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Denuncia e queixa Crime (resumo)

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“REJEIÇÃO E RESPOSTA DA DENÚNCIA OU QUEIXA-CRIME E 
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA” 
 
 
 
 
 
 
 
ROBSON SOUSA DOS ANJOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
 2020 
1. NOÇÕES DA AÇÃO PENAL: 
 
A ação penal é um instituto fundamental no estado democrático de direito, sendo 
de extrema relevância no que tange a suscitar o estado Juiz. Conforme o 
doutrinador Guilherme Nucci, a ação penal é o direito do Estado – Acusação ou 
do ofendido de ingressar em juízo, solicitando a prestação jurisdicional, 
representada pela aplicação do direito penal ao caso concreto. 
O art. 5º inciso XXXV da constituição federal de 1988, versa: 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário 
lesão ou ameaça a direito. 
 
Nesse sentindo, a doutrina aponta no inciso acima o princípio da inafastabilidade 
de jurisdição, que tem por objetivo garantir que somente o poder judiciário tenha 
o direito com força de coisa julgada. 
A legislação infraconstitucional constate no Código de Processo Penal (CPP) e 
Código Penal (CP) discriminam sobre a ação penal, senão vejamos. 
 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei 
expressamente a declara privativa do ofendido. 
 
 § 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, 
dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido 
ou de requisição do Ministro da Justiça. 
 
 § 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante 
queixa do ofendido ou de quem tenha qualidade para 
representá-lo. 
 
 § 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos 
crimes de ação pública, se o Ministério Público não oferece 
denúncia no prazo legal. 
 
 § 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer 
queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, 
descendente ou irmão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por sua vez, o Código de Processo Penal determina: 
 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por 
denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o 
exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação 
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
 
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado 
ausente por decisão judicial, o direito de representação passará 
ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
 
§ 2 Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do 
patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação 
penal será pública. 
 
Vale ressaltar que a ação penal em regra será pública incondicionada, o 
ministério público(MP) é o titular da ação, porém o legislador cuidou de expressar 
sobre as exceções, quais sejam, a ação penal pública condicionada a 
representação – o MP continua como titular, a diferença é que para o persecutio 
criminis ocorrer é necessário que o ofendido represente para que a ação penal 
seja iniciada, a outro tanto, a ação penal privada (queixa crime) apresentada em 
juízo pelo próprio ofendido ou representante legal, quando a lei assim 
determinar. 
 
2. REJEIÇÃO DA INICIAL ACUSATÓRIA: 
 
Tecida as considerações basilares, este trabalho tem como cerne o artigo 395 e 
396 do código processual penal, da rejeição da peça acusatória (denuncia ou 
queixa) e os requisitos para tal alegação, assim como, a resposta a acusação. 
 
 Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
 
 I - for manifestamente inepta; 
 
 II - faltar pressuposto processual ou condição para o 
exercício da ação penal; ou 
 
 III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
 
O juiz ao receber a exordial acusatória exercerá sua função de analisar a peça, 
para tal constatar os requisitos, havendo os encontrados o magistrado poderá 
rejeitar a denúncia ou queixa. 
 
ENUNCIADO 73 do FONAJE (Fórum Nacional de Juizados Especiais) – O juiz 
pode deixar de homologar transação penal em razão de atipicidade, ocorrência 
de prescrição ou falta de justa causa para a ação penal, equivalendo tal decisão 
à rejeição da denúncia ou queixa (XVI Encontro – Rio de Janeiro/RJ). 
 
2.1 MANIFESTAMENTE INEPTA: 
 
Em síntese, observaremos o inciso I do artigo 395 do CPP sobre quando a inicial 
acusatória for manifestamente inepta. 
Consoante o doutrinador Eugênio Pacelli: 
Inepta é a acusação que diminui o exercício da ampla defesa, seja pela 
insuficiência na descrição dos fatos, seja pela ausência de identificação precisa 
de seus autores (PACELLI,2017, P 102). 
 
A peça deve conter os fatos criminosos, todos os acontecimentos ocorridos para 
que seja fundamentado o direito de pedi, em outras palavras é necessário que 
haja a existência de um crime, em sentido do fator típico, antijurídico e culpável. 
Que outrora permitirá a defesa que faça jus aos princípios constitucionais do 
contraditório e da ampla defesa, ao passo que saberá através da exordial o teor 
da acusação. 
Aduz o, art. 41 do CPP: 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato 
criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do 
acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, 
a classificação do crime e, quando necessário, o rol das 
testemunhas. 
 
É forçoso observar o que os ilustres doutrinadores Nestor Tavora e Rosmar 
Alençar, nos adverte sobre a norma penal em branco: 
 
O oferecimento de denúncia por delito tipificado em norma penal 
em branco sem a respectiva indicação da norma complementar 
constitui evidente inépcia, uma vez que impossibilita a defesa 
adequada do acusado"68. Nesta linha de raciocínio, requer 
maior atenção do titular da ação penal a apresentação de 
denúncia em caso de leis que se utilizam deste recurso (norma 
penal em branco), como é o caso da Lei no 9.605/1998, que 
disciplina os crimes ambientais.(TAVORA;ROSMAR,2017,P. 
290) 
 
 
Assevera-se ainda que fator típico é a conduta ligada ao nexo causal, 
enquadrando a norma/tipo penal expresso em lei que configure um resultado, 
vale ressaltar que para ser considerado fator típico deve ter os elementos da 
conduta (ação ou comportamento do humano); resultado (modificação do mundo 
exterior, causada pela conduta); nexo de causalidade (vínculo entre conduta e 
resultado) e a tipicidade (adequação da conduta praticada com o modelo 
abstrato previsto em lei). 
 
 Por sua vez, antijuridicidade(ilicitude) é a relação de contrariedade da conduta 
do agente e o ordenamento jurídico, com exceção da exclusão de ilicitude 
constante no artigo 23 do CP, norteia que não haverá crime quando o agente o 
comete em estado de necessidade, legitima defesa e em estrito cumprimento do 
dever legal ou no exercício de regular de direito. 
Por fim, na teoria tripartida cumulativamente deve o fato ser típico, antijurídico e 
culpável. Entende-se como culpável o juízo de reprovação do agente pelo que 
ele fez. 
 
Analisa-se a reprovabilidade da conduta, que dependerá da culpabilidade, 
destarte a doutrina majoritária considera que o CP adota a teoria normativa pura 
para definir a culpabilidade. São três os elementos, a imputabilidade verifica se 
a capacidade de entender o caráter ilícito do fato praticado (artigos 26,27 e 28 
CP) – potencial consciência da ilicitude (artigo 21, CP), quer dizer que ao praticar 
o fato o agente deve saber ou ao menos ter a possibilidade de saber que a 
conduta era ilícita - exigibilidade de conduta diversa, corresponde a prática da 
conduta deve ser realizada em uma situação regular, normal. 
Devido ser uma peça técnica a denúncia ou queixa que faltar os fatos e 
principalmente de haver um ato atípico, antijurídico não poderá ser culpável, 
tendo que ser rejeitada em todo e o réu absolvido sumariamente. 
 
Hodiernamente, quando os fatos descritos suscitarem dúvida ou por exemplo, 
divergir do inquérito policial que aponta coautores diferentes da inicial,afirma 
que o agente agiu em dolo, porém foi em culpa. Acontece que pode ocorrer na 
inicial acusatória o fenômeno do emendatio libelli, isto posto o juiz pode dar nova 
definição (classificação) ao fatos ainda que resulte em uma pena mais grave, na 
fase da sentença – artigo 383 do CPP- nesse caso não há que arguir a rejeição 
da inicial, pois a peça será emendada. A doutrina aponta que recebimento parcial 
da peça inicial é viável, contanto que o juiz não faça juízo de valor em relação ao 
mérito, havendo assim um pré-julgamento. 
 
O momento da alegação da inépcia da inicial é até a prolação da sentença e 
caso haja sentença favorável a rejeição, terá a decisão força de coisa julgada 
formal ( a sentença não poderá ser modificada no mesmo processo e resulta na 
preclusão de recorrer), tendo em vista que não há analise de mérito, em 
consequência a absolvição sumária do denunciado ou querelando. 
JURISPRUDÊNCIAS: 
 
EREsp 1624564 / SP EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO 
ESPECIAL 2016/0234529-5. STJ. 
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. IMPORTAÇÃO DE 16 
SEMENTES DE MACONHA (CANNABIS SATIVUM). DENÚNCIA POR TRÁFICO 
INTERNACIONAL DE DROGAS. REJEIÇÃO. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. 
RECLASSIFICAÇÃO PARA CONTRABANDO, COM APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA. AFASTAMENTO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. PRETENDIDO 
TRANCAMENTO DA AÇÃO POR ATIPICIDADE. ACATAMENTO DO ENTENDIMENTO DO 
STF. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA ACOLHIDOS. 
 
Acordão: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da 
Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos 
votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, acolher 
os embargos de divergência, para determinar o trancamento da ação 
penal em tela, em razão da atipicidade da conduta. 
 
HC 329.693/PE, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, 
julgado em 26/09/2017, DJe 02/10/2017. STJ 
HABEAS CORPUS. INÉPCIA FORMAL DA DENÚNCIA. MERA CONDIÇÃO DE 
PROPRIETÁRIO DA EMPRESA. NECESSIDADE DE DESCRIÇÃO DO VÍNCULO ENTRE O 
ACUSADO E A CONDUTA DELITIVA. NORMA PENAL EM BRANCO. DESCRIÇÃO 
EQUIVOCADA. FALTA DE COMPLEMENTO DO TIPO PENAL. TRANCAMENTO 
EXCEPCIONAL DO PROCESSO.ORDEM CONCEDIDA. 
 
Acordão: Se a denúncia atribui crimes aos acusados ante a mera condição de 
proprietários de pessoa jurídica, sem descrever nenhum vínculo entre eles e a 
conduta delitiva, e invoca norma penal em branco que não estava em vigor na 
data dos fatos, está em desacordo com o art. 41 do CPP, pois os vícios 
impossibilitam a compreensão da acusação e a adequada defesa dos réus. 
 
2.2. FALTA DE PRESSUPOSTO PROCESSUAL OU CONDIÇÃO PARA 
AÇÃO PENAL: 
 
Nessa esteira, o inciso II do artigo 395 do CPP, disciplina que a denúncia ou 
queixa será rejeitada quando faltar pressuposto processual ou condição para o 
exercício da ação penal. 
Indiscutivelmente, não basta que a inercia do estado seja provocada (jurisdição 
contenciosa) é necessário que haja condições que perfaçam a ação penal, pois 
tal peça pode trazer sérias consequências ao réu, de modo que os requisitos 
resguardam o poder judiciário dos excessos do estado-acusação, ou da vítima 
na condição do querelante, evitando ações inviáveis (TAVORA;ROSMAR,2017). 
Para tanto o código de processo penal não discrimina quais as condições, nesse 
caso utiliza-se a interpretação extensiva para supri a lacuna deixada pelo 
legislador (vide art.3 do cpp). 
 
A. Investidura: 
 
In casu consimili, a investidura retrata o princípio constitucional do juiz natural, 
juiz togado, empossado no cargo público. Determinante para o estado 
democrático de direito. 
 
B. Competência: 
 
A competência é determinada em lei limitando o poder de julgar, com fito de 
resolução de conflitos. Em regra geral, a competência para julgamento será o 
local onde o delito foi praticado, onde o objeto jurídico tutelado pelo estado foi 
lesado. 
C. Imparcialidade: 
 
 É pressuposto de validade processual, esse princípio é de extrema importância 
para garantir o devido processo legal, tendo em vista que o juiz não deve declinar 
ao um lado, e sim está entre as partes. 
Não obstante, o referido princípio também é encontrado na Declaração Universal 
dos Direitos Humanos, no artigo 10. 
Todas as pessoas têm direito, em plena igualdade, a uma 
audiência justa e pública julgada por um tribunal independente e 
imparcial em determinação dos seus direitos e obrigações e de 
qualquer acusação criminal contra elas. 
D. Interesse de agir: 
 
Entrementes, o interesse de agi está vinculado a relação da demanda com a 
vontade do autor, ou seja, o provimento da justiça ao seu interesse (ius puniendi). 
Forma-se o tripé do interesse de agir, utilidade, adequação e necessidade. O 
interesse tem que ter utilidade não pode o estado ser acionado sem que haja 
serventia, como por exemplo, o juiz receber uma denúncia contra alguém que já 
faleceu, nesse caso não há utilidade pois a punibilidade já extinguiu; a 
adequação direciona que a ação penal deve está fundamentada e com lastro 
mínimo em prova já constituída e respeitando os preceitos do código de processo 
penal; toda ação penal tem necessidade presumida, essa presunção diz respeito 
que não há outra maneira de aplicar uma sanção, senão através de um processo 
penal 
E. Da possibilidade jurídica do pedido: 
 
Essa condição se relaciona com a existência de um crime, em seu sentido de 
fato típico, antijurídico e culpável. Paralelo ao princípio constitucional e constante 
no direito penal a legalidade nullum crimen, nulla poena sine lege (não há crime, 
nem pena, sem lei anterior que os defina). 
 
F. Legitimidade da parte: 
 
Infere-se ao direito subjetivo de ingressar em juízo para postular ou defender seu 
direito (legitimidade Ad causam), que pode ser ativa ou passiva. Figurando no 
polo ativo na ação penal pública o Ministério Público e na ação penal privada o 
ofendido ou querelante, já no polo passivo sempre será o acusado não 
importando a natureza da ação penal, seja pública ou privada. 
A Legitimidade Ad Processum é a capacidade postulatória (técnica) de ingressar 
em juízo, nas ações penais públicas o promotor, procurador (membro do mp) 
detém a legitimidade ad processum ativa - nas ações penais privadas, a 
legitimidade pertence ao ofendido representado por advogado. A legitimidade ad 
processum passiva em ambas ações penais, ao maior de idade representado 
pelo seu defensor. 
 
 
 
 
2.3 JUSTA CAUSA PARA AÇÃO PENAL: 
 
Por outro lado, delineia-se oportuno lembrar que o critério da justa causa está 
sendo observado de maneira isolada, porém a doutrina afirma que ela também 
está presente no inciso II do artigo 395, após a análise da legitimidade, 
possibilidade jurídica do pedido e interesse de agir. 
O deslinde da questão é o aprofundamento da justa causa, e nesse sentido os 
doutrinadores afirmam que a justa causa é o lastro probatório mínimo que 
indique os indícios de autoria, da materialidade delitiva e alguma prova da 
ocorrência criminosa. 
Necessário se faz mencionar o entendimento do ilustre Afrânio Silva Jardim que 
preconiza, in verbis: 
Torna-se necessário ao regular exercício da ação penal a 
demonstração, prima facie, de que a acusação não é temerária 
ou leviana, per isso que lastreada em um mínimo de prova. Este 
suporte probatório mínimo se relaciona com os indícios de 
autoria, existência material de uma conduta típica e alguma 
prova de sua antijuridicidade e culpabilidade (JARDIM, 
2002,P.97) 
 
JURISPRUDÊNCIAS: 
 
Inq 2792 – MG, 2.ª T., rel. Cármen Lúcia, 19.05.2015, v.u – STF. 
 
INQUÉRITO. DENÚNCIA CONTRA DEPUTADO FEDERAL. CRIME DE FALSIDADE 
IDEOLÓGICA ELEITORAL, ART. 350 DO CÓDIGO ELEITORAL. POSTERIOR PEDIDO 
DE DESCLASSIFICAÇÃO PARA O CRIME DO ART. 299 DO CÓDIGO PENAL. ALEGADA 
OMISSÃO DE INFORMAÇÕES NA PRESTAÇÃO DE CONTAS ELEITORAIS. 
AFASTAMENTO DAS PRELIMINARES DE PRESCRIÇÃO EM PERSPECTIVA E INÉPCIA 
DA DENÚNCIA. ALEGADA FALTA DE JUSTA CAUSAPARA O PROSSEGUIMENTO DA 
AÇÃO PENAL. ACOLHIMENTO. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA 
E MATERIALIDADE DELITIVA. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA COM FUNDAMENTO NO 
ART. 395, INC. III, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. 
 
Acordão: Ausentes indícios consistentes de autoria e materialidade delitiva e 
não demonstrado o dolo específico do crime do art. 299 do Código Penal, é de 
se rejeitar a denúncia por falta de justa causa, nos termos do art. 395, inc. III, 
do CPP. Denúncia rejeitada. 
 
 
 
 
 
Petição 6.587-DF,2.ª T.rel. Lewandowski Ricardo, 01.08.2017, v.u- STF 
 
QUEIXA-CRIME. INJÚRIA. DIFAMAÇÃO. ATIPICIDADE. INVIOLABILIDADE. 
IMUNIDADE PARLAMENTAR MATERIAL. CONTEÚDO LIGADO À ATIVIDADE 
PARLAMENTAR. EXERCÍCIO DO MANDATO COM INDEPENDÊNCIA E LIBERDADE. 
ABUSO. APURAÇÃO PELA RESPECTIVA CASA LEGISLATIVA. REJEIÇÃO DA QUEIXA-
CRIME. 
 
Acordão: A incidência do Direito Penal deve observar seu caráter subsidiário, 
de ultima ratio. Nesse sentido, ofensas menores e que não estejam abarcadas 
pelo animus injuriandi não são reputadas crime. Queixa- crime rejeitada 
 
Petição 5.735-DF,2.ª T.rel. Fux Luiz, 22.08.2017, v.u- STF 
 
QUEIXA-CRIME. CALÚNIA E DIFAMAÇÃO. DOLO. AUSÊNCIA. MERA INTERPRETAÇÃO 
PESSOAL DE FATOS PÚBLICOS. ANIMUS NARRANDI. FALTA DE JUSTA CAUSA. 
REJEIÇÃO DA QUEIXA-CRIME. 
 
Acordão: A queixa crime reclama a subsunção do fato concreto ao tipo penal 
previsto na norma abstrata como pressuposto lógico do juízo de tipicidade 
aferível no ato de recebimento. Assenta-se, dessa forma, ser induvidosa a 
ausência de justa causa para o início da ação penal, porquanto ausente animus 
caluniandi ou difamandi. Ex positis, rejeito a queixa-crime, nos termos do art. 
395, III, do Código de Processo Penal (Art. 395. A denúncia ou queixa será 
rejeitada quando: [...] III - faltar justa causa para o exercício da ação penal). 
 
 
3. RESPOSTA A ACUSAÇÃO: 
 
Prima facie, todo individuo possui direito ao princípio da ampla defesa e do 
contraditório, amparados no artigo 5º, inciso LV da Constituição Federal de 1988. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos 
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes 
 
Assim, percebe-se que um processo amparado na legalidade deve ser oportuno 
a parte ré, o direito a defesa (técnica) e principalmente a alegar os fundamentos 
que entendam ser controversos à imputação do crime, mencionado na inicial 
acusatória. À medida que o estado possui maior força, devido os órgãos 
constituídos e preparados, o acusado precisa de um tratamento diferenciado e 
justo, aduz o doutrinador Guilherme Nucci. 
 
A esse propósito, faz-se mister trazer à colocação o que discrimina o Código de 
Processo Penal, artigo 396: 
 
 Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia 
ou queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, recebê-la-á e 
ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por 
escrito, no prazo de 10 (dez) dias. 
 
Parágrafo único. No caso de citação por edital, o prazo para a 
defesa começará a fluir a partir do comparecimento pessoal do 
acusado ou do defensor constituído. 
 
Ademais, artigo 394 CPP: 
Art. 394. O procedimento será comum ou especial. 
 
 § 1o O procedimento comum será ordinário, sumário ou 
sumaríssimo: 
 
I - ordinário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima 
cominada for igual ou superior a 4 (quatro) anos de pena 
privativa de liberdade; 
 
II - sumário, quando tiver por objeto crime cuja sanção máxima 
cominada seja inferior a 4 (quatro) anos de pena privativa de 
liberdade; 
 
A peça inicial acusatória sendo recebida pelo magistrado, significa afirmar via de 
regra que está apta para a fase de conhecimento processual, que por seguida 
irá intimar o acusado para apresentar dentro de 10 dias a resposta a acusação. 
Urge destacar que no processo penal, a citação via de regra ocorrerá através do 
oficial de justiça e o prazo começa a contar a partir da citação (pessoalmente) e 
não no dia que o mandado for juntado aos autos. Se a citação for por edital, o 
prazo passa a correr do dia em que comparecer ao processo, pessoalmente ou 
por advogado por ele nomeado. 
 
Essa peça é única, fundamental, será a primeira vez que o réu, através do 
defensor se manifestará nos autos em sua defesa. 
 
 
Acresce o artigo 396-A: 
 
Na resposta, o acusado poderá argüir preliminares e alegar tudo 
o que interesse à sua defesa, oferecer documentos e 
justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar 
testemunhas, qualificando-as e requerendo sua intimação, 
quando necessário. 
 1o A exceção será processada em apartado, nos termos 
dos nos termos dos arts. 95 a 112 deste Código. 
§ 2o Não apresentada a resposta no prazo legal, ou se o 
acusado, citado, não constituir defensor, o juiz nomeará 
defensor para oferecê-la, concedendo-lhe vista dos autos 
por 10 (dez) dias 
Em tais aspectos, é notório que a defesa técnica pode alegar preliminares em 
seu favor, sempre que possível apresentando provas, documentos, testemunhas 
e outros. Poderá ser arguido o recebimento da resposta à acusação ; rejeição da 
ação penal; absolvição sumária; nulidades (se for o caso) ; excludente de 
ilicitude (art 23 do cp; legitima defesa, estado de necessidade e estrito 
cumprimento do dever legal) ; desclassificação do delito para um menos gravoso; 
causa de excludente da culpabilidade do agente, salvo imputabilidade e dentre 
outros. 
Caso não tenha defensor constituído será nomeado pelo juiz defensor dativo ou 
a Defensoria Pública, que assumiria o patrocínio da causa. Entretanto, caso já 
possua um defensor que este perdeu prazo, sem prestar o oferecimento da 
defesa a acusação, será o réu considerado indefeso, com a nomeação de outro 
advogado ou remetido a Defensoria Pública. 
4. ABSOLVIÇÃO SÚMARIA 
 
Mormente, a absolvição súmaria estabelecida no art. 397 do CPP realça um 
julgamento antecipado do processo, na esfera criminal ao oportunizar ao réu o 
contraditório e a ampla defesa, o magistrado ao debruçar-se à denúncia ou 
queixa-crime e a resposta a acusação, não existindo dúvida e com a devida 
fundamentação que a decisão enquadra nas hipóteses constante no devido 
artigo, tem força de sentença definitiva, contém análise de mérito e pode ser 
impugnada pela via do recurso de apelação. 
 Senão vejamos: 
Art. 397. Após o cumprimento do disposto no art. 396-A, e 
parágrafos, deste Código, o juiz deverá absolver sumariamente 
o acusado quando verificar: 
I - a existência manifesta de causa excludente da ilicitude do 
fato; 
II - a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade 
do agente, salvo inimputabilidade; 
III - que o fato narrado evidentemente não constitui crime; 
ou 
IV - extinta a punibilidade do agente. 
 
 
As hipóteses exigem expressa previsão em lei e o convencimento do julgador, 
visto que a decisão terá de ser amparada a certeza, seja à matéria de fato, 
quanto às de direito envolvidas. Por ter natureza excepcional, deve o magistrado 
fundamentar de forma ampla. 
Consoante o inciso I do referido artigo, é notório destacar que quando o agente 
praticar o tipo penal dentro das hipóteses encontradas no artigo 23, o estado de 
necessidade, legitima defesa e estrito cumprimento do dever legal ou no 
exercício regular do direito (já discriminados no presente trabalho), o Juiz poderá 
absolver o réu. 
Por sua vez, o inciso II traz à baila a causa de excludente de culpabilidade que 
é uma das situações que o infrator é excluído ou afastado da culpa de ter 
cometido o tipo penal. Outrossim, o crime fora cometido, entretanto o agente não 
é responsável pela culpa, assim como,coaduna o artigo 22 do CP “ Se o fato é 
cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não 
manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação 
ou da ordem”, há o erro de proibição (art. 21, CP), a embriaguez acidental (art. 
28,§1, CP) e por fim a inexigibilidade de conduta diversa. 
A outro tanto, caso o indivíduo seja inimputável será instaurado procedimento 
específico para que ao final dele não seja apenado, porém apenas submetido a 
medida de segurança. Reforça-se que o fato fora típico e ilícito, porém não impõe 
pena, senão a medida supracitada. 
Por conseguinte, caso o fato exposto pela acusação não seja crime a situação é 
mais que evidente, ou seja, o inciso III admite que deve ser absorvido de maneira 
súmaria, se nenhum crime (tipo penal) o agente cometeu, sendo considerado 
uma conduta atípica. Observa-se ainda que conforme o artigo 395, II, o 
magistrado poderia rejeitar a inicial acusatória, com fundamento em falta de 
pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal. 
JURISPRUDÊNCIA: 
Apelação Crime Nº 70064453822, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de 
Justiça do RS, Relator: João Batista Marques Tovo, Julgado em 
20/08/2015. 
 
QUE REJEITA A DENÚNCIA POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A AÇÃO PENAL. ABSOLVIÇÃO 
SÚMÁRIA 
 
Acordão: Portanto, diante das circunstâncias fáticas, não é caso de rejeitar a 
denúncia que já havia sido recebida nos autos, mas sim de absolver 
sumariamente a acusada, na medida em que inexistente justa causa para a 
ação penal. 
 
Derradeiramente, a extinção da punibilidade do agente (inciso IV) corresponde 
à perda do direito do estado de punir, é a perda do direito de impor sanção penal 
– vide artigo 107 do CP, que dentre ás hipóteses pode-se notar a prescrição, 
decadência ou perempção, perdão judicial, concessão da graça, anistia ou 
indulto, dentre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
 
A fortiori, conclui-se que o recebimento da inicial acusatória é de extrema 
importância para o devido processo legal, logo é dever do magistrado manter a 
imparcialidade e analisar sobre os requisitos de recebimento e 
consequentemente não os havendo rejeitar a peça em sua totalidade quando 
assim for o caso e absorver o réu, outrossim nas hipóteses do emendatio libelli, 
todo os tramites processuais devem ser seguidos. 
A peça deve conter os fatos criminosos, todos os acontecimentos ocorridos para 
que seja fundamentado o direito de pedi, em outras palavras é necessário que 
haja a existência de um crime, em sentido do fator típico, antijurídico e culpável. 
 
A peça inicial acusatória sendo recebida pelo magistrado, significa afirmar via de 
regra que está apta para a fase de conhecimento processual, que por seguida 
irá intimar o acusado para apresentar dentro de 10 dias a resposta a acusação. 
Urge destacar que no processo penal, a citação via de regra ocorrerá através do 
oficial de justiça e o prazo começa a contar a partir da citação (pessoalmente) e 
não no dia que o mandado for juntado aos autos. 
 
A absolvição súmaria estabelecida no art. 397 do CPP realça um julgamento 
antecipado do processo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIA: 
 
ARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal. 11. ed. Rio de Janeiro: 
Forense, 2002.p. 97. 
 
CNJ. Enunciados Criminais. Disponível: < https://www.cnj.jus.br/corregedoria-
nacional-de-justica/redescobrindo-os-juizados-especiais/enunciados 
fonaje/enunciados-criminais> Acesso em 23 out 2020. 
 
Nucci, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal comentado. 15. ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense,2016. 
 
Pacelli, Eugênio. Curso de processo penal. 21. ed. rev., atual. e ampl. – São 
Paulo: Atlas, 2017.p.102. 
 
PLANALTO. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. 
Disponível:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. 
Acesso em: 25 out. 2020. 
 
PLANALTO. Código de Processo Penal de 1941.Disponível: <http: 
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.htm>. 
Acesso em: 25 out. 2020. 
 
STF. Jurisprudência. Disponível: <http://portal.stf.jus.br/jurisprudencia/> 
Acesso em: 23 out 2020 
 
STJ. Jurisprudência. Disponível: <http:// 
https://scon.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp > Acesso em: 23 out 2020 
 
Távora, Nestor; Alencar, Rosmar Rodrigues. Curso de direito processual 
penal. 12. ed. rev. e atual. JusPodvim – Salvador. ED.,2017. p.290

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