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TERAPEUTICA VETERINARIA

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ALUNO: Edson Fogaça 
 RA: 201710443 
 
CONDUTAS NA PRESCRIÇÃO DE MEDICAMENTOS. 
 
INTRODUÇÃO: 
A prescrição é um documento com todas as condutas que o médico veterinário 
deve passar para o paciente, na medicina veterinária será o tutor ou profissional que 
administrara o medicamento no paciente. A prescrição médica deve conter elementos 
mínimos necessários para uma adequada assistência ao paciente, assegurando uma 
eficiente transmissão das orientações. No Brasil, anualmente, milhões de prescrições 
não cumprem os elementos legais necessários para uma adequada dispensação e 
administração (MIASSO et al., 2009). 
Na prescrição médica é registrado os medicamentos e a condutada do 
tratamento, com o carimbo, assinatura e CRMV do médico veterinário, este documento 
irá guiar todo o cuidado com o paciente. Essa ferramenta vai servir tanto para os outros 
profissionais e o tutor do paciente há executar as condutas previamente escritas, que 
sucederem no cuidado com o paciente. Deste modo, a ficha facilita a sistematização do 
raciocínio, diminuindo a chance de esquecimentos dos itens e simplificando o trabalho. 
A segurança é um componente-chave de um sistema de qualidade dentro de 
qualquer etapa do cuidado ao paciente, e depende da interação de vários componentes 
e do cumprimento de boas práticas para prevenção de erros (P-SPPH/SAFE, 2006). 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o termo “segurança do paciente” 
consiste em reduzir o risco de dano evitável proveniente do cuidado à saúde a um 
mínimo aceitável (BRASIL, 2014). 
A PRESCRIÇÃO NA SEGURANÇA DO PACIENTE: 
A omissão de dados, informações incompletas ou erradas na prescrição 
aumentam os riscos de desencadear erros. Sendo assim, uma prescrição completa 
contém: nome e dados específicos do paciente, nome do medicamento, dosagem, forma 
farmacêutica, quantidade a ser dispensada, instruções completas para o uso (via de 
administração, dose, posologia e precauções, quando houver e, velocidade de infusão 
para soluções intravenosas), motivo da prescrição e duração do tratamento (NÉRI, 
2004). A presença de todos os elementos na prescrição garante uma correta 
interpretação das informações e devem estar contidos de forma clara e objetiva, de 
modo a não favorecer confusão e livre interpretação (BRASIL, 2013b) 
O uso racional de medicamentos é uma das principais medidas de segurança do 
paciente que são amplamente discutidas no Brasil. Nesta discussão tem destaque as 
ações voltadas para prevenir e minimizar os erros associados ao uso de medicamentos, 
e em especial os potencialmente perigosos ou de alta vigilância. O uso de 
medicamentos, propriamente dito, envolve em torno de cinco etapas, sendo todas 
passíveis de erros: prescrição, verificação, preparação/dispensação, administração e 
monitoramento. A prescrição representa o primeiro passo desse processo, e abriga 
grandes desafios, principalmente em relação à seleção da medicação e a representação 
e transmissão das informações. 
As medidas de segurança no uso de medicamentos devem envolver todas as 
pessoas que participam desse processo complexo, como os prescritores, 
dispensadores, administradores dos medicamentos e os pacientes e/ou seus 
cuidadores. Os principais pontos a serem observados como medidas de segurança são: 
• Padronização dos processos de trabalho nos serviços das clinicas veterinárias 
com atribuições de competências e responsabilidades; 
• Divulgação entre profissionais das fontes e do acesso às informações sobre 
os medicamentos. É necessário não confiar apenas na memória visto que, 
atualmente, existem sistemas informatizados nos programas de prescrição 
eletrônica que auxiliam com informações sobre a apresentação do 
medicamento, concentrações, doses para as diversas faixas etárias, efeitos 
colaterais e interações medicamentosas. Há também disponíveis aplicativos 
para celulares ou tablets com a mesma finalidade. 
Alcançar a prescrição segura é um desafio muito grande para os cuidados de 
saúde, e, em função disso, as medidas de segurança para minimizar os erros 
organizacionais e humanos devem ser implantadas e revisadas continuamente nos 
serviços de saúde. 
 
PRESCRIÇÃO ESCRITA À MÃO, IMPRESSA OU ELETRÔNICA: 
A proposta terapêutica tem como destino final o paciente. Mas é necessário 
considerar que a prescrição do plano terapêutico tem que ser entregue ao cuidador do 
paciente, sendo que, os animais não apresentam condições de autocuidado. 
A prescrição pode ser feita a mão, impressa ou virtual. Quando realizada a mão, 
o custo financeiro é mínimo, mas um dos principais problemas é a incapacidade de 
entendimento da grafia e a abreviatura de palavras que possibilita erros no uso dos 
medicamentos. Para prescrição de medicamentos que são prescritos frequentemente, 
a mesma pode ser digitada no computador e impressa em impressoras ou em gráficas. 
A prescrição realizada deve basear-se em conhecimentos sobre a doença e o 
paciente. Sobre a doença é preciso considerar a certeza do diagnóstico, quais as 
possíveis evoluções e suas implicações na vida do paciente e as possibilidades 
terapêuticas disponíveis de acordo com a realidade de cada paciente. Sobre o paciente 
é necessário entender a sua condição social do tutor; consequentemente seu poder 
aquisitivo que determinará a escolha do tratamento medicamentoso e do não 
medicamentoso. 
ELABORANDO A PRESCRIÇÃO: 
Na prescrição devem constar, de forma objetiva, legível e dentro dos padrões 
definidos pelos órgãos reguladores, todas as orientações sobre o tratamento 
medicamentoso e/ou não medicamentoso a ser seguido pelo paciente. A prescrição 
realizada deve basear-se em conhecimentos sobre a doença e o paciente. Sobre a 
doença é preciso considerar a certeza do diagnóstico, quais as possíveis evoluções e 
suas implicações na vida do paciente e as possibilidades terapêuticas disponíveis de 
acordo com a realidade de cada paciente/tutor. 
Uma receita possui um padrão estrutural que facilita o entendimento dos que a 
utilizarão. O primeiro item da prescrição é a identificação completa do paciente. Se o 
paciente está internado, em observação ou se é para tratamento em casa, a raça do 
animal, sexo e idade. A prescrição no receituário deverá ser legível e ausência de 
rasuras e emendas; ter a Identificação do paciente; Identificação do medicamento, 
concentração, dosagem, forma farmacêutica e quantidade; Modo de usar ou posologia; 
Duração do tratamento; Local e data da emissão; e Assinatura e identificação do 
prescritor com o número de registro no respectivo conselho profissional. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere seis etapas para o processo de 
prescrição racional de medicamentos. Como 1ª etapa, é preciso que o profissional colete 
as informações do paciente e investigue e interprete seus sinais e sintomas, para definir 
o problema e realizar um diagnóstico. A partir do diagnóstico, o prescritor deve 
especificar os objetivos terapêuticos (2ª etapa) e selecionar o tratamento (3ª etapa) que 
considera mais eficaz e seguro para aquele paciente. Vários fatores, relacionados à 
paciente, profissional de saúde, processo e ambiente de trabalho, podem influenciar o 
ato prescritivo. O ato da prescrição pode conter medidas medicamentosas e/ou medidas 
não medicamentosas (4ª etapa). Muitas vezes, estas contribuem sobremaneira para a 
melhoria das condições de saúde do paciente. 
 Condutas medicamentosas ou não devem constar de forma compreensível e 
detalhada na prescrição para facilitar dispensação do medicamento e uso pelo tutor do 
animal. Após escrever a prescrição, o profissional deve informar ao responsável pelo 
animal, sobre a terapêutica selecionada (5ª etapa) e combinar reconsulta para 
monitoramento do tratamento proposto (6ª etapa). 
Na etapa da informação, o profissional deve, em linguagem clara e acessível, 
explicar o que está sendo prescrito, os benefícios esperados e os eventuais problemas 
associados. Deve explicitar a duração de tratamento,como armazenar o medicamento 
e o que fazer com suas sobras. 
 Faz parte do ato de prescrever o estímulo à adesão ao tratamento, entendida 
como a etapa final do uso racional de medicamentos. Estima-se que o cumprimento da 
prescrição ocorra em pelo menos 80% de seu total, considerando horários de 
administração, doses e tempo de tratamento. Isso pode comprometer o resultado 
esperado da terapêutica. 
NORMAS: 
A prescrição é um documento legal pelo qual se responsabilizam aqueles que 
prescrevem, dispensam e administram os medicamentos/terapêuticas ali arrolados. 
Os profissionais da saúde legalmente aptos a prescrever são médicos, médicos-
veterinários e cirurgiões-dentistas e os enfermeiros, conforme estabelecido na Portaria 
MS nº 1.625 de 10 de julho de 2007. 
A prescrição de uma receita (medicamentosa) quer seja de formulação magistral 
ou de produto industrializado, é de atribuição de todo e qualquer profissional 
regularmente habilitado (médicos, farmacêuticos, enfermeiros, veterinários e 
odontólogos), observando-se as normas sanitárias vigentes e aquelas que versam 
sobre o Exercício Profissional. 
O médico veterinário pode receitar para animais, sem restrições, medicamentos 
da linha veterinária ou humana, exceto aqueles previsto na Portaria nº 344, de 12 de 
maio de 1998, como estabelecido nos artigos Art. 38 e no Art. 54 parágrafo único, onde 
as prescrições por cirurgiões dentistas e médicos veterinários só poderão ser realizadas 
quando para uso odontológico e veterinário, respectivamente, sendo para esses 
profissionais vedada a prescrição de medicamentos antirretrovirais, lista “C4” da referida 
Portaria (8, 22). 
Na área da medicina veterinária: 
• Resolução nº 875, de 12 de dezembro de 2007. Aprova o Código de Processo 
Ético-Profissional no âmbito do Sistema CFMV/CRMVs 39. 
• Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998. Esclarece, nos artigos 38 e 55 §1: “As 
prescrições por Cirurgiões-Dentistas e médicos veterinários só poderão ser feitas para 
uso odontológico e veterinário, respectivamente”. 
 
RECEITAS DE CONTROLE ESPECIAL: 
A Portaria nº 344, de 12 de maio de 1998, aprova o Regulamento Técnico sobre 
substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial, e padroniza a forma e os 
formulários corretos (notificações de receitas, receitas e termos de concordância) para 
se fazer as prescrições dos medicamentos entorpecentes “A1” e “A2”, os psicotrópicos 
“A3”, “B1” e “B2”, os retinóicos para uso sistêmico “C2” e imunossupressores “C3”, 
enquadrados nesta portaria e em suas atualizações. O pet shop ou casa veterinária 
somente poderá dispensar através da receita, quando todos os itens estiverem 
devidamente preenchidos conforme preconiza a portaria. Nela se define o uso de dois 
mecanismos para controle dos medicamentos especiais: a notificação de receita e a 
receita especial. 
Todos os formulários de notificações de receitas e receita de medicamentos 
especiais devem ser preenchidos de forma legível, sendo a quantidade em algarismos 
arábicos e por extenso, sem emenda ou rasura. 
MEDICAMENTOS DE ALTA VIGILÂNCIA: 
Quanto à prevenção de erros, deve-se atribuir atenção especial aos 
medicamentos de alta vigilância, mesmo que eles não ocorram com muita frequência, 
quando acontecem, costumam apresentar danos graves ou fatais (COHEN, 2006). 
O Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP) atualizou e 
divulgou uma lista de 19 classes terapêuticas e 13 medicamentos específicos 
classificados como medicamentos de alta vigilância (MAV), destacando agonistas e 
antagonistas adrenérgicos, antiarrítmicos, antitrombóticos, analgésicos opióides, 
sedativos e eletrólitos de alta concentração. Esses medicamentos são usados quase 
que exclusivamente em ambientes hospitalares e são responsáveis por 
aproximadamente 58% dos danos causados por medicamentos (INSTITUTO PARA 
PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE MEDICAMENTOS, 2015; MELO et al, 2014). 
Uma pesquisa em um hospital dos Estados Unidos, entre 1994 e 2000, 
demonstrou que mais da metade dos EAM preveníveis envolvem anticoagulantes, 
analgésicos opióides e insulinas (INSTITUTE FOR HEALTHCARE IMPROVEMENT, 
2012). Com isso, percebe-se a necessidade de monitorar cautelosamente todas as 
fases de utilização dos MAV, sendo conveniente aplicar intervenções específicas para 
reduzir os erros produzidos. Essas intervenções auxiliam as melhorias do cuidado aos 
pacientes, pois expõem aos profissionais os riscos inerentes à utilização desse grupo 
de medicamentos (INSTITUTO PARA PRÁTICAS SEGURAS NO USO DE 
MEDICAMENTOS, 2015; COHEN, 2006). 
CONCLUSÃO: 
A prescrição é um dos mais importantes processos da Assistência Farmacêutica, 
visto que é a partir da prescrição que há a sugestão da farmacoterapia a ser utilizada 
pelo paciente. Uma boa prescrição médica não se resume apenas à ausência de erros, 
mas na necessidade do prescritor olhar o paciente de forma holística para realizar a 
prescrição, levando em conta não somente a situação clínica e os aspectos inerentes 
ao medicamento a ser prescrito, mas também condições sociais dos cuidadores, que 
influenciarão na adesão e uso adequado do tratamento prescrito. 
O medicamento é uma ferramenta utilizada no sistema de saúde para proteger, 
promover e restaurar a saúde, auxiliando, assim, o cuidado ao paciente, quando usado 
adequadamente (ANACLETO et al., 2005). 
O aparecimento de eventos adversos aos medicamentos pode estar associado 
aos erros de medicação. Com isso, ações e esforços têm sido desenvolvidos para 
reduzir esses erros com a finalidade de melhorar a segurança do paciente. 
Considerando toda a discussão trazida, destaca-se que uma prescrição de 
medicamentos elaborada de forma inadequada, além de ter o potencial de ser ineficaz, 
insegura e desvantajosa sob o ponto de vista econômico, favorece a judicialização na 
área saúde. Uma prescrição irracional sem fundamentação em evidências e incoerente 
com o contexto, certamente é um potencial propulsor de ações judiciais para obtenção 
de medicamentos, que muitas vezes não agregarão valor ao tratamento do paciente. 
 
Referências: 
PEPE, Vera Lúcia Edais; OSORIO-DE-CASTRO, Claudia Garcia Serpa; 
BRASIL^ DMINISTÉRIO DA SAÚDE. Prescrição de medicamentos. Brasil. Ministério 
da Saúde. Formulário terapêutico nacional, 2008. 
SANTI, Leandro Queiroz. Prescrição: o que levar em conta. Brasília, DF: 
OPAS, 2016. 
GOMES, Andressa Dias. Erros de prescrição de medicamentos de alta 
vigilância em um hospital terciário do Distrito Federal. 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDUTAS NA TERAPIA COM ANTIBIÓTICOS E 
QUIMIOTERÁPICOS. 
 
INTRODUÇÃO: 
Os antimicrobianos são empregados para combater os microrganismos, sendo 
classificados em agentes inespecíficos ou específicos. Os antimicrobianos inespecíficos 
atuam sobre microrganismos em geral, quer sejam patogênicos, ou não; fazem parte 
deste grupo os antissépticos e os desinfetantes. Os antimicrobianos específicos atuam 
sobre microrganismos responsáveis pelas doenças infecciosas que acometem os 
animais; são os quimioterápicos e os antibióticos. 
O termo quimioterápico foi introduzido para designar as substâncias produzidas 
em laboratório, que, inseridas no organismos animal, agem de modo seletivo sobre o 
microrganismo causador do processo infeccioso, sem produzir dano ao hospedeiro. Já 
o termo antibiótico refere-se a substâncias produzidas por seres vivos, ou seus 
derivados sintéticos, capazes de combater microrganismos responsável pela doença 
infecciosa. 
Os agentes antimicrobianos são classificados de acordo com sua origem em 
antibióticos e quimioterápicos. Antibióticos são substâncias produzidas por diversas 
espécies de microrganismos, como bactérias, fungos e actinomicetos, já, os 
Quimioterápicos são substância químicas produzida por síntese laboratorial, que 
introduzidas no organismo animal, age de maneira seletiva sobre o agente causador do 
processo infeccioso. 
Os antimicrobianos sãoclassificados através dos mecanismos de ação no 
microrganismo: agentes que inibem a síntese de parede microbiana; que atua sobre a 
membrana celular da bactéria, alterando sua permeabilidade; age sobre as sub 
unidades dos ribossomos da célula 30 S e 50 S, inibindo a síntese proteica e atuando 
como bactericidas; agentes que afetam o metabolismo dos ácidos nucleicos e agentes 
antivirais. O resulta terapêutico da administração do antibiótico é variável, depende de 
uma concentração adequada da droga no local da infecção, das defesas integras dos 
hospedeiros e da sensibilidade do microrganismo. A maioria dos agentes 
antimicrobianos usados clinicamente pertence a seis famílias principais: penicilinas, 
cefalosporinas, marcrolídios, aminoglicosídeos, tetraciclinas e quinolonas. 
Antimicrobianos são utilizados com fins terapêuticos, têm a finalidade de 
combater exclusivamente a doença com a máxima eficácia e o mínimo de riscos para 
as células do hospedeiro (SANTOS et al., 1998). No início da década de 40, no século 
XX, os antibióticos já tinham sido isolados, identificados e indicados para tratamento de 
doenças dos homens e, em seguida, dos animais (SPINOSA et al., 2005). 
Os antimicrobianos são usados em várias fases do ciclo de produção das 
principais espécies animais. Além do seu uso para fins terapêuticos, têm aplicação em 
medidas de profilaxia e como promotores de crescimento. Entretanto, podem acarretar 
problemas potenciais à saúde, como toxicidade, alergia e desenvolvimento de 
resistência, e isto tem trazido preocupações à saúde pública. 
A antibioticoterapia é usualmente utilizada como primeira opção no tratamento 
de diversas enfermidades na medicina veterinária e humana. Atualmente, uma 
variedade de drogas com princípios ativos diferentes é encontrada no mercado, 
tornando-se muito importante a avaliação da eficácia desses medicamentos frente aos 
microrganismos agressores. 
No ambiente hospitalar, os antimicrobianos estão entre os fármacos mais 
prescritos, responsáveis por 20-50% dos gastos com medicamentos. O seu uso racional 
é definido como a prática de prescrição que resulta na ótima indicação, dosagem, via 
de administração e duração de um esquema terapêutico ou profilático, proporcionando 
alcance de sucesso clínico com mínima toxicidade para o paciente e reduzido impacto 
sobre a resistência microbiana. 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ANTIMICROBIANOS 
O antimicrobiano pode destruir a bactéria, sendo chamado de bactericida, ou 
apenas inibir sua multiplicação, bacteriostárico. Coma suspenção do tratamento, a 
bactéria pode voltar a crescer, caso os processos de defesa do hospedeiro não 
consigam debelar o processo infeccioso. Já o antimicrobiano bactericida exerce efeito 
letal sobre a bactéria, sendo esse efeito irreversível. 
Desde a descoberta e introdução de agentes antimicrobianos na terapia, esses 
têm sido considerados uma arma milagrosa no combate às doenças causadas por 
bactérias ILevy, 19921. Principalmente por causa do uso dos antimicrobianos, quase 
todas as doenças infecciosas, que têm estado entre as causas mais comuns de morte 
em humanos e animais por muito tempo, desapareceram ou, pelo menos, mostraram 
um decréscimo na sua incidência por volta da metade do século 20 ISemjén, 2000). O 
uso de antibióticos tornou possível o controle de doenças bacterianas na medicina 
humana, produção animal e agricultura. Em geral, não somente pelo seu grande efeito, 
mas pela sua segurança como consequência da sua seletiva toxicidade que é 
direcionada principalmente contra bactérias invasoras, sem causar alterações na 
fisiologia do hospedeiro. 
A escolha do antimicrobiano deve ser fundamentada no conhecimento de suas 
propriedades, que são: destruir o micro-organismo (bactericida), em vez de inibir o seu 
desenvolvimento (bacteriostático); possuir amplo espectro de ação; ter alto índice 
terapêutico; exercer atividade em presença de fluidos do organismo (exsudato, pus, 
etc.); não perturbar as defesas do organismo (síntese de anticorpos, migração de 
células de defesa); não produzir reações de sensibilização alérgica; não favorecer o 
desenvolvimento de resistência bacteriana; distribuir-se por todos os tecidos e líquidos 
do organismo em concentrações adequadas; poder ser administrado por diferentes vias 
e possuir preço acessível. Alguns dos efeitos dos antibióticos podem ser atribuídos ao 
estado mais saudável das mucosas do trato digestivo quando em tratamento, auxiliando 
a absorção de nutrientes e evitando a passagem de bactérias patogênicas (Sewell, 
1998). 
USO DE ANTIMICROBIANOS E QUIMIOTERÁPICOS. 
O uso terapêutico é aquele no qual o antimicrobiano é administrado ao animal 
ou a um rebanho com uma doença infecciosa, visando debelar a infecção existente. O 
uso metafilático de um antimicrobiano é usado em um rebanho, visando prevenir a 
instalação da doença clínica em todos os animais do grupo, é também chamado de 
tratamento de animais em risco ou, ainda, de tratamento de animais em contato. Nessa 
situação, o antimicrobiano pode ser administrado ao rebanho na ração ou água, por 
facilidade de manejo. 
Na profilaxia o uso do antimicrobiano é somente uma medida preventiva, na qual 
o veterinário quer garantir a proteção contra uma possível infecção. O uso profilático é 
feito, por exemplo, quando o animal é submetido a uma cirurgia empregando medidas 
assépticas e deseja-se proteger o animal contra agentes infecciosos; ou ainda na 
profilaxia da vaca no período de secagem, durante o qual o risco de infecções 
intramamárias é maior. O emprego profilático pode ser feito para um único animal ou 
para um grupo de animais. Em aves, é usual medicar o lote, enquanto o tratamento de 
suínos e bovinos pode ser tanto individual como do rebanho, podendo o tratamento ser 
local ou sistêmico. 
Em peixes, o tratamento antimicrobiano geralmente é feito na ração medicada 
ou, ainda, individualmente, por injeções ou imersões. Já o tratamento em abelhas pode 
ser feito adicionando o antimicrobiano na água para pulverização da colmeia ou no 
xarope colocado em alimentador. 
Como aditivos zootécnicos melhoradores do desempenho, o uso dos 
antimicrobianos tem o objetivo de diminuir a mortalidade, melhorar o crescimento e a 
conversão alimentar. Atualmente, tem sido questionado bastante esse uso do 
antimicrobianos, uma vez que são empregados por período prolongado e em baixas 
concentrações na ração, situação que favorece o desenvolvimento de resistência 
bacteriana. 
Em ruminantes, de modo geral, os antibióticos que não atuam predominante 
sobre o rúmen reduzem as infecções bacterianas do intestino, preservando a 
integridade da mucosa intestinal e permitindo melhor absorção dos nutrientes, o que 
resulta em melhor desempenho. O conceito de promotor de crescimento, neste caso, 
se confunde com o uso profilático de antibióticos, prevenindo a instalação de patógenos 
(G ewehr & Lawisch , 2003). 
Antibióticos são fornecidos a bovinos em terminação para o controle do abscesso 
de fígado. A presença de abscessos pode reduzir o ganho de peso e o seu controle, 
aumenta a eficiência alimentar em 10%. Além de controlar abscesso de fígado, os 
antibióticos também evitam o crescimento de microorganismos nocivos no trato 
gastrintestinal. Essa redução ocasiona menor competição por nutrientes entre esses 
microorganismos e o hospedeiro. Antibióticos também podem diminuir o timpanismo, 
mas existem ainda poucos dados a respeito (Stock & Mader, 1998). 
Alguns dos efeitos dos antibióticos podem ser atribuídos ao estado mais 
saudável das mucosas do trato digestivo quando em tratamento, auxiliando a absorção 
de nutrientes e evitando a passagem de bactérias patogênicas. Os níveis de antibióticos 
para uso contínuo na dieta variam de 35 mg a 100 mg/ cabeça/dia, altos níveis, de 250 
mg a 1 g/cabeça/dia, são utilizados em períodos de três dias a quatro semanas. 
Geralmente, animais em estresse, como na desmama, transporte e ao início do 
confinamento, são os mais beneficiados,bezerros costumam responder melhor que 
novilhos de sobre ano ao fornecimento de antibióticos. Os antibióticos geralmente dão 
melhores resultados quando fornecidos com dietas com alta proporção de volumosos. 
Promotores de crescimento são substâncias, naturais ou sintéticas, ou 
organismos vivos, adicionados às rações animais com os objetivos de aumentar o ganho 
de peso, melhorar a eficiência alimentar e reprodutiva, bem como diminuir a mortalidade 
(Nicodemo,2001). Antibióticos ionóforos alteram as características da fermentação, 
resultando em mudanças metabólicas favoráveis no rúmen (Nagaraja & Taylor, 1987). 
Em dietas com alto teor de grãos, ionóforos geralmente reduzem a ingestão de alimento 
em cerca de 8 % a 10% e melhoram a conversão alimentar, mantendo ou aumentando 
o ganho de peso diário, sem afetar as características de carcaça (Nicodemo, 2001). 
As ações dos ionóforos sobre o desempenho parecem resultar de uma série de 
efeitos sobre o metabolismo. Os ionóforos melhoram a eficiência do metabolismo de 
energia alterando os tipos de ácidos graxos voláteis produzidos no rúmen (aumento de 
propionato, redução de acetato e butirato). O melhor desempenho animal é resultante 
de maior retenção de energia durante a fermentação do rúmen; os ionóforos reduzem a 
degradação de proteína do alimento e podem diminuir a síntese de proteína microbiana, 
aumentando a quantidade de proteína de origem alimentar que chega ao intestino 
delgado. 
Aditivos alimentares antimicrobianos são utilizados como promotores de 
crescimento e para melhoria da conversão alimentar. Monensina e lasolacida são 
antibióticos usados para melhorar a conversão alimentar. O mecanismo pelo qual a 
monensina inibe a degradação da proteína não está claro, embora essa atividade tenha 
poucas implicações para bovinos em dietas com alto teor de grão, os efeitos podem ser 
significativos em bovinos em crescimento recebendo dieta à base de forrageiras, 
quando a proteína é suplementada abaixo dos requisitos e ionóforos podem reduzir a 
incidência de acidose (por meio de aumento no pH ruminal e inibição de bactérias 
produtoras de ácido lático. 
Em rebanhos produtores de leite os antibióticos são utilizados principalmente 
para tratamento de infecção bacteriana em bezerros e de vacas adultas. As principais 
doenças de bezerros que necessitam de prescrição de antibióticos são diarreias, 
pneumonias e tristeza parasitária bovina, que é uma doença causada principalmente 
pela associação dos protozoários Babesia spp. e da riquétsia Anaplasma spp. que 
parasitam os eritrócitos dos animais. As espécies de anaplasma são sensíveis às 
tetraciclin as, que são usadas para o controle da doença em associação a agentes 
específicos para a babesiose. 
No tratamento terapêutico das vacas, os antimicrobianos são principalmente 
utilizados para tratamento de Mastite bovina, Doenças de casco, Metrite e lavagem 
uterina pós parto. O uso profilático de antimicrobiano no final do período de lactação é 
um componente importante no programa de controle de mastite bovina. O fármaco é 
administrado pela via intramamária na secagem do leite, sendo aplicado em cada teto 
um bisnaga de antibiótico de longa duração, próprio para este período de secagem da 
vaca. No tratamento terapêutico das doenças de casco, é adotados os procedimentos 
de limpeza e curetagem do local para remoção do tecido necrótico e aplicação sistêmica 
de antimicrobiano. A oxitetraciclina, associada ao anti-inflamatório não esteroide, de 
longa ação, proporciona o combate da infecção, da febre, da dor e da inflamação, por 
um período prolongado. A oxitetraciclina é um antimicrobiano de amplo espectro que 
age tanto em bactérias gram-negativas, quanto em gram-positivas, o fármaco pode ser 
administrado em ruminante tato por via intramuscular profunda quanto, pela via 
subcutânea, na dosagem de 1ml para cada 10 kg de peso vivo ou ainda por infusão 
intravenosa lenta, com aplicações diárias de 1 ml para cada 20 kg de peso vivo. Por se 
tratar de um medicamento de longa ação, quando utilizado por via intramuscular ou 
subcutânea, geralmente uma única aplicação é suficiente para o tratamento. 
Na avicultura administração de antimicrobianos é realizada como protocolo na 
sanidade dos aviários, geralmente administrados através da água e promotores de 
crescimento, fornecidos na ração por apresentar maior facilidade de manuseio. Os 
antibióticos promotores de crescimento são prescritos para controlar ou equilibrar a 
proliferação de bactérias gram positivas que liberam metabólitos tóxicos que 
comprometem o ganho de peso (como os Bifidobacterium sp., Clostridium perfringens, 
Lactobacillus sp. e bacteroides fragilis) ou outras formas de agressão geradas pela 
super proliferação bacteriana, que causam competição por nutrientes com o hospedeiro 
e estímulo excessivo do sistema imune das aves. 
Para que antimicrobianos possam ser considerados promotores de 
crescimentos, estes devem apresentar as seguintes características: melhorar o 
desempenho da ave de maneira efetiva e econômica; ser atuante em pequenas doses; 
não apresentar resistência cruzada com outros antimicrobianos; permitir a manutenção 
do equilíbrio da flora gastrintestinal normal; não estar envolvido nos processos de 
resistência as drogas; não ser absorvível a nível gastrintestinal; ser atóxico para os 
animais; não podem ser mutagênicos ou carcinogênicos; não devem ter efeitos 
deletérios ao ambiente; ter amplo espectro de atividade; ser estável aos processos de 
fabricação das rações; ser compatível com os demais aditivos das rações; ter um custo 
de produção baixo; não deixar resíduos nas partes comestíveis após o período de 
retirada. 
CONCLUSÃO: 
A introdução de agentes antimicrobianos no uso terapêutico foi revolucionária no 
combate às doenças causadas por bactérias no meio do século passado. O seu uso na 
terapia de doenças, na alimentação animal como prevenção e promotores de 
crescimento, aumentou consideravelmente a produção, contribuindo para o 
desenvolvimento e rentabilidade dos sistema de produção agropecuário. No Brasil, os 
aditivos antimicrobianos vêm sendo usados há mais de 50 anos, e estes além de 
provocarem melhora na conversão alimentar e, consequentemente no ganho de peso 
dos animais, evita o risco de aparecimento e disseminação de processos infecciosos no 
plantel. Sendo que o aparecimento de um único animal doente no plantel traria graves 
consequências para o produtor, seja do ponto de vista de manejo, sanidade, mortalidade 
e rentabilidade da atividade. 
As razões mais comuns para justificar as falhas da antibioticoterapia são: 
distribuição inadequada da droga pelos fluidos e tecidos do organismo; baixo grau de 
ionização no leite com pH normal ou alterado; efeito negativo de sua ação nos 
mecanismos de defesa do organismo; localização do foco infeccioso e baixa 
sensibilidade do microrganismo em relação ao fármaco. O insucesso na terapia contribui 
para a resistência bacteriana, o tratamento precoce desta afecção aliada a outras 
medidas constitui importante profilaxia, pois elimina uma fonte de infecção para os 
demais animais. O uso de antimicrobianos em animais de produção, especialmente para 
fins profiláticos, vêm sendo criticado devido à crescente preocupação com o 
desenvolvimento de resistência antimicrobiana e seus efeitos sobre a saúde humana. O 
uso em animais de produção deve obedecer a critérios rígidos para evitar: a seleção de 
microrganismos resistentes, a transferência de genes de resistência dos animais para o 
homem, a transmissão de zoonoses, a intoxicação dos animais, a contaminação do 
manipulador e do meio ambiente e a contaminação dos produtos de origem animal 
destinados ao consumo humano. 
Assim, e necessário juntar esforços aos profissionais ligados à área veterinária 
e humana, no sentido de fazer o uso racional e seguro dos antimicrobianos, para 
controlar a dispersão de bactérias resistentes ou de genes de resistência. 
 
REFERÊNCIAS: 
HELENICE DESOUZA SPINOSA; JOÃO PALERMO- NETO; SILVANA LIMA 
GÓRNIAK. Medicamentos em animais de produção 
SPINOSA, H. S.; ITO, N. M. K.; MIYAJI, C. I.; LIMA, E. A.; OKABAYASHI, S. 
Antimicrobianos: Considerações Gerais. In: Farmacologia aplicada à avicultura. Cap. 6, 
p. 87-103, 2005. 
MOTA, Rinaldo Aparecido et al. Utilização indiscriminada de antimicrobianos e 
sua contribuição a multirresitência bacteriana. Brazilian Journal of Veterinary 
Research and Animal Science, v. 42, n. 6, p. 465-470, 2005. 
SANTANA, Eliete Souza et al. Uso de antibióticos e quimioterápicos na 
avicultura. 2011. 
 
 
 
CONDUTAS NA TERAPIA COM AINES’s E CORTICÓIDES 
 
INTRODUÇÃO AO PROCESSO INFLAMATÓRIO. 
O processo inflamatório, ocorre após uma lesão ou infecção, os tecidos 
respondem de maneira estereotipada. Estas alterações promovem a formação e a 
liberação de uma miríade de mediadores celulares responsáveis pela produção dos 
eventos iniciais do processo inflamatório. Assim são observadas a fase vascular que é 
caraterizada por aumento do suprimento sanguíneo na áreas lesionada ou infectada, 
conferindo o aspecto avermelhado do tecido inflamado e promovendo calor nesta 
região, no qual ocorre aumento da permeabilidade vascular, facilitando a passagem de 
proteínas plasmáticas para o tecido carreado, acompanhado por grande quantidade de 
água, promovendo o edema e a fase celular, que ocorre concomitantemente à fase 
vascular, observam-se a saída de componentes sanguíneos e a migração de leucócitos 
para o espaço intersticial. 
A dor produzida em um processo inflamatório é decorrente da sensibilização de 
nociceptores (receptores de dor), os quais são estimulados por mediadores químicos 
liberados no local. Esses eventos são responsáveis pelos cinco sinais cardinais do 
processo inflamatório: edema, rubor, color, dor e perda de função. O desenrolar do 
processo inflamatório pode ser a resolução com restauração da função normal do tecido 
acometido ou se o estímulo persistir, haverá destruição do tecido com formação de 
tecido fibroso e estabelecimento da cronificação do processo, com proliferação local de 
tecido conjuntivo e acúmulo de células mononucleares. 
Dentre os mediadores químicos do processo inflamatório, os mais conhecidos 
são os pertencentes a uma família de compostos denominados eicosanoides, que se 
referem aos lipídios insaturados, derivados da quebra do ácido araquidônico a partir de 
enzima específicas. Uma lesão no tecido promove a liberação de fosfolipídios os quais 
são rapidamente convertidos pela enzima ciclo-oxigenase (COX) em eicosanoides, que 
incluem as prostaglandinas (PG), as prostaciclinas (PGI2) e as tromboxanas (TX). O 
ácido araquidônico também pode ser quebrado por outra enzima, denominda lipo-
oxigenase (LOX), que dá origem, principalmente, aos leucotrienos (LT). 
ANTI-INFLAMATÓRIOS 
Os anti-inflamatórios são, sem dúvida nenhuma, os medicamentos mais 
amplamente utilizados, não só em medicina veterinária, mas principalmente para 
emprego em humanos. Em medicina veterinária, os principais usos de anti-inflamatórios 
têm como objetivo principal, aliviar os sinais clínicos de processos degenerativos 
músculo esqueléticos, traumas e analgesia em atos pós cirúrgicos e também são muito 
empregados no pré-operatório, diminuindo assim o uso de anestésicos e obtendo uma 
recuperação pós-operatória mais satisfatória. 
Anti-inflamatórios não-esteroidais (AINES) 
Os AINES possuem ação inibitória sobre as COXs, tanto a COX1 quanto a 
COX2, impedindo que o ácido araquidônico seja transformado em prostaglandinas e 
tromboxanas. Porém, temos que salientar neste momento, que a COX1 está presente 
de forma constitutiva em outros tecidos, produzindo prostaglandinas essenciais para a 
fisiologia normal destes órgãos, como os rins, o trato gastrointestinal (TGI) entre outros. 
Nos rins, as prostaglandinas (PGI2, PGE2 e PGD2) possuem ação 
vasodilatadora e também influenciam na liberação da renina, permitindo desta forma, 
um fluxo sanguíneo adequado para a filtração glomerular e também ação regulatória na 
secreção e excreção ao nível dos túbulos contornados (DUNN e HOOD, 1997). Já no 
TGI, as prostaglandinas possuem efeito tamponante ao induzirem a liberação de 
bicarbonato de sódio (barreira muco-bicarbonato), o qual impede a ação corrosiva do 
ácido clorídrico na mucosa estomacal (WOLFE et al., 1999). Quando ocorre a inibição 
da COX1, ao nível renal pode ser observada a diminuição do fluxo sanguíneo 
corpuscular e consequentemente diminuição na filtração glomerular, levando à 
nefrotoxicidade, enquanto que ao nível do TGI a inibição das prostaglandinas pode levar 
à ocorrência de úlceras gástricas, mostrando-se algumas vezes hemorrágica, devido à 
ação inibitória dos anti-inflamatórios sobre a agregação plaquetária. 
 Os AINES possuem atividade inibitória variável sobre as COXs, podendo atuar 
mais ou menos sobre uma ou outra, levando desta forma, a reações adversas 
indesejáveis. Atualmente, as indústrias farmacêuticas vêm buscando cada vez mais 
intensamente produzir anti-inflamatórios mais específicos para ação inibitória sobre a 
COX2 – a forma induzível desta enzima – evitando destarte, as reações adversas 
indesejáveis naqueles pacientes que fazem uso crônico destes fármacos. 
INDICAÇÕES TERAPÊUTICA 
➢ Ação anti-inflamatória: Exercem suas ações anti-inflamatórias 
principalmente por inibirem a formação de PG, pela inibição, 
normalmente de maneira reversível, da COX. Estudos revelaram que os 
AINE também são capazes de inibir a liberação de histamina de 
mastócitos, assim, a inibição conjunta de PG e Histamina promove 
redução significativa do processo inflamatório. 
➢ Ação analgésica: Os AINE são eficazes no combate à dor leve ou 
moderada, particularmente aquela originada de processo inflamatório ou 
lesão tecidual. Desse modo, embora a dor periférica seja promovida por 
outros mediadores químicos do processo inflamatório, como a bradicinina 
e a histamina, as PG, principalmente a PGE2 e a PGI2, causam a 
sensibilização dos receptores da dor, diminuindo o limiar doloroso e 
promovendo descargas elétricas por meio da variação no potencial de 
repouso do nociceptores. Além dos efeitos periféricos, tem sido proposto 
que os AINE atuariam também na medula espinal, aumentando a 
liberação de PG neste nível, o que facilitaria a transmissão das fibras de 
dor aferente para os neurônios de retransmissão no corno posterior. 
➢ Ação antipirética: A temperatura corpórea é regulada por neurônios 
situados na região pré-óptica do hipotálamo anterior. Ocorre o processo 
febril, quando há o desequilíbrio no “termostato” em decorrência da 
produção hipotalâmica de PGE2. Nesta situação, o hipotálamo interpreta 
erroneamente que está havendo queda da temperatura corporal, fazendo 
com que o organismo reaja, produzindo vasoconstrição periférica, 
piloereção e tremores, mecanismos geradores de calor, produzindo, 
assim, a febre. 
Os principais AINE utilizados na medicina veterinária são: 
• Paracetamol, indicado uso em dor moderada e febre. 
• Ácido acetilsalicílico, indicado na inflamação, dor moderade e 
antiagregante plaquetário. 
• Carprofeno, indicado para dor musculoesquelética, dor aguda 
devido a cirurgia ou trauma e inflamação. 
• Cetoprofeno, dor moderada e inflamação. 
• Dipirona, dor moderada e febre. 
• Fenilbutazona, dor musculoesquelética e inflamação. 
• Flunixina meglumina, dor moderada e inflamação 
• Meloxicam, dor aguda, inflamação e febre 
 ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS 
Os anti-inflamatórios esteroidais, também denominados glicocorticoides ou 
corticoides, são os mais efetivos anti-inflamatórios usados na prática veterinária, seus 
efeitos no tratamento de inflamação agudam são inigualáveis. Entretanto, devido à 
variedade de efeitos biológicos produzidos por esses medicamentos, que estão 
diretamente relacionados com a potência e a dose, há grande risco de serem mal 
utilizados. Assim, ao se administrarem anti-inflamatórios, é necessárioter em mente que 
os glicorticoides não devem ser a primeira escolha. Deve-se considerar, que os 
corticoides devem ser empregados para alcançar apenas a finalidade terapêutica com 
a menor dose e duração possível, caso contrário, há grande possibilidade de 
aparecimento de diversos efeitos colaterais indesejáveis. 
Os glicocorticóides vêm sendo empregados desde 1949, quando se verificou que 
o uso de cortisona em pacientes com artrite reumatoides apresentava melhora 
considerável no quadro clínico. 
Diferentemente dos AINES, os glicocorticóides possuem, além de efeito anti-
inflamatório, potente efeito imunossupressor, pois na dependência do esquema 
posológico, atuam especificamente sobre linfócitos T, inibindo-os ou mesmo destruindo-
os (KNUDSEN et al., 1987), tornando este medicamento altamente desejável em 
indivíduos portadores de autoimunidades e de alguns tipos de processos alérgicos e em 
humanos sendo bastante empregados em pacientes transplantados; sendo o principal 
uso em medicina veterinária, aquele com atividade anti-inflamatória. 
Do ponto de vista anti-inflamatório, os glicocorticóides, diferentemente dos 
AINES, atuam especificamente inibindo a transcrição gênica da fosfolipase A2, 
impedindo que o ácido araquidônico seja sintetizado e posteriormente seja degradado 
tanto pelas COXs quanto pelo 5-lipoxigenase. Logo, seu efeito, além de interferir na 
síntese de prostaglandinas e das tromboxanas, inibe também a migração leucocitária, 
já que inibe o 5-HETE e a síntese dos leucotrienos, diminuindo desta forma o processo 
inflamatório e também o efeito reparador que leucócitos promovem no local lesionado. 
É importante salientar que os glicocorticóides são hormônios esteroidais 
produzidos endogenamente e possuem diversas funções fisiológicas importantes, 
especialmente aquelas relacionadas ao metabolismo de carboidratos e de proteínas. 
Assim, quando os glicocorticóides forem administrados de forma indiscriminada podem 
levar à menor captação de açúcar pelas células (efeito diabetogênico) e 
consequentemente, levar a um efeito catabólico de proteínas musculares. 
Altas doses de glicocorticóides ou tratamentos prolongados com este 
medicamento podem promover efeito mineralocorticóide, com maior retenção de sódio 
e perda de potássio, resultando assim em quadros edematosos e também, importante 
efeito imunossupressor, tornando os animais mais propensos a desenvolverem 
infecções por patógenos oportunistas. 
CARACTARÍSTICAS GERAIS 
Os glicocorticoides podem ser classificados de acordo com a duração de sua 
atividade anti-inflamatória. Assim, os glicocorticoides que exercem seus efeitos anti-
inflamatórios até aproximadamente 12 h são considerados de curta duração; aqueles 
que exercem suas ações biológica entre 12 e 36 h são classificados como de ação 
intermediária, estando inserida neste grupo a maior parte deste anti-inflamatórios 
esteroidais; os glicocorticoides de longa duração exercem atividade biológica por mais 
de 48 h. Outra forma empregada para se classificarem estes anti-inflamatórios é a 
potência, que é sempre comparada á hidrocortisona, para qual se deu o valor arbitrário 
de 1. Os principais glicocorticoides empregados na clínica veterinária são: Ação rápida 
(12 a 24 h), cortisona e hidrocortisona; Ação intermediaria (12 a 36 h), Prednisolona, 
Metilprednisolona e Triancinolona; Ação prolongada (até 48 h), Dexametasona e 
Betametasona. 
INDICAÇÕES TERAPÊUTICA 
A principal indicação terapêutica dos glicocorticoides deve-se ao seu potente 
efeito anti-inflamatório. Estas substâncias são capazes de bloquear desde as 
manifestações mais precoces do processo inflamatório, como dor, calor e rubor, até as 
mais tardias, como reparação e proliferação tecidual. Os esteroides anti-inflamatórios 
afetam todos os tipos de resposta inflamatória, seja iniciada por patógenos invasores, 
estimulo físico ou químico, ou por uma reação imunológica inapropriada, como 
hipersensibilidades e doenças autoimunes. 
Os glicocorticoides também são frequentemente utilizados no tratamento da 
cetose clínica, tendo um efeito hiperglicêmico, diminuindo a absorção de glicose pelos 
tecidos periféricos, disponibilizando, desta forma mais glicose para o restante do 
organismo. A redução da produção de leite ocasiona menor gasto de energia pela 
glândula mamária, já que o animal não está ingerindo alimento (FLEMING, 2006). A 
menor captação de aminoácidos por tecidos musculares e glândula mamária, 
aumentam a disponibilidade de aminoácidos fazendo a ativação da gliconeogênese 
hepática, sendo assim, o efeito da dexametasona tem uma duração de 48 a 72 horas e 
não deve ser utilizado por mais de três dias consecutivos devido seu efeito 
imunodepressor (SANTOS, 2006). 
No tratamento de relato de caso clinico de cetose bovina, no município de 
Augusto Pestana-Rs, relatou o atendimento de uma vaca da raça Holandesa, no período 
pós-parto, com quatro anos de idade, peso aproximado de 650 kg, escore corporal 4. 
Na terapêutica deste animal, foi utilizado o 17 Cortiflam® (fosfato sódico de 
dexametasona) na dose de 0,03 mg/kg, por via intramuscular, no volume de 12 ml, e foi 
recomentado ao proprietário que no dia seguinte realizasse a aplicação de mais uma 
dose de Cortiflan® no volume de 10 ml Segundo (SCHMALZ,2017). 
Na terapia a longo prazo para cães portadores de bronquite crônica, os 
glicocorticoides são os fármacos mais eficazes, presumivelmente pelo alívio da 
obstrução crônica do fluxo aéreo, por meio da redução da inflamação das vias aéreas e 
produção de muco, e consequente diminuição da tosse, pela redução da estimulação 
de nervos sensoriais das vias aéreas. A indicação terapêutica utilizando prednisona ou 
prednisolona oral na dose anti-inflamatória é inicialmente recomendada. A dose de 
medicação deve ser reduzida gradualmente ao mínimo terapêutico em que ocorra 
melhora dos sinais clínicos. 
O uso terapêutico de glicocorticoide na Osteodistrofia Hipertrófica em cães é 
comumente relatado, apresentando resultados significativos no tratamento desta 
doença, no controle da dor e inflamação. A Osteodistrofia hipertrófica, também 
conhecida como doença de Moeller, é uma doença idiopática que causa destruição das 
trabéculas metafisárias nos ossos longos de cães jovens que apresentam crescimento 
rápido. (CAMPLESI, A. C. et al) Osteodistrofia hipertrófica em um cão da raça pastor 
branco suíço, foi indicado o tratamento com prednisona via oral na dose de 2 mg/kg a 
cada 12 horas durante a primeira semana com redução do gradual de 50% da dose a 
cada 5 dias durante 15 dias. 
Segundo (DORNELLES, et al.) na pesquisa de campo referente a protocolos 
terapêutico utilizados no tratamento da Cinomose canina no Alto Uruguai gaúcho e 
Oeste Catarinense, foi observada que 66,66% das clínicas veterinárias utiliza anti-
inflamatórios. 
O anti-inflamatório dexametasona esteve presente em 13,33% das receitas. 
Segundo Viana (2007), é imunossupressor. Entretanto Braund (1997); Bichard e 
Sherding (2008) indicam o uso na dose de 1 a 2mg/kg IV em convulsões para controle 
de edema do SNC e concomitantemente à anticonvulsivantes como fenobarbital, 
diazepam ou brometo de potássio. 
Anti-inflamatório glicocorticoide, acetato de prednisolona (6,66%) é um usado em 
tratamento a longo prazo, as doses podem ser diminuídas de 0,5mg/kg a cada 48 horas 
por VO (PAPICH, 2012). Prednisolona foi prescrito pelo médico veterinário na fase 
crônica da cinomose. A administração de glicocorticóides pode ser benéfica em alguns 
cães com a doença do SNC oriunda de infecção crônica pelo vírus da cinomose, mas é 
contra indicada em cães agudamente infectados (NELSON & COUTO, 2001). 
A indicação de uso de glicocorticoides em animais de produção é limitada, devido 
à série de efeitos indesejáveis produzidos por este grupo de medicamentos. Em 
bovinos, à necessidade de quantidades elevadas, na maioria das vezes, é muito 
oneroso e impraticável. Contudo o uso destes fármaco está presente corriqueiramenteempregados na clínica terapêutica veterinária, e são importantes na terapia em diversas 
patologia e traumas que acometem os animais de produção e companhia, garantindo-
lhes a vida. 
EFEITOS COLATERAIS, CONTRAINDICAÇÕES E PRECAUÇÕES 
Os efeitos adversos ou tóxicos produzidos pelos glicocorticoides, geralmente é 
resultado do longo uso em doses supra fisiológicas, quando objetiva-se um efeito anti-
inflamatório ou imunossupressor. A administração prolongada, que na maioria das 
espécies representa um tratamento superior a duas semanas, pode levar ao 
aparecimento da síndrome de Cushing, caracterizada por poliúria, polidipsia, alopecia, 
aumento de sensibilidade a infecções, miopatia periférica e atrofia muscular. 
O efeito antagônico à insulina dos glicocorticoides pode promover o 
aparecimento de diabetes melito; podem induzir acúmulo de glicogênio nos hepatócitos, 
acarretando hepatopatia e hepatomegalia. O aparecimento de gastrite e ulcerações 
gástrica, ocorrem devido à diminuição da renovação de enterócitos, associada à inibição 
da produção de PG produzidas. O adelgaçamento e fragilidade na pele, pode ocorrer 
devido os glicocorticoides promoverem redução na síntese de colágeno. Há, ainda, a 
possibilidade de aparecimento de edema e alcalose hipopotassemia, resultante da 
retenção de sódio e água. 
Em função dos efeitos imunossupressores produzidos pelos glicocorticoides, os 
animais tornam-se mais sensíveis às infecções, assim, são comuns infecções no trato 
urinário de animais submetidos à corticoterapia por período prolongado. Considerando-
se que estes medicamentos podem induzir aborto ou promover malformação fetal, 
também é desaconselhado o seu uso na gestação. Como os glicocorticoides interferem 
no metabolismo do cálcio, o uso prolongado é totalmente desaconselhado em animais 
jovens; também por esta mesma razão não devem ser empregados em casos de fratura. 
O uso oftálmico dos corticoides é desaconselhado em situações em que haja úlcera de 
córnea, pois esses medicamentos podem promover perfuração da córnea, já que inibem 
a cicatrização. 
REFERÊNCIAS: 
HELENICE DE SOUZA SPINOSA; JOÃO PALERMO- NETO; SILVANA LIMA 
GÓRNIAK. Medicamentos em animais de produção. 
HUEZA, I. M. Farmacologia das aves: o uso de medicamentos anti-inflamatórios 
em aves silvestres. Ars Vet, v. 24, p. 15-24, 2008. 
SCHMALZ, Rodrigo Andrei Reisdorfer. Relatório do estágio curricular 
supervisionado em medicina veterinária. 2017. 
SANTOS FILHO, Mário et al. Bronquite crônica canina–revisão de 
literatura. Medicina Veterinária (UFRPE), v. 13, n. 3, p. 329-337, 2019. 
CAMPLESI, A. C. et al. HYPERTROPHIC OSTEODYSTROPHY IN A DOG 
BREED WHITE SWISS SHEPHERD TREATED GLUCOCORTICOID/Osteodistrofia 
hipertrófica em um cão da raça Pastor Branco Suíço tratado com glicocorticóide. Ars 
Veterinaria, v. 29, n. 3, p. 139-142, 2013. 
DORNELLES, Débora Zoti et al. Protocolos terapêuticos utilizados no tratamento 
da cinomose canina no Alto Uruguai Gaúcho e oeste catarinense. RAMVI, Getúlio 
Vargas, v. 2, n. 03.1-22, 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDUTAS NA TERAPIA COM SOLUÇÕES CRISTALÓIDES E 
COLÓIDES. 
INTRODUÇÃO 
Muitos fatores influenciam na quantidade necessária de água para os animais. 
Atividade física, período fisiológico, taxa de ganho de peso, dieta e temperatura 
ambiente são alguns deles. O insuficiente suprimento de água pode resultar em 
prejuízos para a produção, e o excesso também pode comprometer a saúde e até 
mesmo a vida do animal. A desidratação pode ser letal nos animais de todas a idades, 
pois quando revertida pode evoluir para choque. 
Para evitar tais danos, o profissional vale-se da fluidoterapía, que é uma medida 
terapêutica amplamente utilizada, cujo objetivo é restaurar o volume e a composição 
dos fluidos corporais, promovendo a manutenção do equilíbrio dos eletrólitos e líquidos 
corporais. 
Algumas enfermidades evoluem para quadros de desidratação ou desequilíbrio 
eletrolítico ou acidobásico, sendo nestes casos, até mesmo antes de se utilizar o 
medicamento escolhido de acordo com a etiologia da doença, deve-se associar a 
fluidoterapia para corrigir os distúrbios hidroeletrolítico e acidobásico instalados, 
aumentado a chance de sucesso do tratamento. 
A diarreia, as doenças infecciosas, parasitárias, metabólicas, intoxicações, bem 
como manejo nutricional inadequado podem culminar em desidratação. A fluidoterapia 
pode ser utilizada para melhorar o fluxo sanguíneo nos tecidos e para fornecer 
nutrientes, como nos casos do tratamento do choque e da nutrição parenteral, 
respectivamente. 
O emprego correto da fluidoterapia depende da escolha do fluido, do volume a 
ser utilizado, da via de administração e da velocidade do fluxo. Neste contesto, é 
importante avaliar o tipo de desidratação, a extensão do distúrbio, as manifestações 
clínicas e realizar a análise de alguns parâmetros bioquímicos, entretanto está última 
sem sempre é possível em atendimento a campo. 
Nos mamíferos, a distribuição dos fluidos, ocorre nos meios intracelular-LIC e 
extra celular-LEC. A maior parte dos solutos, aproximadamente 95%, é composta por 
íons. Os principais ânios dos líquidos corporais são cloreto, bicarbonato, fosfato, 
potássio, cálcio, magnésio e hidrogênio. 
O sódio é o principal cátion no LEC, enquanto os principais ânios são o cloreto 
e o bicarbonato. No LIC, os principais cátions são potássio e magnésio, sendo os 
principais ânios os fosfatos orgânicos, as proteínas e, em menor proporção, o sulfato e 
o bicarbonato. 
O equilíbrio osmótico entre LIC e LEC ´é mantido por eletrólitos, que são os 
solutos; e para manter a homeostase do organismo, é necessário que haja neutralidade 
elétrica entre os meios, ou seja, deve haver equivalência entre ânios e cátions. 
A composição visivelmente distinta do LIC, quando comparada à do LEC, é 
mantida pela permeabilidade seletiva da membrana celular e pela atividade da bomba 
de sódio e potássio, ligada à membrana e dependente de energia, que possibilita a 
entrada de K+ e saída de Na+ do meio intracelular, contra um gradiente eletroquímico. 
Por outro lado, a impermeabilidade da membrana aos fosfatos e às proteínas provoca 
grande pressão oncótica intracelular, que é superada pelo deslocamento iônico ativo, 
evitando a entrada de LEC para o interior das células. 
Os fluidos são classificados de acordo com sua natureza física (cristaloide ou 
coloide) e osmolaridade (hipo-osmótico, isso-osmótico, ou hiperosmótico). 
SOLUÇÕES CRISTALOIDES 
Os cristaloides são soluções de íons inorgânicos e pequenas moléculas 
orgânicas dissolvidas em água. A membrana capilar é permeável a estas pequenas 
moléculas que, portanto, são capazes de entrar em todos os compartimentos corpóreos. 
São exemplos de cristaloides as soluções de Ringer, Ringer com lactado, Ringer com 
acetato, solução fisiológica (0,9% de cloreto de sódio-Nacl), solução salina hipertônica 
(7,2% de Nacl), glicose a 5% e bicarbonato de sódio a 1,3%. 
A diferença entre as cargas determinada por os cátions fortes (Na+, K+, Ca²+ e 
Mg²+) e Ânios fortes (Cl-, lactado, sulfato, cetoácidos, ácidos graxos não esterificados, 
dentre outros) no plasma é chamada de diferença íon fortes (DIF), e este fator altera 
independentemente e diretamente o pH sanguíneo e, portanto, status acidobásico. 
Soluções de eletrólitos com DIF zero são acidificantes por criarem acidose íon forte, e 
soluções eletrolíticas com DIF intermediárias podem ser alcalinizantes ou acidificantes, 
dependendo da mudança na DIF plasmática relativa à diminuição da concentração de 
proteína plasmática, que é arcalinizante. 
Estas soluções também podem ser classificadas como de manutenção e de 
reposição; e os conceitos de osmolalidade, osmolaridade e equivalência devem ser 
considerados. 
As soluções de manutenção são utilizadas quando ainda está estabelecida a 
doença, porém após a recuperação do déficit hidroeletrolítico. São formuladas para a 
reposição das perdasdiárias normais de líquidos hipotônicos, de eletrólitos e também 
pode ser usada para satisfazerem as necessidades de potássio em animais saudáveis. 
Essas soluções não são elaboradas para infusão rápidas. 
Soluções de reposição são formuladas para corrigir deficiências específicas na 
concentração plasmática ou na quantidade corporal total de eletrólitos e álcalis. São 
isotônicas, acidificantes ou alcalinizantes. Sua administração em grandes volumes pode 
reduzir a pressão oncótica plasmática e diluir a concentração de bicarbonato, causando 
acidemia dilucional. 
Osmolalidade é o termo mais correto a ser utilizado para os fluidos extracelulares 
e para o plasma. Representa o número de partículas dissolvidas por quilo de solução e 
é expressa mOsm/kg de solução. O plasma dos ruminantes apresenta concentração 
aproximada de mOsm/kg, normalmente mantida pelos mecanismos de ingestão, 
absorção, eliminação e secreção de nutrientes. 
A Osmolaridade é o número de partículas por litro de solução e é expressa em 
mOsm/l. Este termo é o mais frequentemente utilizado, pois 1 kg de plasma representa 
aproximadamente 1 l de plasma e a osmolaridade pode ser calculada facilmente pela 
concentração de eletrólitos na solução. Portanto, 1 kg de plasma tem 70g de proteína e 
930g de água plasmática. È a partir deste conceito que as soluções cristaloides são 
classificadas em hiperosmóticas, isosmótica e hiposmóticas. 
Hiperosmóticas 
(>312mOsm/l) 
Isosmóticas 
 (300 a 312 mOsm/l) 
Hiposmóticas 
(<300 mOsm/l) 
NaHCO3 (8,4%) Solução de Ringer Ringer com acetato 
Dextrose (50%) Nacl (0,9%) Ringer com lactado 
Nacl (7,2%) Kcl (1,15%) Dextrose (5%) 
Sulfato de magnésio 
(25%) 
NaHCO3 (1,3%) 
 
Equivalência é o numero de carga de cada componente que combina com, ou 
substitui, um mol de íon hidrogênio. O equivalente (Eq) é sempre um número positivo, 
é expresso em miliequivalente (mEq = Eq/1000). 
SOLUÇÕES COLOIDES 
Os coloides são substâncias homogêneas não cristalinas, consistindo em 
grandes moléculas ou partículas ultramicroscópicas de uma substância dispersa em 
outra. Podem ser naturais, como o sangue total e o plasma (albumina); semissintéticos 
ou sintéticos, como gelatinas, dextranas e hidroxietilamidos (HES). Embora muito 
empregados em medicina humana, a utilização destes compostos pode ser considerada 
ainda tímida na medicina veterinária, e inexistente em animais de produção, 
fundamentalmente, devido à dificuldade de serem encontrados e ao seu custo mais 
elevado. 
É fato que nos casos emergentes, pode-se valer da administração de sangue 
total, obtido na própria fazenda. Ele é considerado uma solução mista cristaloide-coloide 
com grande capacidade de carrear oxigênio, mas que dispõe de baixo tempo de 
validade (no máximo 24 h a 4°C). Outra desvantagem da utilização do sangue total é 
que, nos casos de falta de controle, há grande risco da transmissão de doenças e de 
ocorrência de reações alérgicas, estas últimas mais raras de ocorrerem nos ruminantes 
na primeira transfusão. 
DIRETRIZES PARA INSTITUIÇÃO DA FLUIDO TERÁPIA 
A finalidade da fluidoterapia é a correção da desidratação e/ou do desequilíbrio 
eletrolítico. Pode também ser indicada para corrigir um quadro de acidose ou alcalose, 
para tratar um animal em estado de choque, para alimentação parenteral ou mesmo 
para estímulo de uma função orgânica, como a renal. Os princípios mais importantes a 
que deve obedecer são de que: “deve corrigir ou minimizar a desidratação e as perdas 
de eletrólitos sempre que possível” e “deve tratar perdas potenciais de fluidos e de 
eletrólitos, tão rápido quanto possível, para minimizar o grau de desidratação e 
alterações do equilíbrio acidobásico”. Assim, seus principais objetivos são: “corrigir 
anormalidades já existentes, monitorar e prover terapia de manutenção até que o animal 
se recupere”. Existem, pois, pelo menos três anormalidades a corrigir: o volume de fluido 
perdido, os desequilíbrios específicos eletrolíticos e acidobásicos. 
As principais dificuldades iniciais no estabelecimento da fluidoterapia são a 
determinação da natureza e o grau das anormalidades, e a escolha do fluido ou solução 
de eletrólitos que deve ser utilizada. Para resolver estas duas questões há necessidade 
de uma cuidadosa avaliação clínica do paciente, precedendo o início do tratamento, na 
qual devem ser incluídos a história, os exames físicos e complementares e o diagnóstico 
da enfermidade, que é importante na previsão dos prováveis desequilíbrios com base 
na etiopatogenia do processo patológico. 
As informações úteis sobre a natureza da doença e a história clínica são: 
ingestão dos alimentos e água, tipo de alimentos, perdas gastrintestinais por vômito e 
diarreia, volume de urina, salivação ou sudorese excessivas, exercícios recentes, 
exposição ao calor, traumatismos, hemorragia, febre, gestação e partos gemelares, uso 
de diuréticos ou outros medicamentos. O conhecimento de duração da doença, 
frequência e intensidade do vômito e/ou diarreia, consistência das fezes e frequência de 
micção deve ser acurado. A sequência dos sintomas e a evolução do quadro clínico 
podem indicar a tendência da gravidade. 
VOLUME DE FLUIDO A ATULIZAR 
O cálculo da quantidade de fluido a ser utilizado para o tratamento deve prever 
a reposição das perdas atuais, ou seja, ser suficiente para reidratar o animal; propiciar 
quantidade de líquidos para atender às necessidades de manutenção e das perdas 
contínuas. Se o animal em tratamento continua a perder água, esta quantidade adicional 
deve ser calculada e somada aos volumes usados para reidratar e para manutenção e 
reposição das perdas contínuas. O volume de reposição de fluido para a correção da 
desidratação é calculado com base na avaliação clínica do grau de desidratação que 
considera a perda em relação ao peso corporal em porcentagem, segundo as fórmulas 
seguintes: 
• Grau de desidratação (%) × peso corporal (kg) × 10 = quantidade em 
mililitros (mℓ). 
• Grau de desidratação (valor decimal) × peso corporal (kg) = quantidade 
em litros. 
• Grau de desidratação (%) × peso corporal ÷ 100 = quantidade em litros. 
O volume necessário para a manutenção e o atendimento das perdas contínuas 
apresenta variações conforme a espécie, a idade e o porte do animal. Em cães e gatos 
considera-se genericamente que esse volume deve estar entre 40 e 60 mℓ/kg/dia, 
recomendando para cães de grande porte o volume mínimo e para cães de menor porte, 
volume acima do mínimo até o máximo. Em relação aos gatos, deve estar atento à 
capacidade do volume vascular (40 a 55 mℓ/kg), que compreende quase a metade do 
volume vascular do cão (90 mℓ/kg), ou seja, apesar de o volume calculado para 
manutenção ser semelhante ao de um cão de porte normal, a velocidade e a via de 
administração devem ser consideradas, como também a avaliação individual de cada 
caso, respeitando o volume de perda e a ingestão de água. É de suma importância estar 
atento ao volume, à velocidade e à frequência de administração nos felinos, pois nesta 
espécie há possibilidade de manifestação mais frequente de edema de subcutâneo, 
efusão pleural e até de edema pulmonar devido a hipervolemia. 
 No caso de animais ruminantes e equídeos o volume é calculado com base no 
intervalo entre 50 e 100 mℓ/kg/dia. Nos animais adultos deve ser considerado o volume 
mínimo de 50 mℓ e para animais jovens o volume máximo de 100 mℓ, considerando que 
para neonatos o volume pode ser maior e de cerca de 130 mℓ/kg/dia. 
FLUIDOS OU SOLUÇÃO A UTILIZAR 
Com base no histórico clínico, nas manifestações clínicas e avaliações 
laboratoriais, pode determinar qual a necessidade de fluido e/ou de eletrólitos no 
tratamento em questão. A escolha do fluido deve levar em consideração suas 
finalidades básicas (alcalinização ou acidificação do LEC; eletrólitos, diluição do LEC; 
manutenção; fornecimento de nutrientes, aditivos concentrados), como a seguir: 
• Repor ou corrigir o volume do LEC: a solução deve restaurá-losem 
sua alteração qualitativa; são soluções que contêm Na +, Cl –, K + e HCO 
– 3 ou precursores, em concentrações similares às do LEC (plasma). 
• Alcalinização do LEC: são soluções indicadas para a correção da 
acidose metabólica; são aquelas que contêm bicarbonato de sódio ou 
seus precursores (lactato, acetato). 
• Acidificação do LEC: em princípio, esses fluidos têm a finalidade de 
corrigir a alcalose metabólica, todavia na atualidade não se recomendam 
soluções contendo agentes acidificantes específicos (soluções de HCl ou 
de NH4Cl). 
• Diluição do LEC: deve proporcionar água sem provocar choque 
osmótico nas hemácias (soluções isotônicas). 
• Manutenção: são fluidos que devem substituir a água de bebida, 
nutrientes e eletrólitos contidos nos alimentos. 
• Aditivos concentrados: geralmente são soluções que contém um único 
sal e são adicionadas a outras soluções para repor determinadas 
substâncias deficitárias. 
 VIAS DE ADMINISTRAÇÃO 
A escolha da via de aplicação de fluidos dependerá do tipo de afecção a ser 
tratada e da sua gravidade; do estado clínico e das funções orgânicas do paciente; grau 
de desidratação e tipo de desequilíbrio eletrolítico; duração/evolução da enfermidade; 
do tempo e equipamento disponíveis. 
A via oral talvez seja a mais fácil, econômica e fisiológica das vias de 
administração de fluidos e eletrólitos. É a mais segura via de aplicação porque a solução 
pode ser fornecida sem atenção rigorosa quanto a tonicidade, volume e assepsia. É 
indicada na desidratação discreta, na administração de fluidos para manutenção e 
suplementação nutricional. É contraindicada na desidratação intensa, quando há vômito 
ou íleo paralítico, e para animais com incapacidade de sugação/deglutição (bezerros 
com acidose moderada a intensa) em que a sondagem nasogástrica torna o 
procedimento pouco prático. 
A via retal, relativamente pouco usada, poderia ser considerada especialmente 
em animais muito jovens. 
A via intraóssea é referida em pequenos animais, particularmente filhotes, porém 
não é muito utilizada pelas dificuldades que apresenta, além dos riscos de 
contaminação. 
As vias parenterais são as mais usadas e talvez as mais práticas para a 
aplicação de fluidos e eletrólitos: intravenosa, subcutânea ou intraperitoneal. A via 
intravenosa é a mais versátil, sendo a via de eleição para a terapia de perdas agudas 
de líquidos, nas alterações do equilíbrio hidroeletrolítico de moderadas a graves, 
prostração intensa com incapacidade de sugação/deglutição, nos estados de choque e 
na administração de fluidos não isotônicos. Todos os fenômenos tóxicos de soluções 
administradas por essa via, fundamentalmente, se relacionam mais à velocidade de 
aplicação do que à composição e ao volume ministrado. É a via preferida, ainda, para a 
administração de sangue, plasma sanguíneo e expansores do volume plasmático. 
 A via subcutânea é utilizada particularmente em pequenos animais, podendo 
ser usada em ruminantes de pequeno porte ou bezerros jovens, todavia, não é indicada 
em grandes animais adultos por causa dos enormes volumes de fluidos que devem ser 
administrados. Nos pequenos animais é usada com certa frequência, porém as soluções 
devem ser isotônicas e são absorvidas mais lentamente que pela via intravenosa. É 
recomendada para manutenção de fluidoterapia em doenças crônicas, desidratação 
discreta e em animais jovens ou muito pequenos. É uma via contraindicada em perdas 
agudas de fluidos, desidratação grave, hipotermia, hipotensão e quando existe edema 
de subcutâneo. A glicose em qualquer concentração ou soluções que não contenham 
eletrólitos em teores isotônicos são contraindicadas pela via subcutânea. 
A via intraperitoneal é de mais rápida absorção do que a via subcutânea para a 
infusão de fluidos, sendo, todavia, potencialmente mais perigosa que esta, pois 
apresenta riscos de peritonite, se não houver rigorosa assepsia, como também de 
perfuração de órgãos abdominais. É uma boa via para a absorção de água e eletrólitos, 
sendo o plasma e a grande porcentagem de eritrócitos do sangue total absorvidos pelo 
peritônio. Tem recomendação em neonatos das espécies ovina e suína, podendo ser 
usada para administração de grandes volumes de fluidos em grandes animais, porém a 
principal indicação desta via seja, talvez, para a lavagem peritoneal. 
 
INDICAÇÕES DE FLUIDOS NOS CASOS DE VÔMITO 
 O tipo ideal de composição de fluido a ser administrado deve ser determinado 
após a mensuração sérica de eletrólitos (potássio, sódio e cloro) e a avaliação da 
hemogasometria. A Solução de Ringer, é indicada para reposição de sódio e cloro e 
pequena quantidade de potássio. A Solução fisiológica (NaCl 0,9%), é recomendada 
para a reposição de sódio e cloro, havendo a necessidade de suplementação de 
potássio em casos de episódios frequentes de vômitos. Sugerese que a suplementação 
de potássio não deve exceder 0,5 mEq KCl/kg/h. A dose segura de suplementação de 
potássio deve basear no déficit do eletrólito. 
DIARREIA 
Solução de lactato de Ringer de sódio: esta solução apresenta na composição 
(sódio, cloro, potássio e substância alcalinizante) a maioria dos elementos em déficit 
que os pacientes com diarreia podem apresentar. Em casos mais graves, como nos 
processos diarreicos agudos de etiologia viral (parvovirose, no cão; panleucopenia, no 
gato), além da suplementação dos elementos anteriormente citados, recomendase, 
também, a administração de glicose (em concentração de 5%) e o uso de antibióticos e 
corticosteroides, principalmente nos casos de choque séptico. Ainda, em casos mais 
graves, recomendase a suplementação intravenosa de bicarbonato e de potássio. 
Solução fisiológica (NaCl 0,9%) e solução de Ringer: Estas soluções podem 
eventualmente ser utilizadas, mas é essencial a adição de outros elementos (tais como 
potássio, glicose, bicarbonato...) de acordo com o déficit do paciente. 
OBSTRUÇÃO INTESTINAL 
No início do processo de obstrução intestinal, a solução de lactato de Ringer de 
sódio pode ser recomendada. É importante ressaltar que a análise laboratorial dos 
eletrólitos e do equilíbrio acidobásico é fundamental para a correção adequada dos 
déficits, considerando que os processos de obstrução intestinal são acompanhados de 
distúrbios mistos, principalmente do equilíbrio acidobásico. Recomenda, também, a 
utilização das soluções de ringer ou de NaCl 0,9%, principalmente nos casos de alcalose 
metabólica, geralmente acompanhada de suplementação com cloreto de potássio. 
INDICAÇÕES DE FLUIDOS NA PANCREATITE AGUDA 
O fluido de escolha é a solução de lactato de Ringer de sódio, que fornece a 
reposição de sódio, cloro, potássio e de substância alcalinizante. Em algumas situações 
é necessária a administração de potássio, de acordo com o déficit. A suplementação de 
bicarbonato de sódio somente é indicada quando o pH sanguíneo for inferior a 7,1 a 7,2. 
Deve-se evitar a correção rápida da acidose metabólica, pois este processo diminui a 
disponibilidade de cálcio ionizado, favorecendo a manifestação clínica de hipocalcemia. 
Em casos de confirmação laboratorial de alcalose metabólica, as soluções de ringer ou 
de NaCl 0,9% podem ser administradas, acrescidas de cloreto de potássio, pois 
frequentemente os animais encontram com baixas concentrações de potássio sérico. 
Algumas vezes, os animais podem apresentar hipoproteinemia e estes devem ser 
submetidos à transfusão de sangue ou plasma. A administração parenteral de fluidos é 
de fundamental importância nos casos de pancreatite aguda, sendo preferencial a via 
intravenosa. Os animais que se apresentam em choque hipovolêmico devem receber o 
fluido em velocidade de 60 a 90 mℓ/kg/hora, durante a primeira hora; recomendase o 
monitoramento criterioso, pois existe a predisposição ao desenvolvimento de edema 
pulmonar. 
AFECÇÕES HEPÁTICAS 
O parênquima hepático é acometido por várias doenças que culminam em 
graves alterações do equilíbrio hídrico, eletrolítico e acidobásico. As principaisalterações observadas em relação ao distúrbio eletrolítico relacionamse ao déficit de 
potássio e à retenção de sódio. 
Na insuficiência hepática aguda, recomenda a utilização da solução de Ringer, 
acrescida de 20 a 30 mEq KCl/ℓ, por via intravenosa. Já para os casos de insuficiência 
hepática crônica, devido à probabilidade de retenção de sódio, preconiza a solução de 
0,45% de NaCl, ou ainda, a solução de glicose 5%. O monitoramento da concentração 
sérica de potássio deve ser frequente, principalmente nos casos crônicos, sendo a 
suplementação ideal baseada no cálculo do déficit. Quando da necessidade de correção 
da acidose metabólica, indicam soluções que contenham bicarbonato, evitando o 
lactato, pois o fígado teria, ainda, que biotransformar o lactato em bicarbonato. 
Recomenda, ainda, acrescentar glicose nas soluções (concentração final de 2,5 a 5%), 
tanto para os processos agudos como para os crônicos. 
CHOQUE 
 A definição clássica de choque consiste em: “Estado clínico resultante de 
inadequado suprimento de oxigênio tecidual e inabilidade do tecido em utilizar 
adequadamente o oxigênio, ou seja, insuficiência na microcirculação.” 
 A solução de escolha seria o lactato de Ringer de sódio e a correção da acidemia 
deve ser instituída quando o pH sanguíneo arterial for inferior a 7,1 a 7,2 com adição de 
bicarbonato de sódio. O lactato pode ser ineficaz nos casos de comprometimento 
hepático, que geralmente acompanha o quadro de choque, devido à dificuldade na 
conversão do lactato em bicarbonato. Principalmente nos quadros de choque 
endotóxico, recomendase a suplementação de glicose e potássio, pois observase, com 
certa frequência, a presença de hipoglicemia e hipopotassemia. Já em relação aos 
choques hipovolêmico e hemorrágico, nota-se a tendência dos animais em apresentar 
normoglicemia/hiperglicemia, principalmente por estimulação simpática e, além da 
recomendação da solução cristaloide citada, principalmente no choque hemorrágico, 
recomendase a utilização de soluções hipertônicas à base de cloreto de sódio (NaCl 
renal, hipopotassemia, intoxicação por digitálicos, hipotensão induzida por drogas, 
diurese intensa pelo uso de diuréticos, inadequada ingestão de água etc. 
Resumidamente, em decorrência da patogenia da insuficiência cárdica em fases 
avançadas, esse processo culmina na retenção de água e sódio por ativação do sistema 
nervoso simpático, ativação do sistema renina angiotensina aldosterona, aumento da 
liberação de ADH e ativação do mecanismo da sede. Assim, deve indicar, de 
preferência, soluções cristaloides isentas de sódio (p. ex., a solução de glicose a 5% ou 
solução de 0,45% NaCl em 2,5% de glicose), mas o uso de outras composições de fluido 
contendo sódio é passível de ser indicado desde que haja monitoramento laboratorial 
de eletrólitos e do equilíbrio acidobásico. Durante a fluidoterapia prolongada, recomenda 
a avaliação periódica da concentração sérica de sódio, evitando os valores séricos 
inferiores a 130 mEq/ ℓ. A velocidade de infusão venosa deve ser constantemente 
monitorada, dando preferência à administração subcutânea sempre que possível7,5%), 
com o intuito de assegurar a hemodinâmica. Cabe lembrar sobre a utilização de 
coloides, indicados primariamente na reposição de volume intravascular. Coloides 
naturais podem ser encontrados no sangue total, produtos do plasma e concentrados 
de albumina e os coloides sintéticos seriam dextrana 70 e hidroxietilamido. Deve estar 
atento à frequência e ao volume de administração dos coloides, pois podem causar a 
diluição dos fatores de coagulação no plasma e predispor a distúrbios na coagulação. 
FLUIDOTERAPIA NOS ANIMAIS COM DOENÇA CARDÍACA 
 A afecção cardíaca/insuficiência cardíaca geralmente não requer a 
administração de fluidos. Entretanto, alguns pacientes desenvolvem processos 
mórbidos que necessitam da suplementação de fluido e eletrólitos, como desidratação, 
gastrenterite, insuficiência, mas de soluções isentas de glicose. Na dependência do 
quadro mórbido associado, alguns animais desenvolvem hipopotassemia, ou ainda 
acidose metabólica, que devem ser corrigidas adequadamente. 
FLUIDOTERAPIA EM ANIMAIS RUMINANTEs 
A fluidoterapia em animais de produção é ao mesmo tempo desafiadora e 
gratificante. É uma modalidade terapêutica básica que conduz a resultados clínicos que 
nenhuma técnica cirúrgica sofisticada ou medicamento milagroso com elevado custo 
pode superar. Os seus princípios são relativamente simples, todavia, a utilização da 
fluidoterapia em bovinos é com frequência mais difícil que em pequenos animais e 
equinos devido a restrições financeiras, dificuldades na contenção dos pacientes e 
relutância que alguns clínicos demonstram em utilizála. A existência de diferenças entre 
neonatos e ruminantes adultos em termos fisiológicos, bem como de anormalidades 
frequentemente encontradas e soluções requeridas para corrigi-la. Convém ressaltar, 
ainda, que muitas das pesquisas e da experiência clínica obtidas com uso desta terapia 
têm sido derivadas da espécie bovina, porém os mesmos princípios podem ser 
aplicados a outras espécies de animais ruminantes. 
 
Referências: 
HELENICE DE SOUZA SPINOSA; JOÃO PALERMO- NETO; SILVANA LIMA 
GÓRNIAK. Medicamentos em animais de produção. 
 HELENICE DE SOUZA SPINOSE; SILVANA LIMA GÉRNIAK; MARIA 
MARTHA BERNARDI. Farmacologia aplicada à Medicina veterinária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONDUTAS NA HEMOTERAPIA. 
INTRODUÇÃO 
A Hemoterapia tem como objetivo primário melhorar a oferta de oxigênio aos 
tecidos, podendo estabilizar o paciente nos casos de emergência, proporcionando ao 
clinico um tempo subjacente, para identificar a causa principal do baixo aporte de 
oxigênio neste paciente. A terapia de transfusional desenvolve um papel cada vez mais 
importante para Medicina Veterinária intensivista e emergência, e seu aumento de uso 
está relacionado com as melhorias tecnológicas, que facilitaram a separação do sangue, 
armazenamento e aplicação. 
 Devido as necessidades militares a primeira e segunda guerra mundial, foi um 
marco dentro das pesquisas, e estimulação a pratica de transfusão sanguínea, seleção 
de doadores, testes mais refinados, fracionamento do sangue, descobertas e aplicação 
do clínicas do “Sistema Rh”, desenvolvimento do banco de sangue tornada possível 
pelos anticoagulantes/conservantes e os testes para transmissíveis. 
No Brasil, o ano de 1940 representou o início da hemoterapia com a fundação 
do serviço de transfusão de sangue do Rio de Janeiro, logo em seguida, surgiram outros 
serviços de hemoterapia, respectivamente nas cidades de Porto Alegre e Recife. 
 Na medicina veterinária os primeiros registros de transfusão sanguínea foram 
no ano de 1890, quando o veterinário George Fleming dissertou sobre os benefícios da 
administração de transfusões sanguíneas, entre animais da mesma espécie. Desde 
então, avanços vêm sendo registrados na medicina veterinária, como a caracterização 
dos grupos sanguíneos, melhorias importantes na caracterização da tipagem 
sanguínea, provas de compatibilidades e a terapia com Hemocomponentes. 
A transfusão sanguínea principalmente para cães, é amplamente aplicada em 
países avançados. A medida que o interesse da terapia transfusional avançou, bancos 
de sangue comerciais e programas de doadores foram criados nestes países, 
permitindo que os componentes do sangue seja usados na medicina veterinária. No 
Brasil os serviços de hemoterapia estão crescente desenvolvimento através de 
pesquisa nas instituições públicas de ensino superior especializados: Hemovet-Banco 
de sangue de São Paulo, Banco de sangue canino-UNESP, Hemopet-Hemocentro do 
Rio de Janeiro, entre outros espalhados pelo país. 
OS TIPOS SANGÜÍNEOS NOS ANIMAIS DOMÉSTICOS 
Os grupos sanguíneos são definidos por antígenos espécie-específicos 
presentes na superfície dos eritrócitos. A maior parte dos antígenos é um componente 
integral de membrana composto por 74 carboidratos

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