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LESÕES PROLIFERATIVAS BENIGNAS NA CAVIDADE BUCAL As lesões proliferativas possuem em comum a proliferação celular, aumento de volume, mesmo partindo de origens diferentes (epitelial ou conjuntiva, por exemplo). Essa proliferação pode ter como estímulos a radiação, alteração do código genético, agentes químicos, vírus e traumas. Tais lesões são classificadas como reacionais (quando respondem a alguma ação no local, que é o que gera a lesão); lesões proliferativas não neoplásicas (que são lesões proliferativas sem ação-reação definida que também não são neoplásicas); neoplasias benignas -ou verdadeiras-. A maioria das dessas lesões são indolores, então se deve associar com os fatores associados, devido ao fato de que geralmente na retirada desses fatores, a lesão regride (lesão proliferativa não neoplásica). Caso não regrida, a lesão é caracterizada como neoplasia benigna. PROLIFERAÇÃO EPITELIAL PAPILOMA ESCAMOSO: é uma proliferação benigna do epitélio escamoso estratificado que resulta em um aumento de volume papilar ou verruciforme, apresentando-se como uma pequena saliência verrucosa (ou couve- flor, graças as projeções digitiformes superficiais, que podem ser de aspecto embotado ou pontudo), solitária, macia, indolor, irregular, pediculada (quando presa formando um pedúnculo, quando a base está menor que a lesão como um todo) ou séssil (base e lesão de tamanhos equivalentes), branca, vermelha clara ou de cor normal (cor conforme a quantidade e tempo de deposição de ceratina), possui característica exofítica, pois os queratinocitos, principalmente da camada espinhal estão se proliferando. Atinge até 1 cm. É uma lesão de fácil diagnóstico devido às suas características. Possui associação com HPV (HPV-6 e 11, que são menos oncogênicos). Sua transmissão pode ser por contato sexual ou por objetos contaminados, saliva e leite materno, embora possua baixa viremia e infectividade. É comum em crianças, embora possa aparecer em qualquer faixa etária. Afeta mais lábios, língua e palato mole. Depois de feito a identificação da lesão, faz-se como tratamento a remoção cirúrgica da lesão (melhor tratamento, e ainda permite avaliar microscopicamente a lesão para fechar o diagnóstico da lesão), pode fazer também a crioterapia ou utilizar agentes ceratolíticos (em regiões de difícil acesso, como as regiões mais posteriores). Após a remoção, pode haver recidivas, já que não foi retirado o agente causal (vírus). Características histopatológicas: Nota-se a proliferação epitelial (basofílica, roxa). O tecido conjuntivo (centros de tecido conjuntivo) presente como base (estroma) para o crescimento epitelial. Observam-se múltiplas projeções papilares, onde também há tecido conjuntivo. Em maior aumento observam-se células epiteliais de citoplasmas claras alteradas pelo vírus (representando uma inclusão virótica), com núcleos intensamente corados, conhecidos como coilócitos (muito comum nesse papiloma). VERRUGA VULGAR: É uma hiperplasia focal, benigna e induzida por vírus do epitélio escamoso estratificado, o HPV (HPV-1, 2, 4, 6, 40, 57). São contagiosas podendo disseminar para outras partes do corpo (pele e membranas mucosas) por autoinoculação. Mais frequente em crianças. A pele das mãos é geralmente o sítio da infecção. Quando afeta a mucosa oral, está geralmente na borda do vermelhão do lábio, mucosa labial e região anterior de língua. Características: Pápula ou nódulo indolor, exibindo projeções papilares ou uma superfície áspera e semelhante a seixos dando então característica verruciforme devido as projeções curtas. Pediculada ou séssil. Coloração rosada, amarela ou branca (as orais são geralmente brancas). Crescimento rápido e tamanho próximo a 5 mm. Comumente encontradas múltiplas ou aglomeradas. Características histopatológicas: Nota-se uma proliferação de um epitélio estratificado escamoso hiperceratótico. Cristas epiteliais alongadas que tendem a convergir em direção ao centro da lesão, produzindo um efeito que lembra uma “taça”. Apresenta em sua superfície, grânulos cerato-hialinos enrugados e intensamente agrupados. -Diferente do papiloma escamoso, suas projeções não são tão características e elevadas, como um couve-flor (projeções mais curtas). É hiperceratótico o epitélio proliferado. Grânulos cerato-hialinos. E suas cristas convergem para o centro. Geralmente não é solitária, são várias e podem confluir. São encontradas mais na parte anterior. Pode apresentar corno cutâneo ou cetatótico (projeção de superfície dura de vários milímetros de altura). Quando se acha na boca, deve-se observar outros lugares para ver se também há verrugas. Tem como tratamento a remoção cirúrgica ou curetagem (risco de deixar resíduos), crioterapia, laser, eletrocirurgia e agentes ceratolíticos. Possui caráter transitório, podendo desaparecer em 2 anos, particularmente em crianças. CONDILOMA ACUMINADO: É uma proliferação induzida por vírus do epitélio escamoso estratificado da genitália, região perianal, boca e laringe. Associação com os HPVs 2, 6, 11, 53, 54, e também 16, 18 e 31, que são os de alto risco. É considerado uma infecção sexualmente transmissível, tendo desenvolvimento no sítio de contato sexual ou do trauma. Há a possibilidade de autoinoculação e de transmissão vertical. Pode ser um indicativo de abuso sexual quando em crianças, pois é mais comum em adolescentes e adultos jovens, devido a atividade sexual. Apresenta um período de incubação de 1 a 3 meses. Lesões orais mais frequentes em mucosa labial, palato mole e freio lingual. Caraterísticas: aumento de volume exofítico, séssil, cor de rosa, bem delimitado e indolor, com projeções de superfície curtas e embotadas. São maiores que os papilomas (1 a 1,5 até 3cm). São múltiplos e se agrupam caracteristicamente a outros condilomas. Histopatologia: Há proliferação do epitélio escamoso estratificado, com delgadas ilhas de tecido conjuntivo que sustentam as projeções papilares epiteliais, que são mais embotadas e largas do que as das lesões supracitadas. Assim como as outras lesões causadas pelo HPV, apresentam aumento de volume, proliferação epitelial e ser indolor. Há coilócitos. Pode-se identificar a lesão através da PCR, hibridização in situ e análise imuno-histoquímica, em casos de dúvidas. Tratamento por remoção cirúrgica (pois são altamente infecciosos) e deve-se evitar crioterapia. Ablação por laser podem disseminar partículas virais pelo aerossol. Agentes ceratolíticos podem ser utilizados quando a lesão está em áreas de difícil remoção cirúrgica (mais posteriores). HIPERPLASIA EPITELIAL MULTIFOCAL (DOENÇA DE HECK; HIPERPLASIA EPITELIAL FOCAL): Proliferação localizada do epitélio escamoso oral descrita em populações e grupos étnicos (índios NA e inuits), induzida por vírus (HPV-13 e 32). Possui maior frequência em PVHA (pessoas vivendo com HIV Aids). Geralmente uma condição infantil, frequente na mucosa labial, jugal e lingual. Além das lesões gengivais, palatinas e amigdalianas. Não apresenta risco de contagio ou transformação. Características: múltiplas pápulas de consistência macia, indolores, planas ou arredondadas, geralmente agrupadas (pode também estar dispersa), apresentando coloração mucosa normal. Possuem leves alterações papilares na superfície. Histopatologia: observa-se espessamento da camada espinhosa da epiderme (acantose abrupta). O espessamento da mucosa se estende para fora e não para o tecido conjuntivo, então ascristas epiteliais possuem tamanho normal, sendo somente mais largas. Presença de coilócitos. Alguns ceratinocitos apresentam núcleo alterado, parecendo figuras de mitose (célula mitosoide). HPV diagnosticável via hibridização e imuno-histoquímica. A remoção cirúrgica pode ser realizada a fins estéticos, sujeição a trauma e de diagnóstico. Porque sua regressão é espontânea e a recidiva é rara. A remoção também pode ser feita através de crioterapiae ablação a laser. XANTOMA VERRUCIFORME: Condição hiperplásica do epitélio da boca, pele e genitália, com característico acumulo de histiócitos repletos de lipídeos abaixo do epitélio. É uma lesão papilar, porém sem estabelecida relação com o HPV. Causa desconhecida. Pode representar uma reação incomum ou uma resposta imune a um trauma ou dano epitelial localizado. Isso porque essa lesão tem se desenvolvido em associação com epitélios alterados (líquen plano, lúpus eritematoso e epidermólise bolhosa). Envolvem predominantemente a gengiva e mucosa alveolar. Característica: A lesão surge como um aumento de volume bem delimitado de consistência macia, indolor, séssil, levemente elevada com uma coloração branca, branco-amarelada ou vermelha e uma superfície papilar ou áspera (verruciforme). Geralmente menores que 2cm. Histopatologia: epitélio de superfície acantótico, papilar recoberto por uma camada espessa de paraceratina. Característica importante: células de xantoma (acúmulo de numerosos macrófagos grandes com citoplasma espumoso, confinados às papilas do tecido conjuntivo). Tratamento: excisão cirúrgica conservadora. Recidiva rara. Sem transformações malignas. Mas deve-se averiguar associações com lesões malignas ou displasias, á que estas podem sofrer alterações degenerativas e formar xantoma verruciforme. MOLUSCO CONTAGIOSO: Hiperplasia epitelial induzida por vírus, produzida pelo vírus molusco contagioso. Período de incubação de 14 a 50 dias. Transmissão via contato sexual e não sexuais (compartilhamento de peças de roupa, brincadeiras de luta, banho comunitário e natação). Frequente em áreas de injúria recente e onde a pele possui temperatura morna e em indivíduos imunocomprometidos. É geralmente observado em crianças e adultos jovens. Predominante em pele do pescoço, face (pálpebras), tronco e genitália, raro envolvimento oral (lábios, mucosa jugal, palato ou gengiva). Características: pápulas rosadas, de superfície lisa, sésseis, indolores e não-hemorrágicas que apresentam diâmetro entre 2 a 4 mm. Histopatologia: surge como proliferação lobular localizada do epitélio estratificado escamoso da superfície. A porção central de cada lobo é preenchida por ceratinócitos tumefeitos que contêm inclusões virais granulares, intranucleares e basofílicas denominados corpúsculos do molusco (corpúsculos de Henderson-Paterson). À medida que ascendem para superfície aumentam muito o tamanho celular. Podendo formar uma cratera central (onde se libera o corpúsculo molusco). Tratamento: Remissão ocorre de 6 a 9 meses. Tratamento é feito para diminuir o risco de transmissão e autoinoculação e promover alívio sintomático. Mais comumente removidos através de curetagem e crioterapia. Tende a não ter recidiva após o tratamento. Sem aparente transformação para carcinoma. ALTERAÇÕES NA PIGMENTAÇÃO EFÉLIDE (SARDAS): Mácula comum (redonda ou oval, menos de 3mm de diâmetro), pequena, bem delimitada e hiperpigmentada da pele (marrom-clara uniforme), representando uma região de produção aumentada de melanina. Mais frequentes na face, braços e nas costas de pessoas de pele clara, olhos azuis e cabelos loiros-claros ou ruivos. Há predisposição genética. Lesões tornam-se mais obvias após a exposição solar e estão intimamente associadas a uma história de queimaduras dolorosas na infância. Não possui elevação acima da superfície da pele (diferente do nevo melanocítico). Nenhum tratamento. Bloqueadores solares previnem o escurecimento das lesões e aparecimento de novas. MÁCULA MELANÓTICA ORAL: É uma alteração da cor da mucosa, plana, marrom, produzida por um aumento focal na deposição de melanina e possivelmente de melanócitos. Não depende da exposição solar. Causa obscura. Frequência maior na área do vermelhão do lábio inferior, seguida da mucosa jugal, gengiva e palato. Característica: mácula redonda ou oval, solitária (geralmente), bem delimitada, de coloração uniforme variando de amarelo-amarronzado a marrom-escuro, assintomático, diâmetro de 7mm ou menor. Sem alteração de tamanho. Histopatologia: aumento na quantidade de melanina (e talvez melanócitos) no interior das camadas basal e parabasal de um epitélio estratificado escamoso normal. Tratamento: não há. Só em caso de estética. Biopsia excisional é o tratamento de escolha, quando necessário, já que eletrocirurgia, ablação por laser e criocirurgia não disponibilizam material para biopsia. “Máculas” de início recente, com pigmentação irregular, duração desconhecida ou com aumento do tamanho recente devem ser submetidas à histopatologia, por suspeita de melanoma. MELANOACANTOMA ORAL: É uma pigmentação adquirida e benigna da mucosa oral, relativamente incomum, caracterizada por melanócitos dendríticos dispersos por todo o epitélio. Parece ser um processo reacional (foi visto associação a trauma). Mais presente em negros e mulheres com 3 ou 4 décadas. Mais comum na mucosa jugal, podendo também estar no palato, gengiva e mucosa alveolar. Características: Geralmente lesões solitárias (mas pode haver envolvimento bilateral ou multifocal). Tipicamente assintomáticos. A lesão é lisa, plana ou levemente elevada e de coloração marrom-escura a negra. Podem demonstrar um rápido aumento de tamanho e ocasionalmente alcançam um diâmetro de vários centímetros em poucas semanas. Histopatologia: numerosos melanócitos dendríticos benignos (células que normalmente estão confinadas à camada basal) dispersos por todo epitélio lesional. Os melanócitos da camada basal também se apresentam em maior número. Espongiose e acantose leve. Tratamento: pelo alarmante crescimento, biopsia incisional é indicada (suspeita de melanoma). Uma vez estabelecido o diagnóstico, nenhum tratamento adicional deve ser feito. Recidivas e desenvolvimento das lesões são raras. Sem potencial de transformação. NEVO MELANOCÍTICO: Representa uma proliferação benigna e localizada de células melanocíticas provenientes da crista neural, as células névicas (migram para a epiderme durante a embriogênese) que causam deposição de melanina no local. Comum na pele e rosto, porem pode ocorrer na cavidade oral, sendo mais presentes no palato, fundo de vestíbulo ou gengiva. Deve-se acompanhar o desenvolvimento do nevo, visto que pode ser confundindo com melanoma, que também pode afetar a cavidade oral e o paciente geralmente não tem conhecimento do surgimento ou tamanho de crescimento da lesão. Geralmente o nevo involui com o tempo ou até desaparece. Possui como característica uma mácula escura, azulada ou arroxeada que é pontual, relativamente pequeno (menor que 6mm) não responde à vitropressão. Histopatologia: deposição de melanina e células névicas melanocíticas não capsuladas que na superfície tendem a ficar aglomeradas. Outras alterações que pigmentam a cavidade oral: Mancha melanocítica: Possui característica mais espalhada, tendo associação com pacientes fumantes ou em locais onde há cicatrização ou líquen plano, onde há um estímulo a mais para deposição de melanina. Doença de Addison: Também gera hiperpigmentação, considerada quando as manchas estão em maior número na cavidade oral, a hipermelanose oral. Solicitação de exames é necessário. Tatuagem por amalgama: restauração de amalgama que infiltram e marcam a mucosa, na histopatologia: amálgama ou limalha depositada – argirose. Pigmentação melânica: pigmentação generalizada e relacionada ao tipo racial. Uma variação da normalidade. Melanoma maligno: Deve ser diagnosticado precocemente. **Cor, limite, tamanho, surgimento de lesões filhas e volume devem ser acompanhados no nevos ou outras doenças de pigmentação.** LER ALTERAÇÕES DE PIGMENTAÇÃO: LENTIGO ACTÍNICO, LENTIGO SIMPLES E MELASMA)
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