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Direito Penal - Questão Avaliativo - Direito do Réu de Mentir

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Direito Penal: Questão Avaliativa – Direito do Réu de Mentir 
Valor: 300 Pontos – Enviar pelo E-mail do Portal 
Geraldo M. Batista 
Curriculum: www.geraldofadipa.comunidades.net 
 
 
Questão Proposta 
 
Leia o texto abaixo e responda o solicitado. 
 
Habeas Corpus. Falsidade ideológica. 
 
No caso, a hipótese não diz respeito, propriamente, à falsidade da identidade 
do réu, mas, sim, ao fato de o então indiciado ter faltado com a verdade 
quando negou, em inquérito policial em que figurava como indiciado, que 
tivesse assinado termo de declarações anteriores, que, assim, não seriam 
suas. Ora, tendo o indiciado o direito de permanecer calado e até mesmo o 
de mentir para não se autoincriminar com as declarações prestadas, não 
tinha ele o dever de dizer a verdade, não se enquadrando, pois, sua conduta 
no tipo previsto no art. 299 do Código Penal. Habeas corpus deferido, para 
anular a ação penal por falta de justa causa. 
(HC 75.257-RJ; Rel. Min. Moreira Alves; 1.ª Turma do STF; DJ de 29/8/1997.) 
 
 
Redija um texto, com embasamento, justificando o questionamento: Ao Réu 
concedido o direito de mentir? 
 
 
Resposta 
 
Conforme entendimento dos tribunais o réu pode mentir em juízo, negando a 
pratica do ato criminoso. O Ministro Celso de Mello, já se manifestou sobre 
essa questão, afirmando que: 
Ninguém pode ser constrangido a confessar a prática de um ilícito penal. O direito de 
permanecer em silêncio insere-se no alcance concreto da cláusula constitucional do 
devido processo legal. E nesse direito ao silêncio inclui-se, até mesmo por implicitude, 
a prerrogativa processual de o acusado negar, ainda que falsamente, perante a 
autoridade policial ou judiciária, a prática da infração penal. (RHC 71421-/RS – Rio 
Grande do Sul. Relator: Ministro Celso de Mello.) 
A manifestação do ministro encontra amparo em uma parte dos doutrinadores, 
que defende este direito (mentir sem incriminar terceiros) com base no princípio 
da ampla defesa, presente na carta magna em seu artigo art. 5º, inciso LV, que 
prediz. 
Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
Importante ressaltar que a mentira não pode se estender na tentativa de imputar 
a terceiros práticas criminosas, sob pena de responder por este crime, 
conforme o artigo 339 Código penal que prediz: 
Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, 
de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de 
ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-
disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: Pena - reclusão, de dois a oito anos, 
e multa. 
Assim, o que não se tolerar é o perjúrio (mentira para imputar falso crime a 
terceiros) como se fosse uma garantia constitucional. O réu na verdade, nem 
precisa utilizar deste artifício (mentira), pois a ele é garantido o direito ao 
silêncio conforme o artigo 5º, inciso LXIII que prediz: 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: o preso será 
informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado. 
Esta garantia constitucional, de não se autoincriminar permanecendo em 
silêncio, esta esculpida, também, nos artigos 186 e 198 do Código de Processo 
Penal 
Art. 186. Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, 
o acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de 
permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas. 
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser 
interpretado em prejuízo da defesa. (...). 
 
Art. 198. O silêncio do acusado não importará confissão, mas poderá constituir 
elemento para a formação do convencimento do juiz." 
Importante ressaltar que primeira fase do interrogatório, qualificação do réu, 
não se admite silêncio por não tratar a respeito do fato ocorrido que gerou a 
acusação. O silêncio possui amparo na segunda fase quando se busca 
informações do fato criminoso imputado ao réu. 
Outro fato importante, do processo, é que cabe a acusação provar a prática do 
crime por parte do réu. Portanto, o ônus da prova é de responsabilidade do 
Ministério Público. 
Fim

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