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TEMA 1 -Introdução à Citopatologia

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DEFINIÇÃO
O conceito da Citopatologia e sua origem como meio de diagnóstico. A construção histórica da Citopatologia e sua consolidação como meio de
diagnóstico. Características do principal teste citopatológico, o exame de Papanicolau: fundamentos, procedimentos e técnicas.
PROPÓSITO
Compreender o histórico da Citopatologia e a consolidação dessa ciência como ferramenta essencial no diagnóstico e na prevenção de doenças.
Destaca-se nesse contexto, o teste de Papanicolau, uma importante ferramenta na prevenção e no diagnóstico de doenças do colo do útero. Entender
os fundamentos, os procedimentos e as técnicas do teste Papanicolau e interpretar os resultados encontrados.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Compreender o histórico e a evolução da Citopatologia
MÓDULO 2
Identificar os fundamentos do teste de Papanicolau
MÓDULO 3
Descrever os procedimentos e as técnicas do teste de Papanicolau
INTRODUÇÃO
Nossa jornada do estudo sobre a Citopatologia, uma ciência envolvente e que requer muita observação, tem como ponto de partida conhecer a origem
dessa ciência.
Estabelecida como meio de diagnóstico, a Citopatologia tem seu termo derivado do grego kytos (células), pathos (doença) e logia (ciência). Sendo um
ramo da Medicina e da Biologia, ela se dedica à análise e ao estudo de doenças pela verificação das alterações celulares. O teste de Papanicolau, ou
citologia cervicovaginal, foi o primeiro exame citopatológico desenvolvido. A partir dele, foram feitas adaptações para análise de outros órgãos.
A Citopatologia é multidisciplinar, integrando as áreas da Bioquímica, Histologia, Biologia Celular, Biologia Molecular, Fisiologia, Oncologia, entre
outras. Os profissionais de saúde com especialização nesse campo são responsáveis pela coleta de material; os laboratórios, por seus laudos e
pareceres, dentro de cada competência profissional.
Qual a importância dos exames citopatológicos no diagnóstico e na prevenção de doenças? Que tipo de células pode ser coletado para realização
desses exames? Como diferenciar uma estrutura celular originada de alterações fisiológica ou patológica?
Diversas dúvidas são geradas acerca desse tema. Vamos juntos explorar a origem e a concretização dessa ciência como um meio de diagnóstico e
entender a importância do teste de Papanicolau para a saúde pública.
/
MÓDULO 1
 Compreender o histórico e a evolução da Citopatologia
HISTÓRICO DA CITOLOGIA COMO MEIO DE DIAGNÓSTICO
O marco para a criação da Citologia foi a invenção do microscópio óptico, instrumento que possibilitou a descoberta das células séculos depois. O
primeiro protótipo foi criado em 1592 por dois fabricantes de óculos holandeses, Jeiniere da Cruz e Zacharias Jansen. Ao observarem um objeto
colocado no final de um tubo revestido de muitas lentes, verificaram que seu tamanho ficava maior do que se fosse visualizado com uma lupa.
No entanto, apenas no século XVII foram realizadas as primeiras visualizações microscópicas de materiais biológicos. O também holandês Antony
Van Leeuwenhoek (1632-1723) aperfeiçoou o microscópio de Galileu Galilei (1564-1642), criando um modelo primitivo com apenas uma lente, mas
capaz de aumentar em 300 vezes um objeto de maneira nítida.
 Figura 1: Antony Van Leeuwenhoek, a partir de seu microscópio, observou bactérias com tamanho de 1 a 2 micra, equivalente a 0,001 mm,
estudou os glóbulos vermelhos e verificou a presença de espermatozoides.
Em 1665, Robert Hooke acrescentou mais uma lente no microscópio de Van Leeuwenhoek, permitindo uma maior ampliação dos objetos. Ao analisar
pedaços de cortiça, Hooke notou pequenas cavidades poliédricas ou poros, que foram denominados de células.
/
 Figura 2: (A) Robert Hooke. (B) Com seu microscópio modificado, visualizou as células de cortiça e fez descobertas publicadas em seu livro
Micrographia.
No decorrer do século XVII, as invenções de Van Leeuwenhoek e Hooke possibilitaram a observação de objetos até então invisíveis aos olhos
humanos, o que levou ao descobrimento das células. Entretanto, apenas no século XVIII, a célula foi definida como unidade básica dos organismos
vivos animais, por Theodor Schwann (1839), e vegetais, por Matthias Schleiden (1838).
A partir dessas descobertas, foi definida a teoria de Schleiden e Schwann sobre a célula ser a menor unidade da vida.
Nos anos subsequentes, com avanços nas técnicas de citoquímica, coloração e o surgimento da microscopia eletrônica, foi possível desvendar a
morfologia e a fisiologia das células, a maneira como elas são reguladas, a sua integração e a compreensão do funcionamento de suas estruturas.
Mas quando será que a Citologia passou a ser utilizada como meio de diagnóstico?
 RESPOSTA
Foi em 1843, quando Sir Julius Vogel observou a presença de células malignas em um líquido drenado de um tumor mandibular. Ao decorrer desse
século, outros pesquisadores registraram os aspectos morfológicos de células malignas obtidas de aspirados de tumores, urina e escarro. Entretanto,
nessa época, a Citopatologia não teve enormes progressos nem era considerada uma ciência, e sim um instrumento para observação dos patologistas
mais curiosos.
Apenas no século XX, a Citopatologia passou a ser reconhecida como ciência, após os estudos desenvolvidos pelo Doutor George Papanicolaou. Em
1917, ele buscou avaliar as alterações celulares na mucosa vaginal, ocasionada pela variação hormonal, a partir de esfregaços vaginais de animais de
laboratório e mulheres. Em suas pesquisas, ele também identificou a presença de células malignas.
 Figura 3: Doutor George Papanicolaou (1883-1962), responsável pela criação da técnica de análise cervicovaginal, conhecida como teste de
Papanicolau.
Em seu artigo “Novo diagnóstico do Câncer”, de 1928, Papanicolaou defendeu que esse método, além de possibilitar uma maior compreensão do
câncer na região cervicovaginal, poderia ser adaptado para a identificação de cânceres em outras regiões do corpo. No mesmo ano, o Patologista
/
Aurel Babes publicou o estudo “Diagnóstico do câncer do colo uterino por esfregaços”, apresentando todas as alterações celulares encontradas no
câncer cervical. Ele também reafirmou a importância dessa técnica como método de prevenção devido à sua capacidade de identificar células pré-
malignas.
CÂNCER DO COLO UTERINO
Segundo o Instituto Nacional do Câncer: “O câncer do colo do útero é caracterizado pela replicação desordenada do epitélio de revestimento do órgão,
comprometendo o tecido subjacente (estroma) e podendo invadir estruturas e órgãos contíguos ou à distância. Há duas principais categorias de
carcinomas invasores do colo do útero, dependendo da origem do epitélio comprometido: o carcinoma epidermoide, tipo mais incidente e que acomete
o epitélio escamoso (representa cerca de 90% dos casos), e o adenocarcinoma, tipo mais raro e que acomete o epitélio glandular (cerca de 10% dos
casos). Ambos são causados por uma infecção persistente por tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano (HPV).
É uma doença de desenvolvimento lento, que pode cursar sem sintomas em fase inicial e evoluir para quadros de sangramento vaginal intermitente ou
após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal associada com queixas urinárias ou intestinais nos casos mais avançados.” (INCA,
2020)
Entretanto, o teste de Papanicolau só se estabeleceu como ferramenta de diagnóstico e prevenção do câncer de colo uterino ao final da Segunda
Guerra Mundial. Em sua monografia “Diagnóstico de câncer uterino pelo esfregaço vaginal”, no ano de 1943, Doutor Herbert Traut apresentou uma
nova técnica citopatológica de diagnosticar o câncer uterino e as lesões precursoras (método Pap Test). Anos depois, em 1954, Papanicolaou publicou
um atlas de citologia esfoliativa, com observações sobre as características celulares em condições patológicas e fisiológicas de amostras obtidas a
partir da mucosa vaginal e de outros sítios, como o escarro e a urina.
CITOLOGIA ESFOLIATIVA
Segundo Lucena e colaboradores (2011), acitologia esfoliativa: “Analisa as características e as alterações possíveis das células que descamam,
naturalmente, das superfícies dos epitélios das mucosas em geral”.
 ATENÇÃO
Voltando à década de 40, outro fato relevante para o desenvolvimento da Citopatologia foi a modificação dos métodos de coleta de amostras. Em
1947, o médico canadense Ernest Ayre desenvolveu uma nova técnica de coleta de amostra utilizando um instrumento de madeira chamado de
espátula de Ayre, que possibilitava raspar diretamente as células do colo do útero. Essa técnica é utilizada até os dias atuais para coleta de secreções
vaginais.
No Brasil, em 1956, os médicos Clarice do Amaral Ferreira, Nisio Marcondes Fonseca e Antonio Vespasiano Ramos fundaram a Sociedade Brasileira
de Citologia, um marco importante para a consolidação da Citologia como meio de diagnóstico no país. Nessa época, a Citologia foi incluída como
parte da anatomia patológica. Nos países desenvolvidos (EUA, Canadá e países escandinavos), na década de 60, o teste foi adotado para a
prevenção do câncer de colo de útero, resultando na queda do número de mortes por essa enfermidade.
No entanto, em países em desenvolvimento e subdesenvolvidos, o teste de Papanicolau ainda não é realizado de maneira rotineira, fazendo com que
o câncer de colo de útero tenha uma alta incidência e mortalidade.
CÂNCER DE COLO DE ÚTERO
De acordo com INCA, o câncer de colo de útero é a quarta causa de morte por câncer entre as mulheres no mundo, sendo responsável por 311 mil
óbitos. O Brasil apresenta taxas de incidência e mortalidade da doença intermediárias em relação aos países em desenvolvimento, mas muito altas em
relação aos países desenvolvidos com programas de prevenção bem estabelecidos. A maior incidência e prevalência da doença ocorre nas regiões
brasileiras Norte e Nordeste. Em 2020, são esperados 16.950 novos casos de câncer de colo de útero.
Segundo consta no site da Organização Pan-Americana de Saúde:
Incidência
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/
“Um evento (ou caso) incidente é definido como evento ou caso novo de uma doença (ou morte ou outro problema de saúde) ocorrido em um
determinado tempo de observação.”

Prevalência
“Um evento (ou caso) prevalente é definido como eventos ou casos existentes de uma doença (ou outra afecção) em determinado momento.”
O teste de Papanicolau ainda é uma ferramenta amplamente utilizada por causa de sua importância e eficácia na detecção e prevenção do câncer do
colo do útero. A descoberta e a consolidação dessa técnica representam um marco para a implementação da Citopatologia na prática médica, pois
permitiu que ela fosse adaptada para a detecção de doenças em diversos órgãos e sistemas.
No século XXI, houve inúmeros avanços científicos na Medicina com o aparecimento de técnicas inovadoras, como: a biologia molecular, que pode ser
utilizada para a detecção precoce do Papilomavírus Humano (HPV), evitando o desenvolvimento do câncer cervical; a biopsia por aspiração com
agulha fina na citopatologia não ginecológica (BAAF), que associada às novas técnicas de imuno-histoquímicas e de marcadores moleculares ajuda a
identificar a origem de célula e tecidos e pode ser relacionada a estudos citogenéticos; a tomografia computadorizada, que ampliou o conhecimento e
diagnóstico das doenças.
 ATENÇÃO
O Papilomavírus Humano (HPV) é um tipo de vírus que infecta a pele e mucosa. Atualmente, são descritas mais de 150 espécies desse vírus. Alguns
desses subtipos, como o HPV-16 e o HPV-18, são responsáveis por 70% dos cânceres cervicais.
Apesar desses desenvolvimentos, a Citopatologia ainda é bastante empregada em diversos países.
Você imagina por quê?
 RESPOSTA
A análise morfológica das células realizada por meio de exames citopatológicos possui um baixo custo quando comparada às tecnologias modernas.
Além disso, são testes muito simples, não traumáticos, menos invasivos, eficazes e tão certeiros que tornam dispensáveis outros procedimentos.
A linha temporal a seguir resume todos os acontecimentos históricos mais importantes para a implementação da Citopatologia como meio de
diagnóstico.
1843
/
Sir Julius Vogel observa células malignas presentes em um tumor mandibular.
1845
Henri Lebert registrou o aspecto morfológico de células aspiradas de tumores.
1850
Lionel S. Beale e o Dr. Lambl de Praga descreveram células malignas em escarro e urina, respectivamente.
1853
Donaldson verifica características citológicas de amostras obtidas da superfície de corte de tumores.
1928
Papanicolau publica o artigo intitulado “Novo diagnóstico do Câncer”.
Aurel Babes publicou o trabalho “Diagnóstico do câncer do colo uterino por esfregaços”.
1943
Dr. Herbert Traut publica a monografia “Diagnóstico de câncer uterino pelo esfregaço vaginal”.
1947
O médico canadense Ernest Ayre desenvolveu uma nova técnica de coleta de amostra cervicovaginal com uma espátula de madeira.
1954
Papanicolau publica um atlas de citologia esfoliativa, com observações sobre as características celulares em amostras obtidas a partir da mucosa
vaginais e de outros sítios.
1956
Criação da sociedade Brasileira de Citologia.
DÉCADA DE 60
/
Países desenvolvidos usam de forma universal o teste Papanicolau na prevenção do colo do útero. O teste passa a ser empregado em todo o mundo.
A Citopatologia passa a ser aplicada para o diagnóstico de outras doenças e é implementada como uma disciplina.
2020
Há métodos inovadores para análise e auxílio no diagnóstico, mas a Citopatologia ainda apresenta grande importância pelo baixo custo, pela
simplicidade e pela eficiência no diagnóstico e na prevenção das doenças.
Você imagina quais são os principais objetivos dos testes citopatológicos e como obtemos essas amostras? Vamos agora começar a desvendar essa
ciência tão fascinante.
TIPOS DE DESCAMAÇÃO CELULAR
Os exames citopatológicos são realizados em células retiradas de uma determinada região do corpo. Para isso, as amostras podem ser obtidas pela
descamação espontânea, eliminadas naturalmente, ou descamação artificial, essa feita a partir da punção ou aspirados. Na análise microscópica da
urina e do escarro, por exemplo, é normal encontrar células epiteliais. Por outro lado, na descamação artificial, a remoção das células é realizada com
auxílio de um instrumento, como a espátula de Ayre e a “escovinha”, utilizadas durante o exame de Papanicolau. A “escovinha” também pode ser
usada na coleta de amostras no estomago, no esôfago, na boca e em outros locais.
FIGURA 5 A
A espátula de Ayre auxilia na obtenção de células da ectocérvice.
FIGURA 5 B
Escovinha usada para obter células da endocérvice
/
Vamos ver a seguir a diferença entre a descamação celular espontânea e a artificial:
Tipo de descamação de
células
Espontânea Artificial
Método de obtenção Natural
Com auxílio de um instrumento (espátulas,
“escovinhas”)
Exemplo de amostras Urina e escarro
Amostras coletas da ectocérvice, endocérvice,
estômago, boca, dentre outras.
Comparação da morfologia
das células viáveis
Células mais diferenciadas e maiores em relação
à descamação artificial
Células mais imaturas e menores em relação à
descamação espontânea
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 1: Diferenças entre a descamação celular espontânea e a artificial.
OBJETIVOS DOS EXAMES CITOPATOLÓGICOS
Conforme mencionado, os exames citopatológicos são simples, de baixo custo e seguros, pois é um teste não invasivo ao paciente e capaz de orientar
condutas clínicas (tipos de tratamentos, necessidade cirúrgica).
Ao realizar a verificação microscópica das células, os principais objetivos são:
Diagnosticar e identificar doenças silenciosas, ou seja, que não apresentam sintomatologia de doenças clinicamente suspeitas.
/
Realizar o acompanhamento ou observar respostas de um tratamento de determinada doença.
Rastrear e prevenir doenças malignas, como o câncer cervicovaginal.
Vamos compararas vantagens e as desvantagens dos exames citopatológicos?
Vantagens Desvantagens
Exame simples e de baixo custo. São necessário técnicos especializados para a interpretação do exame.
Eficaz e muitas vezes assertivo no diagnóstico
das doenças sem necessidade de outros
procedimentos adicionais.
O tempo longo e a natureza subjetiva da interpretação das lâminas pelo técnico que
realiza o exame.
Seguro ao paciente, pois é um exame não
invasivo, não traumático, sem necessidade de
anestesia.
Impossibilidade de averiguação da extensão ou invasão no caso de uma lesão maligna.
São necessários equipamentos simples para a
realização dos exames.
Para o diagnóstico de lesões pré-cancerosas e malignas do colo uterino, é necessário
um teste complementar de avaliação histopatológica para confirmação dos achados no
exame citopatológico.
/
IDENTIFICAR OS FUNDAMENTOS DO TESTE DE PAPANICOLAU
Vimos anteriormente que os estudos de citologia esfoliativa realizados por Papanicolaou e Aurel Babes consolidaram o exame citológico cervicovaginal
(teste de Papanicolau) e a Citologia como meio de diagnóstico.
O teste de Papanicolau continua sendo realizado, principalmente nos países de média e baixa renda, por sua simplicidade, seu baixo custo e sua
eficácia diagnóstica, ajudando a diminuir os índices de mortalidade por neoplasias cervicais.
Ele permite a identificação das células esfoliativas do colo uterino e das alterações neoplásicas, possibilitando a prevenção, o diagnóstico e o
acompanhamento de neoplasias cervicais e outras doenças, como as sexualmente transmissíveis causadas pela bactéria Gardnerella vaginalis.
Para a realização desse teste, é essencial conhecer a anatomia, a histologia do trato genital feminino e a morfologia das células encontradas nos
esfregaços cervicovaginais normais. Além disso, é de suma importância saber o local e a maneira adequada de coleta das amostras a fim de fornecer
um material satisfatório para a análise e gerar resultados fidedignos.
Vamos juntos aprender mais sobre essa técnica tão importante e muito utilizada nas rotinas dos ginecologistas no Brasil?
ANATOMIA DO TRATO GENITAL FEMININO, CARACTERÍSTICAS
CITOLÓGICAS NOS ESFREGAÇOS CERVICOVAGINAIS NORMAIS
ANATOMIA DO TRATO GENITAL FEMININO:
O trato genital feminino apresenta como principal função a reprodução humana. Anatomicamente, é composto por órgãos genitais externos e internos.
Os órgãos genitais externos, ou vulva, se estendem desde o monte de vênus (região anterior pubiana) até a região do períneo, sendo divididos em
órgãos erécteis (clitóris e bulbo vestibular), formações labiais (pequenos e grandes lábios) e glândulas anexas (uretrais, parauretrais e vestibulares
maior e menor). Esses órgãos são responsáveis por proteger os orifícios (óstio) vaginal e da uretra.
 Figura 6: Órgãos e glândulas que compõem a parte externa do trato genital feminino.
Vamos observar a seguir a descrição das principais características dos órgãos que compõem a região externa do trato genital feminino.
Regiões e suas características
Monte de vênus Grandes lábios
Pequenos lábios Clitóris
Vestíbulo Glândulas anexas
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 3: Principais características da parte externa do trato genital feminino.
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/
MONTE VÊNUS:
Região rica em tecido adiposo e recoberta por pelos.
GRANDES LÁBIOS:
Formados por duas pregas espessas de pele, também revestidas por pelos, e se estendem do monte de vênus até o períneo.
PEQUENOS LÁBIOS:
Os pequenos lábios estão situados entre os grandes lábios e são duas pregas menores de pele, apresentando ausência de pelos e tecido estratificado
pavimentoso queratinizado.
CLITÓRIS:
Região que não é recoberta de pelo e apresenta o tecido estratificado pavimentoso queratinizado e inúmeras terminações nervosas. Importante para
sexualidade feminina.
VESTÍBULO:
Região situada entre os grandes lábios, é onde fica a entrada da vagina.
GLÂNDULAS ANEXAS:
Importantes para a produção das secreções mucocervicais.
Glândulas vestibulares menores: Glândulas de Skene, localizadas entre os dois lados do meato urinário.
Glândulas vestibulares maiores: Glândula de Bartholin, localizada dois lados dos vestíbulos.
Os órgãos internos que compõem o trato genital feminino são: os ovários ou gônadas, as tubas uterinas, o útero e a vagina. Eles estão localizados no
interior da parte pélvica.
/
 Figura 7: Ilustração dos órgãos internos do trato genital feminino: a vagina, a tuba uterina, o ovário e o útero.
Você imagina quais órgãos são estudados durante o exame de citologia cervicovaginal? Vamos descobrir?
OVÁRIOS
Os ovários estão localizados na cavidade pélvica, entre a bexiga e o reto. Cada ovário está em um lado do útero, sendo interligados pela trompa
uterina (trompa de falópio). Eles apresentam um formato de amêndoa e suas características morfológicas variam de acordo com a idade e o ciclo
menstrual. Na puberdade, os ovários são lisos e rosados. Após a primeira ovulação, passam a ter um aspecto branco-acinzentado e rugoso. Na
menopausa, tendem a ficar atrofiados e repletos de cicatrizes (fruto das várias ovulações ao longo da vida reprodutiva da mulher).
 Figura 8: Foto de corte histológico do ovário corado por hematoxilina-eosina (aumento de 20x).
Na imagem, é possível observar os folículos primordiais, os folículos em crescimento e a túnica albugínea. Os ovários são divididos em córtex e
medula. O córtex externo é formado por tecido conjuntivo e folículos primordiais. A medula é formada por tecido conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos,
linfáticos e nervosos. O revestimento é composto de um epitélio simples cúbico, intercalado pelo epitélio pavimentoso simples e por um tecido
conjuntivo denso adjacente (túnica albugínea).
Os ovários são responsáveis pela maturação dos folículos e produção dos gametas femininos. Além disso, têm em sua estrutura células intersticiais
(células de Leyding), capazes de produzir os hormônios sexuais femininos (estrogênio e progesterona). Esses hormônicos conferem as características
sexuais secundárias e coordenam a implementação e o início do desenvolvimento embrionário.
 Figura 9: Ilustração da maturação do folículo primário até a ovulação, com a liberação de um óvulo.
É possível observar que, em resposta aos estímulos hormonais, vários folículos primários amadurecem, mas apenas um ovócito é liberado a cada
ovulação (a cada ciclo menstrual). Após a ovulação, o tecido ovariano fica com uma cicatriz, e o folículo é transformado em corpo lúteo.
TUBA UTERINA
As tubas uterinas são responsáveis por ligar o útero aos ovários pelas fímbrias. Elas transportam os ovócitos liberados a cada ovulação ao útero, além
de ser o local onde ocorre a fecundação. As tubas podem ser divididas em quatro partes e revestidas de epitélio cilíndrico, simples, ciliar e com
atividade secretora, que responde à atividade hormonal. A parede das tubas é formada por três camadas: a mucosa, a muscular e a serosa.
/
 Figura 10: Estrutura anatômica da tuba uterina, que é dividida em 4 partes: intramural, o istmo, a ampola e o infundíbulo.
O infundíbulo apresenta um formato de funil e fímbrias que se espalham sobre os ovários. A ampola é a região mais larga, onde corre a fecundação. A
intramural é a parte que ultrapassa a parede do útero. O istmo é a porção mais fina e está localizado lateralmente ao útero. Na figura, podemos ver
também a fecundação do óvulo e a nidação (processo de implantação do ovo na parede do endométrio).
ÚTERO
O útero é um órgão fibromuscular localizado entre a bexiga e o reto. Normalmente, apresenta 7 cm de comprimento, 5 cm de largura e 2,5 cm de
espessura. Com formato côncavo (de pera invertida), o útero pode variar em sua forma, seu tamanho e sua localização de acordo com a idade,
número de gestações e a estimulação hormonal. É um órgão achatado com uma porçãocefálica mais arredondada, chamada de fundo do útero, e
uma justaposta mais estreita, chamada de colo do útero. A região entre o fundo e o colo é chamada de corpo do útero.
O corpo do útero corresponde à maior extensão desse órgão e é formado pelo fundo (parte superior do corpo, próximo à saída das tubas uterinas) e
istmo (parte inferior, próximo ao colo do útero). A parede do corpo do útero é composta por três camadas: a mais interna (endométrio); uma muscular
intermediária (miométrio); e a serosa, mais externa (perimétrio). O endométrio é o local de implementação do ovo fecundado e sofre alterações
morfológicas durante as variações hormonais.
 Figura 11: Estrutura anatômica do útero. Ilustração da cavidade uterina, do colo do útero delimitado pelo óstio interno e externo, das camadas
uterinas internas (endométrio) e intermediárias (miométrio).
Na parte inferior do útero, responsável pela comunicação da cavidade uterina com a vagina, está localizado o colo do útero. Ele é delimitado entre o
orifício (óstio) interno (abertura para a cavidade uterina) e o externo (abertura para o canal vaginal) e é formado por duas camadas: a endocérvice
(endocérvix) e a ectocérvice (ectocérvix).
A endocérvice representa a porção interna do colo do útero, é o lúmen (canal cervical) que realiza a comunicação entre a cavidade uterina e a vagina.
Para ver essa região, o orifício (óstio) externo tem de ser dilatado ou distendido. A ectocérvice é a porção externa do colo uterino, localizada na parte
externa do orifício cervical. Essa região é facilmente visível no exame especular (Figura 12).
/
 Figura 12: Anatomia do útero. Nessa ilustração, podemos observar as principais regiões anatômicas do útero com destaque para a posição da
endocérvice, ectocérvice e o canal cervical (endocervical).
O ponto de união entre a ectocérvice e a endocérvice é chamado de junção escamocolunar (JEC).
 Figura 13: Ilustração da junção escamocolunar (JEC).
VAGINA
A vagina apresenta como principais funções: permitir a passagem do feto durante o parto; a descamação do sangue do fluxo menstrual mensal; a
penetração do pênis na relação sexual.
Ela está localizada posteriormente à bexiga e à uretra, e anterior ao reto. É um órgão tubular musculomembranoso, com comprimento que varia de 7 a
9 cm e que se estende do óstio externo do útero até o vestíbulo da genitália externa.
/
A vagina é constituída de 3 camadas: a mucosa, a muscular e a adventícia. A camada mucosa é a mais interna. A intermediaria é formada de
musculatura lisa. A camada adventícia é a mais externa, formada por um tecido conjuntivo denso.
CARACTERÍSTICAS CITOLÓGICAS NOS ESFREGAÇOS
CERVICOVAGINAIS NORMAIS
O princípio básico do exame cervicovaginal é verificar alterações na morfologia das células e, principalmente, no citoplasma e no núcleo. As
características citoplasmáticas irão indicar o grau de diferenciação celular, verificando a presença de vacúolos e depósitos de proteínas. As
características nucleares observadas são o aspecto, a coloração, o tamanho e a forma da membrana nuclear.
Qualquer alteração na morfologia pode indicar um processo inflamatório na célula pré-neoplásico ou neoplásico. Vamos agora conhecer as células que
compõem os órgãos do trato genital feminino e as características citológicas nos esfregaços cervicovaginais normais.
CITOLOGIA DA MUCOSA VAGINAL E ECTOCÉRVICE
A mucosa vaginal e a ectocérvice são revestidas por um tecido epitelial escamoso estratificado não queratinizado. Abaixo do epitélio, está localizada a
lâmina própria (composta de tecido conjuntivo, nervos, fibras elásticas e vasos sanguíneos).
Esse epitélio sofre alterações de acordo com as variações hormonais e o ciclo menstrual. A diferenciação dessas células é estimulada pelo estrogênio.
Durante a menopausa e a amamentação, o epitélio pode sofrer atrofia e apresentar número de células reduzido. Na fase reprodutiva (madura), após a
estimulação hormonal, ele sofre maturação completa.
O processo de maturação celular leva a uma alteração na morfologia, com o aumento do tamanho da célula e do volume citoplasmático, além da
redução do tamanho do núcleo. Nessa fase, o epitélio apresenta quatro camadas celulares: as basais (mais profundas), as parabasais, as
intermediárias e as superficiais. Vamos observar as imagens a seguir:
 Figura 14: Esquema demostrando o epitélio da ectocérvice e mucosa vaginal.
Essas regiões são revestidas pelo epitélio pavimentoso estratificado não queratinizado. Esse epitélio é dividido em camada basal (uma camada de
células com capacidade mitótica e apoiada em uma lâmina basal), parabasal (duas a três camadas de células maiores que a célula basal e com
capacidade regenerativa), intermediaria (células parabasais que sofreram diferenciação e maturação, seu tamanho varia com as variações hormonais)
e superficial (com várias camadas de células viáveis, porção de células mais diferenciadas, que sofrem descamação).
javascript:void(0)
/
À medida que as células vão sofrendo diferenciação, elas apresentam um citoplasma mais abundante e diminuição do tamanho do núcleo. As células
das camadas intermediárias e superficiais apresentam grande concentração de glicogênio no citoplasma. O glicogênio é facilmente corado pelos
corantes utilizados no exame citopatológico. A presença do glicogênio é sinal de maturação e desenvolvimento normal do epitélio.
Na figura também vemos um corte histológico do tecido (40x) onde observamos as diferenças entre as células do epitélio de revestimento.
MIÓTICA
Refere-se à mitose, que consiste em um processo de divisão celular que consiste em originar duas células idênticas, com mesmo número de
cromossomas.
DIFERENCIAÇÃO
Diferenciação celular é a capacidade da célula de se especializar em um tipo celular e realizar uma determinada função.
 Figura 15: Corte histológico corado por Hematoxilina-eosina (aumento de 100x). Podemos observar a morfologia das diferentes células que
revestem a mucosa vaginal e a ectocérvice.
Células
Característica
histológica
Características no exame citopatológico
Quando são
observadas
Tamanho
Formato da
célula
Citoplasma Núcleo Observa
Células
basais
Células
cuboidais
pequenas,
arredondadas e
com elevada
relação
nucleocitoplasma
(tem pouco
citoplasma).
Essa camada em
condições
fisiológicas é a
responsável pela
regeneração
celular.
Nos
esfregaços
cervicovaginais
de mulheres
com atrofia
acentuada na
pós-
menopausa ou
quando há
ulceração da
mucosa.
Tamanho
pequeno
(como um
leucócito)
Redondo ou
oval
Escasso,
corado
intensamente
em azul ou
verde
Redondo, central,
com cromatina
grosseiramente
granular
uniformemente
distribuída, às
vezes revelando
um pequeno
nucléolo.
Essas c
geralme
descam
pequen
agrupam
Células
parabasais
Células maiores,
arredondadas e
São raras nos
esfregações de
15 – 20
micrômetros
Arredondadas
ou ovaladas
Citoplasma
denso,
O núcleo redondo
ou ovalado mede
Essas c
se difer
javascript:void(0)
/
basofílicas
(propriedade de
corar em azul-
purpura ou roxo
pela afinidade
química com a
hematoxilina, um
corante básico
utilizado na
técnica de
Papanicolau).
mulheres na
fase
reprodutiva.
Estão presente
em casos de
distúrbios
hormonais e
de erosão ou
ulceração de
deficiência
estrogênica
(epitélio
atrófico), como
infância,
lactação e
menopausa.
São bem
maiores que
as células
basais
cianofílico
(corado em
azul ou verde),
relativamente
escasso
entre 8 e 13
micrômetros,
ocupando
aproximadamente
a metade do
volume da célula.
A cromatina é
granular, sem
evidência de
nucléolo.
das
interme
no tama
núcleo e
volume 
citoplas
Células
intermediárias
Células
poligonais bem
maiores, com
núcleos
redondos
vesiculares,
citoplasma rico
em glicogênio e
que contêm
pontes
intercelulares.
São células
mais comuns
nos esfregaços
cervicovaginais
no período
pós-ovulatório
do ciclo
menstrual,
durante a
gravidez e no
início da
menopausa.O
seu
predomínio é
relacionado à
ação da
progesterona
ou aos
hormônios
adenocorticais.
30 a 60
micrômetros
Poligonais
(confere
resistência)
Abundante,
transparente,
poligonal e
cianofílico.
Coloração
menos intensa
daquela
observada nas
células
parabasais.
Apresentam
tendência a
pregueamento
das bordas
citoplasmáticas
Vesiculares,
medindo cerca de
10 a 12
micrômetros,
redondos ou
ovais, com
membrana
cromatínica ou
borda nuclear
claramente
visível, e
cromatina
finamente
granular e
regularmente
distribuída com
cromocentros. O
corpúsculo de
Barr (cromatina
sexual) pode ser
identificado.
Essas c
possue
variante
navicula
Elas sã
elipsoid
com bo
citoplas
espessa
ricas em
glicogên
se cora
habitua
em cast
Os núcl
são
excêntr
São com
na grav
podem
aparece
outras
condiçõ
onde há
acentua
estímulo
progest
Células
Superficiais
Camadas de
células
aplanadas com
citoplasma
abundante e
núcleos
picnóticos,
núcleo que a
cromatina está
São comuns
em esfregaços
cervicovaginais
no período
ovulatório do
ciclo
menstrual,
após terapeuta
estrogênica e
De 40 a 60
micrômetros
Poligonais
(confere
resistência)
Transparente e
eosinofílico
(Propriedade
de corar em
rosa pela
afinidade
química com
eosina, um
corante ácido
O diâmetro
nuclear
raramente excede
5 micrômetros
com
condensação da
cromatina, que se
torna escura.
Para
diferenc
uma cé
interme
de uma
superfic
fundam
análise 
estrutur
/
Maior superfície de amostragem, podendo a
coleta por esfoliação ser realizada em mais de um
sítio.
São analisadas apenas células isoladas, e não a arquitetura tecidual.
A coleta pode ser realizada em ambiente
ambulatorial.
Alto grau de resultados não conclusivos ou com material insuficiente ou inadequado.
Melhora a adesão do paciente ao exame. Só podem ser utilizados em lesões de superfícies.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 2: Vantagens e desvantagens dos exames citopatológicos.
 SAIBA MAIS
Você conhece a diferença entre o exame citopatológico e o histopatológico?
O citopatológico estuda as células descamadas de uma região ou lesão. O histopatológico analisa os tecidos dos organismos após uma biópsia,
podendo assim identificar com precisão o tamanho da lesão e a composição do tecido.
Neste vídeo, iremos fazer uma breve contextualização sobre Citopatologia não ginecológica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Identificar os fundamentos do teste de Papanicolau
/
bastante
condensada.
(camada
superficial)
nas pacientes
com tumor
ovariano
funcionante
(produtor de
estrógeno).
utilizado
durante a
coloração
utilizada na
técnica de
Papanicolau).
Essa coloração
não é
específica, e o
citoplasma
pode assumir
as cores azul
ou verde. No
citoplasma das
células
superficiais,
podem ser
vistos grânulos
pequenos
(grânulos
querato-
hialinos)
escuros.
nuclear
núcleo d
célula
interme
vesicula
cromati
delicada
uniform
distribu
cromoc
(conden
de crom
O núcle
célula
superfic
picnótic
seja, co
cromati
conden
sem ev
de gran
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 5: Características citológicas das células de reserva e escamosas metaplásicas encontradas nos esfregaços vaginais normais.
Podemos observar na imagem seguinte a morfologia dessas células nos esfregaços cervicovaginais.
 Figura 16: Células do epitélio da ectocérvice em esfregaços cervicovaginais, coloração de Papanicolaou (aumento de 400x).
No epitélio de revestimento, pode também aparecer uma quinta camada composta de células escamosas anucleadas (escamas). O aparecimento
dessas células em pequeno número pode ser resultado da contaminação da coleta citológica com células da vulva. Porém, um grande número dessas
células pode representar queratinização do epitélio escamoso estratificado (hiperqueratose).
/
 Figura 17: Células do epitélio ectocervical em esfregaço cervicovaginal com coloração de Papanicolaou (aumento de 40x).
A partir da imagem, perceba as células escamosas anucleadas (representadas por setas). Podemos perceber também que a área do núcleo está com
uma sombra clara (núcleo fantasma), o citoplasma é eosinófilo, mas pode parecer com coloração laranja, amarela ou vermelha.
CITOLOGIA DA MUCOSA ENDOCERVICAL – EPITÉLIO COLUNAR SIMPLES
O canal cervical (endocérvice) é revestido pelo epitélio colunar simples e possui estruturas ciliares secretoras de muco. Raramente, são observadas
células ciliadas nele. As células desse epitélio são altas e apresentam um núcleo único que está localizado próximo à lâmina basal.
 Figura 18: A endocérvice é revestida pelo epitélio colunar simples.
Na imagem, vemos o corte histológico do canal cervical corado por hematoxilina-eosina (aumento de 100x), que mostra uma única camada de células
pequenas e com núcleos de coloração escura próximos da membrana basal que está apoiada no estroma.
O epitélio colunar da endocérvice apresenta inúmeras invaginações que se projetam para o estroma cervical, resultando na formação de criptas
endocervicais. Na visualização macroscópica, essa região se apresenta com aspecto rugoso, devido às criptas.
 Figura 19: Ilustração das criptas endocervicais.
Podemos verificar no corte histológico do tecido corado por hematoxilina-eosina (aumento de 40x) que o tecido colunar apresenta invaginações,
originando as criptas endocervicais, também como glândulas endocervicais.
/
Nos esfregaços celulares, as células de revestimento endocervicais apresentam núcleo oval ou redondo, volumoso, excêntrico, com a cromatina
finamente granular, discreta variação no tamanho e localização próxima à lâmina basal. O citoplasma é volumoso, ligeiramente claro e basófilo
(coloração azul) e pode apresentar vacúolos. As células normalmente descamam em grupos de células monoesterificadas. São vistas de frente como
“favos de mel”, e como arranjos “paliçados” ou em “tiras”, quando observadas lateralmente.
As células ciliadas, quando presentes, apresentam um citoplasma corado mais intenso. Uma diferença entre as células endocervicais das criptas é que
as células glandulares apresentam um menor tamanho e um citoplasma com volume menor quando comparada às endocervicais.
 Figura 20: Células do epitélio endocervical.
A presença dessas células no esfregaço vaginal indica a qualidade dessa coleta e da confecção dos esfregaços. Elas apresentam um citoplasma
muito frágil e um processamento errôneo pode levar a alterações degenerativas, mostrando núcleos dispersos no muco. Além disso, são bastante
sensíveis a alterações reativas e nesses casos pode apresentar mais de um núcleo.
Esse epitélio é sensível às alterações hormonais. Durante o ciclo menstrual, são encontradas mudanças no tamanho da célula e no citoplasma. A
produção de muco por essas células é estimulada pelo estrogênio, a maior atividade secretora acontece durante a ovulação. Na segunda fase do ciclo
menstrual (onde ocorre o aumento da progesterona), o citoplasma fica mais alto e com alta concentração de muco. Na menopausa, com a diminuição
na concentração de estrogênio, as células são mais baixas do que na fase reprodutiva.
JUNÇÃO ESCAMOCOLULAR (JEC)
Como mencionado, a junção escamocolunar (JEC) é o ponto de contato do epitélio escamoso da ectocérvice e o da endocérvice.
A localização da JEC em relação ao orifício cervical externo pode variar devido a diversos fatores, como idade, estímulo hormonal, uso de
anticoncepcionais, certas condições fisiológicas e a gestação. A JEC chamada de original está localizada entre o epitélio escamoso e colunar e é
encontrada no nascimento, infância, perimenarca.
 Figura 21: Ilustração do ponto de união entre a ectocérvice e a endocérvice, chamado de junção escamocolunar (JEC). Vemos também o corte
histológico corado pela hematoxilina-eosina (aumento de 10x), mostrando o epitélio escamoso, a JEC e o epitélio colunar.
Durante a puberdade, o inícioda vida reprodutiva e na primeira gestação, há o crescimento do colo uterino, fazendo o canal cervical apresentar um
alargamento. Esse aumento de tamanho provoca a inversão do epitélio endocervical, originando o epitélio ectópico, e faz com que a mucosa cervical
passe a ter contato direto com o pH ácido vaginal.
A acidificação do meio estimula as células de reserva, localizadas na endocérvice entre a lâmina basal e o epitélio endocervical, a se proliferarem em
diversas camadas (hiperplasia das células de reserva). Assim, inicia-se um processo chamado de metaplasia escamosa.
/
Com o aparecimento de diversas camadas de células de reserva, começa um procedimento de diferenciação de células escamosas, com um
citoplasma maior e bem delimitado (metaplasia imatura). Com o tempo, há o desaparecimento das células colunares do tecido endocervical original, e
o epitélio se torna totalmente diferenciado em células escamosas (metaplasia madura). A área do colo onde ocorreu a transformação recebe o nome
de zona de transformação (ZT) e a JEC passa a ser conhecida como funcional. Vamos agora, pelas ilustrações a seguir, tentar compreender como
acontece essas transformações.
 Figura 22: Ilustração das mudanças na arquitetura das células durante o processo de metaplasia. (A) Células colunares epiteliais da endocérvice
(roxa) e células de reserva (rosa), localizadas entre as células colunares e a lâmina basal. (B) Hiperplasia das células de reserva, é possível observar a
sua multiplicação. (C) Metaplasia escamosa imatura, células com citoplasma maior e limites bem definidos. (D) Alterações vistas durante o processo
de metaplasia madura, com o desaparecimento das células colunares.
 Figura 23: Ilustração da posição da JEC ao longo da vida e o aparecimento da zona de transição. (A) Localização das células epiteliais da
endocérvice, ectocérvice e JEC antes da puberdade (JEC original). (B) Inversão da JEC durante a puberdade e na primeira gravidez, mostrando o
endotélio colunar da endocérvice em contato com o canal vaginal e o início do processo de metaplasia. (C) Localização das células que sofreram
metaplasia. (D) Localização da JEC após a puberdade.
CÉLULAS DE RESERVA
As células de reserva apresentam a capacidade de se proliferar em células escamosas ou glandulares endocervicais.
No exame citopatológico, é fundamental identificar as zonas de transformações, onde estão localizadas as lesões precursoras do câncer do colo do
útero. Podemos observar no quadro e na figura a seguir as características morfológicas das células de reserva, metaplásica imatura e madura, que
são encontradas nessa região.
 VOCÊ SABIA
Estudos demostram que as células metaplásicas imaturas são mais suscetíveis à ação de agentes carcinogênicos.
Células Características no exame citopatológico
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/
Forma Tamanho Citoplasma Núcleo Arranjo Observação
Reserva Ovais
Pequeno,
menor que as
células
parabasais
Escasso,
cianofílico e
finamente
vacuolizado.
Redondo ou oval,
centralmente localizado,
com elevada relação
nucleocitoplasmática, e a
cromatina é fina
uniformemente
distribuída.
Isolada em
pequenos
conjuntos.
São
raramente
encontradas.
Quando
estão
isoladas
podem ser
confundidas
com
histiócitos e
células
estromais
endometriais.
Metaplásica
imatura
Ovais ou
redondas
triangulares,
estreladas
ou
caudadas
Mesmo
tamanho que
as células
parabasais.
Delicado ou
denso, às
vezes com
vacúolos. Pode
ter
prolongamentos
e tem uma
coloração
bifásica.
Maior que das células
intermediárias, são
redondos ou ovais,
paracentrais ou centrais,
com cromatina finamente
granular, regularmente
distribuída; às vezes,
nucléolo.
Agrupamentos
frouxos
(lembra um
calçamento de
pedras).
Metaplásica
madura
Ovais ou
redondas
triangulares,
estreladas
ou
caudadas
Tamanho
parecido com
as células
intermediárias.
Levemente
mais denso e
bordas
citoplasmáticas
mais
arredondadas
com coloração
bifásica
Maior que das células
intermediárias, são
redondos ou ovais,
paracentrais ou centrais,
com cromatina finamente
granular regularmente
distribuída; às vezes,
nucléolo
Agrupamentos
frouxos.
Parecem
com as
células
escamosas
originais.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 5: Características citológicas das células de reserva e escamosas metaplásicas encontradas nos esfregaços vaginais normais.
 Figura 24: Fotos de esfregaços cervicovaginais, coloração de Papanicolaou (aumento de 40x).
CÉLULAS ENDOMETRIAIS
/
Vocês lembram o que é o endométrio?
Conforme vimos no módulo anterior, o endométrio é o nome dado à parede interna do colo do útero. Ele é revestido de um epitélio cilíndrico simples
sobre uma lâmina própria (estroma) (veja Figura 11) e apresenta inúmeras glândulas tubulares simples (glândulas endometriais). Durante o ciclo
menstrual, o endométrio sofre alterações cíclicas sob a influência dos hormônios estrogênio e progesterona.
Essas células podem ser verificadas nos exames citológicos em condições normais (até o 12° dia do ciclo menstrual, logo após a nidação, no aborto,
no período pós-parto imediato, em algumas mulheres que fazem reposição hormonal, em quem colocou o dispositivo intrauterino – DIU) ou em
algumas condições patológicas (pólipo, endometriose, endometrite, hiperplasia endometrial e neoplasia maligna).
As células endometriais descamam isoladas e em agrupamentos celulares densos, tridimensionais e com contorno duplo. Quando comparadas às
endocervicais, as células endometriais são menores, apresentam citoplasma mais escasso e núcleo menor. Além disso, podem ser ciliadas ou não e
apresentar pouca definição de borda citoplasmática, com núcleo redondo ou oval, pequeno, excêntrico e hipercromático.
Durante a descamação endometrial, também podem ser observadas células do estroma. No início do ciclo menstrual, as células endometriais
descamam em aglomerados com um arranjo redondo ou oval, formado por células estromais no centro e por glandulares endoteliais na periferia. Esse
processo é conhecido como êxodo menstrual.
Assim, nos esfregaços, vaginais podemos observar três tipos celulares diferentes: as células glandulares endometriais, as do estroma superficial e as
do estroma profundo. A seguir, podemos verificar as características morfológicas de cada uma delas.
Células Citoplasma Núcleo
Glandulares
endometriais
Escasso, delicado, podendo ter vacúolos
e bordas mal delimitadas.
Pequenos, redondos, hipercromáticos com cromatina grosseiramente
granular uniformemente distribuída. Em condições normais, não se identifica
nucléolo.
Célula do
estroma
superficial
Vacuolizado, cianofílico, com limites
indistintos.
Excêntrico com cromatina granular.
Célula do
estroma
profundo
Fusiformes ou estreladas, exibem
citoplasma mais escasso e pobremente
preservado.
Ovalados e com cromatina grosseiramente granular.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 6: Características citológicas das células endometriais encontradas nos esfregaços vaginais normais.
 Figura 25: Fotos de esfregaços cervicovaginais, corados pela coloração de Papanicolaou (aumento de 10x).
Durante a coleta para a realização do esfregaço de amostras da endocérvice com auxílio da escovinha, pode ocorrer a retirada de células do terço
superior do colo uterino. Essas células são histologicamente idênticas às endometriais, mas podem apresentar algumas modificações na sua
morfologia, ocasionadas pelo processo de descamação artificial.
/
As células glandulares aparecem em forma de túbulos com ou sem ramificação; são pequenas, com citoplasma escasso e núcleo hipercromático com
borda regular e cromatina granular. Ao redor das células granulares, estão as estromais, que apresentam núcleo arredondado com citoplasma escasso
e mal delimitado.
 Figura 26: Foto do esfregaço cervicovaginal tingido pela coloração de Papanicolaou (aumento de 100x), mostrando células dosegmento uterino
inferior. É possível verificar as células estromais (seta azul) com núcleo ovalado e sobreposição, e células glandulares de arranjo tubular (seta
vermelha).
OUTROS CONSTITUINTES
Além das células epiteliais, nos esfregaços cervicovaginais normais são encontrados outros constituintes, como hemácias, neutrófilos, linfócitos,
histiócitos, muco e alguns contaminantes (espermatozoide, fungos, talco, partes de insetos e lubrificantes). Veja a seguir as características citológicas
dessas células. (Quadro 07 e Figura 27)
 ATENÇÃO
Vamos pensar em histiócito como um grupo de células que consiste em macrófagos “fixos” (capacidade fagocítica) ao tecido e às células dendríticas.
No entanto, existe uma grande discussão sobre esse assunto. Alguns grupos utilizam o termo histiócito para se referir a todos os tipos de macrófagos
derivados da medula óssea e demais células dendríticas relacionadas ao sistema imune. Outros definem os histiócitos como um grupo de células
heterogêneas derivadas do sistema reticuloendotelial, com o mesmo aspecto histológico, mas com características e funções diferentes entre si
(fagocíticas, hematopoéticas).
Célula Característica citológica Significado clínico
Hemácia Células redondas, anucleadas, coradas habitualmente em laranja
Sem significado
clínico. Quando
integras, podem ser
trauma na coleta, mas
se aparecerem
lisadas pode ser
significativo de câncer
invasivo.
Polimorfonucleares
(Neutrófilo)
Citoplasma mal definido, com núcleos lobulados, conectados uns aos outros. São
maiores que as hemácias, com tamanho em torno de 10 micrômetros.
Aparecem em
pequeno número,
oriundos da
endocérvice. Podem
/
ser encontrados na
segunda fase do ciclo
menstrual. Essas
células são indicativo
de processo
inflamatótio agudo.
Linfócito
O tamanho de um linfócito maduro é levemente maior que o de uma hemácia. O seu
núcleo é circundado por escasso citoplasma basofílico.
A presença de
linfócitos em
diferentes estágios de
maturação representa
cervicite crônica
folicular.
Plasmócitos
Apresentam forma oval e núcleo excêntrico redondo ou oval, com cromatina arranjada
em grumos no padrão de “roda de leme”.
São incomuns no
esfregaços.
Histiócitos
Células ovais, mas podem ser poligonais, alongadas, fusiformes. O citoplasma apresenta
tamanho variável, semitransparente, espumoso, podendo conter vacúolos pequenos ou
grandes, com ou sem partículas fagocitadas, com bordas mal definidas e é cianófilo. O
núcleo é excêntrico, frequentemente tocando a borda citoplasmática em um ponto, sem
distende-la. A forma nuclear varia de reniforme (em forma de grão de feijão) a redonda,
triangular ou irregular. A cromatina é finamente granular e regular, mas pode em alguns
casos apresentar-se grosseiramente granular irregularmente agrupada e às vezes
mitoses são vistas.
Podem ser um
achado inespecífico
ou se associar à
menopausa, a
processos
inflamatórios, à
radioterapia e a
corpos estranhos.
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Quadro 7: Características citológicas dos outros constituintes que podem ser encontradas nos esfregaços vaginais normais.
 Figura 27: Fotos de esfregaços cervicovaginais, corados pela coloração de Papanicolaou (aumento de 100x), mostrando outros constituintes não
epiteliais que podem estar presentes.
ALTERAÇÕES NO EPITÉLIO VAGINAL E DO COLO DO ÚTERO CAUSADAS
POR HORMÔNIOS.
Conforme falado algumas vezes, os epitélios do colo uterino, endometrial e vaginal sofrem modificações ao longo do ciclo menstrual pela ação de
hormônios estrogênio e progesterona. Tendo isso em mente, podemos nos perguntar: Que tipo de célula vamos encontrar ao longo do ciclo menstrual?
/
Será que, sobre a ação do estrogênio, teremos mais células intermediárias ou superficiais? Quando teremos as células parabasais?
Vamos descobrir juntos!
O ciclo menstrual pode ser dividido em fase proliferativa ou estrogênica e fase luteal, ambas são determinadas pela ovulação. Esses hormônios
alteram as características celulares encontradas nos esfregaços cervicovaginais.
 Figura 28: Ilustração do ciclo menstrual.
Na primeira fase, a proliferativa, o estrogênio estimula a maturação do epitélio escamoso. Na segunda fase, secretória ou luteal, a progesterona
estimula o amadurecimento do epitélio escamoso cervicovaginal. O estrógeno ocasiona a proliferação, a maturação completa e a estratificação do
epitélio escamoso não queratinizado. Níveis reduzidos desse hormônio revelam na análise citológica uma baixa concentração de células escamosas
superficiais eosinofílicas, com a diminuição da microbiota (lactobacillus) e o aumento da probabilidade de infecção. A ausência do estrogênio influencia
também os mecanismos de lubridificação vaginal. A progesterona, por sua vez, inibe a maturação celular e estimula o processo de proliferação do
epitélio vaginal. Na fase do ciclo em que a progesterona estiver superior ao estrógeno, ocorre o predomínio de células escamosas intermediárias.
Não é possível estabelecer um padrão confiável entre a proliferação das células e a ação hormonal. No entanto, é possível correlacionar os
achados citológicos ao longo das diferentes fases da vida da mulher.
Alguns autores classificam o epitélio em 4 tipos de acordo com o padrão de proliferação encontrado. Vamos conhecê-los?
EPITÉLIO HIPERTRÓFICO
Epitélio Hipertrófico, verificado quando os níveis de estrogênio predominam. Nesse caso, há a presença de células epiteliais escamosas superficiais
e intermediárias, com predomínio das superficiais (superior a 50%).
EPITÉLIO NORMOTRÓFICO
Epitélio Normotrófico, verificado quando os níveis de estrogênio e progesterona estão iguais ou quando a mulher tem maior taxa de produção de
progesterona. Nesse caso, a presença de células epiteliais escamosas superficiais e intermediárias são equivalentes, ou há um aumento do número
de intermediárias.
EPITÉLIO HIPOTRÓFICO
Epitélio Hipotrófico, verificado no início da liberação hormonal, antes da primeira ovulação ou no período pré-menopausa. Nesse caso, há
predomínio de células epiteliais intermediárias, porém com células basais, podendo ter algumas superficiais maduras.
EPITÉLIO ATRÓFICO
Epitélio Atrófico, verificado quando há ausência de estrógeno e hormônios relacionados, levando à acentuada redução no nível de maturação do
epitélio. Nesse caso, há predomínio de células epiteliais parabasais em relação às escamosas intermediárias.
Vamos ver a seguir a descrição das diferenças citológicas em cada fase do ciclo da mulher.
 Escolha uma das Etapas a seguir.
INFÂNCIA
PRÉ-PUBERDADE
1º AO 6º DIA
6º AO 14º DIA
14º AO 24º DIA
24º AO 28º DIA
/
GESTAÇÃO
PÓS-PARTO (PUERPÉRIO)
MENOPAUSA
Recém-nascidas: Padrão celular idênticos ao da mãe. O epitélio vaginal trófico, com a presença de células epiteliais escamosas do tipo intermediário(
ricas em glicogênio) sem leucócitos ou microbiota, devido aos estímulos dos esteroides placentários (estrógeno, e principalmente, progesterona)
maternos.
Crianças: Células epiteliais escamosas camadas profundas do tipo parabasal, pois não existe estímulos hormonais.
Fase adulta: aumento gradual na secreção dos hormônios gonadotróficos pela hipófise anterior, como início gradual da maturação do epitélio
escamoso vaginal com aumento dos graus de espessuras de atróficos e hipotróficos. Aparecem as células escamosas superficiais, intermediárias e
parabasais devido à ação do estrógeno e da progesterona.
No esfregaço é encontrado o predomínio de células escamosas intermediárias. Podem ser encontras células endometriais, glandulares e estromais. O
fundo contém hemácias, leucócitos e bactérias.
Nos esfregaços, são substituídas as células escamosas intermediárias pelas superficiais. Essas células se apresentam isoladas ou agrupadas
frouxamente. Há poucos leucócitos e hemácias.
Predomínio de células escamosas intermediárias, que tendem a apresentar pregueamento citoplasmático e se agrupam em conjuntos compactos.
Podem aparecercélulas naviculares. Há geralmente numerosas bactérias (lactobacilos). Pode haver degradação das células intermediárias pela ação
dos lactobacilos (Citólise). A citólise se caracteriza pelo aparecimento de restos de citoplasma e núcleos “fantasmas”.
Predomínio de células escamosas intermediárias, sendo a maior parte as células naviculares, com pregueamento citoplasmático mais acentuado e
conjuntos de células mais presentes.
Citologia vaginal deixa de apresentar modificações cíclicas, de modo que o epitélio assume um padrão característico pela acentuada estimulação
hormonal do tipo progestacional.
No início da gravidez (primeiras 6 semanas) há predomínio de células escamosas intermediárias, mas pode haver células superficiais.
A partir do segundo ou do terceiro trimestre da gravidez é composto de células escamosas intermediárias, incluindo células ricas em glicogênio,
com núcleo periférico e bordas bem definidas (conhecidas como células naviculares), lactobacilos e citólise. As células endocervicais normalmente
apresentam-se maiores, com citoplasma preenchido por muco, assumindo um aspecto claro e abundante e núcleos são proeminentes. Podem
aparecer as células deciduais (células mononucleadas, isoladas ou em grupos, com citoplasma abundante vacuolizado, esinofílico ou basofílico, com
núcleo vesicular visíveis). Pode aparecer o fenômeno Arais-Stella (grandes células com núcleos hipercromáticos em glândulas endometriais, pode ser
visualizado, principalmente na presença de produtos de concepção ou gravidez ectópica).
Dura aproximadamente 6 semanas após o parto, podendo prolongar-se em casos de amamentação regular. O epitélio passa a ter um padrão de atrofia
com predomínio de células escamosas parabasais e intermediárias com bordas arredondadas ou ovais e denso citoplasma periférico, denominadas
células puerperais. Normalmente, essas células estão acompanhadas de leucócitos, histiócitos e muco, dando um aspecto sujo aos esfregaços, devido
às alterações hormonais (queda de progesterona).
Queda progressiva da atividade estrogênica: Predomínio de células escamosas intermediárias, sendo a maior parte as células naviculares, com
pregueamento citoplasmático mais acentuado e conjuntos de células mais presentes.
Baixa atividade estrogênica: Predominam as células epiteliais escamosas intermediárias, porém algumas células superficiais podem estar presentes.
Taxas baixíssima de produção de estrogênio: Epitélio com ausência de maturação ou atrófico, com predomínio de células escamosas parabasais.
Quadro 8: Achados citológicos associados às diferentes fases da vida da mulher. Importante ressaltar que o primeiro dia do ciclo é contado no primeiro
dia de menstruação.
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 Figura 29: Fotos de esfregaços cervicovaginais mostrando as diferenças citológicas de acordo com a fase do ciclo menstrual.
NORMAS DE COLETA DE AMOSTRAS CERVICOVAGINAIS
Para a coleta de amostras cervicovaginais satisfatórias, algumas orientações devem ser fornecidas ao paciente, a fim de evitar contaminantes que
possam atrapalhar a interpretação dos resultados. Além disso, durante a idade reprodutiva, o ideal é a coleta das amostras durante o meio do ciclo
menstrual.
É indicado que a paciente no momento da coleta do exame: não esteja menstruada, pois a presença de sangue pode atrapalhar na visualização da
morfologia das células; não utilize, até 48 horas antes, lubrificantes e fármacos intravaginais, como óvulos e cremes, pois esses recobrem o esfregaço
e formam condensados basofílicos em toda a extensão da lâmina, dificultando a sua leitura; não utilize duchas vaginais; e esteja em abstinência sexual
por 48 horas antes do exame, pois os espermatozoides durante a preparação das lâminas podem degenerar e perder a cauda, o que dificulta
diferenciá-los dos esporos de fungos. No entanto, alguns autores afirmam que a prática sexual não atrapalha caso seja utilizado preservativo com
lubrificantes.
O profissional responsável pela coleta deve questionar se a paciente seguiu os pré-requisitos do exame. Caso não tenha seguido as normas e não
apresente queixas clínicas significativas, o exame deve ser reagendado e a paciente novamente orientada.
QUANDO DEVEMOS REALIZAR O EXAME PREVENTIVO?
De acordo com o Ministério da Saúde, o exame de Papanicolau deve ser realizado em mulheres com atividade sexual com as seguintes periocidades:
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Uma vez ao ano. Após dois resultados negativos consecutivos, o exame deve ser realizado a cada três anos.
A cada seis meses em mulheres que apresentem alguma lesão importante pré-cancerosa até seu tratamento completo. Após o tratamento e dois
resultados citológicos negativos consecutivos, o exame pode ser realizado a cada três anos.
Mulheres a partir de 64 anos não precisam mais realizar o exame quando tiverem dois resultados negativos consecutivos nos últimos cinco anos.
Mulheres com 64 anos ou mais que nunca realizaram o exame devem fazer dois exames em um intervalo de dois a três anos.
COLETA DE AMOSTRAS CERVICOVAGINAIS
O exame de Papanicolau deve ser realizado por profissional habilitado, garantindo um material satisfatório.
A coleta de amostras cervicovaginais é realizada na ectocérvice e na endocérvice. Porém, a colheita tríplice (ectocérvice, fundo de saco vaginal e
endocérvice) ainda é utilizada em alguns serviços. Para as mulheres na pré e pós-menopausa, é importante a coleta do fundo do saco vaginal, pois
esse local pode ser um reservatório de células malignas oriundas de tumores de outras áreas do trato genital feminino, mesmo em desuso pela baixa
qualidade do material. Quando for utilizada a coleta tríplice, deve-se identificar com um V a lâmina do esfregaço do fundo do saco vaginal e CVE a
lâmina do esfregaço do ectocervical e endocervical, além de escrever iniciais do paciente.
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As amostras da ectocérvice são obtidas a partir de uma raspagem realizada com auxílio da espátula de Ayre. Para isso, a parte que apresenta uma
reentrância (mais longa) é apoiada no canal, sendo executada uma raspagem (em movimento rotatório de 360°) na JEC, em torno de todo o orifício
externo do colo do útero.
As amostras vaginais também são obtidas a partir da raspagem com auxílio da espátula de Ayre. Com a parte romba (arredondada) da espátula, deve-
se raspar o terço superior da parede vaginal. Para a coleta de material da endocérvice, a espátula é deixada em repouso sobre o espectro, e a
escovinha é introduzida pelo orifício cervical externo, com um movimento de vai e vem e rotacional de 360°. A coleta deve ser realizada de maneira
delicada para não haver traumas no tecido. As amostras obtidas devem ser dispostas em uma única lâmina.
 Figura 30: Coleta de amostras durante o exame de Papanicolau com a espátula de Ayre no fundo do saco vaginal (A), na ectocérvice (B) e, com a
escovinha, na endocérvice (C). As fotografias mostram a coleta da ectocérvice (D) e da endocérvice (E) durante o exame de Papanicolau.
O PASSO A PASSO DA COLETA NOS LABORATÓRIOS MÉDICOS
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Em um primeiro momento, o profissional deve realizar a anamnese com a paciente, coletando dados pessoais, como: história clínica, a data da última
menstruação, queixas clínicas, se utiliza remédios como hormônios e anticoncepcionais, ocorrências de exames prévios com alterações e tipos de
tratamentos, história gestacional e de cirurgias, periocidade dos exames citopatológicos e exames auxiliares de diagnóstico, como exame de sangue e
ultrassonografias.
Todo o material para a realização do exame deve ser preparado previamente. As lâminas de vidro devem estar limpas, sem gorduras e com a
extremidade fosca (onde serão colocadas as iniciais da paciente com lápis seguindo a especificação do laboratório). O local de armazenamento das
lâminas (potes plásticos ou caixa suporte de lâminas) deve estar pronto e identificado também com as iniciais da paciente.
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3
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Com tudo pronto, a mulher deve ser orientada a esvaziar a bexiga e trocar de roupa antes de ser conduzida até a cama ginecológica, onde colocaráas
duas pernas elevadas no suporte metálico.
O profissional habilitado deve, após higienizar as mãos, cobrir a paciente com um papel, aproximar o foco de luz e colocar as luvas. Inicialmente,
devem ser analisados todos os órgãos genitais externos para verificar sua integridade, presença de secreções, sinais inflamatórios e lesões, como
ulcerações, verrugas, fissuras e tumorações.
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5
/
Em seguida, o espectro deve ser escolhido de acordo com as características vaginais da mulher a ser examinada. Não se recomenda a utilização de
lubrificantes. O espectro deve ser introduzido com lentidão e levemente inclinado. Deve ser realizada uma rotação, deixando o espectro em posição
transversa.
Após a introdução, a região deve ser limpa com um algodão para retirada de muco, secreção ou possíveis sangramentos. Nesse momento, deve ser
realizada uma análise macroscópica do colo do útero e das paredes vaginais e, em seguida, a coleta das amostras.
6
 ATENÇÃO
Nas mulheres que realizaram a cirurgia de remoção do útero (histerectomizadas), a coleta deve ser realizada raspando a cúpula e as paredes
vaginais.
Mulheres na menopausa apresentam amostras insatisfatórias devido à menor quantidade de secreção, como realizar a coleta delas?
 RESPOSTA
Em mulheres idosas, no período pós-menopausa, a falta de secreção pode diminuir o número de células obtidas e a qualidade da amostra. Assim,
recomenda-se usar um soro fisiológico para auxiliar na coleta, ou então o uso vaginal de estrogênio conjugado ou estradiol e, após sete dias do fim do
tratamento, realizar a coleta.
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APLICAR OS PROCEDIMENTOS E AS TÉCNICAS DO TESTE DE
PAPANICOLAU
Já discutimos o histórico e a importância dos exames citopatológicos e abordamos os fundamentos do exame cervicovaginais. Para isso, foi
necessário analisarmos toda a anatomia, a histologia do trato genital feminino, as células encontradas em esfregaços cervicovaginais normais e os
tipos celulares encontrados nas diferentes fases hormonais da mulher ao longo da vida.
Além disso, apreendemos um pouco sobre quando devem ser coletados os esfregaços vaginais, o modo de preparação da paciente e a realização da
coleta das amostras. Agora vamos compreender os procedimentos e as técnicas, passando pela confecção das lâminas e fixação dos esfregaços,
coloração e leitura dos resultados. Vamos juntos apreender esses procedimentos?
CONFECÇÃO E FIXAÇÃO DOS ESFREGAÇOS CITOLÓGICOS
CONFECÇÃO DOS ESFREGAÇOS CITOLÓGICOS
O esfregaço obtido em cada sítio de coleta deve ser distendido sobre uma lâmina de vidro de maneira delicada, para evitar a destruição, o
esmagamento e a alteração da morfologia celular. Os esfregaços devem ser uniformes e finos para evitar sobreposição celular, o que dificultaria a
leitura e análise das lâminas. Deve-se também tomar cuidado para não contaminar as lâminas, e consequentemente sua leitura, com algodão, gaze ou
talco das luvas.
 ATENÇÃO
Todo o material utilizado para a coleta deve ser estéril e descartável, mesmo o bico de pato. Para o exame, usa-se lâminas novas com a extremidade
fosca, para ser identificada com as iniciais do nome da mulher e o seu número de registro na unidade. A identificação é feita com lápis preto nº 2 ou
grafite, pois o uso de caneta hidrográfica ou esferográfica pode levar à perda da identificação do material. Verificar se a lâmina está limpa e
desengordurada, caso necessário, limpá-la com gaze.
Na coleta tríplice, o material obtido pode ser disposto em duas lâminas: uma com o material proveniente da ectocérvice e da endocérvice, e outra
lâmina com o material da vagina. Ele também pode ser disposto em uma única lâmina. Quando for coletado somente material da ectocérvice e da
endocérvice, apenas uma lâmina será confeccionada.
Qual a vantagem e as desvantagens do número de lâminas confeccionados durante a análise?
Uma lâmina
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Uma única lâmina permite uma rápida análise microscópica, mas requer cuidados na coleta e durante a fixação do material para evitar seu
dessecamento.

Duas lâminas
Já duas lâminas possibilitam uma maior área de disposição celular, uma fixação mais rápida e uma avaliação mais isolada das células, porém o tempo
de leitura da lâmina é maior.
Independentemente do número de lâminas confeccionadas, os materiais da ectocérvice e da endocérvice devem ser colocados em sentidos opostos:
um na horizontal, e o outro na vertical. Isso facilita a diferença dos sítios de coleta. As amostras da ectocérvice são depositadas próximo à área fosca
da lâmina, assim como vemos na imagem a seguir.
 Figura 31: Ilustração da deposição do material em uma coleta tríplice, sendo em (A) o material proveniente da endocérvice, em (B) o material da
ectocérvice e em (C) o material do fundo do saco posterior da vagina. (D) Foto da confecção de uma lâmina com material obtido da ectocérvice,
espalhado na parte superior da lâmina com a espátula de Ayre no sentido vertical e da endocérvice com a escovinha na parte inferior no sentido
horizontal.
Um esfregaço de qualidade deve ter células do epitélio da ectocérvice, da endocérvice e da zona de transformação, além da presença de células
metaplásicas, ou endocervicais, representativas da JEC.
FIXAÇÃO DOS ESFREGAÇOS CITOLÓGICOS
Após a confecção das lâminas, os esfregaços devem ser imediatamente fixados para impedir o dessecamento do material, visando preservar a sua
integridade, suas afinidades tintoriais e permitir a permeabilidade do corante nas células. A fixação deve acontecer com o esfregaço ainda úmido, por
no mínimo 15 minutos.
Caso esse esfregaço não seja fixado no tempo correto, algumas alterações podem ser observadas, como aumento nuclear com perda da integridade
da cromatina, aumento da eosinofilia citoplasmática e amostra turva e opaca. Essas alterações podem ainda tornar a amostra insatisfatória para
análise.
Na imersão direta, os fixadores utilizados são o álcool etílico ou equivalente com graduação entre 70-95% ou uma solução alcoólica de polietilenoglicol
a 2% (Carbowax), que cria um filme opaco sobre a lâmina e impede o ressecamento do material.
/
 Figura 32: Fixação do esfregaço por imersão direta no fixador. Após confecção da lâmina, essa é acondicionada em um frasco com o fixador. As
lâminas são acondicionadas e encaminhadas ao laboratório.
Contudo, a solução de fixação mais usada é o álcool a 95%, pois apresenta baixo custo e toxicidade, além de desnaturar as proteínas e os ácidos
nucleicos, tornando-os estáveis e solúveis.
Podem ainda ser utilizados sprays (álcool isopropílico e glicol). A vantagem desses fixadores de cobertura em relação ao etanol é a facilidade de
transporte das amostras que podem ser acondicionadas em caixas.
COLORAÇÃO DE PAPANICOLAOU E COLORAÇÃO DE SHORR
Após a coleta, confecção e fixação dos esfregaços cervicovaginais, o material deve ser encaminhado para o laboratório, onde será identificado com o
pedido médico e cadastrado, antes de o procedimento técnico ser realizado. Para o exame de citologia cervicovaginal, as lâminas são coradas pela
coloração de Papanicolaou ou Corante de Shorr. Nessas duas técnicas, são utilizados vários tipos de corantes (policrômicas), permitindo a
diferenciação de células cianófilas e/ou eosinófilas. Vamos agora conhecer cada uma dessas colorações.
 VOCÊ SABIA
No laboratório, podemos dividir didaticamente o processamento dessa amostra em três etapas (pré-analítica, analítica e pós-analítica). A etapa pré-
analítica consiste em receber o material no laboratório e verificar sua identificação correta e o acompanhamento do pedido médico. O material deve ser
cadastrado antes de ser realizado o processamento técnico. A fase analítica consiste na leitura da lâmina e na emissão de diagnóstico. A fase pós-
analítica é a passagem para a digitação dos laudos e entrega dos resultados ao paciente.
COLORAÇÃO DE PAPANICOLAOU
A coloração de Papanicolaou é a mais difundida nos laboratórios de citologia. Tem como principal objetivo a coloração adequada do núcleo e dos
componentescitoplasmáticos, além de possibilitar a verificação da maturação celular e da atividade celular. O mecanismo pelo qual ocorre a coloração
ainda não é bem elucidado, mas se acredita que acontece pela penetração dos corantes nas células e pela afinidade química. As células apresentam
estruturas ácidas, que têm a capacidade de atrair cátions (presentes nos corantes básicos), e as estruturas básicas, que atraem os radicais aniônicos
do corante (presentes nos corantes ácidos).
A coloração de Papanicolaou é realizada em várias etapas e composta de diferentes corantes:
Um corante nuclear Hematoxilina de Harris

Dois citoplasmáticos: Orange G EA (eosina, verde brilhante e pardo de Bismark)
O corante EA tem afinidade com estruturas basofílicas/ácidas (cianofílicas) e acidófilas/básicas (eosinofílicas). Sua finalidade é a coloração de
grânulos oxifílicos do citoplasma de células escamosas menos maduras e de células glandulares, além de corar o citoplasma de Trichomonas vaginais.
As características dos corantes da coloração de Papanicolaou estão descritas a seguir:
Corante pH Afinidade Coloração
Hematoxilina Básico
Estruturas ácidas (basofílicas/cianófilas) interagindo com ácidos nucleicos (Fosfatos ligados ao
DNA). Parede celular de lactobacilos e outras bactérias. Rege sutilmente com o citoplasma das
células escamosas.
Azul-
escuro
/
Ao final da coleta, deve-se retirar cuidadosamente o espectro e orientar a paciente a respeito de possíveis sangramentos. As lâminas devem ser
encaminhadas ao laboratório com pedido assinado e carimbado pelo médico. É importante que no pedido tenha informações sobre os achados
macroscópicos encontrados durante o exame e sintomas para auxiliar no diagnóstico.
O exame para a avaliação da citologia hormonal está em desuso por sua baixa qualidade de resultados. No entanto, a avaliação hormonal pode ser
realizada por meio da análise das alterações citológicas em esfregaços celulares e índices de maturação e diferenciação celular pela citologia
hormonal. A coleta é realizada no terço superior da parede lateral da vagina com a parte arredondada da espátula de Ayre, realizando a raspagem
delicada com movimento de baixo para cima. Nos casos de impossibilidade de coleta na parede, pode ser coletado no fundo do saco vaginal.
COMO DEVE SER REALIZADA A COLETA PARA A AVALIAÇÃO HORMONAL?
A coleta pode ser realizada de maneira individual e é indicada para avaliação hormonal de crianças com características clínicas sugestivas de início da
puberdade precoce. Também pode ser feita de maneira seriada, onde são coletadas 4 amostras em série durante o mesmo ciclo menstrual (nos dias 7,
14, 21 e 28 do ciclo) para avaliação indireta do período de ovulação. Nos exames de avaliação hormonal, após a raspagem do terço superior da
parede lateral da vagina, a amostra deve ser depositada delicadamente sobre a lâmina com movimentos de baixo para cima. Ainda para a citologia
hormonal, a coleta pode ser realizada por meio da técnica de urocitograma, procedimento citológico no qual a avaliação das células escamosas é
realizada em esfregaços confeccionados a partir dos sedimentos urinários. Após a coleta de uma amostra de urina, o procedimento básico é
centrifugá-la com solução de Ringer para a concentração do sedimento urinário, retirando qualquer interferente (como proteínas e cristais). Em
seguida, é feito o esfregaço nas lâminas, fixado e corado pelos mesmos procedimentos que os esfregaços cervicovaginais convencionais. Esse exame
deve ser realizado para avaliação hormonal em mulheres onde há impossibilidade de coleta de esfregaços, como crianças, adolescentes, virgens,
grávidas com suspeita de abortos ou enfermas.
Neste vídeo, iremos fazer uma breve contextualização sobre Novas tecnologias em citopatologia cervicovaginal.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Descrever os procedimentos e as técnicas do teste de Papanicolau
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Orange G Ácido Componentes básicos (acidófilos/eosinofílicos) do citoplasma das células escamosas
diferenciadas, incluindo proteínas pré-queratínicas das células superficiais eosinofílicas. Cora
parcialmente hifas fúngicas e hemácias.
Amarelo
ou
alaranjado
Verde – luz Básico Citoplasma células escamosas parabasais e intermediárias, células colunares e histiócitos. Verde-azul
Eosina Ácido Citoplasma das células superficiais, nucléolos, mucina endocervical e cílios. Rosa
Pardo de
Bismark
Básico Citoplasma Pardo
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Ao longo dos anos, essa coloração foi modificada, alterando as concentrações das soluções utilizadas e o tempo de contato da amostra em cada
passo. Mas a coloração de Papanicolaou consiste ainda em cinco etapas (hidratação, coloração nuclear, desidratação, coloração citoplasmática e
diafanização).
Vamos conhecê-las?
HIDRATAÇÃO
Nessa etapa, o material é hidratado para a reposição global de água das células a partir de uma série de banhos alcóolicos decrescentes. A lâmina
fixada em álcool 95% passa em banhos sucessivos a partir do álcool 80 até o 50% e depois duas vezes em água destilada. Essa etapa permite a
interação das células com o primeiro corante, o qual é a base de água.
COLORAÇÃO NUCLEAR
Nessa etapa, a lâmina é corada com a Hematoxilina e lavada com água destilada para remover o excesso de corante.
DESIDRATAÇÃO
Nessa etapa, o material é desidratado. Para isso, a lâmina é submetida a uma série sucessiva de banho de solução álcool-ácido a 1%, água destilada,
água amoniacal, água destilada, álcool a 50%, álcool a 70% e álcool a 95%. Essa etapa retira o excesso de água e prepara as células para interagir
com o próximo corante, a eosina, que tem base alcoólica.
COLORAÇÃO CITOPLASMÁTICA
Nessa etapa, a lâmina é corada com Orange G e banhada em álcool 95%. Logo após, é corada com EA e novamente banhada duas vezes seguidas
em álcool 95% e uma vez em álcool absoluto (100%).
DIAFANIZAÇÃO
Nessa etapa, é fundamental que o material seja altamente desidratado. Para isso, é colocado no xilol, um agente clarificante e solvente que possibilita
criar uma condição de transparência necessária para a visualização das células. O xilol pode ser substituído por secagem em estufa a 60°C durante
20 minutos.
XILOL
“O xilol, que também pode ser denominado xileno, é um líquido incolor, insolúvel em água e miscível em etanol, éter e outros solventes orgânicos, de
odor característico, nocivo e inflamável. (...). Trata-se de um composto orgânico volátil que pode provocar tosse, dores de cabeça, dificuldades
respiratórias, perda de memória em curto prazo, depressão no sistema nervoso central, irritação ocular e dermatites.” (COSTA, K.N.S., 2007, 50-56).
O Xilol deve ser manipulado em capela de exaustão e com uso dos equipamentos de proteção individuais.
COLORAÇÃO DE SHORR
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A coloração de Shorr corresponde a uma adaptação da coloração de Papanicolaou. Consiste em uma das etapas de coloração do núcleo pela
hematoxilina, e é a única etapa para a coloração do citoplasma.
Também apresenta as fases de hidratação, desidratação e diafanização, semelhante à coloração de Papanicolaou.
As vantagens dessa coloração são: menor tempo e custo de coloração e uma maior estabilidade e durabilidade do corante, sendo indicada para os
serviços com rotinas grandes.
MONTAGEM DAS LÂMINAS
Após as etapas de coloração e diafanização, as lâminas devem ser imediatamente preparadas para a leitura em microscópio óptico.
Nessa etapa, é aplicada uma resina (bálsamo do Canadá ou o Entellan) que permite a adesão entre lâmina e lamínula.

Para isso, após o último banho em xilol (etapa de diafanização), com a lâmina ainda úmida, são colocadas de três a quatro gotas da resina sobre o
material.

Em seguida, a lamínula é depositada. Como a lâmina ainda está úmida, o xilol e a resina se misturam, garantindo que se espalhem uniformemente.
Essa preparação evita a descoloração com o tempo e as chances de dessecação.
No entanto, a montagem deve

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