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ALUNO: Edson Fogaça RA: 201710443 CONDUTAS NA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS. INTRODUÇÃO: A prescrição é um documento com todas as condutas que o médico veterinário deve passar para o paciente, na medicina veterinária será o tutor ou profissional que administrara o medicamento no paciente. A prescrição médica deve conter elementos mínimos necessários para uma adequada assistência ao paciente, assegurando uma eficiente transmissão das orientações. No Brasil, anualmente, milhões de prescrições não cumprem os elementos legais necessários para uma adequada dispensação e administração (MIASSO et al., 2009). Na prescrição médica é registrado os medicamentos e a condutada do tratamento, com o carimbo, assinatura e CRMV do médico veterinário, este documento irá guiar todo o cuidado com o paciente. Essa ferramenta vai servir tanto para os outros profissionais e o tutor do paciente há executar as condutas previamente escritas, que sucederem no cuidado com o paciente. Deste modo, a ficha facilita a sistematização do raciocínio, diminuindo a chance de esquecimentos dos itens e simplificando o trabalho. A segurança é um componente-chave de um sistema de qualidade dentro de qualquer etapa do cuidado ao paciente, e depende da interação de vários componentes e do cumprimento de boas práticas para prevenção de erros (P-SPPH/SAFE, 2006). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o termo “segurança do paciente” consiste em reduzir o risco de dano evitável proveniente do cuidado à saúde a um mínimo aceitável (BRASIL, 2014). A PRESCRIÇÃO NA SEGURANÇA DO PACIENTE: A omissão de dados, informações incompletas ou erradas na prescrição aumentam os riscos de desencadear erros. Sendo assim, uma prescrição completa contém: nome e dados específicos do paciente, nome do medicamento, dosagem, forma farmacêutica, quantidade a ser dispensada, instruções completas para o uso (via de administração, dose, posologia e precauções, quando houver e, velocidade de infusão para soluções intravenosas), motivo da prescrição e duração do tratamento (NÉRI, 2004). A presença de todos os elementos na prescrição garante uma correta interpretação das informações e devem estar contidos de forma clara e objetiva, de modo a não favorecer confusão e livre interpretação (BRASIL, 2013b) O uso racional de medicamentos é uma das principais medidas de segurança do paciente que são amplamente discutidas no Brasil. Nesta discussão tem destaque as ações voltadas para prevenir e minimizar os erros associados ao uso de medicamentos, e em especial os potencialmente perigosos ou de alta vigilância. O uso de medicamentos, propriamente dito, envolve em torno de cinco etapas, sendo todas passíveis de erros: prescrição, verificação, preparação/dispensação, administração e monitoramento. A prescrição representa o primeiro passo desse processo, e abriga grandes desafios, principalmente em relação à seleção da medicação e a representação e transmissão das informações. As medidas de segurança no uso de medicamentos devem envolver todas as pessoas que participam desse processo complexo, como os prescritores, dispensadores, administradores dos medicamentos e os pacientes e/ou seus cuidadores. Os principais pontos a serem observados como medidas de segurança são: • Padronização dos processos de trabalho nos serviços das clinicas veterinárias com atribuições de competências e responsabilidades; • Divulgação entre profissionais das fontes e do acesso às informações sobre os medicamentos. É necessário não confiar apenas na memória visto que, atualmente, existem sistemas informatizados nos programas de prescrição eletrônica que auxiliam com informações sobre a apresentação do medicamento, concentrações, doses para as diversas faixas etárias, efeitos colaterais e interações medicamentosas. Há também disponíveis aplicativos para celulares ou tablets com a mesma finalidade. Alcançar a prescrição segura é um desafio muito grande para os cuidados de saúde, e, em função disso, as medidas de segurança para minimizar os erros organizacionais e humanos devem ser implantadas e revisadas continuamente nos serviços de saúde. PRESCRIÇÃO ESCRITA À MÃO, IMPRESSA OU ELETRÔNICA: A proposta terapêutica tem como destino final o paciente. Mas é necessário considerar que a prescrição do plano terapêutico tem que ser entregue ao cuidador do paciente, sendo que, os animais não apresentam condições de autocuidado. A prescrição pode ser feita a mão, impressa ou virtual. Quando realizada a mão, o custo financeiro é mínimo, mas um dos principais problemas é a incapacidade de entendimento da grafia e a abreviatura de palavras que possibilita erros no uso dos medicamentos. Para prescrição de medicamentos que são prescritos frequentemente, a mesma pode ser digitada no computador e impressa em impressoras ou em gráficas. A prescrição realizada deve basear-se em conhecimentos sobre a doença e o paciente. Sobre a doença é preciso considerar a certeza do diagnóstico, quais as possíveis evoluções e suas implicações na vida do paciente e as possibilidades terapêuticas disponíveis de acordo com a realidade de cada paciente. Sobre o paciente é necessário entender a sua condição social do tutor; consequentemente seu poder aquisitivo que determinará a escolha do tratamento medicamentoso e do não medicamentoso. ELABORANDO A PRESCRIÇÃO: Na prescrição devem constar, de forma objetiva, legível e dentro dos padrões definidos pelos órgãos reguladores, todas as orientações sobre o tratamento medicamentoso e/ou não medicamentoso a ser seguido pelo paciente. A prescrição realizada deve basear-se em conhecimentos sobre a doença e o paciente. Sobre a doença é preciso considerar a certeza do diagnóstico, quais as possíveis evoluções e suas implicações na vida do paciente e as possibilidades terapêuticas disponíveis de acordo com a realidade de cada paciente/tutor. Uma receita possui um padrão estrutural que facilita o entendimento dos que a utilizarão. O primeiro item da prescrição é a identificação completa do paciente. Se o paciente está internado, em observação ou se é para tratamento em casa, a raça do animal, sexo e idade. A prescrição no receituário deverá ser legível e ausência de rasuras e emendas; ter a Identificação do paciente; Identificação do medicamento, concentração, dosagem, forma farmacêutica e quantidade; Modo de usar ou posologia; Duração do tratamento; Local e data da emissão; e Assinatura e identificação do prescritor com o número de registro no respectivo conselho profissional. A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere seis etapas para o processo de prescrição racional de medicamentos. Como 1ª etapa, é preciso que o profissional colete as informações do paciente e investigue e interprete seus sinais e sintomas, para definir o problema e realizar um diagnóstico. A partir do diagnóstico, o prescritor deve especificar os objetivos terapêuticos (2ª etapa) e selecionar o tratamento (3ª etapa) que considera mais eficaz e seguro para aquele paciente. Vários fatores, relacionados à paciente, profissional de saúde, processo e ambiente de trabalho, podem influenciar o ato prescritivo. O ato da prescrição pode conter medidas medicamentosas e/ou medidas não medicamentosas (4ª etapa). Muitas vezes, estas contribuem sobremaneira para a melhoria das condições de saúde do paciente. Condutas medicamentosas ou não devem constar de forma compreensível e detalhada na prescrição para facilitar dispensação do medicamento e uso pelo tutor do animal. Após escrever a prescrição, o profissional deve informar ao responsável pelo animal, sobre a terapêutica selecionada (5ª etapa) e combinar reconsulta para monitoramento do tratamento proposto (6ª etapa). Na etapa da informação, o profissional deve, em linguagem clara e acessível, explicar o que está sendo prescrito, os benefícios esperados e os eventuais problemas associados. Deve explicitar a duração de tratamento,como armazenar o medicamento e o que fazer com suas sobras. Faz parte do ato de prescrever o estímulo à adesão ao tratamento, entendida como a etapa final do uso racional de medicamentos. Estima-se que o cumprimento da prescrição ocorra em pelo menos 80% de seu total, considerando horários de administração, doses e tempo de tratamento. Isso pode comprometer o resultado esperado da terapêutica. NORMAS: A prescrição é um documento legal pelo qual se responsabilizam aqueles que prescrevem, dispensam e administram os medicamentos/terapêuticas ali arrolados. Os profissionais da saúde legalmente aptos a prescrever são médicos, médicos- veterinários e cirurgiões-dentistas e os enfermeiros, conforme estabelecido na Portaria MS nº 1.625 de 10 de julho de 2007. A prescrição de uma receita (medicamentosa) quer seja de formulação magistral ou de produto industrializado, é de atribuição de todo e qualquer profissional regularmente habilitado (médicos, farmacêuticos, enfermeiros, veterinários e odontólogos), observando-se as normas sanitárias vigentes e aquelas que versam sobre o Exercício Profissional. O médico veterinário pode receitar para animais, sem restrições, medicamentos da linha veterinária ou humana, exceto aqueles previsto na Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, como estabelecido nos artigos Art. 38 e no Art. 54 parágrafo único, onde as prescrições por cirurgiões dentistas e médicos veterinários só poderão ser realizadas quando para uso odontológico e veterinário, respectivamente, sendo para esses profissionais vedada a prescrição de medicamentos antirretrovirais, lista “C4” da referida Portaria (8, 22). Na área da medicina veterinária: • Resolução nº 875, de 12 de dezembro de 2007. Aprova o Código de Processo Ético-Profissional no âmbito do Sistema CFMV/CRMVs 39. • Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998. Esclarece, nos artigos 38 e 55 §1: “As prescrições por Cirurgiões-Dentistas e médicos veterinários só poderão ser feitas para uso odontológico e veterinário, respectivamente”. RECEITAS DE CONTROLE ESPECIAL: A Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, aprova o Regulamento Técnico sobre substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial, e padroniza a forma e os formulários corretos (notificações de receitas, receitas e termos de concordância) para se fazer as prescrições dos medicamentos entorpecentes “A1” e “A2”, os psicotrópicos “A3”, “B1” e “B2”, os retinóicos para uso sistêmico “C2” e imunossupressores “C3”, enquadrados nesta portaria e em suas atualizações. O pet shop ou casa veterinária somente poderá dispensar através da receita, quando todos os itens estiverem devidamente preenchidos conforme preconiza a portaria. Nela se define o uso de dois mecanismos para controle dos medicamentos especiais: a notificação de receita e a receita especial. Todos os formulários de notificações de receitas e receita de medicamentos especiais devem ser preenchidos de forma legível, sendo a quantidade em algarismos arábicos e por extenso, sem emenda ou rasura. MEDICAMENTOS DE ALTA VIGILÂNCIA: Quanto à prevenção de erros, deve-se atribuir atenção especial aos medicamentos de alta vigilância, mesmo que eles não ocorram com muita frequência, quando acontecem, costumam apresentar danos graves ou fatais (COHEN, 2006). O Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP) atualizou e divulgou uma lista de 19 classes terapêuticas e 13 medicamentos específicos classificados como medicamentos de alta vigilância (MAV), destacando agonistas e antagonistas adrenérgicos, antiarrítmicos, antitrombóticos, analgésicos opióides, sedativos e eletrólitos de alta concentração. Esses medicamentos são usados quase que exclusivamente em ambientes hospitalares e são responsáveis por aproximadamente 58% dos danos causados por medicamentos (INSTITUTO PARA PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE MEDICAMENTOS, 2015; MELO et al, 2014). Uma pesquisa em um hospital dos Estados Unidos, entre 1994 e 2000, demonstrou que mais da metade dos EAM preveníveis envolvem anticoagulantes, analgésicos opióides e insulinas (INSTITUTE FOR HEALTHCARE IMPROVEMENT, 2012). Com isso, percebe-se a necessidade de monitorar cautelosamente todas as fases de utilização dos MAV, sendo conveniente aplicar intervenções específicas para reduzir os erros produzidos. Essas intervenções auxiliam as melhorias do cuidado aos pacientes, pois expõem aos profissionais os riscos inerentes à utilização desse grupo de medicamentos (INSTITUTO PARA PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE MEDICAMENTOS, 2015; COHEN, 2006). CONCLUSÃO: A prescrição é um dos mais importantes processos da Assistência Farmacêutica, visto que é a partir da prescrição que há a sugestão da farmacoterapia a ser utilizada pelo paciente. Uma boa prescrição médica não se resume apenas à ausência de erros, mas na necessidade do prescritor olhar o paciente de forma holística para realizar a prescrição, levando em conta não somente a situação clínica e os aspectos inerentes ao medicamento a ser prescrito, mas também condições sociais dos cuidadores, que influenciarão na adesão e uso adequado do tratamento prescrito. O medicamento é uma ferramenta utilizada no sistema de saúde para proteger, promover e restaurar a saúde, auxiliando, assim, o cuidado ao paciente, quando usado adequadamente (ANACLETO et al., 2005). O aparecimento de eventos adversos aos medicamentos pode estar associado aos erros de medicação. Com isso, ações e esforços têm sido desenvolvidos para reduzir esses erros com a finalidade de melhorar a segurança do paciente. Considerando toda a discussão trazida, destaca-se que uma prescrição de medicamentos elaborada de forma inadequada, além de ter o potencial de ser ineficaz, insegura e desvantajosa sob o ponto de vista econômico, favorece a judicialização na área saúde. Uma prescrição irracional sem fundamentação em evidências e incoerente com o contexto, certamente é um potencial propulsor de ações judiciais para obtenção de medicamentos, que muitas vezes não agregarão valor ao tratamento do paciente. Referências: PEPE, Vera Lúcia Edais; OSORIO-DE-CASTRO, Claudia Garcia Serpa; BRASIL^ DMINISTÉRIO DA SAÚDE. Prescrição de medicamentos. Brasil. Ministério da Saúde. Formulário terapêutico nacional, 2008. SANTI, Leandro Queiroz. Prescrição: o que levar em conta. Brasília, DF: OPAS, 2016. GOMES, Andressa Dias. Erros de prescrição de medicamentos de alta vigilância em um hospital terciário do Distrito Federal. 2015. CONDUTAS NA TERAPIA COM ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS. INTRODUÇÃO: Os antimicrobianos são empregados para combater os microrganismos, sendo classificados em agentes inespecíficos ou específicos. Os antimicrobianos inespecíficos atuam sobre microrganismos em geral, quer sejam patogênicos, ou não; fazem parte deste grupo os antissépticos e os desinfetantes. Os antimicrobianos específicos atuam sobre microrganismos responsáveis pelas doenças infecciosas que acometem os animais; são os quimioterápicos e os antibióticos. O termo quimioterápico foi introduzido para designar as substâncias produzidas em laboratório, que, inseridas no organismos animal, agem de modo seletivo sobre o microrganismo causador do processo infeccioso, sem produzir dano ao hospedeiro. Já o termo antibiótico refere-se a substâncias produzidas por seres vivos, ou seus derivados sintéticos, capazes de combater microrganismos responsável pela doença infecciosa. Os agentes antimicrobianos são classificados de acordo com sua origem em antibióticos e quimioterápicos. Antibióticos são substâncias produzidas por diversas espécies de microrganismos, como bactérias, fungos e actinomicetos, já, os Quimioterápicos são substância químicas produzida por síntese laboratorial, que introduzidas no organismo animal, age de maneira seletiva sobre o agente causador do processo infeccioso. Os antimicrobianos sãoclassificados através dos mecanismos de ação no microrganismo: agentes que inibem a síntese de parede microbiana; que atua sobre a membrana celular da bactéria, alterando sua permeabilidade; age sobre as sub unidades dos ribossomos da célula 30 S e 50 S, inibindo a síntese proteica e atuando como bactericidas; agentes que afetam o metabolismo dos ácidos nucleicos e agentes antivirais. O resulta terapêutico da administração do antibiótico é variável, depende de uma concentração adequada da droga no local da infecção, das defesas integras dos hospedeiros e da sensibilidade do microrganismo. A maioria dos agentes antimicrobianos usados clinicamente pertence a seis famílias principais: penicilinas, cefalosporinas, marcrolídios, aminoglicosídeos, tetraciclinas e quinolonas. Antimicrobianos são utilizados com fins terapêuticos, têm a finalidade de combater exclusivamente a doença com a máxima eficácia e o mínimo de riscos para as células do hospedeiro (SANTOS et al., 1998). No início da década de 40, no século XX, os antibióticos já tinham sido isolados, identificados e indicados para tratamento de doenças dos homens e, em seguida, dos animais (SPINOSA et al., 2005). Os antimicrobianos são usados em várias fases do ciclo de produção das principais espécies animais. Além do seu uso para fins terapêuticos, têm aplicação em medidas de profilaxia e como promotores de crescimento. Entretanto, podem acarretar problemas potenciais à saúde, como toxicidade, alergia e desenvolvimento de resistência, e isto tem trazido preocupações à saúde pública. A antibioticoterapia é usualmente utilizada como primeira opção no tratamento de diversas enfermidades na medicina veterinária e humana. Atualmente, uma variedade de drogas com princípios ativos diferentes é encontrada no mercado, tornando-se muito importante a avaliação da eficácia desses medicamentos frente aos microrganismos agressores. No ambiente hospitalar, os antimicrobianos estão entre os fármacos mais prescritos, responsáveis por 20-50% dos gastos com medicamentos. O seu uso racional é definido como a prática de prescrição que resulta na ótima indicação, dosagem, via de administração e duração de um esquema terapêutico ou profilático, proporcionando alcance de sucesso clínico com mínima toxicidade para o paciente e reduzido impacto sobre a resistência microbiana. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ANTIMICROBIANOS O antimicrobiano pode destruir a bactéria, sendo chamado de bactericida, ou apenas inibir sua multiplicação, bacteriostárico. Coma suspenção do tratamento, a bactéria pode voltar a crescer, caso os processos de defesa do hospedeiro não consigam debelar o processo infeccioso. Já o antimicrobiano bactericida exerce efeito letal sobre a bactéria, sendo esse efeito irreversível. Desde a descoberta e introdução de agentes antimicrobianos na terapia, esses têm sido considerados uma arma milagrosa no combate às doenças causadas por bactérias ILevy, 19921. Principalmente por causa do uso dos antimicrobianos, quase todas as doenças infecciosas, que têm estado entre as causas mais comuns de morte em humanos e animais por muito tempo, desapareceram ou, pelo menos, mostraram um decréscimo na sua incidência por volta da metade do século 20 ISemjén, 2000). O uso de antibióticos tornou possível o controle de doenças bacterianas na medicina humana, produção animal e agricultura. Em geral, não somente pelo seu grande efeito, mas pela sua segurança como consequência da sua seletiva toxicidade que é direcionada principalmente contra bactérias invasoras, sem causar alterações na fisiologia do hospedeiro. A escolha do antimicrobiano deve ser fundamentada no conhecimento de suas propriedades, que são: destruir o micro-organismo (bactericida), em vez de inibir o seu desenvolvimento (bacteriostático); possuir amplo espectro de ação; ter alto índice terapêutico; exercer atividade em presença de fluidos do organismo (exsudato, pus, etc.); não perturbar as defesas do organismo (síntese de anticorpos, migração de células de defesa); não produzir reações de sensibilização alérgica; não favorecer o desenvolvimento de resistência bacteriana; distribuir-se por todos os tecidos e líquidos do organismo em concentrações adequadas; poder ser administrado por diferentes vias e possuir preço acessível. Alguns dos efeitos dos antibióticos podem ser atribuídos ao estado mais saudável das mucosas do trato digestivo quando em tratamento, auxiliando a absorção de nutrientes e evitando a passagem de bactérias patogênicas (Sewell, 1998). USO DE ANTIMICROBIANOS E QUIMIOTERÁPICOS. O uso terapêutico é aquele no qual o antimicrobiano é administrado ao animal ou a um rebanho com uma doença infecciosa, visando debelar a infecção existente. O uso metafilático de um antimicrobiano é usado em um rebanho, visando prevenir a instalação da doença clínica em todos os animais do grupo, é também chamado de tratamento de animais em risco ou, ainda, de tratamento de animais em contato. Nessa situação, o antimicrobiano pode ser administrado ao rebanho na ração ou água, por facilidade de manejo. Na profilaxia o uso do antimicrobiano é somente uma medida preventiva, na qual o veterinário quer garantir a proteção contra uma possível infecção. O uso profilático é feito, por exemplo, quando o animal é submetido a uma cirurgia empregando medidas assépticas e deseja-se proteger o animal contra agentes infecciosos; ou ainda na profilaxia da vaca no período de secagem, durante o qual o risco de infecções intramamárias é maior. O emprego profilático pode ser feito para um único animal ou para um grupo de animais. Em aves, é usual medicar o lote, enquanto o tratamento de suínos e bovinos pode ser tanto individual como do rebanho, podendo o tratamento ser local ou sistêmico. Em peixes, o tratamento antimicrobiano geralmente é feito na ração medicada ou, ainda, individualmente, por injeções ou imersões. Já o tratamento em abelhas pode ser feito adicionando o antimicrobiano na água para pulverização da colmeia ou no xarope colocado em alimentador. Como aditivos zootécnicos melhoradores do desempenho, o uso dos antimicrobianos tem o objetivo de diminuir a mortalidade, melhorar o crescimento e a conversão alimentar. Atualmente, tem sido questionado bastante esse uso do antimicrobianos, uma vez que são empregados por período prolongado e em baixas concentrações na ração, situação que favorece o desenvolvimento de resistência bacteriana. Em ruminantes, de modo geral, os antibióticos que não atuam predominante sobre o rúmen reduzem as infecções bacterianas do intestino, preservando a integridade da mucosa intestinal e permitindo melhor absorção dos nutrientes, o que resulta em melhor desempenho. O conceito de promotor de crescimento, neste caso, se confunde com o uso profilático de antibióticos, prevenindo a instalação de patógenos (G ewehr & Lawisch , 2003). Antibióticos são fornecidos a bovinos em terminação para o controle do abscesso de fígado. A presença de abscessos pode reduzir o ganho de peso e o seu controle, aumenta a eficiência alimentar em 10%. Além de controlar abscesso de fígado, os antibióticos também evitam o crescimento de microorganismos nocivos no trato gastrintestinal. Essa redução ocasiona menor competição por nutrientes entre esses microorganismos e o hospedeiro. Antibióticos também podem diminuir o timpanismo, mas existem ainda poucos dados a respeito (Stock & Mader, 1998). Alguns dos efeitos dos antibióticos podem ser atribuídos ao estado mais saudável das mucosas do trato digestivo quando em tratamento, auxiliando a absorção de nutrientes e evitando a passagem de bactérias patogênicas. Os níveis de antibióticos para uso contínuo na dieta variam de 35 mg a 100 mg/ cabeça/dia, altos níveis, de 250 mg a 1 g/cabeça/dia, são utilizados em períodos de três dias a quatro semanas. Geralmente, animais em estresse, como na desmama, transporte e ao início do confinamento, são os mais beneficiados,bezerros costumam responder melhor que novilhos de sobre ano ao fornecimento de antibióticos. Os antibióticos geralmente dão melhores resultados quando fornecidos com dietas com alta proporção de volumosos. Promotores de crescimento são substâncias, naturais ou sintéticas, ou organismos vivos, adicionados às rações animais com os objetivos de aumentar o ganho de peso, melhorar a eficiência alimentar e reprodutiva, bem como diminuir a mortalidade (Nicodemo,2001). Antibióticos ionóforos alteram as características da fermentação, resultando em mudanças metabólicas favoráveis no rúmen (Nagaraja & Taylor, 1987). Em dietas com alto teor de grãos, ionóforos geralmente reduzem a ingestão de alimento em cerca de 8 % a 10% e melhoram a conversão alimentar, mantendo ou aumentando o ganho de peso diário, sem afetar as características de carcaça (Nicodemo, 2001). As ações dos ionóforos sobre o desempenho parecem resultar de uma série de efeitos sobre o metabolismo. Os ionóforos melhoram a eficiência do metabolismo de energia alterando os tipos de ácidos graxos voláteis produzidos no rúmen (aumento de propionato, redução de acetato e butirato). O melhor desempenho animal é resultante de maior retenção de energia durante a fermentação do rúmen; os ionóforos reduzem a degradação de proteína do alimento e podem diminuir a síntese de proteína microbiana, aumentando a quantidade de proteína de origem alimentar que chega ao intestino delgado. Aditivos alimentares antimicrobianos são utilizados como promotores de crescimento e para melhoria da conversão alimentar. Monensina e lasolacida são antibióticos usados para melhorar a conversão alimentar. O mecanismo pelo qual a monensina inibe a degradação da proteína não está claro, embora essa atividade tenha poucas implicações para bovinos em dietas com alto teor de grão, os efeitos podem ser significativos em bovinos em crescimento recebendo dieta à base de forrageiras, quando a proteína é suplementada abaixo dos requisitos e ionóforos podem reduzir a incidência de acidose (por meio de aumento no pH ruminal e inibição de bactérias produtoras de ácido lático. Em rebanhos produtores de leite os antibióticos são utilizados principalmente para tratamento de infecção bacteriana em bezerros e de vacas adultas. As principais doenças de bezerros que necessitam de prescrição de antibióticos são diarreias, pneumonias e tristeza parasitária bovina, que é uma doença causada principalmente pela associação dos protozoários Babesia spp. e da riquétsia Anaplasma spp. que parasitam os eritrócitos dos animais. As espécies de anaplasma são sensíveis às tetraciclin as, que são usadas para o controle da doença em associação a agentes específicos para a babesiose. No tratamento terapêutico das vacas, os antimicrobianos são principalmente utilizados para tratamento de Mastite bovina, Doenças de casco, Metrite e lavagem uterina pós parto. O uso profilático de antimicrobiano no final do período de lactação é um componente importante no programa de controle de mastite bovina. O fármaco é administrado pela via intramamária na secagem do leite, sendo aplicado em cada teto um bisnaga de antibiótico de longa duração, próprio para este período de secagem da vaca. No tratamento terapêutico das doenças de casco, é adotados os procedimentos de limpeza e curetagem do local para remoção do tecido necrótico e aplicação sistêmica de antimicrobiano. A oxitetraciclina, associada ao anti-inflamatório não esteroide, de longa ação, proporciona o combate da infecção, da febre, da dor e da inflamação, por um período prolongado. A oxitetraciclina é um antimicrobiano de amplo espectro que age tanto em bactérias gram-negativas, quanto em gram-positivas, o fármaco pode ser administrado em ruminante tato por via intramuscular profunda quanto, pela via subcutânea, na dosagem de 1ml para cada 10 kg de peso vivo ou ainda por infusão intravenosa lenta, com aplicações diárias de 1 ml para cada 20 kg de peso vivo. Por se tratar de um medicamento de longa ação, quando utilizado por via intramuscular ou subcutânea, geralmente uma única aplicação é suficiente para o tratamento. Na avicultura administração de antimicrobianos é realizada como protocolo na sanidade dos aviários, geralmente administrados através da água e promotores de crescimento, fornecidos na ração por apresentar maior facilidade de manuseio. Os antibióticos promotores de crescimento são prescritos para controlar ou equilibrar a proliferação de bactérias gram positivas que liberam metabólitos tóxicos que comprometem o ganho de peso (como os Bifidobacterium sp., Clostridium perfringens, Lactobacillus sp. e bacteroides fragilis) ou outras formas de agressão geradas pela super proliferação bacteriana, que causam competição por nutrientes com o hospedeiro e estímulo excessivo do sistema imune das aves. Para que antimicrobianos possam ser considerados promotores de crescimentos, estes devem apresentar as seguintes características: melhorar o desempenho da ave de maneira efetiva e econômica; ser atuante em pequenas doses; não apresentar resistência cruzada com outros antimicrobianos; permitir a manutenção do equilíbrio da flora gastrintestinal normal; não estar envolvido nos processos de resistência as drogas; não ser absorvível a nível gastrintestinal; ser atóxico para os animais; não podem ser mutagênicos ou carcinogênicos; não devem ter efeitos deletérios ao ambiente; ter amplo espectro de atividade; ser estável aos processos de fabricação das rações; ser compatível com os demais aditivos das rações; ter um custo de produção baixo; não deixar resíduos nas partes comestíveis após o período de retirada. CONCLUSÃO: A introdução de agentes antimicrobianos no uso terapêutico foi revolucionária no combate às doenças causadas por bactérias no meio do século passado. O seu uso na terapia de doenças, na alimentação animal como prevenção e promotores de crescimento, aumentou consideravelmente a produção, contribuindo para o desenvolvimento e rentabilidade dos sistema de produção agropecuário. No Brasil, os aditivos antimicrobianos vêm sendo usados há mais de 50 anos, e estes além de provocarem melhora na conversão alimentar e, consequentemente no ganho de peso dos animais, evita o risco de aparecimento e disseminação de processos infecciosos no plantel. Sendo que o aparecimento de um único animal doente no plantel traria graves consequências para o produtor, seja do ponto de vista de manejo, sanidade, mortalidade e rentabilidade da atividade. As razões mais comuns para justificar as falhas da antibioticoterapia são: distribuição inadequada da droga pelos fluidos e tecidos do organismo; baixo grau de ionização no leite com pH normal ou alterado; efeito negativo de sua ação nos mecanismos de defesa do organismo; localização do foco infeccioso e baixa sensibilidade do microrganismo em relação ao fármaco. O insucesso na terapia contribui para a resistência bacteriana, o tratamento precoce desta afecção aliada a outras medidas constitui importante profilaxia, pois elimina uma fonte de infecção para os demais animais. O uso de antimicrobianos em animais de produção, especialmente para fins profiláticos, vêm sendo criticado devido à crescente preocupação com o desenvolvimento de resistência antimicrobiana e seus efeitos sobre a saúde humana. O uso em animais de produção deve obedecer a critérios rígidos para evitar: a seleção de microrganismos resistentes, a transferência de genes de resistência dos animais para o homem, a transmissão de zoonoses, a intoxicação dos animais, a contaminação do manipulador e do meio ambiente e a contaminação dos produtos de origem animal destinados ao consumo humano. Assim, e necessário juntar esforços aos profissionais ligados à área veterinária e humana, no sentido de fazer o uso racional e seguro dos antimicrobianos, para controlar a dispersão de bactérias resistentes ou de genes de resistência. REFERÊNCIAS: HELENICE DESOUZA SPINOSA; JOÃO PALERMO- NETO; SILVANA LIMA GÓRNIAK. Medicamentos em animais de produção SPINOSA, H. S.; ITO, N. M. K.; MIYAJI, C. I.; LIMA, E. A.; OKABAYASHI, S. Antimicrobianos: Considerações Gerais. In: Farmacologia aplicada à avicultura. Cap. 6, p. 87-103, 2005. MOTA, Rinaldo Aparecido et al. Utilização indiscriminada de antimicrobianos e sua contribuição a multirresitência bacteriana. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 42, n. 6, p. 465-470, 2005. SANTANA, Eliete Souza et al. Uso de antibióticos e quimioterápicos na avicultura. 2011. CONDUTAS NA TERAPIA COM AINES’s E CORTICÓIDES INTRODUÇÃO AO PROCESSO INFLAMATÓRIO. O processo inflamatório, ocorre após uma lesão ou infecção, os tecidos respondem de maneira estereotipada. Estas alterações promovem a formação e a liberação de uma miríade de mediadores celulares responsáveis pela produção dos eventos iniciais do processo inflamatório. Assim são observadas a fase vascular que é caraterizada por aumento do suprimento sanguíneo na áreas lesionada ou infectada, conferindo o aspecto avermelhado do tecido inflamado e promovendo calor nesta região, no qual ocorre aumento da permeabilidade vascular, facilitando a passagem de proteínas plasmáticas para o tecido carreado, acompanhado por grande quantidade de água, promovendo o edema e a fase celular, que ocorre concomitantemente à fase vascular, observam-se a saída de componentes sanguíneos e a migração de leucócitos para o espaço intersticial. A dor produzida em um processo inflamatório é decorrente da sensibilização de nociceptores (receptores de dor), os quais são estimulados por mediadores químicos liberados no local. Esses eventos são responsáveis pelos cinco sinais cardinais do processo inflamatório: edema, rubor, color, dor e perda de função. O desenrolar do processo inflamatório pode ser a resolução com restauração da função normal do tecido acometido ou se o estímulo persistir, haverá destruição do tecido com formação de tecido fibroso e estabelecimento da cronificação do processo, com proliferação local de tecido conjuntivo e acúmulo de células mononucleares. Dentre os mediadores químicos do processo inflamatório, os mais conhecidos são os pertencentes a uma família de compostos denominados eicosanoides, que se referem aos lipídios insaturados, derivados da quebra do ácido araquidônico a partir de enzima específicas. Uma lesão no tecido promove a liberação de fosfolipídios os quais são rapidamente convertidos pela enzima ciclo-oxigenase (COX) em eicosanoides, que incluem as prostaglandinas (PG), as prostaciclinas (PGI2) e as tromboxanas (TX). O ácido araquidônico também pode ser quebrado por outra enzima, denominda lipo- oxigenase (LOX), que dá origem, principalmente, aos leucotrienos (LT). ANTI-INFLAMATÓRIOS Os anti-inflamatórios são, sem dúvida nenhuma, os medicamentos mais amplamente utilizados, não só em medicina veterinária, mas principalmente para emprego em humanos. Em medicina veterinária, os principais usos de anti-inflamatórios têm como objetivo principal, aliviar os sinais clínicos de processos degenerativos músculo esqueléticos, traumas e analgesia em atos pós cirúrgicos e também são muito empregados no pré-operatório, diminuindo assim o uso de anestésicos e obtendo uma recuperação pós-operatória mais satisfatória. Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES) Os AINES possuem ação inibitória sobre as COXs, tanto a COX1 quanto a COX2, impedindo que o ácido araquidônico seja transformado em prostaglandinas e tromboxanas. Porém, temos que salientar neste momento, que a COX1 está presente de forma constitutiva em outros tecidos, produzindo prostaglandinas essenciais para a fisiologia normal destes órgãos, como os rins, o trato gastrointestinal (TGI) entre outros. Nos rins, as prostaglandinas (PGI2, PGE2 e PGD2) possuem ação vasodilatadora e também influenciam na liberação da renina, permitindo desta forma, um fluxo sanguíneo adequado para a filtração glomerular e também ação regulatória na secreção e excreção ao nível dos túbulos contornados (DUNN e HOOD, 1997). Já no TGI, as prostaglandinas possuem efeito tamponante ao induzirem a liberação de bicarbonato de sódio (barreira muco-bicarbonato), o qual impede a ação corrosiva do ácido clorídrico na mucosa estomacal (WOLFE et al., 1999). Quando ocorre a inibição da COX1, ao nível renal pode ser observada a diminuição do fluxo sanguíneo corpuscular e consequentemente diminuição na filtração glomerular, levando à nefrotoxicidade, enquanto que ao nível do TGI a inibição das prostaglandinas pode levar à ocorrência de úlceras gástricas, mostrando-se algumas vezes hemorrágica, devido à ação inibitória dos anti-inflamatórios sobre a agregação plaquetária. Os AINES possuem atividade inibitória variável sobre as COXs, podendo atuar mais ou menos sobre uma ou outra, levando desta forma, a reações adversas indesejáveis. Atualmente, as indústrias farmacêuticas vêm buscando cada vez mais intensamente produzir anti-inflamatórios mais específicos para ação inibitória sobre a COX2 – a forma induzível desta enzima – evitando destarte, as reações adversas indesejáveis naqueles pacientes que fazem uso crônico destes fármacos. INDICAÇÕES TERAPÊUTICA ➢ Ação anti-inflamatória: Exercem suas ações anti-inflamatórias principalmente por inibirem a formação de PG, pela inibição, normalmente de maneira reversível, da COX. Estudos revelaram que os AINE também são capazes de inibir a liberação de histamina de mastócitos, assim, a inibição conjunta de PG e Histamina promove redução significativa do processo inflamatório. ➢ Ação analgésica: Os AINE são eficazes no combate à dor leve ou moderada, particularmente aquela originada de processo inflamatório ou lesão tecidual. Desse modo, embora a dor periférica seja promovida por outros mediadores químicos do processo inflamatório, como a bradicinina e a histamina, as PG, principalmente a PGE2 e a PGI2, causam a sensibilização dos receptores da dor, diminuindo o limiar doloroso e promovendo descargas elétricas por meio da variação no potencial de repouso do nociceptores. Além dos efeitos periféricos, tem sido proposto que os AINE atuariam também na medula espinal, aumentando a liberação de PG neste nível, o que facilitaria a transmissão das fibras de dor aferente para os neurônios de retransmissão no corno posterior. ➢ Ação antipirética: A temperatura corpórea é regulada por neurônios situados na região pré-óptica do hipotálamo anterior. Ocorre o processo febril, quando há o desequilíbrio no “termostato” em decorrência da produção hipotalâmica de PGE2. Nesta situação, o hipotálamo interpreta erroneamente que está havendo queda da temperatura corporal, fazendo com que o organismo reaja, produzindo vasoconstrição periférica, piloereção e tremores, mecanismos geradores de calor, produzindo, assim, a febre. Os principais AINE utilizados na medicina veterinária são: • Paracetamol, indicado uso em dor moderada e febre. • Ácido acetilsalicílico, indicado na inflamação, dor moderade e antiagregante plaquetário. • Carprofeno, indicado para dor musculoesquelética, dor aguda devido a cirurgia ou trauma e inflamação. • Cetoprofeno, dor moderada e inflamação. • Dipirona, dor moderada e febre. • Fenilbutazona, dor musculoesquelética e inflamação. • Flunixina meglumina, dor moderada e inflamação • Meloxicam, dor aguda, inflamação e febre ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS Os anti-inflamatórios esteroidais, também denominados glicocorticoides ou corticoides, são os mais efetivos anti-inflamatórios usados na prática veterinária, seus efeitos no tratamento de inflamação agudam são inigualáveis. Entretanto, devido à variedade de efeitos biológicos produzidos por esses medicamentos, que estão diretamente relacionados com a potência e a dose, há grande risco de serem mal utilizados. Assim, ao se administrarem anti-inflamatórios, é necessárioter em mente que os glicorticoides não devem ser a primeira escolha. Deve-se considerar, que os corticoides devem ser empregados para alcançar apenas a finalidade terapêutica com a menor dose e duração possível, caso contrário, há grande possibilidade de aparecimento de diversos efeitos colaterais indesejáveis. Os glicocorticóides vêm sendo empregados desde 1949, quando se verificou que o uso de cortisona em pacientes com artrite reumatoides apresentava melhora considerável no quadro clínico. Diferentemente dos AINES, os glicocorticóides possuem, além de efeito anti- inflamatório, potente efeito imunossupressor, pois na dependência do esquema posológico, atuam especificamente sobre linfócitos T, inibindo-os ou mesmo destruindo- os (KNUDSEN et al., 1987), tornando este medicamento altamente desejável em indivíduos portadores de autoimunidades e de alguns tipos de processos alérgicos e em humanos sendo bastante empregados em pacientes transplantados; sendo o principal uso em medicina veterinária, aquele com atividade anti-inflamatória. Do ponto de vista anti-inflamatório, os glicocorticóides, diferentemente dos AINES, atuam especificamente inibindo a transcrição gênica da fosfolipase A2, impedindo que o ácido araquidônico seja sintetizado e posteriormente seja degradado tanto pelas COXs quanto pelo 5-lipoxigenase. Logo, seu efeito, além de interferir na síntese de prostaglandinas e das tromboxanas, inibe também a migração leucocitária, já que inibe o 5-HETE e a síntese dos leucotrienos, diminuindo desta forma o processo inflamatório e também o efeito reparador que leucócitos promovem no local lesionado. É importante salientar que os glicocorticóides são hormônios esteroidais produzidos endogenamente e possuem diversas funções fisiológicas importantes, especialmente aquelas relacionadas ao metabolismo de carboidratos e de proteínas. Assim, quando os glicocorticóides forem administrados de forma indiscriminada podem levar à menor captação de açúcar pelas células (efeito diabetogênico) e consequentemente, levar a um efeito catabólico de proteínas musculares. Altas doses de glicocorticóides ou tratamentos prolongados com este medicamento podem promover efeito mineralocorticóide, com maior retenção de sódio e perda de potássio, resultando assim em quadros edematosos e também, importante efeito imunossupressor, tornando os animais mais propensos a desenvolverem infecções por patógenos oportunistas. CARACTARÍSTICAS GERAIS Os glicocorticoides podem ser classificados de acordo com a duração de sua atividade anti-inflamatória. Assim, os glicocorticoides que exercem seus efeitos anti- inflamatórios até aproximadamente 12 h são considerados de curta duração; aqueles que exercem suas ações biológica entre 12 e 36 h são classificados como de ação intermediária, estando inserida neste grupo a maior parte deste anti-inflamatórios esteroidais; os glicocorticoides de longa duração exercem atividade biológica por mais de 48 h. Outra forma empregada para se classificarem estes anti-inflamatórios é a potência, que é sempre comparada á hidrocortisona, para qual se deu o valor arbitrário de 1. Os principais glicocorticoides empregados na clínica veterinária são: Ação rápida (12 a 24 h), cortisona e hidrocortisona; Ação intermediaria (12 a 36 h), Prednisolona, Metilprednisolona e Triancinolona; Ação prolongada (até 48 h), Dexametasona e Betametasona. INDICAÇÕES TERAPÊUTICA A principal indicação terapêutica dos glicocorticoides deve-se ao seu potente efeito anti-inflamatório. Estas substâncias são capazes de bloquear desde as manifestações mais precoces do processo inflamatório, como dor, calor e rubor, até as mais tardias, como reparação e proliferação tecidual. Os esteroides anti-inflamatórios afetam todos os tipos de resposta inflamatória, seja iniciada por patógenos invasores, estimulo físico ou químico, ou por uma reação imunológica inapropriada, como hipersensibilidades e doenças autoimunes. Os glicocorticoides também são frequentemente utilizados no tratamento da cetose clínica, tendo um efeito hiperglicêmico, diminuindo a absorção de glicose pelos tecidos periféricos, disponibilizando, desta forma mais glicose para o restante do organismo. A redução da produção de leite ocasiona menor gasto de energia pela glândula mamária, já que o animal não está ingerindo alimento (FLEMING, 2006). A menor captação de aminoácidos por tecidos musculares e glândula mamária, aumentam a disponibilidade de aminoácidos fazendo a ativação da gliconeogênese hepática, sendo assim, o efeito da dexametasona tem uma duração de 48 a 72 horas e não deve ser utilizado por mais de três dias consecutivos devido seu efeito imunodepressor (SANTOS, 2006). No tratamento de relato de caso clinico de cetose bovina, no município de Augusto Pestana-Rs, relatou o atendimento de uma vaca da raça Holandesa, no período pós-parto, com quatro anos de idade, peso aproximado de 650 kg, escore corporal 4. Na terapêutica deste animal, foi utilizado o 17 Cortiflam® (fosfato sódico de dexametasona) na dose de 0,03 mg/kg, por via intramuscular, no volume de 12 ml, e foi recomentado ao proprietário que no dia seguinte realizasse a aplicação de mais uma dose de Cortiflan® no volume de 10 ml Segundo (SCHMALZ,2017). Na terapia a longo prazo para cães portadores de bronquite crônica, os glicocorticoides são os fármacos mais eficazes, presumivelmente pelo alívio da obstrução crônica do fluxo aéreo, por meio da redução da inflamação das vias aéreas e produção de muco, e consequente diminuição da tosse, pela redução da estimulação de nervos sensoriais das vias aéreas. A indicação terapêutica utilizando prednisona ou prednisolona oral na dose anti-inflamatória é inicialmente recomendada. A dose de medicação deve ser reduzida gradualmente ao mínimo terapêutico em que ocorra melhora dos sinais clínicos. O uso terapêutico de glicocorticoide na Osteodistrofia Hipertrófica em cães é comumente relatado, apresentando resultados significativos no tratamento desta doença, no controle da dor e inflamação. A Osteodistrofia hipertrófica, também conhecida como doença de Moeller, é uma doença idiopática que causa destruição das trabéculas metafisárias nos ossos longos de cães jovens que apresentam crescimento rápido. (CAMPLESI, A. C. et al) Osteodistrofia hipertrófica em um cão da raça pastor branco suíço, foi indicado o tratamento com prednisona via oral na dose de 2 mg/kg a cada 12 horas durante a primeira semana com redução do gradual de 50% da dose a cada 5 dias durante 15 dias. Segundo (DORNELLES, et al.) na pesquisa de campo referente a protocolos terapêutico utilizados no tratamento da Cinomose canina no Alto Uruguai gaúcho e Oeste Catarinense, foi observada que 66,66% das clínicas veterinárias utiliza anti- inflamatórios. O anti-inflamatório dexametasona esteve presente em 13,33% das receitas. Segundo Viana (2007), é imunossupressor. Entretanto Braund (1997); Bichard e Sherding (2008) indicam o uso na dose de 1 a 2mg/kg IV em convulsões para controle de edema do SNC e concomitantemente à anticonvulsivantes como fenobarbital, diazepam ou brometo de potássio. Anti-inflamatório glicocorticoide, acetato de prednisolona (6,66%) é um usado em tratamento a longo prazo, as doses podem ser diminuídas de 0,5mg/kg a cada 48 horas por VO (PAPICH, 2012). Prednisolona foi prescrito pelo médico veterinário na fase crônica da cinomose. A administração de glicocorticóides pode ser benéfica em alguns cães com a doença do SNC oriunda de infecção crônica pelo vírus da cinomose, mas é contra indicada em cães agudamente infectados (NELSON & COUTO, 2001). A indicação de uso de glicocorticoides em animais de produção é limitada, devido à série de efeitos indesejáveis produzidos por este grupo de medicamentos. Em bovinos, à necessidade de quantidades elevadas, na maioria das vezes, é muito oneroso e impraticável. Contudo o uso destes fármaco está presente corriqueiramenteempregados na clínica terapêutica veterinária, e são importantes na terapia em diversas patologia e traumas que acometem os animais de produção e companhia, garantindo- lhes a vida. EFEITOS COLATERAIS, CONTRAINDICAÇÕES E PRECAUÇÕES Os efeitos adversos ou tóxicos produzidos pelos glicocorticoides, geralmente é resultado do longo uso em doses supra fisiológicas, quando objetiva-se um efeito anti- inflamatório ou imunossupressor. A administração prolongada, que na maioria das espécies representa um tratamento superior a duas semanas, pode levar ao aparecimento da síndrome de Cushing, caracterizada por poliúria, polidipsia, alopecia, aumento de sensibilidade a infecções, miopatia periférica e atrofia muscular. O efeito antagônico à insulina dos glicocorticoides pode promover o aparecimento de diabetes melito; podem induzir acúmulo de glicogênio nos hepatócitos, acarretando hepatopatia e hepatomegalia. O aparecimento de gastrite e ulcerações gástrica, ocorrem devido à diminuição da renovação de enterócitos, associada à inibição da produção de PG produzidas. O adelgaçamento e fragilidade na pele, pode ocorrer devido os glicocorticoides promoverem redução na síntese de colágeno. Há, ainda, a possibilidade de aparecimento de edema e alcalose hipopotassemia, resultante da retenção de sódio e água. Em função dos efeitos imunossupressores produzidos pelos glicocorticoides, os animais tornam-se mais sensíveis às infecções, assim, são comuns infecções no trato urinário de animais submetidos à corticoterapia por período prolongado. Considerando- se que estes medicamentos podem induzir aborto ou promover malformação fetal, também é desaconselhado o seu uso na gestação. Como os glicocorticoides interferem no metabolismo do cálcio, o uso prolongado é totalmente desaconselhado em animais jovens; também por esta mesma razão não devem ser empregados em casos de fratura. O uso oftálmico dos corticoides é desaconselhado em situações em que haja úlcera de córnea, pois esses medicamentos podem promover perfuração da córnea, já que inibem a cicatrização. REFERÊNCIAS: HELENICE DE SOUZA SPINOSA; JOÃO PALERMO- NETO; SILVANA LIMA GÓRNIAK. Medicamentos em animais de produção. HUEZA, I. M. Farmacologia das aves: o uso de medicamentos anti-inflamatórios em aves silvestres. Ars Vet, v. 24, p. 15-24, 2008. SCHMALZ, Rodrigo Andrei Reisdorfer. Relatório do estágio curricular supervisionado em medicina veterinária. 2017. SANTOS FILHO, Mário et al. Bronquite crônica canina–revisão de literatura. Medicina Veterinária (UFRPE), v. 13, n. 3, p. 329-337, 2019. CAMPLESI, A. C. et al. HYPERTROPHIC OSTEODYSTROPHY IN A DOG BREED WHITE SWISS SHEPHERD TREATED GLUCOCORTICOID/Osteodistrofia hipertrófica em um cão da raça Pastor Branco Suíço tratado com glicocorticóide. Ars Veterinaria, v. 29, n. 3, p. 139-142, 2013. DORNELLES, Débora Zoti et al. Protocolos terapêuticos utilizados no tratamento da cinomose canina no Alto Uruguai Gaúcho e oeste catarinense. RAMVI, Getúlio Vargas, v. 2, n. 03.1-22, 2015. CONDUTAS NA TERAPIA COM SOLUÇÕES CRISTALÓIDES E COLÓIDES. INTRODUÇÃO Muitos fatores influenciam na quantidade necessária de água para os animais. Atividade física, período fisiológico, taxa de ganho de peso, dieta e temperatura ambiente são alguns deles. O insuficiente suprimento de água pode resultar em prejuízos para a produção, e o excesso também pode comprometer a saúde e até mesmo a vida do animal. A desidratação pode ser letal nos animais de todas a idades, pois quando revertida pode evoluir para choque. Para evitar tais danos, o profissional vale-se da fluidoterapía, que é uma medida terapêutica amplamente utilizada, cujo objetivo é restaurar o volume e a composição dos fluidos corporais, promovendo a manutenção do equilíbrio dos eletrólitos e líquidos corporais. Algumas enfermidades evoluem para quadros de desidratação ou desequilíbrio eletrolítico ou acidobásico, sendo nestes casos, até mesmo antes de se utilizar o medicamento escolhido de acordo com a etiologia da doença, deve-se associar a fluidoterapia para corrigir os distúrbios hidroeletrolítico e acidobásico instalados, aumentado a chance de sucesso do tratamento. A diarreia, as doenças infecciosas, parasitárias, metabólicas, intoxicações, bem como manejo nutricional inadequado podem culminar em desidratação. A fluidoterapia pode ser utilizada para melhorar o fluxo sanguíneo nos tecidos e para fornecer nutrientes, como nos casos do tratamento do choque e da nutrição parenteral, respectivamente. O emprego correto da fluidoterapia depende da escolha do fluido, do volume a ser utilizado, da via de administração e da velocidade do fluxo. Neste contesto, é importante avaliar o tipo de desidratação, a extensão do distúrbio, as manifestações clínicas e realizar a análise de alguns parâmetros bioquímicos, entretanto está última sem sempre é possível em atendimento a campo. Nos mamíferos, a distribuição dos fluidos, ocorre nos meios intracelular-LIC e extra celular-LEC. A maior parte dos solutos, aproximadamente 95%, é composta por íons. Os principais ânios dos líquidos corporais são cloreto, bicarbonato, fosfato, potássio, cálcio, magnésio e hidrogênio. O sódio é o principal cátion no LEC, enquanto os principais ânios são o cloreto e o bicarbonato. No LIC, os principais cátions são potássio e magnésio, sendo os principais ânios os fosfatos orgânicos, as proteínas e, em menor proporção, o sulfato e o bicarbonato. O equilíbrio osmótico entre LIC e LEC ´é mantido por eletrólitos, que são os solutos; e para manter a homeostase do organismo, é necessário que haja neutralidade elétrica entre os meios, ou seja, deve haver equivalência entre ânios e cátions. A composição visivelmente distinta do LIC, quando comparada à do LEC, é mantida pela permeabilidade seletiva da membrana celular e pela atividade da bomba de sódio e potássio, ligada à membrana e dependente de energia, que possibilita a entrada de K+ e saída de Na+ do meio intracelular, contra um gradiente eletroquímico. Por outro lado, a impermeabilidade da membrana aos fosfatos e às proteínas provoca grande pressão oncótica intracelular, que é superada pelo deslocamento iônico ativo, evitando a entrada de LEC para o interior das células. Os fluidos são classificados de acordo com sua natureza física (cristaloide ou coloide) e osmolaridade (hipo-osmótico, isso-osmótico, ou hiperosmótico). SOLUÇÕES CRISTALOIDES Os cristaloides são soluções de íons inorgânicos e pequenas moléculas orgânicas dissolvidas em água. A membrana capilar é permeável a estas pequenas moléculas que, portanto, são capazes de entrar em todos os compartimentos corpóreos. São exemplos de cristaloides as soluções de Ringer, Ringer com lactado, Ringer com acetato, solução fisiológica (0,9% de cloreto de sódio-Nacl), solução salina hipertônica (7,2% de Nacl), glicose a 5% e bicarbonato de sódio a 1,3%. A diferença entre as cargas determinada por os cátions fortes (Na+, K+, Ca²+ e Mg²+) e Ânios fortes (Cl-, lactado, sulfato, cetoácidos, ácidos graxos não esterificados, dentre outros) no plasma é chamada de diferença íon fortes (DIF), e este fator altera independentemente e diretamente o pH sanguíneo e, portanto, status acidobásico. Soluções de eletrólitos com DIF zero são acidificantes por criarem acidose íon forte, e soluções eletrolíticas com DIF intermediárias podem ser alcalinizantes ou acidificantes, dependendo da mudança na DIF plasmática relativa à diminuição da concentração de proteína plasmática, que é arcalinizante. Estas soluções também podem ser classificadas como de manutenção e de reposição; e os conceitos de osmolalidade, osmolaridade e equivalência devem ser considerados. As soluções de manutenção são utilizadas quando ainda está estabelecida a doença, porém após a recuperação do déficit hidroeletrolítico. São formuladas para a reposição das perdasdiárias normais de líquidos hipotônicos, de eletrólitos e também pode ser usada para satisfazerem as necessidades de potássio em animais saudáveis. Essas soluções não são elaboradas para infusão rápidas. Soluções de reposição são formuladas para corrigir deficiências específicas na concentração plasmática ou na quantidade corporal total de eletrólitos e álcalis. São isotônicas, acidificantes ou alcalinizantes. Sua administração em grandes volumes pode reduzir a pressão oncótica plasmática e diluir a concentração de bicarbonato, causando acidemia dilucional. Osmolalidade é o termo mais correto a ser utilizado para os fluidos extracelulares e para o plasma. Representa o número de partículas dissolvidas por quilo de solução e é expressa mOsm/kg de solução. O plasma dos ruminantes apresenta concentração aproximada de mOsm/kg, normalmente mantida pelos mecanismos de ingestão, absorção, eliminação e secreção de nutrientes. A Osmolaridade é o número de partículas por litro de solução e é expressa em mOsm/l. Este termo é o mais frequentemente utilizado, pois 1 kg de plasma representa aproximadamente 1 l de plasma e a osmolaridade pode ser calculada facilmente pela concentração de eletrólitos na solução. Portanto, 1 kg de plasma tem 70g de proteína e 930g de água plasmática. È a partir deste conceito que as soluções cristaloides são classificadas em hiperosmóticas, isosmótica e hiposmóticas. Hiperosmóticas (>312mOsm/l) Isosmóticas (300 a 312 mOsm/l) Hiposmóticas (<300 mOsm/l) NaHCO3 (8,4%) Solução de Ringer Ringer com acetato Dextrose (50%) Nacl (0,9%) Ringer com lactado Nacl (7,2%) Kcl (1,15%) Dextrose (5%) Sulfato de magnésio (25%) NaHCO3 (1,3%) Equivalência é o numero de carga de cada componente que combina com, ou substitui, um mol de íon hidrogênio. O equivalente (Eq) é sempre um número positivo, é expresso em miliequivalente (mEq = Eq/1000). SOLUÇÕES COLOIDES Os coloides são substâncias homogêneas não cristalinas, consistindo em grandes moléculas ou partículas ultramicroscópicas de uma substância dispersa em outra. Podem ser naturais, como o sangue total e o plasma (albumina); semissintéticos ou sintéticos, como gelatinas, dextranas e hidroxietilamidos (HES). Embora muito empregados em medicina humana, a utilização destes compostos pode ser considerada ainda tímida na medicina veterinária, e inexistente em animais de produção, fundamentalmente, devido à dificuldade de serem encontrados e ao seu custo mais elevado. É fato que nos casos emergentes, pode-se valer da administração de sangue total, obtido na própria fazenda. Ele é considerado uma solução mista cristaloide-coloide com grande capacidade de carrear oxigênio, mas que dispõe de baixo tempo de validade (no máximo 24 h a 4°C). Outra desvantagem da utilização do sangue total é que, nos casos de falta de controle, há grande risco da transmissão de doenças e de ocorrência de reações alérgicas, estas últimas mais raras de ocorrerem nos ruminantes na primeira transfusão. DIRETRIZES PARA INSTITUIÇÃO DA FLUIDO TERÁPIA A finalidade da fluidoterapia é a correção da desidratação e/ou do desequilíbrio eletrolítico. Pode também ser indicada para corrigir um quadro de acidose ou alcalose, para tratar um animal em estado de choque, para alimentação parenteral ou mesmo para estímulo de uma função orgânica, como a renal. Os princípios mais importantes a que deve obedecer são de que: “deve corrigir ou minimizar a desidratação e as perdas de eletrólitos sempre que possível” e “deve tratar perdas potenciais de fluidos e de eletrólitos, tão rápido quanto possível, para minimizar o grau de desidratação e alterações do equilíbrio acidobásico”. Assim, seus principais objetivos são: “corrigir anormalidades já existentes, monitorar e prover terapia de manutenção até que o animal se recupere”. Existem, pois, pelo menos três anormalidades a corrigir: o volume de fluido perdido, os desequilíbrios específicos eletrolíticos e acidobásicos. As principais dificuldades iniciais no estabelecimento da fluidoterapia são a determinação da natureza e o grau das anormalidades, e a escolha do fluido ou solução de eletrólitos que deve ser utilizada. Para resolver estas duas questões há necessidade de uma cuidadosa avaliação clínica do paciente, precedendo o início do tratamento, na qual devem ser incluídos a história, os exames físicos e complementares e o diagnóstico da enfermidade, que é importante na previsão dos prováveis desequilíbrios com base na etiopatogenia do processo patológico. As informações úteis sobre a natureza da doença e a história clínica são: ingestão dos alimentos e água, tipo de alimentos, perdas gastrintestinais por vômito e diarreia, volume de urina, salivação ou sudorese excessivas, exercícios recentes, exposição ao calor, traumatismos, hemorragia, febre, gestação e partos gemelares, uso de diuréticos ou outros medicamentos. O conhecimento de duração da doença, frequência e intensidade do vômito e/ou diarreia, consistência das fezes e frequência de micção deve ser acurado. A sequência dos sintomas e a evolução do quadro clínico podem indicar a tendência da gravidade. VOLUME DE FLUIDO A ATULIZAR O cálculo da quantidade de fluido a ser utilizado para o tratamento deve prever a reposição das perdas atuais, ou seja, ser suficiente para reidratar o animal; propiciar quantidade de líquidos para atender às necessidades de manutenção e das perdas contínuas. Se o animal em tratamento continua a perder água, esta quantidade adicional deve ser calculada e somada aos volumes usados para reidratar e para manutenção e reposição das perdas contínuas. O volume de reposição de fluido para a correção da desidratação é calculado com base na avaliação clínica do grau de desidratação que considera a perda em relação ao peso corporal em porcentagem, segundo as fórmulas seguintes: • Grau de desidratação (%) × peso corporal (kg) × 10 = quantidade em mililitros (mℓ). • Grau de desidratação (valor decimal) × peso corporal (kg) = quantidade em litros. • Grau de desidratação (%) × peso corporal ÷ 100 = quantidade em litros. O volume necessário para a manutenção e o atendimento das perdas contínuas apresenta variações conforme a espécie, a idade e o porte do animal. Em cães e gatos considera-se genericamente que esse volume deve estar entre 40 e 60 mℓ/kg/dia, recomendando para cães de grande porte o volume mínimo e para cães de menor porte, volume acima do mínimo até o máximo. Em relação aos gatos, deve estar atento à capacidade do volume vascular (40 a 55 mℓ/kg), que compreende quase a metade do volume vascular do cão (90 mℓ/kg), ou seja, apesar de o volume calculado para manutenção ser semelhante ao de um cão de porte normal, a velocidade e a via de administração devem ser consideradas, como também a avaliação individual de cada caso, respeitando o volume de perda e a ingestão de água. É de suma importância estar atento ao volume, à velocidade e à frequência de administração nos felinos, pois nesta espécie há possibilidade de manifestação mais frequente de edema de subcutâneo, efusão pleural e até de edema pulmonar devido a hipervolemia. No caso de animais ruminantes e equídeos o volume é calculado com base no intervalo entre 50 e 100 mℓ/kg/dia. Nos animais adultos deve ser considerado o volume mínimo de 50 mℓ e para animais jovens o volume máximo de 100 mℓ, considerando que para neonatos o volume pode ser maior e de cerca de 130 mℓ/kg/dia. FLUIDOS OU SOLUÇÃO A UTILIZAR Com base no histórico clínico, nas manifestações clínicas e avaliações laboratoriais, pode determinar qual a necessidade de fluido e/ou de eletrólitos no tratamento em questão. A escolha do fluido deve levar em consideração suas finalidades básicas (alcalinização ou acidificação do LEC; eletrólitos, diluição do LEC; manutenção; fornecimento de nutrientes, aditivos concentrados), como a seguir: • Repor ou corrigir o volume do LEC: a solução deve restaurá-losem sua alteração qualitativa; são soluções que contêm Na +, Cl –, K + e HCO – 3 ou precursores, em concentrações similares às do LEC (plasma). • Alcalinização do LEC: são soluções indicadas para a correção da acidose metabólica; são aquelas que contêm bicarbonato de sódio ou seus precursores (lactato, acetato). • Acidificação do LEC: em princípio, esses fluidos têm a finalidade de corrigir a alcalose metabólica, todavia na atualidade não se recomendam soluções contendo agentes acidificantes específicos (soluções de HCl ou de NH4Cl). • Diluição do LEC: deve proporcionar água sem provocar choque osmótico nas hemácias (soluções isotônicas). • Manutenção: são fluidos que devem substituir a água de bebida, nutrientes e eletrólitos contidos nos alimentos. • Aditivos concentrados: geralmente são soluções que contém um único sal e são adicionadas a outras soluções para repor determinadas substâncias deficitárias. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO A escolha da via de aplicação de fluidos dependerá do tipo de afecção a ser tratada e da sua gravidade; do estado clínico e das funções orgânicas do paciente; grau de desidratação e tipo de desequilíbrio eletrolítico; duração/evolução da enfermidade; do tempo e equipamento disponíveis. A via oral talvez seja a mais fácil, econômica e fisiológica das vias de administração de fluidos e eletrólitos. É a mais segura via de aplicação porque a solução pode ser fornecida sem atenção rigorosa quanto a tonicidade, volume e assepsia. É indicada na desidratação discreta, na administração de fluidos para manutenção e suplementação nutricional. É contraindicada na desidratação intensa, quando há vômito ou íleo paralítico, e para animais com incapacidade de sugação/deglutição (bezerros com acidose moderada a intensa) em que a sondagem nasogástrica torna o procedimento pouco prático. A via retal, relativamente pouco usada, poderia ser considerada especialmente em animais muito jovens. A via intraóssea é referida em pequenos animais, particularmente filhotes, porém não é muito utilizada pelas dificuldades que apresenta, além dos riscos de contaminação. As vias parenterais são as mais usadas e talvez as mais práticas para a aplicação de fluidos e eletrólitos: intravenosa, subcutânea ou intraperitoneal. A via intravenosa é a mais versátil, sendo a via de eleição para a terapia de perdas agudas de líquidos, nas alterações do equilíbrio hidroeletrolítico de moderadas a graves, prostração intensa com incapacidade de sugação/deglutição, nos estados de choque e na administração de fluidos não isotônicos. Todos os fenômenos tóxicos de soluções administradas por essa via, fundamentalmente, se relacionam mais à velocidade de aplicação do que à composição e ao volume ministrado. É a via preferida, ainda, para a administração de sangue, plasma sanguíneo e expansores do volume plasmático. A via subcutânea é utilizada particularmente em pequenos animais, podendo ser usada em ruminantes de pequeno porte ou bezerros jovens, todavia, não é indicada em grandes animais adultos por causa dos enormes volumes de fluidos que devem ser administrados. Nos pequenos animais é usada com certa frequência, porém as soluções devem ser isotônicas e são absorvidas mais lentamente que pela via intravenosa. É recomendada para manutenção de fluidoterapia em doenças crônicas, desidratação discreta e em animais jovens ou muito pequenos. É uma via contraindicada em perdas agudas de fluidos, desidratação grave, hipotermia, hipotensão e quando existe edema de subcutâneo. A glicose em qualquer concentração ou soluções que não contenham eletrólitos em teores isotônicos são contraindicadas pela via subcutânea. A via intraperitoneal é de mais rápida absorção do que a via subcutânea para a infusão de fluidos, sendo, todavia, potencialmente mais perigosa que esta, pois apresenta riscos de peritonite, se não houver rigorosa assepsia, como também de perfuração de órgãos abdominais. É uma boa via para a absorção de água e eletrólitos, sendo o plasma e a grande porcentagem de eritrócitos do sangue total absorvidos pelo peritônio. Tem recomendação em neonatos das espécies ovina e suína, podendo ser usada para administração de grandes volumes de fluidos em grandes animais, porém a principal indicação desta via seja, talvez, para a lavagem peritoneal. INDICAÇÕES DE FLUIDOS NOS CASOS DE VÔMITO O tipo ideal de composição de fluido a ser administrado deve ser determinado após a mensuração sérica de eletrólitos (potássio, sódio e cloro) e a avaliação da hemogasometria. A Solução de Ringer, é indicada para reposição de sódio e cloro e pequena quantidade de potássio. A Solução fisiológica (NaCl 0,9%), é recomendada para a reposição de sódio e cloro, havendo a necessidade de suplementação de potássio em casos de episódios frequentes de vômitos. Sugerese que a suplementação de potássio não deve exceder 0,5 mEq KCl/kg/h. A dose segura de suplementação de potássio deve basear no déficit do eletrólito. DIARREIA Solução de lactato de Ringer de sódio: esta solução apresenta na composição (sódio, cloro, potássio e substância alcalinizante) a maioria dos elementos em déficit que os pacientes com diarreia podem apresentar. Em casos mais graves, como nos processos diarreicos agudos de etiologia viral (parvovirose, no cão; panleucopenia, no gato), além da suplementação dos elementos anteriormente citados, recomendase, também, a administração de glicose (em concentração de 5%) e o uso de antibióticos e corticosteroides, principalmente nos casos de choque séptico. Ainda, em casos mais graves, recomendase a suplementação intravenosa de bicarbonato e de potássio. Solução fisiológica (NaCl 0,9%) e solução de Ringer: Estas soluções podem eventualmente ser utilizadas, mas é essencial a adição de outros elementos (tais como potássio, glicose, bicarbonato...) de acordo com o déficit do paciente. OBSTRUÇÃO INTESTINAL No início do processo de obstrução intestinal, a solução de lactato de Ringer de sódio pode ser recomendada. É importante ressaltar que a análise laboratorial dos eletrólitos e do equilíbrio acidobásico é fundamental para a correção adequada dos déficits, considerando que os processos de obstrução intestinal são acompanhados de distúrbios mistos, principalmente do equilíbrio acidobásico. Recomenda, também, a utilização das soluções de ringer ou de NaCl 0,9%, principalmente nos casos de alcalose metabólica, geralmente acompanhada de suplementação com cloreto de potássio. INDICAÇÕES DE FLUIDOS NA PANCREATITE AGUDA O fluido de escolha é a solução de lactato de Ringer de sódio, que fornece a reposição de sódio, cloro, potássio e de substância alcalinizante. Em algumas situações é necessária a administração de potássio, de acordo com o déficit. A suplementação de bicarbonato de sódio somente é indicada quando o pH sanguíneo for inferior a 7,1 a 7,2. Deve-se evitar a correção rápida da acidose metabólica, pois este processo diminui a disponibilidade de cálcio ionizado, favorecendo a manifestação clínica de hipocalcemia. Em casos de confirmação laboratorial de alcalose metabólica, as soluções de ringer ou de NaCl 0,9% podem ser administradas, acrescidas de cloreto de potássio, pois frequentemente os animais encontram com baixas concentrações de potássio sérico. Algumas vezes, os animais podem apresentar hipoproteinemia e estes devem ser submetidos à transfusão de sangue ou plasma. A administração parenteral de fluidos é de fundamental importância nos casos de pancreatite aguda, sendo preferencial a via intravenosa. Os animais que se apresentam em choque hipovolêmico devem receber o fluido em velocidade de 60 a 90 mℓ/kg/hora, durante a primeira hora; recomendase o monitoramento criterioso, pois existe a predisposição ao desenvolvimento de edema pulmonar. AFECÇÕES HEPÁTICAS O parênquima hepático é acometido por várias doenças que culminam em graves alterações do equilíbrio hídrico, eletrolítico e acidobásico. As principaisalterações observadas em relação ao distúrbio eletrolítico relacionamse ao déficit de potássio e à retenção de sódio. Na insuficiência hepática aguda, recomenda a utilização da solução de Ringer, acrescida de 20 a 30 mEq KCl/ℓ, por via intravenosa. Já para os casos de insuficiência hepática crônica, devido à probabilidade de retenção de sódio, preconiza a solução de 0,45% de NaCl, ou ainda, a solução de glicose 5%. O monitoramento da concentração sérica de potássio deve ser frequente, principalmente nos casos crônicos, sendo a suplementação ideal baseada no cálculo do déficit. Quando da necessidade de correção da acidose metabólica, indicam soluções que contenham bicarbonato, evitando o lactato, pois o fígado teria, ainda, que biotransformar o lactato em bicarbonato. Recomenda, ainda, acrescentar glicose nas soluções (concentração final de 2,5 a 5%), tanto para os processos agudos como para os crônicos. CHOQUE A definição clássica de choque consiste em: “Estado clínico resultante de inadequado suprimento de oxigênio tecidual e inabilidade do tecido em utilizar adequadamente o oxigênio, ou seja, insuficiência na microcirculação.” A solução de escolha seria o lactato de Ringer de sódio e a correção da acidemia deve ser instituída quando o pH sanguíneo arterial for inferior a 7,1 a 7,2 com adição de bicarbonato de sódio. O lactato pode ser ineficaz nos casos de comprometimento hepático, que geralmente acompanha o quadro de choque, devido à dificuldade na conversão do lactato em bicarbonato. Principalmente nos quadros de choque endotóxico, recomendase a suplementação de glicose e potássio, pois observase, com certa frequência, a presença de hipoglicemia e hipopotassemia. Já em relação aos choques hipovolêmico e hemorrágico, nota-se a tendência dos animais em apresentar normoglicemia/hiperglicemia, principalmente por estimulação simpática e, além da recomendação da solução cristaloide citada, principalmente no choque hemorrágico, recomendase a utilização de soluções hipertônicas à base de cloreto de sódio (NaCl renal, hipopotassemia, intoxicação por digitálicos, hipotensão induzida por drogas, diurese intensa pelo uso de diuréticos, inadequada ingestão de água etc. Resumidamente, em decorrência da patogenia da insuficiência cárdica em fases avançadas, esse processo culmina na retenção de água e sódio por ativação do sistema nervoso simpático, ativação do sistema renina angiotensina aldosterona, aumento da liberação de ADH e ativação do mecanismo da sede. Assim, deve indicar, de preferência, soluções cristaloides isentas de sódio (p. ex., a solução de glicose a 5% ou solução de 0,45% NaCl em 2,5% de glicose), mas o uso de outras composições de fluido contendo sódio é passível de ser indicado desde que haja monitoramento laboratorial de eletrólitos e do equilíbrio acidobásico. Durante a fluidoterapia prolongada, recomenda a avaliação periódica da concentração sérica de sódio, evitando os valores séricos inferiores a 130 mEq/ ℓ. A velocidade de infusão venosa deve ser constantemente monitorada, dando preferência à administração subcutânea sempre que possível7,5%), com o intuito de assegurar a hemodinâmica. Cabe lembrar sobre a utilização de coloides, indicados primariamente na reposição de volume intravascular. Coloides naturais podem ser encontrados no sangue total, produtos do plasma e concentrados de albumina e os coloides sintéticos seriam dextrana 70 e hidroxietilamido. Deve estar atento à frequência e ao volume de administração dos coloides, pois podem causar a diluição dos fatores de coagulação no plasma e predispor a distúrbios na coagulação. FLUIDOTERAPIA NOS ANIMAIS COM DOENÇA CARDÍACA A afecção cardíaca/insuficiência cardíaca geralmente não requer a administração de fluidos. Entretanto, alguns pacientes desenvolvem processos mórbidos que necessitam da suplementação de fluido e eletrólitos, como desidratação, gastrenterite, insuficiência, mas de soluções isentas de glicose. Na dependência do quadro mórbido associado, alguns animais desenvolvem hipopotassemia, ou ainda acidose metabólica, que devem ser corrigidas adequadamente. FLUIDOTERAPIA EM ANIMAIS RUMINANTEs A fluidoterapia em animais de produção é ao mesmo tempo desafiadora e gratificante. É uma modalidade terapêutica básica que conduz a resultados clínicos que nenhuma técnica cirúrgica sofisticada ou medicamento milagroso com elevado custo pode superar. Os seus princípios são relativamente simples, todavia, a utilização da fluidoterapia em bovinos é com frequência mais difícil que em pequenos animais e equinos devido a restrições financeiras, dificuldades na contenção dos pacientes e relutância que alguns clínicos demonstram em utilizála. A existência de diferenças entre neonatos e ruminantes adultos em termos fisiológicos, bem como de anormalidades frequentemente encontradas e soluções requeridas para corrigi-la. Convém ressaltar, ainda, que muitas das pesquisas e da experiência clínica obtidas com uso desta terapia têm sido derivadas da espécie bovina, porém os mesmos princípios podem ser aplicados a outras espécies de animais ruminantes. Referências: HELENICE DE SOUZA SPINOSA; JOÃO PALERMO- NETO; SILVANA LIMA GÓRNIAK. Medicamentos em animais de produção. HELENICE DE SOUZA SPINOSE; SILVANA LIMA GÉRNIAK; MARIA MARTHA BERNARDI. Farmacologia aplicada à Medicina veterinária. CONDUTAS NA HEMOTERAPIA. INTRODUÇÃO A Hemoterapia tem como objetivo primário melhorar a oferta de oxigênio aos tecidos, podendo estabilizar o paciente nos casos de emergência, proporcionando ao clinico um tempo subjacente, para identificar a causa principal do baixo aporte de oxigênio neste paciente. A terapia de transfusional desenvolve um papel cada vez mais importante para Medicina Veterinária intensivista e emergência, e seu aumento de uso está relacionado com as melhorias tecnológicas, que facilitaram a separação do sangue, armazenamento e aplicação. Devido as necessidades militares a primeira e segunda guerra mundial, foi um marco dentro das pesquisas, e estimulação a pratica de transfusão sanguínea, seleção de doadores, testes mais refinados, fracionamento do sangue, descobertas e aplicação do clínicas do “Sistema Rh”, desenvolvimento do banco de sangue tornada possível pelos anticoagulantes/conservantes e os testes para transmissíveis. No Brasil, o ano de 1940 representou o início da hemoterapia com a fundação do serviço de transfusão de sangue do Rio de Janeiro, logo em seguida, surgiram outros serviços de hemoterapia, respectivamente nas cidades de Porto Alegre e Recife. Na medicina veterinária os primeiros registros de transfusão sanguínea foram no ano de 1890, quando o veterinário George Fleming dissertou sobre os benefícios da administração de transfusões sanguíneas, entre animais da mesma espécie. Desde então, avanços vêm sendo registrados na medicina veterinária, como a caracterização dos grupos sanguíneos, melhorias importantes na caracterização da tipagem sanguínea, provas de compatibilidades e a terapia com Hemocomponentes. A transfusão sanguínea principalmente para cães, é amplamente aplicada em países avançados. A medida que o interesse da terapia transfusional avançou, bancos de sangue comerciais e programas de doadores foram criados nestes países, permitindo que os componentes do sangue seja usados na medicina veterinária. No Brasil os serviços de hemoterapia estão crescente desenvolvimento através de pesquisa nas instituições públicas de ensino superior especializados: Hemovet-Banco de sangue de São Paulo, Banco de sangue canino-UNESP, Hemopet-Hemocentro do Rio de Janeiro, entre outros espalhados pelo país. OS TIPOS SANGÜÍNEOS NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS Os grupos sanguíneos são definidos por antígenos espécie-específicos presentes na superfície dos eritrócitos. A maior parte dos antígenos é um componente integral de membrana composto por 74 carboidratos
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