/LoIKzTV_x8U O EXAME VISA A DETECÇÃO E RECONHECER A FALA QUE O OUTRO CIDADÃO VAI DIZER PARA O IRF, NA INTENSIDADE NÃO VAI MEXER FALA MONO, ATÉDI, E SE FOR PRECISO TRISSILABOS DEVE-SE FALAR BAIXINHO, SEM SUSURRAR E APÓS CADA ERRO, ANOTAR VAMOS REPETIR AS ERRADAS E VÊ SE ELE VAI ACERTAR É IMPORTANTE TER NOÇÃO QUE O LRF E O LAF E PRA BUSCAR O LIMIAR É COCA-COLA, NAMORADO... E PÁPÁPÁ PRA TODO LADO ATÉ QUANDO ELE ESCUTA https://youtu.be/LoIKzTV_x8U CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 26 Você sabia que ao concluir uma audiometria é possível que os resultados dos limiares de via aérea e óssea ainda precisem ser confirmados? Um som, ao ser apresentado a uma orelha, fará todo o crânio vibrar e, consequentemente, vibrará a cóclea da orelha contralateral. Dessa forma, uma orelha poderá responder para um som que foi apresentado à outra. Isso ocorre porque existe um fenômeno chamado de atenuação interaural que, a depender da intensidade do som e da forma de apresentação, a orelha melhor pode responder pela orelha pior. Ficou curioso? Se ligue no conceito, na explicação e depois acesse o link do vídeo sobre mascaramento. Atenuação interaural: Atenuar significa reduzir, assim um som de forte intensidade ao ser apresentado em uma das orelhas com fones supra-aurais perderá parte da sua energia ao atravessar o crânio. A literatura nos mostra que esta atenuação é de no mínimo 40 dB porém, nas frequências mais agudas, pode chegar a 80dB. Desta forma, quando há uma assimetria entre as orelhas é preciso nos fazer uma pergunta. Por exemplo: Um som apresentado em 70dBNA (decibel nível de audição) na orelha direita ao perder 40dBNA de atenuação é capaz de ser ouvido pela cóclea da orelha esquerda que escuta a 20 dBNA? SIM! Se a atenuação mínima é de 40 dBNA, ele chegaria a 30 dBNA na orelha esquerda (Fig. 18) Se resposta foi sim, é preciso usar mascaramento. Antes de explicar como e o quanto usar de mascaramento é preciso saber que a atenuação mínima é de 40 dBNA quando usamos os fones, mas quando usamos o vibrador ósseo a história é outra. Fonte: Modificada de http://audiologiaacademica.blogspot.com/ OD OE Figura 18 http://audiologiaacademica.blogspot.com/ CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 27 Preste atenção: Quando usamos o vibrador ósseo na mastoide ou em qualquer parte do crânio a atenuação é considerada “ZERO” visto que a vibração estimulará as duas cócleas igual e simultaneamente, por isso, a resposta obtida será sempre da melhor cóclea. Veja agora o exemplo na fig. 19 quando estamos falando de atenuação por via óssea. Assim, a atenuação interaural aumenta à medida em que a área de contato do transdutor com a cabeça do paciente diminui. Por isso, com os fones de inserção a atenuação interaural é bem maior do que nos fones supra-aurais. Veja no quadro abaixo os valores de atenuação interaural. Veja outro conceito muito importante que envolve a atenuação interaural! OD OE Fonte: Modificada de http://audiologiaacademica.blogspot.com Figura 19 Fonte: Moensohn-Santos e Russo. Ed 5ª http://audiologiaacademica.blogspot.com/ CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 28 Quando o estímulo é apresentado à pior orelha (orelha em teste) a uma intensidade tão forte que, mesmo com a perda de energia, pode ser percebido pela melhor orelha (a não testada) haverá a formação de uma curva sombra. Quando ocorre a Curva sombra, a pior orelha obtém uma configuração semelhante à da melhor orelha, mas com uma diferença de 40 a 80 dB entre os limiares, visto que será sempre a melhor orelha que estará respondendo, acrescido da atenuação interaural. Quanto maior for a diferença entre as orelhas, mais fácil será visualizar os efeitos da atenuação interaural. Veja abaixo o exemplo de uma curva sombra representada pela orelha esquerda: Agora que você já sabe que uma orelha pode estar respondendo pela outra é preciso entender sobre o uso do mascaramento na audiometria tonal para garantir que os resultados sejam fidedignos. Então, o que é o mascaramento? O mascaramento nada mais é do que um “truque” que utilizamos para ensurdecer a orelha que não está sendo testada e tirar ela da jogada. Fazemos isso através da introdução de um ruído, chamado “ruído mascarante”, que é apresentado na orelha que não está sendo testada, com o objetivo de piorar os seus limiares ao ponto de que estes não possam interferir no resultado da orelha em teste. ATENÇÃO!!!! Fonte: http://audiologiaacademica.blogspot.com/ Figura 21 http://audiologiaacademica.blogspot.com/ CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 29 Lembrar que o mascaramento é sempre colocado através do fone, portanto, sempre será somado aos valores da via aérea. É preciso ficar atento se existir GAP entre os limiares da orelha que será mascarada, pois a via aérea e a via óssea são pioradas na mesma proporção. Trocando em miúdos: se há um GAP de 20 dB por exemplo, este vai permanecer sempre no mesmo valor independentemente da quantidade de mascaramento adicionado. Desta forma, ao mascarar vamos precisar compensar o valor do GAP, somando essa diferença ao valor total do mascaramento. Então, quando mascarar? O mascaramento deve ser utilizado sempre que houver a possibilidade de o sinal de teste ser percebido pela orelha não testada. Na audiometria por via aérea: quando houver uma diferença ≥ 40 dB na comparação do limiar de via aérea da orelha testada com o limiar de via óssea da orelha não testada. Na audiometria por via óssea: sempre, porque a atenuação interaural é “ZERO, exceto se tiver acoplada. Agora vamos aprender como mascarar! Mascaramento na audiometria tonal por via aérea Compare os limiares tonais de via aérea sem mascaramento com limiares da via óssea da outra orelha (orelha contralateral); Verifique se há, entre esses limiares, uma diferença ≥ 40 dB; Se houver, adicione 10 dB de ruído mascarante acima do limiar da via aérea na orelha não testada (aquela com melhores limiares, que não queremos que participe); Em seguida, apresente outra vez o tom, cada vez que o paciente responder ao sinal dado à orelha testada, aumente o mascaramento na orelha não testada em 10 dB; Caso o paciente não responda ao sinal dado à orelha testada, aumente o tom em 5 dB até que ela responda novamente e acrescente 10 dB de mascaramento na orelha não testada; Quando houver três aumentos consecutivos de 10 dB de mascaramento na orelha não testada, e o paciente continuar respondendo para o tom apresentado, não CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 30 havendo alteração do limiar da orelha testada, o limiar correto foi atingido (método de platô); Registre o limiar no audiograma, bem como o nível de mascaramento. Método de Platô, método da mudança do limiar ou método do sombreamento, baseia-se nos limiares de VA da orelha não-testada (ONT). O platô acontece quando o nível de mascaramento foi aumentado em passos de 10 dB, pesquisando- se novamente a cada aumento. Será considerado o resultado do platô após alterações de pelo menos 20 a 30 dB no ruído mascarante, com a manutenção da resposta do indivíduo. Mascaramento na audiometria tonal por via óssea Na pesquisa por via óssea o risco de ocorrer audição cruzada deve ser sempre considerado. A princípio, então, no teste por via óssea o mascaramento deve ser sempre utilizado. Entretanto, a definição de realizar o mascaramento está baseada na comparação do limiar da VO obtido sem mascaramento, com o limiar da VA. Assim, compare os limiares de VO e VA da orelha testada: se a diferença for igual ou maior que 15 dB, em uma ou mais frequências, é necessário mascarar; Adicione 10 dB de ruído mascarante acima do limiar de via aérea da orelha não testada (aquela com melhores limiares, que não queremos que participe); Cada vez que o paciente responder ao sinal dado à orelha testada, aumente o mascaramento em 10 dB na orelha não testada; Caso o paciente não responda ao sinal dado à orelha testada, aumente o tom em 5 dB até queele responda novamente e acrescente 10 dB de mascaramento na orelha não testada; Quando houver três aumentos consecutivos de 10 dB de mascaramento na orelha não testada, e o paciente continuar respondendo na mesma intensidade (não havendo alteração do limiar da orelha testada), o platô foi atingido; Registre o limiar no audiograma, bem como o nível de mascaramento. CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 31 Registro dos resultados Mascaramento nos testes de fala Para o Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) e Índice de Reconhecimento de Fala (IRF) deve-se considerar a atenuação interaural para o teste de fala de 45 dBNA, já para o Limiar de Alerta de Fala (LAF) a atenuação interaural é de 40 dBNA. Compara-se a diferença entre o nível de apresentação do sinal na orelha testada e a média tritonal (500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz) da via óssea da orelha não testada. Devemos observar que nos testes de fala vamos considerar para efeito do uso do mascaramento a média tritonal da VA e da VO. Quando mascarar? Quando o nível de apresentação do estímulo de fala na orelha testada apresentar uma diferença ≥ que 45 dB da média tritonal da via óssea da orelha não testada. Como mascarar? Limiar de Reconhecimento de Fala (LRF) Registre o LRF sem mascarar; Compare o LRF da orelha testada com a média tritonal da VO da orelha não testada; Se a diferença for ≥ 45 dB, é necessário o uso do mascaramento; Para iniciar o teste, coloca-se 10 dB de mascaramento acima da média tritonal da orelha não testada: Fonte: Autora. Fig. 22 CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 32 Por exemplo: OD - LRF= 65 dB OE – Média tritonal = 10 65 dB perde 45 dB, chega ao outro lado em 20 dB, logo, precisa mascarar; Coloca-se 10 dB acima do valor que chega na orelha não testada. Ou seja, 10 dB + 20 dB= 30 dB de mascaramento; Fala-se 04 palavras em 65 dB, se o paciente responder pelo menos 02, o teste termina. Se o paciente não for capaz de responder, pelo menos, 02 palavras, aumenta a intensidade da orelha testada para 50 dB e aumenta a quantidade de ruído para 35 dB e fala 04 palavras. E, assim, sucessivamente até que ele responda pelo menos 50% das palavras apresentadas; Em casos de perda condutiva Compare o LRF de uma orelha com a VO da orelha não testada; Se a diferença for igual ou maior que 45 dB, é necessário o uso do mascaramento; Para iniciar o teste, é importante considerar o GAP da orelha não testada (aquela que eu não quero que participe); IMPORTANTE: Esse GAP é a diferença da média tritonal de VA e VO e não de uma frequência específica!!! Por exemplo: OD – 55 dB VA 15 dB VO LRF= 55 dB OE – 15 dB VA -10 dB VO LRF= 15 dB Considerando que eu queira retestar o LRF da OD: 55 dB perde 45 dB, chega ao outro lado em 10 dB, perceba que o paciente já responde em -10 na VO da OE, ou seja, precisa mascarar. Porém, é necessário considerar a diferença entre a via aérea da outra orelha (15dBNA) e a via óssea dela (-10 dBNA). Sendo assim, a diferença é de 25 dBNA (Gap), portanto, esse valor precisa ser compensado na hora de mascarar. Para saber o total de mascaramento coloca-se 15 dB acima do valor que chega na orelha não testada. Ou seja, 15 dB + 25 dB= 35 dB de mascaramento. Este valor é somado à média tritonal da VA da OE, totalizando 50 dB de mascaramento; CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 33 A maneira como o exame é realizado já foi explicado no item acima, e se aplica aqui. Índice de Reconhecimento de Fala (IRF) Para avaliar o índice de reconhecimento de fala a intensidade utilizada no teste é fixa. Assim, para determinar o nível de apresentação do estímulo, deve-se somar de 30 a 40 dB à média tritonal ou ao LRF para garantir a audibilidade das palavras apresentadas. Quando a média tritonal não coincidir com o LRF, opte pela média tritonal que poderá ser menor em até 10 dB do LRF. DICA Não esqueça que em pacientes recrutantes, muitas vezes, 30 dB acima da média tritonal pode causar desconforto. Verifique se a discriminação dele não melhora com uma intensidade menor. Acompanhe o exemplo, para facilitar suponha que a média tritonal de via aérea e o LRF são iguais: OD – 30 dB VA 30 dB VO LRF= 30 dB OE – 15 dB VA 15 dB VO LRF= 15 dB Imagine que vamos testar o IRF da OD e optamos por colocar 30 dB sobre o LRF. Assim o teste seria feito em 60 dB. Compare os 60 dB da intensidade em que fará o IRF com a VO da orelha não testada (OE) considerando que a atenuação para fala que é de 45 dB. Se a diferença for maior ou igual a atenuação interaural para o reconhecimento de fala vai ser preciso mascarar. Assim, no nosso caso vamos ter que mascarar, veja que 60 dB na OD, ao perder 45 dB (atenuação interaural de fala), chega à cóclea da OE em 15 dB e essa cóclea será capaz de ouvir este sinal. O nível adequado de mascaramento deve ser decidido no início do teste. Uma boa dica para nunca errar na quantidade mínima é usar uma quantidade de mascaramento que corresponde ao nível de intensidade do teste menos 30 dB. Ou seja, se optarmos por testar o IRF da OD com 60 dB, o mínimo de mascaramento na OE será de 30 dB o que dará um nível de sensação de 15 dB. CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 34 No serviço da nossa Clínica Escola, o CEDAF, recomenda-se o acréscimo de até 30 dB em cima do que chega na orelha não testada sem mascaramento, mas nem sempre é possível usar essa margem de segurança. DICA CUIDADO!!! Veja por que essa regra nem sempre pode ser aplicada a todos os casos. Quando o paciente tem recrutamento temos que tomar cuidado com o desconforto que o ruído pode causar. Também nas perdas condutivas bilaterais com grandes GAP’s ou perdas mistas precisamos ficar atentos ao supermascaramento. ATENÇÃO Nos casos de perda condutiva, depois de calcular a quantidade de mascaramento é preciso somar o diferencial aéreo-ósseo da média tritonal para o mascaramento ser adequado. Acompanhe o exemplo: OD – 50 dB VA 10 dB VO LRF= 55 dB OE – 50 dB VA 15 dB VO LRF= 50 dB Agora imagine que vamos testar o IRF da OD e optamos por colocar 30 dB acima do LRF. Assim o teste do IRF seria feito em 85 dB. Compare os 85 dB do IRF com a VO da orelha não testada (OE) considerando a atenuação para fala que é de 45 dB. Sim, vamos ter que mascarar, veja que 85 dBNA, ao perder 45 dBNA, chega na cóclea contralateral em 40 dBNA, mas essa cóclea já ouve em 15 dBNA; Para verificar a quantidade de mascaramento, Usando o raciocínio explicado no exemplo anterior de que a quantidade de mascaramento mínima será a intensidade do teste menos 30 dB, teríamos um mascaramento de 55 dB. Porém, como a perda é condutiva é preciso somar o Gap que é de 40 dB, ou seja, o mascaramento seria 95 dB. DICA 1 Observe que 95 dB de mascaramento na OE é uma intensidade capaz de supermascarar o teste, reduzindo a inteligibilidade das palavras da orelha em teste. Como sabem, esperamos que em uma perda condutiva o percentual de reconhecimento da fala seja semelhante ao de indivíduos normais. CAPÍTULO V - MASCARAMENTO 35 DICA 2 Perceba que se aplicarmos a atenuação interaural ao LRF das duas orelhas, ambos teriam que ser retestados com mascaramento. Fica a dica, todas as vezes que o LRF precisar ser mascarado o IRF também terá que ser mascarado. Níveis de mascaramento Mascaramento mínimo é a menor quantidade de ruído necessário para que a orelha não testada deixe de responder pela orelha testada. O nível inicial de mascaramento deve ser 10 dB acima do limiar da melhor orelha. Mascaramento máximo é a maior quantidade de mascaramento que pode ser utilizadona orelha não testada, sem provocar mudanças nos limiares reais da orelha testada. Supermascaramento ocorre quando a quantidade de ruído apresentada à orelha não testada é aumentada em níveis que se igualam ou superam os valores de atenuação interaural, provocando mudanças nos limiares reais da orelha testada. Agora aproveite os vídeos no link e relembre os conceitos do mascaramento cantando! Link: Vídeo 1: https://youtu.be/I6ey1XT0NCU Vídeo 2: https://youtu.be/0UXwLWOENHA https://youtu.be/I6ey1XT0NCU https://youtu.be/0UXwLWOENHA CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 36 PARÓDIA (Música original: 50 reais - Naiara Azevedo) Link: https://youtu.be/Tf1mEeR9KHE ALÔ, GALERA....!!! QUE É ISSO? QUE É QUE É ISSO, HEIN?! SERÁ QUE A ORELHA BOA ESTÁ INTERFERINDO NA RESPOSTA DA RUIM? ORELHA... “CÊ” “TÁ” DE BRINCADEIRA EU VOU TE MOSTRAR O QUE FAZ NEM VEM COM A SUA ESPERTEZA EU VOU UTILIZAR UMA TÉCNICA PRA REDUZIR A INTERFERÊNCIA MECÂNICA QUE IRIA SE PROPAGAR E FAZER O CRÂNIO VIBRAR LEVANDO RESPOSTA PRAS DUAS CÓCLEAS E QUANDO HOUVER UMA DIFERENÇA ENTRE A AÉREA DE UMA E A ÓSSEA DE OUTRA E FOR DE 40 A 85 DB, VAMOS MASCARAAAAR EU VOU AVALIAR AQUELA E MASCARAR VOCÊ EU SEI QUE A ORELHA RUIM TEM QUE ME RESPONDER VOU COLOCAR UM RUÍDO NA BOA PRA ME AJUDAR E A RESPOSTA EU VOU ENCONTRAR VOU COLOCAR O RUÍDO ACIMA DO LIMIAR NA VIA AÉREA DA ORELHA QUE NÃO VAI PARTICIPAR EU VOU INICIAR COLOCANDO MAIS 10 dB, TRÊS PLATÔS É QUE VAI RESPONDER https://youtu.be/Tf1mEeR9KHE CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 37 O que é? A Imitanciometria é um teste objetivo, que não necessita da resposta do paciente, sendo possível a verifica as condições da orelha média10. Os resultados obtidos devem ser interpretados em conjunto com a audiometria tonal e vocal e meatoscopia. A imitanciometria sozinha não estabelece o diagnóstico audiológico. A bateria da imitância acústica é composta por exames rápidos, indolores e de fácil realização, que irá fornecer informações importantes, como: Detecção de alterações na orelha média; Inferência sobre os limiares auditivos; Possível presença de alterações retrococleares; Presença do recrutamento objetivo de Metz*; Topodiagnóstico de lesões do nervo facial; Avaliação da função tubária; Pesquisa do declínio do reflexo; Obs.: *O Recrutamento objetivo de Metz pode ser definido como um crescimento anormal da sensação de intensidade em relação ao aumento da intensidade física do som. A diferença entre o que o indivíduo detecta em seu limiar psicoacústico e o que ele tolera em seu limiar de desconforto, é bastante reduzida. Dizemos que o paciente é recrutante quando a diferença entre o limiar do reflexo estapediano e o limiar psicoacústico é menor que 60 dB, o que é sugestivo de lesão coclear5. Agora, veremos alguns conceitos importantes para o entendimento da imitanciometria: O termo compliância significa liberdade de movimento. Quando uma onda sonora incide sobre uma superfície de separação, como a membrana timpânica, parte da onda é refletida e outra parte é transmitida. Desta forma, a compliância da orelha média é medida a partir da variação da pressão no meato acústico externo (MAE) movimentando o tímpano na direção da orelha média (pressão positiva) ou na direção do MAE (pressão negativa). O imitanciometro compara o quanto a pressão externa (MAE) é equivalente à pressão da orelha média. A compliância é considerada máxima quando há pressões equivalentes dos dois lados da membrana timpânica e se relaciona com a mobilidade do sistema tímpano-ossicular. CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 38 Outros dois conceitos importantes são o de impedância acústica que é a oposição total que o sistema tímpano-ossicular oferece ao fluxo de energia sonora e o de complacência acústica que é a facilitação com que a energia flui através do sistema. EQUIPAMENTO O equipamento utilizado no exame é o imitanciômetro. Este equipamento possui uma sonda, composta por um pequeno alto-falante, um transdutor de pressão e um microfone (Fig. 23). O alto-falante gera um tom de 226 Hz para o interior do MAE, enquanto o microfone capta as variações da intensidade sonora no MAE. A pressão pode variar de +200 a -600 daPa, essa faixa pode ser maior ou menor, de acordo com o equipamento utilizado. É importante orientar o paciente a ficar quieto, não mover a cabeça, evitar tossir e deglutir. A imitanciometria é composta por duas etapas: a timpanometria e a pesquisa do reflexo estapediano. A timpanometria avalia a mobilidade do sistema tímpano-ossícular (complacência), por meio da variação de pressão dentro do MAE; E a pesquisa do reflexo estapediano, que é um reflexo involuntário do músculo estapédio em resposta a um estímulo sonoro supraliminar. A otoscopia e a limpeza do conduto antes do exame são fundamentais, pois o excesso de cerume pode alterar os resultados e causar o entupimento da sonda. Além disso, é Fig. 23. Fonte: https:www.cochlea.eu CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 39 imprescindível a vedação completa do conduto auditivo externo com a oliva e a colocação do fone na orelha contralateral. Acesse o link abaixo e fixe seus conhecimentos!! Link: https://youtu.be/3lZajp6Nwns TIMPANOMETRIA O que é? É uma medida dinâmica que verifica a mobilidade do sistema tímpano-ossicular em decorrência da variação de pressão no meato acústico externo10. Essa medida se dá a partir da mudança no nível de pressão sonora no MAE à proporção que a pressão de ar aumenta ou diminui9. É representada graficamente pela variação da imitância, na MT, em função da pressão no MAE (Fig. 24). O resultado da timpanometria é expresso por uma curva que reflete o pico de máxima complacência. Ao dar início ao exame, será aplicado um som contínuo no MAE ao mesmo tempo em que será introduzida uma variação de pressão que será capaz de provocar mudanças no sistema tímpano-ossicular, tornando-o mais rígido ou flexível. A partir disso, serão caracterizadas as curvas timpanométricas. TIPOS DE CURVA Fig. 24.. Fonte: Autora https://youtu.be/3lZajp6Nwns CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 40 Tipo A Complacência entre 0,3 ml e 2,5ml; O pico de máxima complacência deve estar entre +100 e -100 daPa; Essa curva é observada em indivíduos com mobilidade da MT e estruturas da OM íntegras. Tipo Ar Complacência rebaixada (abaixo de 0,3 ml); O pico de máxima complacência deve estar entre +100 e -100 daPa; Indica rigidez das estruturas da OM; Pode ser observada em indivíduos com otosclerose, timpanosclerose, fixação da cadeia ossicular, etc. Tipo Ad Complacência aumentada (acima de 2,5 ml); O pico de máxima complacência deve estar entre +100 e -100 daPa; Essa curva indica elevada mobilidade das estruturas da OM; Costuma estar associada à interrupção da cadeia ossicular ou MT flácida, regeneração da MT, etc. Tipo B Complacência muito reduzida (abaixo de 0,3 ml) Não apresenta pico em nenhuma pressão de ar, apresentando curva achatada; Pode ser observada em alterações da OM como otites serosas. Fig. 25.Fonte: https: https://ocw.unican.es/. Adaptado. Fig. 26.Fonte: https: https://ocw.unican.es/. Adaptado. Fig. 27.Fonte: https: https://ocw.unican.es/. Adaptado. Fig. 28.Fonte: https: https://ocw.unican.es/. Adaptado https://ocw.unican.es/ https://ocw.unican.es/ https://ocw.unican.es/ https://ocw.unican.es/ CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 41 Tipo C Complacência entre 0,3 ml e 2,5 ml; Pico de complacência deslocado para pressões negativas, abaixo de -100 daPa; Pode ser observada em indivíduos com mau funcionamento da tuba auditiva; Link: https://youtu.be/w0HEe7wdaxY REFLEXO ACÚSTICO ESTAPEDIANO O que é? O reflexo acústico estapediando corresponde à contração do músculo estapediano medianteestimulação acústica de forte intensidade. Este músculo está ligado à porção anterior da cabeça do estribo e durante a sua contração há uma limitação do movimento dos ossículos, atenuando a vibração em todo o sistema. Essa ação é considerada um mecanismo que auxilia na proteção da orelha interna aos danos causados por sons intensos. A admitância da OM diminui quando os músculos estapédio e tensor do tímpano contraem-se aumentando a rigidez do sistema. Para que serve? Esse exame avalia a integridade funcional das estruturas da orelha média e interna. Como realizar? Após a realização da timpanometria e determinação do pico de máxima complacência é iniciada a pesquisa dos reflexos acústico-estapedianos; O estímulo é apresentado entre 1 e 2 segundos, pelo examinador ou pelo próprio equipamento caso esteja na modalidade automática; O reflexo ocorre, comumente, com estímulos de 70 a 100 dB acima do limiar da via aérea, com exceção de pacientes com recrutamento objetivo de Metz; Testa-se as frequências de 500 Hz, 1000 Hz, 2000 Hz e 4000 Hz. Como é pesquisado? Fig. 29. Fonte: https: https://ocw.unican.es/. Adaptado. https://youtu.be/w0HEe7wdaxY https://ocw.unican.es/ CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 42 Há duas formas de obtenção do reflexo: a medida ipsilateral e a medida contralateral. Na forma ipsilateral, o estímulo e a captação do reflexo se dão na mesma orelha. Já o contralateral, o reflexo é captado no lado oposto ao estímulo sonoro, sendo necessário cruzar o tronco encefálico Veja os exemplos a seguir: No boneco 1, a via em que o reflexo é eliciado (aferente) é a esquerda, ou seja, onde está o fone. Quando o estímulo acústico é suficiente para eliciar o reflexo, o músculo estapédio de ambas as orelhas irão se contrair simultaneamente. Se as estruturas da eferência - lado que está a sonda - estiverem íntegras, o reflexo poderá ser captado. Sendo assim, vemos que o boneco 1 está representando a pesquisa do reflexo acústico estapediano contralateral esquerdo. Já no boneco 2, as vias aferente e eferente são representadas pelo lado onde está a sonda. Assim, é preciso que esta orelha tenha limiar suficiente para eliciar o reflexo e que as estruturas da orelha média estejam íntegras. Neste exemplo, o boneco 2 representa a pesquisa do reflexo acústico estapediano ipsilateral esquerdo. Sempre que a sonda estiver em uma orelha com componente condutivo (alteração da OM), não será possível captar o reflexo acústico. Isso ocorre porque, como há um aumento da impedância nesta orelha devido ao componente condutivo, o equipamento não é capaz de registrar o reflexo, ou seja, o enrijecimento do sistema. Como visto nos exemplos acima, ao realizar a pesquisa do reflexo, haverá sempre duas vias: a via aferente e a via eferente. MACETE!!! A letra “a” inicia o alfabeto, portanto, a via Aferente vai ser a via em que “inicia” o reflexo, já a via eferente será a via em que o reflexo será captado. Em linguagem técnica, a via aferente é a via em que o Fig. 30. Fonte: Autora Fig. 31.. Fonte: Autora CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 43 reflexo será eliciado! Agora, é fundamental que vocês saibam que o reflexo SEMPRE será captado pela SONDA. Outra coisa que irá facilitar o entendimento do raciocínio na pesquisa do reflexo é: o termo “contralateral” é referente à orelha onde está o fone!!! Veja agora quais as estruturas que participam do reflexo acústico-estapediano. Reflexo ipsilateral direito: Estímulo é dado na mesma orelha em que está a sonda; O estímulo vai pela via aferente (VIII par - vestibulococlear), onde o reflexo é eliciado; Os impulsos das células sensoriais cocleares são transmitidos pelo nervo ao núcleo coclear ipsilateral; Algumas fibras passam do núcleo coclear para o complexo olivar superior; Em seguida, atinge o núcleo motor do nervo facial e provoca a contração do músculo estapédio ipsilateral; Retorna pela via eferente (VII par – facial), sendo captada pela sonda; COS: Complexo Olivar Superior; NC= Núcleo Coclear; TE= Tronco Encefálico; VII= Nervo facial; VIII-Nervo Vestibulococlear Cos - Fig. 32. Fonte: Autora CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 44 Reflexo contralateral esquerdo Obs.: Contralateral é sempre onde está o fone: contralateral esquerdo – fone na esquerda; contralateral direito – fone na orelha direita. O estímulo é dado na orelha onde está o fone, no lado contrário à sonda; O estímulo vai pela via aferente (VIII par – vestibulococlear), onde o reflexo é eliciado; Passa pelo núcleo coclear, faz o cruzamento no Tronco Encefálico; Após a estimulação do nervo acústico e núcleo coclear, atinge o núcleo motor do nervo facial esquerdo e provoca a contração do músculo estapediano contralateral esquerdo; Retorna pela via eferente (VII par – facial) esquerda, sendo captada pela sonda; Para que exista o reflexo estapediano contralateral devemos ter: Limiar auditivo suficiente para eliciar o reflexo na aferência; VII e VIII pares cranianos íntegros (lembrar que um ramo motor do VII par inerva o músculo estapédio e a percepção do som ocorre pelo VIII par); Integridade do sistema tímpano-ossicular na eferência; Ausência de patologias na OM COS: Complexo Olivar Superior; NC= Núcleo Coclear; TE= Tronco Encefálico; VII= Nervo facial; VIII-Nervo Vestibulococlear Cos - Fig. 33. Fonte: Autora CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 45 Aplicações Clínicas da Pesquisa do Reflexo do Estapédio Alterações nas estruturas desde a orelha externa até o tronco encefálico podem interferir nas medidas do reflexo do estapédio. Ao fazer o raciocínio abaixo, facilitará retornar no esquema encontrado acima! Perdas Auditivas Condutivas Alterações condutivas reduzem a mobilidade do sistema tímpano-ossicular. Portanto, nesses casos, o reflexo estará ausente. Exceto, quando se trata de uma fratura da crura do estribo, abaixo da inserção do músculo5. Nesses casos, o reflexo estará presente. Perdas Auditivas Cocleares A presença ou ausência dos reflexos estapedianos, nestes casos, estará associada ao grau da perda auditiva ou limiares das frequências testadas. Perdas neurossensoriais severas ou profundas geralmente causarão ausência de reflexos pois, para desencadeá-los, o estímulo deve estar entre 70 e 100 dB acima do limiar. Todavia, quando presentes e com diferença entre o limiar acústico e do reflexo ≤60, trata- se de presença de recrutamento objetivo de Metz. Na lesão retrococlear (desordens no nervo, VIII par) geralmente, apresentam ausência de reflexo ipsi e contralaterais quando o lado lesado é estimulado. Desordens do Tronco Encefálico Quando uma lesão acomete a via do reflexo (o momento em que o estímulo faz o cruzamento), geralmente os reflexos contralaterais estão ausentes na presença dos ipsilaterais. Vamos ao vídeo e depois vamos cantar?! Link: https://youtu.be/K8YoWzj1F2I https://youtu.be/K8YoWzj1F2I CAPÍTULO VI– IMITANCIOMETRIA 46 PARÓDIA (Música original: Tempo perdido – Legião Urbana) Link: https://youtu.be/N8gqV-lsQgA PRA ANALISAR A ORELHA MÉDIA VAMOS USAR O IMITANCIÔMETRO COM PRESSÃO, MICROFONE E COM A SONDA, VEDAR O CONDUTO TIMPANOMETRIA QUE IRÁ MEDIR A PARTIR DA TRANSMISSÃO DE ENERGIA E GRAFICAMENTE TIPO A TEM PICO, NÃO ESQUECER!! TIPO B SEM PICO DEITADO E TIPO C COM PICO CORRENDO PRO LADO Ar É BAIXA E Ad MAIS ALTA... MAIS ALTA, MAIS ALTA AAAH ATENUAÇÃO DA VIBRAÇÃO DO SISTEMA COM UM SOM FORTE QUE CHEGA É O REFLEXO ACÚSTICO... ESTAPEDIANO... ENTÃO, O REFLEXO OCORRE SE DE 70 A 100 dB ESTIMULAMOS DE 500 Hz A 4000 TEMOS IPSI E CONTRALATERAL... O CONTRA CRUZA O TRONCO O IPSI NÃO... É UM REFLEXO DE PROTEÇÃOhttps://youtu.be/N8gqV-lsQgA CAPÍTULO VII – TESTES COMPLEMENTARES 47 TESTES ACUMÉTRICOS Os testes acumétricos são realizados com o diapasão, que é formado por duas barras metálicas em formato de U, cuja vibração das hastes origina um tom puro. Os diapasões emitem tons puros em várias frequências, contudo, o mais usado na clínica audiológica é o de 512Hz. Existem vários testes com o diapasão, no entanto, será abordado neste capítulo apenas o teste de Weber e Rinne. Qual a função desses testes? Promover uma avaliação qualitativa preliminar da função auditiva ao comparar a audição entre via óssea e aérea, permitindo discriminar as perdas condutivas e neurossensoriais com certa segurança. É possível também inferir qual a melhor orelha. Os testes mais utilizados no dia a dia da clínica são o teste de Weber e o de Rinne. Teste de Weber No teste de Weber, serão comparadas exclusivamente a condução óssea do som nas duas orelhas. Como realizá-lo? Para a realização do teste, o fonoaudiólogo deve vibrar o diapasão (batendo-o na mão, cotovelo ou joelho) e colocar na linha média do crânio. Em seguida, deve perguntar ao paciente se ele percebe o som igualmente nas duas orelhas ou se é mais forte em uma delas. Como interpretar os resultados? Se o paciente nota o som igual em ambas as orelhas, isso quer dizer que as duas cócleas têm um nível de audição semelhantes. Ou seja, podem ser normais ou possuir uma perda do mesmo tipo e grau, ou seja, são simétricas. Neste caso, o resultado do teste é indiferente. Se houver uma assimetria entre as orelhas, o som é percebido mais forte pela melhor cóclea ou pelo maior gap. Quando ocorre a lateralização pode-se inferir os seguintes resultados: Fonte: http://www.pinterest.es. Adaptado. Figura 34 http://www.pinterest.es/ CAPÍTULO VII – TESTES COMPLEMENTARES 48 Perda auditiva condutiva unilateral – percepção do som no lado pior, lado da condutiva. Perda auditiva sensorioneural unilateral – percepção do som no lado melhor, melhor cóclea. Perda auditiva condutiva bilateral assimétrica – percepção do som no lado com maior gap aéreo-ósseo. Perda auditiva sensorioneural bilateral assimétrica – percepção do som no lado melhor, melhor cóclea. Por que quando há perda condutiva o som lateraliza para a condutiva ou para o maior GAP? Porque a perda condutiva mascara o som do ambiente aumentando a percepção por via óssea. A vibração sonora emitida através do crânio é percebida mais forte do lado do componente condutivo. Para ter a mesma sensação, faça um teste tapando uma das suas orelhas e falando o seu nome. O som será percebido mais fortemente do lado em que a orelha foi tapada. Teste de Rinne O teste de Rinne permite que se compare a percepção do som por via aérea e via óssea. Como realizá-lo? Após fazer vibrar o diapasão apresenta- se, alternadamente, o som por via óssea e por via aérea, colocando o diapasão na mastoide (via óssea) e, em seguida, próximo ao pavilhão auricular (via aérea). Ao colocar na mastoide, pergunta ao paciente: “está ouvindo?”, em seguida, ao direcionar ao pavilhão, faz a seguinte pergunta: “E agora, ficou mais forte ou mais fraco?” Fonte: http://www.pinterest.es. Adaptado. Figura 35 http://www.pinterest.es/ CAPÍTULO VII – TESTES COMPLEMENTARES 49 (Obs.: a ordem em que será colocado o diapasão fica a critério do examinador). Quais as interpretações dos resultados? O Rinne será positivo, quando o paciente estiver escutando melhor por via aérea do que por via óssea. Isto ocorre por conta da amplificação própria da orelha média, o que significa que nessa orelha não há componente condutivo, ou seja, é uma audição normal ou com perda sensorioneural. O Rinne será negativo quando o paciente refere ouvir melhor pela via óssea do que pela via aérea, o que significa que há, naquela orelha, componente condutivo. Registro dos resultados Observação: Os testes acumétricos podem ser realizados antes da audiometria, pois eles poderão dar pistas importantes do que esperar no resultado do exame tais como qual é a melhor orelha, se a audição é simétrica ou não e se há componente condutivo. Obviamente, fica a critério do examinador escolher a ordem de realização dos procedimento. Mais um vídeo e uma paródia para sedimentar os conhecimentos! Link: https://youtu.be/we_ON4Tpl_s Fonte: Autora. Fig. 36 https://youtu.be/we_ON4Tpl_s CAPÍTULO VII – TESTES COMPLEMENTARES 50 PARÓDIA (Música original: Ana Júlia – Los Hermanos) Link: https://youtu.be/htnSPmjKniw O TESTE COM DIAPASÃO AQUI AGORA É O WEBER COM UM SOM DE 500 HZ, VAMOS PERCUTÍ-LO AS VIAS ÓSSEAS VAMOS COMPARAR, DEPENDE EM QUAL LADO ESCUTAR O RESUTADO PODE SER INDIFERENTE OU LATERALIZADA VAMOS VER O CAMINHO SE É NO MEIO DA CABEÇA OU QUAL É A DIREÇÃO... É SÓ UM TESTE COMPLEMENTAR... JÁ NO TESTE DE RINNE AMIGÃO VAMOS AVALIAR A RELAÇÃO DA VIA ÓSSEA E AÉREA DA MESMA ORELHA O RESULTADO VAMOS ANOTAR NÃO VAMOS VACILAR NEGATIVO ELE SERÁ SE FOR MAIS FORTE NA VIA AÉREA E SERÁ NEGATIVO SE FOR OUVIDO MAIS FORTE PELA VIA ÓSSEA... Embora o material tenha sido desenvolvido a partir da ementa de uma disciplina de um curso de fonoaudiologia específico, acreditamos que o conteúdo poderá auxiliar discentes de fonoaudiologia de todo o Brasil. A divulgação e disponibilização deste material didático não visa aferição de lucro entre os possíveis usuários, destinando-se de forma irrestrita a todos que se interessarem pelo seu conteúdo. É um material complementar de estudo, de revisão e fixação dos conteúdos, portátil e útil como consulta, não pretende, portanto, substituir os livros base recomendados na ementa de quaisquer disciplinas. https://youtu.be/htnSPmjKniw REFERÊNCIAS 51 1. ALMEIDA, K.; RUSSO, ICP.; MOMENSOHN-SANTOS, T.. A aplicação do Mascaramento em Audiologia. 2. ed. rev. e aum. São Paulo: Lovise, 2001. 2. ALVARENGA, KF.; CORTELETTI, LCBJ. Mascaramento na avaliação audiológica: Um guia prático. São José dos Campos: Pulso editorial, 2006. 3. HALL, J.E. Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica. 13ª ed. Rio de Janeiro, Ed. Elsevier, 2017. 4. LOPES F., O. Anatomofisiologia Clínica dos Órgãos da Audição. In Otacílio & Campos, Tratado de Otorrinolaringologia, 1994, 481-509. 5. LOPES F., O. Estudo Clínico da Atividade dos Músculos do Ouvido Médio, pelo Método da Impedância Acústica. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, ano 1975, v. 41, n. 2, Maio - Agosto. Trabalhos originais, p. 111 a 140. Disponível em: http://oldfiles.bjorl.org/conteudo/acervo/acervo.asp?id=1657. (crura) 6. LLOYD, L. L.; KAPLAN, H. Audiometric interpretation: a manual of basic audiometry. University Park Press: Baltimore; 1978. p. 16. 7. MENEGOTTO, I. H; COSTA, M. J. Avaliação da Percepção de Fala na Avaliação Audiológica Convencional. In: BOÉCHAT, E. M. et. TRATADO DE AUDIOLOGIA. 2. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. Cap. 9, p. 67 – 75. 8. MENEZES PL, CABRAL A, MORAIS LS, ROCHA LP, Passos V. Ressonância: um estudo da orelha externa. Pró-Fono R Atual Cient 2004;16(3):333-40. 9. RUSSO, ICP. MOMENSOHN-SANTOS, TM. A prática da audiologia clínica. São Paulo: Cortez, 2005. 10. PINOTTI, KSA; CORAZZA, MCA; ALCARÁS, PAS. Avaliação Eletrofisiológica do Nervo Auditivo em Pacientes Normo-ouvintes com Ausência do Reflexo Estapediano. International Archives of Otorhinolaryngology, [S. l.], ano 2009, v. 13, n. 4, 15 set. 2009. Original Article, p. 1-10. Disponível em: http://www.arquivosdeorl.org.br/conteudo/acervo_port.asp?id=647. 11. SILMAN, S.; SILVERMAN, C. A. Auditory diagnosis: principles and applications. San Diego: Singular Publishing Group; 1997. P.: 44-52. https://amzn.to/2Sku892 http://www.arquivosdeorl.org.br/conteudo/acervo_port.asp?id=647
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