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INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS MÚLTIPLAS EM 
SALA DE ENSINO REGULAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AULA: LOIANA MARIA CARREIRA PASSONI 
 
 E-MAIL DO PROFESSOR: Oliveira.gilbertoabreu@gmail.com 
 
 
 
ORIENTADOR DO ARTIGO CIENTÍFICO – GILBERTO ABREU DE 
OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
mailto:Oliveira.gilbertoabreu@gmail.com
 
RESUMO- 
 
Quando falamos sobre Deficiências Múltiplas (DM) precisamos ter em mente que se trata de duas 
ou mais deficiências simultaneamente, ou seja, há uma necessidade que o individuo possua deficiência 
intelectual e física. 
A história registra diferentes formas de ver o indivíduo com deficiência, passando pelo abandono, 
extermínio, superproteção, segregação, integração e atualmente o processo de inclusão. 
Esse estudo é baseado em referências bibliográficas e com a mesma, salienta-se, entre outros 
aspectos, a multiplicidade de fatores que podem contribuir para a ocorrência da deficiência múltipla, 
bem como, pontuar o quem vem a serem a mesma e suas possíveis causas, o papel da escola, docente 
e família no processo de inclusão. 
Esse trabalho inicia-se com o conceito do que são as deficiências múltiplas e intelectuais. Na 
sequência abordaremos o assunto de como ocorre o processo de inclusão, bem como a lei que garanta 
a acessibilidade e a inclusão de alunos com múltiplas deficiências. 
 
PALAVRA CHAVE – Deficiência Múltipla; Educação Especial; Inclusão. 
INTRODUÇÃO 
Estamos vivendo em uma época em que todos os ambientes devem trabalhar com a inclusão, 
principalmente no ambiente escolar, pois é no mesmo, que o indivíduo é preparado para viver em 
sociedade. Hoje no Brasil somos mais de duzentos milhões de pessoas, com isso, muitas vezes não nos 
damos conta da porcentagem de pessoas que apresentam uma ou mais deficiência. 
Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 
6,2% da população, ou seja, cerca de 12 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, seja ela 
auditiva, visual, física, intelectual ou múltipla, fazendo com que muitas vezes, essas pessoas passem 
despercebidas e a sociedade falhe na oferta de serviços qualificados e de condições físicas e 
arquitetônicas para maior autônima dos deficientes. 
De acordo com os dados mais recentes foram matriculados 621.086 alunos considerados público-
alvo da Educação Especial, sendo 179.235 matriculados em escolas ou classes especiais e 441.851 em 
classes regulares (BRASIL, 2012). 
Em se tratando de inclusão escolar, percebemos o tamanho da dificuldade que as escolas têm 
para que aja uma inclusão de qualidade em relação a algumas crianças, principalmente quando essa 
apresenta uma ou mais deficiência. 
Espera-se que o educador, de um modo geral, tenha conhecimentos adequados sobre o que 
pretende ensinar, que disponha das habilidades necessárias à organização e à transmissão do saber 
escolar aos seus alunos; que reconheça as metas educacionais; as relações estabelecidas no âmbito da 
escola e dessa com a sociedade, de modo a favorecer o exercício de seu papel. Espera-se, diante disto, 
que a escola seja inclusiva. 
A educação de alunos com múltipla deficiência no ensino regular tem deixado, no Brasil, uma 
grande lacuna com a falta de preparo a escola não consegue fazer que o processo de aprendizagem se 
torne eficiente, fazendo com que gere conflitos em sala de aula e até mesmo, que gere resultados 
ineficientes tanto para o aluno quanto para a instituição escolar. 
http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?pns/pnsg.def
 
 
1- BREVE CONCEITO DE DEFICIÊNCIA MÚLTIPLA (DM), DEFICIÊNCIA 
INTELECTUAL (DI) 
 
No Brasil, assim como no restante do mundo, ainda é muito escasso os estudos que buscam 
definir e compreender melhor o que seja a deficiência múltipla, pois, como Teixeira (2009, p.13) 
afirma, “a deficiência múltipla é um termo muito controverso e aparentemente pouco discutido no 
cenário nacional e internacional”. 
Percebemos o quanto é necessário um entendimento por uma definição do que realmente é a 
deficiência múltipla, mas essa se encontra em confronto com sua complexidade que a própria 
nomenclatura representa e o seu nível de estudo que se é escasso. 
Pesquisas como de Dugnani e Bravo (2009, p.25) puderam verificar que as pessoas com DM não 
são alvos de pesquisas e preocupações da comunidade científica e ainda completam: 
Neste cenário escasso de produção e conhecimento, surge a necessidade de 
mudanças e transformações que possam conduzir para o aprimoramento de 
profissionais em busca do desenvolvimento educacional do deficiente 
múltiplo. Evidencia-se desta maneira, a carência de estudos envolvendo a 
“deficiência múltipla” bem como a necessidade de realização de novos 
estudos enfatizando principalmente a área educacional. 
 
Por isso até hoje ainda a definição do que realmente é a deficiência múltipla não é totalmente 
formada como podemos constatar a seguir pelos decretos, pelo PNEE entre outros. 
O Decreto de n° 3298 de 20 de dezembro de 1999, em seu artigo 3° parágrafo I, considera a 
Deficiência múltipla: 
...Deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função 
psicológica, fisiológica ou anatômica que fere incapacidade para o 
desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser 
humano. (DECRETO n° 3298 de 20 de dezembro de 1999) 
 
De acordo com Política Nacional de Educação Especial (PNEE) a deficiência múltipla é uma 
“associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiência primárias (mental, visual, auditiva e 
física) com comprometimento que acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade 
adaptativa” (MEC,1994). 
Já o programa TECNEP (2008) afirma que deficiência múltipla: “É a deficiência auditiva ou a 
deficiência visual associada a outras deficiências (mental e/ou física), como também a distúrbios 
neurológicos, emocionais, linguagem e desenvolvimento educacional, vocacional, social e emocional, 
dificultando a sua autossuficiência”. 
Outra definição que o estudo encontrou é de que a DM é uma condição que acarreta atrasos no 
desenvolvimento global e na capacidade adaptativa do indivíduo em maior ou menor intensidade. Um 
exemplo são pessoas que são deficientes físicas e também intelectuais. 
 
Assim sendo podemos dizer que possui DM a pessoa que apresenta duas ou mais deficiências de 
base associadas, com possibilidade ampla de combinações, exemplos: 
• Deficiência intelectual associada à deficiência física; 
• Deficiência visual associada à paralisia cerebral; 
• Deficiência auditiva associada à deficiência intelectual e a deficiência física. 
Em se tratando do decreto a Lei de nº 5.296 de dois de dezembro de 2004 estabelece como 
deficiência: 
I - pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas o desempenho de atividade e se 
enquadra nas seguintes categorias: 
• Deficiência Física – completa ou parcial; 
• Deficiência Auditiva – completa ou parcial; 
• Deficiência Mental – funcionamento intelectual significativamente inferior a média; 
• Deficiência Múltipla – associação de duas ou mais deficiência. 
Para definição de Deficiência Intelectual (DI) podemos dizer que é um 
funcionamento cognitivo abaixo do esperado pela média ou pelo que é considerado 
normal. Pessoas que DI geralmente apresentam dificuldades para resolver problemas, 
compreender regras, realizar atividades, compreender ideias abstratas, estabelecer 
relações sociais e muitas vezes não conseguem realizar funções cotidianas como o 
autocuidado. 
2- POSSÍVEIS CAUSAS DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E DEFICIÊNCIA 
MÚLTIPLA. 
Hoje sabemos que são inúmeras causas e fatores que podem levar a ocorrência 
da deficiência intelectual e múltipla, mas mesmo com todos os recursos tecnológicos 
e os avanços científicos, ainda não se dá para ter com total clareza do por que se 
ocorrem as deficiências. 
Porém se sabe que alguns fatores levam a maior incidência de deficiência 
intelectualcomo: 
• Antes do primeiro mês de nascimento: Desnutrição materna, doenças 
infecciosas como a sífilis, rubéola e toxoplasmose, falta de assistência durante 
a gestação, uso indevido de medicações, condições genéticas, trabalho de 
 
parto prematuro, má assistência de parto (o que poderá acarretar a falta de 
oxigenação cerebral), baixo peso, icterícia grave do recém-nascido. 
• Após os primeiros trinta dias de vida: desidratação grave, carência de 
estimulação global, algumas infecções, (sarampo, meningoencefalites), 
intoxicações exógenas (envenenamento), acidentes (trânsito, afogamento, 
etc.) 
Já para as deficiências múltiplas podemos citar como possíveis causas: 
• Hipotireoidismo - Associado à lesão cerebral, deficiência mental, se não 
tratado a tempo, 
• Síndrome de Rett - Associada à deficiência mental, alterações neurológicas e 
motoras, 
• Toxoplasmose - Associada à hidrocefalia, deficiência motora e orgânica, 
• Rubéola congênita - Associada à deficiência visual, auditiva e microcefalia, 
entre outras, 
• Síndrome de Usher - Associada à perda auditiva estável e visual progressiva, 
• Síndrome de Alstrom - Associada à perda visual precoce e auditiva 
progressiva, 
• Síndrome de Bardel-Biedl - Associada à perda visual progressiva, deficiência 
mental, perda auditiva, 
• Síndrome de Cockayne - Associada à perda progressiva visual e auditiva, 
deficiência mental, transtornos neurológicos, 
• Síndrome de Hallgren - Associada à perda visual e auditiva, deficiência mental, 
psicose, 
• Síndrome de Kearns-Sayre - Associada à perda visual progressiva e auditiva, 
deficiência mental, 
• Enfermidade de Refsum - Associada à perda visual e auditiva progressiva, 
deficiência física progressiva. 
Quadro 1 – Condições e possibilidades de associações em quadros de 
deficiência múltipla: 
CONDIÇÕES POSSIBILIDADES ASSOCIADAS 
 
Física e Psíquica Deficiência física associada à deficiência intelectual; 
 
Deficiência física associada a transtornos mentais 
Sensorial Psíquica Deficiência auditiva ou surdez associada à deficiência intelectual; 
 
Deficiência visual ou cegueira associada à deficiência intelectual 
 
Deficiência auditiva ou surdez associada a transtornos mentais. 
Sensorial e Física Deficiência auditiva ou surdez associada à deficiência física; 
 
Deficiência visual ou cegueira associada à deficiência física. 
Física, 
Psíquica e 
Sensorial Deficiência física associada à visual ou cegueira e à deficiência intelectual; 
 
Deficiência física associada à ou surdez e à deficiência intelectual; 
 
Deficiência física associada à visual ou cegueira e à auditiva ou surdez. 
Fonte: Brasil (1995), Oliveira et al. (2007) 
 
3- DIREITOS CONQUISTADOS 
 
Em 1948 surge a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o que pode ser considerado assim 
como a primeira forma de lei que garante direitos a pessoa com Deficiência. 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 1° define: 
Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotadas 
de razão e consciência e devem agir em relação umas as outras com espírito 
de fraternidade. 
Segundo Carvalho (2000) somente em 1980 o Ministério da Educação inseriu a deficiência múltipla 
em documentos técnicos, apontando possibilidades de captação de recursos para o atendimento de 
pessoas portadoras de deficiências múltiplas, assim como ocorria para as demais categorias de 
necessidades especiais. No entanto, este mesmo tratamento previsto nos documentos, acabava por 
não se concretizar de fato. 
A questão principal não era tanto de incentivo ou de políticas educacionais, 
mas de credibilidade. Achava-se que essas pessoas não tinham acesso ao 
saber, em face de suas múltiplas e severas limitações. Além da atenção 
médica, prevalecia a convicção de que estavam aquém dos objetivos 
educacionais. (CARVALHO, 2000, p. 33). 
 
A Legislação Federal em 1988 em seu artigo 205 já definia a educação como um direito de todos, 
o que garantia a igualdade de condições e acesso permanente nas escolas, bem como acrescentava 
 
que era dever do Estado oferecer o atendimento educacional especializado (AEE) preferencialmente 
na rede regular de ensino. 
Na cidade de Salamanca (1994) na Espanha acorreu uma Conferência Mundial sobre as 
necessidades educativas especiais com o objetivo de promover a educação para todos. Assim, como 
seu próprio texto afirma : 
a conferência de Salamanca proporcionou uma oportunidade única de colocação da 
educação especial dentro da estrutura de “educação para todos” firmada em 1990 
(...) Ela promoveu uma plataforma que afirma o princípio e a discussão da prática de 
garantia de inclusão das crianças com necessidades educacionais especiais nestas 
iniciativas e a tomada de seus lugares de direito numa sociedade de aprendizagem. 
((UNESCO/Ministry of Education and Science – Spain, 1994, p.15) 
 
A Declaração de Salamanca assim como a Convenção sobre os Direitos da Criança são considerada 
mundialmente um dos mais importantes documentos que visam à inclusão social. Um dos princípios 
fundamentais da Declaração de Salamanca é do que se trata a escola inclusiva: “O princípio 
fundamental da escola inclusiva é o de que todas as crianças deveriam aprender juntas, 
independentemente de quaisquer dificuldades ou diferenças que possam ter.” (...) (p. 61). 
Já no ano de 1996 com a Convenção de Guatemala, criou-se o princípio da não discriminação onde 
todos deveriam ser tratados igualmente sem distinção. Com isso foi necessário oferecer recursos, 
metodologias ou tratamento diferenciado visando proporcionar condições adequadas, a indicação é 
que sejam mobilizados todos os investimentos que assegurem a equiparação de oportunidades. Esta 
não é uma ação discriminatória; ao contrário, ela visa promover o acesso, fazendo um movimento de 
inclusão fundamentado no princípio da diversidade, para o qual a diferença é uma realidade, não um 
problema. A Convenção vigora no Brasil desde setembro de 2001, quando foi aprovado pelo Senado 
com o Decreto legislativo nº 198. 
Em 1996, a Lei de n° 9.394 da Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) definiu que a 
educação especial assegure o atendimento aos educandos com necessidades especiais e estabelece 
critérios de caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação 
exclusiva em educação especial para fins de apoio técnico. 
Muitas leis foram criadas durante essas ultimas décadas e uma delas é a Lei nº 13.146, de seis de 
Julho de 2015. Lei esta que Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto 
da Pessoa com Deficiência). 
A legislação que atualmente regulamenta a educação em nosso país (Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional – LDB 9394/96), em consonância com a Constituição Federal de 1988, assegura a 
Educação Especial como modalidade de ensino oferecida, de preferência, na rede regular. 
 
4- INCLUSÃO ESCOLAR 
A inclusão escolar do deficiente múltiplo na maioria das vezes, é percebido como o educando com 
necessidades educacionais “mais acentuadas”, é de fato bastante recente na educação brasileira 
(MEC, 2002). 
https://diversa.org.br/educacao-inclusiva/como-transformar-escola-redes-ensino/temas-transversais/atendimento-educacional-especializado-aee/
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decleg/2001/decretolegislativo-198-13-junho-2001-337086-norma-pl.html
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/205855325/lei-13146-15
 
Desde o início do processo de inclusão escolar, muito se tem questionado sobre como promover 
a inclusão escolar, de modo a assegurar a permanência ao acesso da educação de todos os estudantes 
envolvidos. Ter um diagnóstico de deficiência intelectual e deficiência múltipla não é simples, pois, 
envolve inúmeros fatores sejam eles emocionais, dificuldades específicas de linguagens ou dislexia, 
psicoses ou baixo nível sócio econômico ou cultural podem estar na baseda impossibilidade do 
ajustamento social adaptativo adequado. 
Sabemos que a Deficiência Múltipla é uma das deficiências que mais limita a inclusão e a 
aprendizagem do aluno pelo fato de abranger duas ou mais deficiência, e como já citado acima, alunos 
com deficiência seja ela intelectual, mental, física, auditiva, visual e múltipla devem ter acesso à 
inclusão escolar, preferencialmente em salas regulares e com recursos diferenciados. 
Mas para que o professor e a escola consigam realizar um bom atendimento educacional a família 
é de suma importância, pois ela traz informações importantes para que a escola consiga atender da 
melhor forma possível esse aluno. 
O eixo teórico metodológico da abordagem sociológica em educação é explicitado por Becker: 
“quando você pensa na sociedade como ação coletiva sabe que qualquer conversa sobre estruturas 
ou fatores acaba por se referir a alguma noção de pessoas que fazem coisas juntas, que é o que a 
sociologia estuda.” (Becker, 1977, p.10). 
O processo de inclusão escolar tem na Lei a garantia de abranger todos os alunos, porém ainda 
há muitos desafios para que esse processo ocorra de tal modo que possa criar práticas inclusivas e não 
exclusivas. 
O artigo 58 da LDB é dedicado ao tratamento das questões relacionadas à Educação Especial; nele 
é apontada uma nova concepção de Educação Especial atrelada à questão da inclusão, e de acordo 
com a mesma, apresenta-se a fundamentação para o Atendimento Educacional Especializado (AEE) 
conforme reproduzido abaixo: 
§2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou 
serviços especializados, sempre que, em função das condições 
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes 
comuns de ensino regular (LDBN 9394/96). 
Para Vygotsky, a transformação dos processos mentais elementares em funções superiores ocorre por 
meio das atividades mediadas e por meio das ferramentas psicológicas, o que implica, para esse autor, 
que a formação da subjetividade individual decorre do relacionamento com os outros. 
Todavia, para que haja um trabalho eficiente com a criança com DM, o professor deve mediar às 
relações na intervenção, acolher as necessidades, prioridades, interesses e desejos da criança, 
contando com as possibilidades reais, bem como os potenciais e as necessidades do aluno. A escola 
deve adaptar o currículo de acordo com a necessidade e prioridades do aluno com deficiência. 
A escola ainda não está preparada para receber alunos, segundo GOMES (2007, p.10) “a 
deficiência mental constitui um impasse para o ensino na escola comum e para a definição do 
Atendimento Educacional Especializado, pela complexidade de seu conceito e pela grande quantidade 
e variedades de abordagens do mesmo”. 
Entre todas as deficiências as crianças com a múltipla são as que mais sofrem, por causa das sequelas, 
sejam elas causas biológicas ou por negligencias durante o parto, pois geralmente vem acompanhado 
de “deformações físicas”, o que gera por muitas vezes preconceito. 
 
Outro ponto que demonstra grande dificuldade é em relação ao professor que consideram que 
atividades de socialização, autonomia, higiene pessoal não fazem parte do currículo escolar. Isso não 
só demonstra que o professor não reconhece a existência das Adaptações Curriculares, quanto ainda 
não se sentem preparados para receber alunos que tenham deficiências sejam elas intelectuais ou 
múltiplas. 
 
 
 
 
5- CONCLUSÃO 
 
Por fim, esse estudo bibliográfico constatou-se a grande dificuldade por partes dos professores 
de como agir com os alunos com deficiência intelectuais e múltiplos, causando angústia e sofrimento 
tanto para quem leciona quanto para o aluno. 
Para que haja uma verdadeira inclusão no âmbito escolar é necessário que todos os envolvidos 
no processo de interação e participação social, interaja e desenvolva as habilidades, respeitando assim 
as dificuldades da criança com deficiência múltipla. 
Por isso é importante dizer que a inclusão não é meramente oferecer acesso ao aluno com 
deficiência e outras condições atípicas na escola, pois para que aja uma inclusão é necessário garantir-
lhes o direito de participar ativamente das atividades educacionais. Com isso, é necessário que se 
desenvolva a partir de propostas que levem a uma real aprendizagem e que leve em consideração as 
suas especificidades. 
A Deficiência Intelectual e a Múltipla exigem recursos e adaptações, não somente das escolas 
como também dos professores, exigindo-se especialização por parte dos mesmos. 
A inclusão não pode ser simplesmente colocar o aluno dentro de uma sala de aula regular e achar 
que ele está incluído, a inclusão é muito mais complexa. Carvalho (2005, p.160) destaca que o 
professor deve ter “o espírito de pesquisadores para observar atentamente e registrar todos os 
detalhes das necessidades do aluno [...] para fazer da nossa prática o celeiro de novas teorias ou de 
reforço das existentes”. 
Portanto, para que ocorra um processo de inclusão escolar, não somente o social é necessário 
que todos os indivíduos criem condições pedagógicas de ensino que sejam eficazes e que contribuam 
para uma melhor formação do aluno com deficiência múltipla e deficiência intelectual. 
 
 
 
6- REFERÊNCIAS 
 
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