Prévia do material em texto
Máquina Térmica Amanda Razaboni, Caio Morozini, Gustavo Ramos, Rafaele Jéssica, Raphael Lopes – Turma N Fenômenos do Contínuo Experimental – UNIFESP e-mail: amanda.razaboni@unifesp.br; caiomorozini@unifesp.br; gustavo.alberto19@unifesp.br; rafaele.guimaraes@unifesp.br; raphael.lopes@unifesp.br. Resumo. Neste relatório é realizado o estudo das máquinas térmicas reais. Elas são capazes de converter calor em trabalho, e neste caso é feito em um ciclo de quatro estágios de expansão e compressão, além de verificar seu rendimento, já que nem todo calor é transformado em trabalho. Palavras chave: trabalho, calor, expansão, compressão. Introdução Historicamente, a ciência de toda a termodinâmica começou com uma análise, pelo grande engenheiro Sadi Carnot, do problema de como construir a melhor e mais eficiente máquina térmica. Tal experimento foi desenvolvido antes mesmo de se conhecer a estrutura da matéria, todavia Carnot observou de forma consistente o comportamento dos dados obtidos. As máquinas térmicas são dispositivos capazes de converter energia térmica em energia mecânica, ou seja, retiram energia do ambiente em forma de calor e realizam trabalho. Toda máquina térmica utiliza uma substância de trabalho de modo que tanto a energia interna, quanto o trabalho, dependem da quantidade de energia na forma de calor que foi transferida à substância. Para que uma máquina térmica realize trabalho de forma contínua, a substância de trabalho deve operar em um ciclo. Isso se dá pois a variação de energia interna é constante independente do processo termodinâmico porém quando estamos trabalhando em um processo cíclico, o sistema irá retornar ao ponto inicial seguindo ou não um caminho diferente e consequentemente resultando em uma variação interna igual a 0. A quantidade de trabalho que o sistema realizará se dará pela área abaixo da curva no gráfico Pressão x Volume ou PV. É interessante notar que se estamos trabalhando com um processo em que damos há troca de calor e realização de trabalho, em algum momento teremos um saldo positivo ou negativo dependendo da área que os processos geram. Carnot, ao analisar o rendimento da máquina térmica mais eficiente, ou seja, a conversão de energia térmica em trabalho mecânico seria máxima. O ciclo de carnot apresenta quatro etapas sendo elas duas em que não há troca de calor e duas em que a temperatura não varia de forma que ambas as transformações fossem muito rápidas obtendo a seguinte relação: Rendimento = 1 - Qq / Qf Onde Qq é o calor quente absorvido e Qf o calor frio resultante da transferência de calor convertido em trabalho mecânico ou dissipado. Calculando o rendimento para qualquer valor de Qq e Qf diferente de 0, o mesmo sempre resulta em um valor abaixo de 100%. Quando trabalhamos com máquinas térmicas devemos levar em consideração seu rendimento, visto que as melhores máquinas atingem um rendimento de abaixo de 50%. Procedimento Experimental Nesse experimento, utilizou-se uma máquina térmica (pistão) em conjunto com 2 sensores, sendo um pressão e outro de rotação, 2 massas de aproximadamente 50g, um cilindro de alumínio e água em diferentes temperaturas. A fim de gerar o gráfico Pressão x Volume, posicionou-se o êmbolo do pistão na altura de 50mm e a cada vez que a temperatura da água estabilizava- se era realizado uma das etapas a seguir: Primeiramente, colocou-se o cilindro em água fria. Depois, foi adicionada uma massa sobre o pistão. Posteriormente, colocou-se o cilindro na água quente. Em seguida, foi retirada a massa do pistão. Por fim, o cilindro foi retornado para a água fria. Através de um software, nesse caso o DataStudio, o gráfico foi plotado e a partir da leitura das suas curvas, foi possível classificar o tipo de processo ocorrido em cada fase de transição. Além disso, obteve-se os valores das grandezas físicas de temperatura, pressão e volume em cada ponto e pode- se realizar o cálculo do trabalho realizado pelo pistão e o rendimento da máquina térmica. Resultados Inicialmente, a partir do DataStudio, foi gerado um gráfico de pressão versus volume, e outro de pressão versus temperatura, exibidos na Figura 1 e na Figura 2, respectivamente. Fig.1 : Gráfico de pressão versus volume. Fig.2 : Gráfico de pressão versus temperatura. Depois, foi montada a Tabela 1 a fim de apresentar os dados que foram observados nos gráficos. Tabela 1: Observação e classificação de cada fase de transição. Transição Observação Classificação A → B Pistão abaixou, causando um aumento de pressão Isocórico e Isotérmico B → C Pistão subiu, causando um aumento do volume Isobárico C → D Pistão subiu, causando uma diminuição de pressão Isocórico e Isotérmico D → A Pistão abaixou, causando uma diminuição do volume Isobárico Além disso, os valores de temperatura, volume e pressão em cada ponto retirados dos gráficos foram expostos na Tabela 2. Tabela 2: Temperatura, volume e pressão nos pontos A, B, C e D. Ponto T [ᵒC] Volume [m³] Pressão [Pa] A 2,7 4,8x10-7 ±0,32x10-7 96x10-3 ± 0,5 B 2,7 4,76x10-7 ±0,32x10-7 97x10- 3± 0,5 C 83 5,12x10-7±0,32x10-7 97x10- 3± 0,5 D 83 5,14x10-7±0,32x10-7 96x10-3 ± 0,5 Em seguida, calculou-se o trabalho total (Wt) realizado pelo pistão através da fórmula: De forma que, Wt = Wbc - Wda (área sobre a curva) = 3,492x10^-6 - (- 3,264x10^-6) = 6,759x10^-6 J (±24,76). Posteriormente, foi calculado o rendimento da máquina térmica (n) por meio da seguinte fórmula: . Sabendo que, , que o calor específico do ar a pressão constante (c) é de 1012 J/kg.K e que a massa de ar (m) é dada através do produto da densidade pelo volume total ( tubo de alumínio + cano de plástico + cilindro graduado), temos que, = 1,204 * 15,346x10^-6 * 1012 *80,3 = 1,50 J. Logo, = 6,759x10^-6 / 1,50 = 4,504x10^-6 (±16.51). Portanto, o rendimento da máquina é igual a 0,0046 %. Discussão Ao realizar a coleta de dados, foi possível visualmente perceber os tipos de transição de acordo com o pistão, ou seja, na prática pode-se notar o pistão subindo ou descendo de acordo com a alteração da pressão e volume do sistema. Ao gerar o gráfico, nota-se a formação de um ciclo fechado, isto é, o gráfico retorna ao seu estado inicial passando por etapas intermediárias em um certo intervalo de tempo que, em que alguns momentos, a pressão é constante e ocorre variação da temperatura, enquanto em outros pontos a temperatura se mantém constante enquanto varia a pressão. Com esses dados, foi possível calcular o trabalho total realizado neste ciclo, obtendo um valor positivo, ou seja, há energia sendo acrescentada ao sistema que faz o pistão movimentar-se, sendo assim é condizente com a prática que foi realizada. Posteriormente, foi possível realizar o cálculo do rendimento que, por sua vez, foi obtido um percentual muito baixo. Como trata-se de uma máquina real e não uma ideal, parte da energia em forma de calor é dissipada e não transformada em trabalho. Isso ocorre até mesmo no ciclo de Carnot ou no de Otto, por exemplo, em que apesar de encontrar um bom rendimento, não é possível alcançar uma eficiência de 100%, uma vez que, de acordo com a segunda lei da termodinâmica, nenhuma máquina térmica converte todo calor em trabalho, parte dele sai pela fonte quente em forma de trabalho enquanto a outra parte é dissipada para a fonte fria.Conclusão Portanto, o objetivo da prática foi alcançado. Entretanto, para isso ocorrer e também para reduzir ao máximo as margens de erros dos resultados e obter gráficos semelhantes ao esperado, observou-se que é necessário verificar se a válvula por onde sai o ar está aberta antes de iniciar o experimento, além de ter muita atenção e cuidado durante todo procedimento da prática, a fim de não alterar a ordem das etapas e também para não causar acidentes, como, por exemplo, queimaduras. O resultado para trabalho realizado pelo pistão foi de 6,759x10^-6 J, um valor positivo, desse modo, pode-se dizer que o trabalho foi realizado pelo gás e não sobre o gás. Além disso, o resultado encontrado para o rendimento da máquina térmica foi de 0,0046 %, um valor extremamente pequeno, dessa forma, pode-se dizer que a eficiência da máquina é ruim, mas foi possível observar a segunda lei da termodinâmica em prática, uma vez que foi perceptível que em máquinas térmicas reais parte da energia em forma de calor é dissipada em outras formas de energia e não se transforma totalmente em trabalho, sendo sempre inferior a 100%. Referências [1] Young, Hugh D. Física 11, Sears e Zemansky: “Termodinâmica e ondas” Hugh D. Young, Reger A. Freedman; colaborador A. Lewis Ford; tradução Daniel Vieira; revisão técnica Adir Moysés Luiz. - 14. ed. - São Paulo. [2] HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. “Fundamentos de física” 10. ed. Rio de Janeiro, RJ: LTC, c2016 vol 2.