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Condução de Calor Amanda Razaboni, Caio Morozini, Gustavo Ramos, Rafaele Jéssica, Raphael Lopes – Turma N Fenômenos do Contínuo Experimental – UNIFESP e-mail: amanda.razaboni@unifesp.br; caiomorozini@unifesp.br; gustavo.alberto19@unifesp.br; rafaele.guimaraes@unifesp.br; raphael.lopes@unifesp.br. Resumo. Neste relatório é realizado o estudo da condução de calor em diferentes materiais com diferentes formas geométricas. A condução térmica varia com o material e com a geometria ,neste caso é analisado a taxa de fluxo de calor de cada material e o cálculo da condutividade térmica. Palavras chave: condução de calor, fluxo de calor, condutividade térmica. Introdução Existem três tipos de processos nos quais permitem a transferência de calor dentro de um certo meio: condução, radiação e convecção. Neste experimento, será detalhado apenas a física que descreve transferências por condução. Esse tipo de transferência ocorre através de meios materiais como fluidos e sólidos sem que haja movimento do próprio meio em que se encontra. De acordo com a leis da termodinâmica, dois corpos com diferentes temperaturas tendem a trocar calor entre si seguindo a “direção” do ponto de maior temperatura para a temperatura mais baixa a fim de obter um equilíbrio térmico. Vamos supor um sistema de interfaces onde temos várias placas paralelas entre si compostas por diferentes espessuras e materiais. Se aquecermos com determinada quantidade de calor a primeira placa, estaremos aumentando a diferença de temperatura entre as placas. Como as placas não se encontram mais em equilíbrio térmico, o calor irá fluir para a placa seguinte, que está mais “fria” em relação a primeira. Isso gerará um efeito cascata onde o calor irá se propagar até chegar na placa mais afastada. O fluxo de calor será proporcional a essa diferença de temperatura, ou seja, a placa seguinte irá esquentar mais rapidamente se a primeira estiver com uma temperatura muito maior. Temos que levar em consideração também a espessura das placas, pois o calor terá de “percorrer” esse caminho em determinado tempo, e o tipo de material, visto que materiais diferentes apresentam estruturas diferentes (como por exemplo seu fator de empacotamento atômico). Isto acarretará em uma certa “resistência” à passagem de calor. Assim, temos que: A equação descreve bem a analogia feita anteriormente e com ela podemos tirar algumas conclusões: a constante k representa uma constante chamada condutividade térmica do material que por definição descreve a capacidade do material em conduzir calor; o somatório será determinado pelo número x de interfaces adicionadas ao sistema. É possível perceber também que a distância é inversamente proporcional ao fluxo de calor, ou seja, quanto maior o comprimento, menor será a taxa de transferência de calor. Procedimento Experimental Para realização do experimento, foi utilizado um aparato de condução de calor, constituído por 4 barras de diferentes materiais com 8 termistores conectado a uma fonte DC e também a um conjunto para adquirir a temperatura. Inicialmente, os termistores foram classificados de acordo com a posição, como “perto” e “longe”, e com o material da barra. Para dar início de fato ao experimento, foram colocados isoladores nas barras, o dispositivo foi ligado para aquecer e, a partir de um software, nesse caso o DataStudio, foram gerados gráficos de temperatura versus tempo para cada um dos termistores, a partir dos quais foram coletados dados que auxiliaram nos cálculos para encontrar a taxa de fluxo de calor para cada barra e a velocidade do pulso de calor na barra de alumínio e também na obtenção de outros gráficos. Posteriormente, foi analisado apenas o alumínio, gerando um gráfico de temperatura versus tempo para os termistores T5 e T6 por um período de 30, 40 e 50 segundos, respectivamente, a fim de encontrar sua constante de condução térmica prática. mailto:raphael.lopes@unifesp.br Resultados Inicialmente, foi montada a Tabela 1 a fim de indicar em que material e posição se encontravam os termistores apresentados na Figura 1. Fig.1 : Aparato para medida de condutividade térmica. Tabela 1: Material e posição dos termistores. Termistores Material Posição T1 Bronze (larga) Longe T2 Bronze (larga) Perto T3 Bronze (estreita) Perto T4 Bronze (estreita) Longe T5 Alumínio Longe T6 Alumínio Perto T7 Aço inoxidável Perto T8 Aço inoxidável Longe Depois, plotou-se a Figura 2 que corresponde ao gráfico de temperatura versus tempo para os termistores T1, T4, T5, T8, ou seja, dos sensores “longe”. Fig. 2: Gráfico de temperatura versus tempo para os termistores “longe”. Em seguida, criou-se a Figura 3, um gráfico mostrando os dados dos termistores da barra de bronze larga (T1 e T2) . Fig. 3: Termistores da barra de bronze larga. Através do gráfico anterior, foi possível adquirir o tempo em que cada termistor começou a aumentar a temperatura e calcular a velocidade do pulso de calor na barra de bronze larga. Tais dados foram apresentados na Tabela 2 abaixo: Tabela 2: Tempo de início do aumento da temperatura e velocidade do pulso de calor na barra de bronze larga. Termistor Tempo (s) Velocidade do pulso na barra (mm/s) T1 7,9 5,12 T2 2,41 Em seguida, gerou-se a Figura 4, um gráfico que apresenta a diferença de temperatura (ΔT) entre os termistores perto e longe versus tempo para cada barra. Fig. 4: Gráfico da diferença de temperatura (ΔT) entre os termistores perto e longe versus tempo para cada barra. A partir do gráfico anterior, foi observado que o ΔT tende a um valor de equilíbrio para as diferentes barras. Desse modo, tais valores foram expostos na Tabela 3 abaixo: Tabela 3: Valor de equilíbrio do ΔT para cada barra. Barra Valor de equilíbrio do ΔT (K) Aço inoxidável 7,8 Bronze (largo) 3,67 Bronze (estreito) 3,47 Alumínio 1,61 Posteriormente, sendo k a constante de condutividade térmica, A a área de cada barra, L a distância entre os termistores , Th a temperatura quente e Tc a temperatura fria, calculou-se a taxa de fluxo de calor (H) para cada barra por meio da seguinte fórmula: Os resultados encontrados foram expostos na Tabela 4 abaixo: Tabela 4: Taxa de fluxo de calor de cada barra. Barra Taxa de fluxo de calor (J/s) Aço inoxidável 1,21 Bronze (largo) 4,68 Bronze (estreito) 2,95 Alumínio 2,67 Adiante, foi construída a Figura 4, a qual representa um gráfico da aquisição de temperatura para a barra de alumínio (T6 “perto” e T5 “longe”) versus tempo, por um período de 30, 40 e 50 segundos. Fig. 4: Gráfico de temperatura versus tempo para a barra de alumínio em três períodos diferentes. Por fim, sendo c o calor específico, 𝘱 a densidade, Δx a distância entre T5 e T6, Δt a diferença de fase entre as ondas e Ap e Al as amplitudes das ondas geradas pelos termistores perto e longe, respectivamente, calculou-se a condutividade térmica (k) do alumínio por meio da seguinte fórmula: Os resultados obtidos foram dispostos na tabela 5 abaixo: Tabela 5: Resultados para as amplitudes das ondas geradas pelos termistores perto e longe, diferença de fase entre as ondas e para a constante de condutividade térmica do alumínio. Período(s) Ap Al Δt k(W/k K) 30 0,460 0,085 7,41 78,4 40 0,695 0,215 10,50 75,8 50 0,880 0,340 13,50 72,7 Média Final 74,4 Discussão Após realizar a coleta de dados e analisar os gráficos, foi possível verificar o comportamento dos materiais ao serem aquecidos. Ou seja, analisando os termistores que estavam localizados mais afastados na barra, pode-se concluir que o material considerado melhor condutor no experimento é o alumínio,uma vez que sua temperatura fica mais alta com o tempo. Também foi possível identificar o pior condutor que, no caso, é o aço, ou seja, sua temperatura aumenta menos do que os outros com o passar do tempo. Em relação ao bronze, haviam duas barras dele e, apesar de terem áreas diferentes, sua condutividade teve valores bem aproximados no gráfico, afinal trata-se do mesmo material, contendo a mesma capacidade térmica. Outro dado importante que é possível constatar a partir dos gráficos é a diferença de temperatura entre os termistores “perto” e “longe” de cada barra, podendo assim concluir que o maior ΔT é o do aço inox e que o menor ΔT é o do alumínio. Isso condiz com a condutividade dos mesmos, uma vez que se o material for um bom condutor térmico, a energia térmica fluirá rapidamente através dele atingindo o outro ponto sem grandes perdas para o ambiente, ou seja, a diferença de temperatura entre os pontos será a menor. Analogamente, materiais com baixa condutividade térmica irão apresentar uma diferença de temperatura mais elevada. Ainda sobre a variação de temperatura (ΔT), no gráfico observa-se um pico logo no início, isso ocorre pois ao iniciar o experimento a temperatura em um ponto da barra ainda não percorreu para o outro ponto. Sendo assim, ao começar a transferência de calor o valor do ΔT decresce. Tal comportamento acontece de maneira diferente para cada barra por conta da condutividade, no gráfico pode-se observar que as barras com o mesmo material o ΔT fica praticamente sobreposto enquanto no de alumínio (melhor condutor) o ΔT diminui e no de aço a variação de temperatura mantém em um valor elevado. Vale destacar que também foi calculado o valor da condutividade térmica prático (k) para o alumínio, considerando o calor específico e a densidade do material. O k teórico é igual a 150 W/mK e , no experimento, foi obtido um valor médio de 74,4 W/mK, obtendo uma diferença percentual de 49,6%. Dessa forma, pode-se afirmar que o erro que ocasionou essa diferença relevante entre os valores pode ter sido proveniente da coleta dos valores de Ap e Al, ou seja, das amplitudes das ondas geradas pelos termistores perto e longe, respectivamente. Além disso, o isolamento das barras pode não ter sido efetivo, de modo que, devido a permissividade do ar, o calor se dissipou ao invés de ter permanecido somente na barra. Conclusão Ao estudar a condução de calor em sólidos de diferentes formas geométricas, a prática foi alcançada ao realizar o experimento com barras uniformes do tipo bronze, alumínio e aço inoxidável, assim sendo possível analisar a transferência de calor e suas limitações. Ao verificar os termistores T1 e T2 da barra de bronze larga, foi comprovado que a transferência de calor é sempre da temperatura maior para a menor, e que a área e o comprimento da barra influenciam no tempo que se inicia o aquecimento, e a partir disso foi encontrado o valor de 5,12 mm/s para a velocidade do pulso na barra. Outro dado encontrado é a relação entre a condutividade térmica de cada material com a taxa de fluxo de calor, sendo que quanto maior for k, melhor condutor de calor será o material, que neste caso é o alumínio. Nota-se também que foi comparada a condutividade térmica em duas barras de bronze de áreas diferentes, sendo observado que a taxa de transferência de calor é proporcional a área. Devido a possíveis erros na coleta das variáveis utilizadas para o cálculo do k teórico, além de fatores como o isolamento da barra e a permissividade do ar, o resultado final encontrado do k teórico não condiz com o real valor esperado, mas mesmo assim, vale destacar o sucesso na realização do experimento, sendo comprovado como a condução de calor afeta diferentes materiais. Referências [1] NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de física básica: “Fluidos, Oscilações e ondas, Calor” São Paulo: E. Blücher, 2002. [2] Young, Hugh D. Física 11, Sears e Zemansky: “Termodinâmica e ondas” Hugh D. Young, Reger A. Freedman; colaborador A. Lewis Ford; tradução Daniel Vieira; revisão técnica Adir Moysés Luiz. - 14. ed. - São Paulo. [3] HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. “Fundamentos de física” 10. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, c2016 vol 2.