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INTRODUÇÃO Lesões dos tecidos moles perioral e dentoalveolar são frequentemente causadas por muitos tipos de trauma. As causas mais comuns são queda, acidentes automobilísticos, acidentes esportivos, brigas, abuso contra crianças e acidentes ocorridos em parques de recreação. Lesões aos dentes e ao processo alveolar são comuns e devem ser consideradas situações de emergência, pois o resultado depende do pronto atendimento à lesão. Como o tratamento adequado só pode ser realizado após o diagnóstico correto, o processo de diagnóstico deve ser realizado imediatamente. EPIDEMIOLOGIA Predileção: Meninos/Meninas 2:1 Maior prevalência 1 a 3 anos (41,6%) EXAME CLÍNICO E DIAGNÓSTICO Exame visual- condições gerais do paciente. Anamnese detalhada com o próprio paciente ou responsável. História médica pregressa EXAME FÍSICO E DIAGNÓSTICO Quando ocorreu a lesão? Em que local ocorreu a lesão? Como ocorreu a lesão? Houve período de inconsciência? Há distúrbios na mordida? Há reação nos dentes ao frio e/ou calor? EXAME CLÍNICO: INSPEÇÃO E PALPAÇÃO Avaliar: ferimentos nos tecidos moles, deslocamento, fratura óssea/dentária. Fazer também teste de mobilidade. EXAMES COMPLEMENTARES Radiografia periapical com o feixe centralizado no dente do trauma. Radiografia oclusal. Visão mesial ou distal do dente em questão. O exame radiográfico deve fornecer as seguintes informações: 1. Presença de fratura radicular 2. Grau de extrusão ou intrusão 3. Presença de doença periapical preexistente 4. Grau de desenvolvimento radicular 5. Tamanho da câmara pulpar e do canal radicular 6. Presença de fratura dos maxilares 7. Fragmentos dentários e corpos estranhos alojados nos tecidos moles LESÕES AOS TECIDOS DUROS DOS DENTES E POLPA TRINCA OU FRATURA INCOMPLETA DE ESMALTE Tratamento: desgaste e polimento Controle radiográfico e de sensibilidade Prognóstico: bom FRATURA DE ESMALTE Tratamento: desgaste e polimento Controle radiográfico e de sensibilidade Restauração com resina composta Prognóstico: bom FRATURA DE ESMALTE E DENTINA SEM EXPOSIÇÃO PULPAR Tratamento: proteção dentinária, colagem do fragmento ou restauração com resina composta. As recomendações atuais são a colocação de um agente de adesão dentinária ou cimento de ionômero de vidro sobre a dentina exposta, seguido de restauração de resina composta Testar a oclusão Controle radiográfico entre 6 e 8 semanas Trauma Dentoalveolar na Dentição Permanente Prognóstico: bom FRATURA DE ESMALTE E DENTINA COM COMPROMETIMENTO PULPAR Opções de tratamento: Proteção pulpar direta Pulpotomia Endodontia convencional Apicificação Tratamento restaurador Fatores a serem levados em consideração: tempo de exposição pulpar, tamanho da exposição pulpar e formação radicular. FRATURA CORONORRADICULAR O tratamento das fraturas coronorradiculares depende da localização destas e da variação anatômica. Envolve esmalte, dentina e cemento, podendo ou não acometer a polpa. Os principais sintomas são a dor e a mobilidade dentária. Opções de tratamento: Remoção do fragmento, restauração ou colagem. Exposição cirúrgica periodontal da superfície da fratura com REB ou sem. Extrusão ortodôntica do fragmento apical. Extrusão cirúrgica do fragmento apical (tratamento endodôntico nesse caso é obrigatório). FRATURA RADICULAR Quando ocorre fratura horizontal ou oblíqua da raiz, o principal fator na determinação do prognóstico, e, portanto no direcionamento do tratamento, é a posição da fratura em relação à margem gengival. Fraturas radiculares localizadas entre o terço médio e apical têm bom prognóstico quanto à sobrevivência da polpa e cicatrização dos fragmentos radiculares entre si. Se a fratura está além ou perto da margem gengival, o dente deve ser removido, ou o fragmento coronário removido e o tratamento endodôntico realizado. A raiz pode ser restaurada com pino e núcleo de preenchimento. Fraturas do terço médio e cervical devem ser tratadas com reposicionamento (se qualquer mobilidade for notada) e imobilização rígida por dois a três meses. LESÕES AOS TECIDOS PERIODONTAIS CONCUSSÃO Lesão às estruturas de suporte do dente, sem mobilidade ou deslocamento anormal do dente, mas com sensibilidade à percussão. Sem hemorragia. Nenhum tratamento imediato é indicado. Proservação SUBLUXAÇÃO Lesão às estruturas de suporte do dente, com mobilidade anormal, mas sem deslocamento do dente. Hemorragia através do sulco gengival. Conduta: alívio oclusal e proservação. LESÕES AOS TECIDOS DENTAIS, PERIODONTAIS E PROCESSO DENTOALVEOLAR LUXAÇÃO LATERAL Deslocamento do dente para um dos lados. Clinicamente, o dente se apresenta sensível e em uma posição diferente da original. Pode não haver mobilidade dentária, visto que o dente fica preso ao alvéolo. Radiograficamente apresenta espaço radiolúcido no final do alvéolo. Tratamento: reposicionamento manual do dente e esplintagem por algumas semanas (em casos que o dente foi minimamente deslocado). Quando ocorre deslocamento dentário significativo, as fraturas do osso alveolar associadas também estão igualmente deslocadas. Lacerações gengivais frequentemente acompanham esse tipo de lesão. O dente e o osso alveolar devem ser reposicionados manualmente, o dente, esplintado, e os tecidos moles, suturados. INTRUSÃO O dente desloca-se no sentido do seu longo eixo para dentro do alvéolo. É um dos tipos de trauma mais severos, pois existe um esmagamento do ligamento periodontal e feixe vásculo nervoso contra o tecido ósseo, ocasionando, frequentemente vários tipos de sequelas. O tratamento da intrusão dentária é controverso. Alguns clínicos defendem o reposicionamento cirúrgico e a esplintagem desses dentes; contudo, esse tratamento tem resultado em sérias consequências periodontais e pulpares. Outros acreditam que muitos dentes intruídos vão reerupcionar espontaneamente. Outros usam forças ortodônticas para auxiliar na reerupção. Prognóstico ruim (esse tipo de trauma tem o pior prognóstico. Opções de tratamento: Aguardar reerupção (2-3 meses) Tracionamento ortodôntico Reposição cirúrgica Endodontia (até 3 semanas) – ápices fechados EXTRUSÃO Normalmente o paciente sofre um impacto frontal e o dente desloca-se no sentido lingual e para fora do alvéolo, entretanto, sem sair completamente. Clinicamente há diferença na altura entre os bordos incisais em relação aos dentes vizinhos e o dente apresenta grande mobilidade. Pode vir associada à fratura alveolar. Radiograficamente, observa-se um espaço radiolúcido ao final do alvéolo. Um dente extruído pode geralmente ser reposicionado manualmente em seu alvéolo se o trauma for recente. Após sua recolocação no alvéolo, a esplintagem por uma a três semanas é usualmente necessária, assim como o tratamento endodôntico. AVULSÃO Consiste no completo deslocamento do dente para fora do alvéolo, sendo também chamado de deslocamento total. Os fatores mais importantes para determinar o sucesso do tratamento são o tempo em que o dente ficou fora de seu alvéolo, o estado do dente e dos tecidos periodontais e a maneira pela qual o dente foi preservado antes do reimplante. Quanto mais cedo o dente for reimplantado, melhor será o prognóstico. Sempre tentar o reimplante em caso de dentes permanentes. Reposicionar o dente o quanto antes. O paciente deve segurar o dente pela coroa, tentando não tocar na raiz, reposicioná-lo e procurar imediatamente o cirurgião-dentista.Se ele não consegue reposicionar o dente, deve guardá-lo em um meio apropriado até que sejam realizados os cuidados pelo cirurgião-dentista. Muitos meios de armazenamento têm sido recomendados, incluindo água, vestíbulo bucal, solução salina, leite e meios de cultura celular em coletores especiais. A água é o menos indicado, pois é hipotônica e causa lise celular. A saliva mantém o dente úmido, mas não é ideal em razão da osmolaridade e do pH incompatíveis, bem como da presença de bactérias. O meio mais adequado de armazenagem é a solução salina balanceada de Hanks, que pode ser adquirida comercialmente como parte de um sistema de preservação de dente. Quando o paciente chega ao consultório odontológico, o cirurgião- dentista tem de decidir se o dente é viável. Se ele já foi reimplantado e está em boa posição, deve ser radiografado e esplintado por 7 a 10 dias. Se o dente é levado ao consultório fora de seu alvéolo por um tempo inferior a 20 minutos, deve ser imediatamente lavado em solução salina e reimplantado pelo cirurgião-dentista. Se o dente estiver fora de seu alvéolo por mais de 20 minutos, não deverá ser reimplantado até que seja colocado na solução salina balanceada de Hanks por 30 minutos e depois em doxiciclina (1 mg/20 mL de solução salina) por cinco minutos. Armazenar o dente na solução de Hanks parede reduzir a incidência de anquilose por melhorar a sobrevivência das células periodontais da superfície radicular. A solução também ajuda a remover os resíduos da raiz e a dissolver as bactérias. A doxiciclina ajuda a inibir as bactérias do lúmen pulpar, reduzindo, assim, o maior obstáculo à revascularização. Até mesmo os dentes que foram armazenados na solução salina ou no leite devem passar por esse procedimento antes do reimplante. A estabilização de um dente avulsionado pode ser conseguida utilizando-se uma variedade de materiais, como fios de aço, barras e esplintes. A duração da estabilização deve ser o mais curta possível para o dente ser reinserido, normalmente de 7 a 10 dias. Estudos mostraram que, quanto mais rígida e mais longa for a estabilização, maior será a reabsorção radicular ou seja deve-se optar por utilizar contenção semi-rígida. Na remoção do dispositivo de estabilização, o dente ainda estará móvel. Portanto, é importante que o dispositivo seja removido com muito cuidado e que o paciente seja instruído a evitar mastigar nessa região. Pacientes que não tiveram nenhum reforço da vacina do tétano nos últimos 5 a 10 anos devem ser encaminhados a seu médico para fazê-lo. O uso de antibióticos (p. ex., penicilina) por 7 a 10 dias é recomendado. Andreasen e Hjorting-Hansen listaram cinco fatores que devem ser considerados antes do reimplante de um dente avulsionado: 1. O dente avulsionado não deve ter doença periodontal avançada. 2. O alvéolo dentário deve estar razoavelmente intacto para acomodar o dente avulsionado. 3. Não deve haver nenhuma contraindicação ortodôntica, como apinhamento dentário significativo. 4. O período extra-alveolar deve ser considerado; períodos que excedam duas horas são geralmente associados aos resultados pobres. Se o dente for reimplantado dentro dos primeiros 30 minutos, excelentes resultados podem ser esperados. 5. O estágio do desenvolvimento radicular deve ser avaliado. A sobrevivência da polpa é possível nos dentes com formação radicular incompleta se o reimplante é realizado dentro de duas horas após a lesão. Se o dente a ser reimplantado não estiver favorável ao reimplante, como determinado por esses fatores, o paciente deverá estar ciente de que o prognóstico será ruim. Realizar acompanhamento clínico e radiográfico 3,6, 12 e 24 semanas após o traumatismo. Contraindicações reimplante: o Lesões de cárie extensa; o Fratura radicular já existente anteriormente. o Fratura cominutiva das paredes alveolares. o Dentes decíduos. PERÍODO DE ESTABILIZAÇÃO PARA LESÕES DENTOALVEOLARES FRATURA DO PROCESSO ALVEOLAR Engloba todo o processo alveolar da região afetada. Pode ocorrer em conjunto com outros traumas, porém de modo parcial, onde apenas parte da placa óssea do processo alveolar sofre fratura. A avaliação radiográfica geralmente é difícil, em virtude da combinação de componentes verticais e horizontais. O tratamento desse tipo de lesão, como para qualquer fratura, consiste, primeiramente, em reposicionar o segmento fraturado e, então, estabilizá-lo até que a cicatrização óssea ocorra. Nos dentes cujos ápices radiculares foram expostos pela fratura dentoalveolar, o tratamento endodôntico deve ser realizado dentro de uma a duas semanas para prevenir a reabsorção radicular inflamatória e infecção. O segmento dento-ósseo deve ser estabilizado por aproximadamente quatro semanas para permitir a cicatrização óssea. Muitos métodos podem ser utilizados para estabilizar o segmento. O mais simples é fixar uma barra aos dentes, evolvendo o segmento fraturado e estendendo-a além dele, para mesial e distal. Os dentes imediatamente adjacentes à fratura frequentemente não são unidos à barra com fios de aço, pois assim são passíveis de higiene oral. Não amarrá-los também previne sua mobilização por forças exercidas pelo fio de aço. A utilização de um arco metálico preso por resina composta com ataque ácido, também é aceitável. Um esplinte de resina acrílica autopolimerizável pode ser feito no local ou em modelos obtidos por impressão imediatamente após o reposicionamento do segmento alveolar. O esplinte pode ser fixado aos dentes adjacentes e naqueles compreendidos no segmento fraturado. TRATAMENTO DA POLPA NAS LESÕES DENTOALVEOLARES A polpa dentária pode ser lesionada durante quaisquer lesões dentárias já descritas, como resultado de exposição direta, resposta inflamatória por proximidade à exposição, efeito concussivo ou rompimento da artéria nutriente da polpa. Para todas as lesões descritas, o estado da polpa deve ser averiguado O tratamento endodôntico não deve ser executado no momento do reposicionamento ou do reimplante dentário, pois o tempo extra necessário para executar esse procedimento não se justifica e expõe mais o dente a danos externos. Contudo, em dentes com o forame apical fechado, o tratamento endodôntico deve ser instituído após cerca de duas semanas. O tratamento endodôntico convencional pode ser realizado quando radiografias sucessivas indicam que não há reabsorção radicular. Em dentes com forame apical aberto, o tratamento endodôntico pode ser adiado por várias semanas, até que os exames de controle, incluindo o teste de vitalidade pulpar, determinem sua necessidade. Quando os ápices estão abertos, é esperado que a revascularização do sistema de canais radiculares ocorra. Se a terapia do canal radicular for necessária, os procedimentos de apicificação com o uso de hidróxido de cálcio podem ser utilizados antes do preenchimento do sistema de canais com um material permanente.
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