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1 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 1 Genética Médica Síndrome de Wolf-Hirschhorn 1. Introdução ▪ A síndrome de Wolf-Hirschhorn consiste em uma condição genética caracterizada por um grupo de manifestações clinicas, as quais comprometem o desenvolvimento e o crescimento do paciente. ▪ Sua etiologia se relaciona com a deleção de uma porção do braço curto do cromossomo 4, especificamente a porção 4p16.3. ▪ Como principais sinais dessa síndrome, cite-se hipertelorismo ocular, ponte nasal larga e alongada, micrognatia, microcefalia, rima bucal para baixa, filtro curto, entre outras. 2. Epidemiologia ▪ A frequência estimada varia entre 1:20.000 e 1:50.000 indivíduos nascidos vivos. ▪ Obs.: Por razoes desconhecidas, a WHS ocorre cerca de duas vezes mais em mulheres do que em homens. 2 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 2 3. Aspectos Genéticos ▪ Como supracitado, essa síndrome ocorre em função de uma deleção da porção terminal do braço curto do cromossomo 4 (região 4p16.3), podendo, assim, também ser representada como “4p-“. ▪ Aproximadamente 20% dos casos apresentam deleção restrita a essa região especifica. O restante dos casos, em geral, deve-se a deleções maiores, as quais podem se estender por outras regiões. ▪ Obs.: A extensão das deleções na região 4p16.3 – região critica - é variável e se encontra associada a uma maior chance de desenvolvimento de anomalias congênitas, bem como a maior susceptibilidade a infecções. ▪ Translocação Desbalanceada – Troca de porções de diferentes tamanhos entre cromossomos. ▪ Algumas pessoas com WHS herdem uma translocação desbalanceada, a qual pode excluir genes próximos à região final do cromossomo 4. ▪ Obs.: Entre os portadores de translocações, as mais frequentes são entre os cromossomos 4 e 8. ▪ Além disso, alterações mais complexas, como cromossomos em anel, mosaicismo e outros rearranjos também tem sido detectadas em indivíduos com WHS. ▪ Gene WHSCS1 – Também conhecido como NSD2 ou MMSET, tem sido relatado como o principal gene envolvido na patologia da WHS. Ele atua codificando proteína de mesmo nome, a qual atua em resposta a danos 3 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 3 contra o DNA. A deficiência desse gene pode produzir retardo de crescimento e mal formações craniofaciais. ▪ Gene WHSCS2 – Também conhecido como NELF-A, atua em diversos processos do ciclo celular e do processamento do mRNA. Sua deficiência tende a alterar fases do ciclo celular. ▪ FGFRL1 – Sua deficiência se encontra relacionada ao fenótipo craniofacial típico dessa síndrome, bem como com outras características ósseas e com a baixa estatura. ▪ Gene LETM1 – Associado às crises convulsivas. ▪ Gene CPLX1 – Acredita-se que possa ser um potencial candidato para o quadro de epilepsia na WHS. Desempenha importante papel na liberação e na modulação de neurotransmissores. ▪ Gene PIGG – Também envolvido na ocorrência de crises convulsivas. 4. Manifestações Clínicas ▪ Nessa síndrome, as dismorfologias faciais configuram um dos aspectos mais marcantes. ▪ Por exemplo, prega epicântica, hipertelorismo ocular, ponte nasal larga (continua até a testa – suscita a comparação com ‘capacete de guerreiro grego’), rima bucal voltada para baixo, microcefalia, glabela proeminente, testa alta, sobrancelha arqueada, ptose palpebral, orelhas baixas e voltadas para frente, filtro curto e micrognatia. ▪ Além disso, é importante mencionar a presença de outros achados característicos, como o retardo de crescimento desde o período pré natal, que se prolonga até a vida pós natal, acarretando baixa estatura e baixo ganho ponderal (mesmo com aporte calórico adequado). 4 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 4 ▪ Outro achado importante é a epilepsia, que tende a ocorrer em cerca de 90% dos casos. ▪ Outros – deficiência intelectual, dentição anormal, fenda labial, fenda palatina, catarata, nistagmo, Coloboma, hipospadia, criptoquirdismo unilateral, hiperplasia do clitóris, gônadas estriadas, ausência de útero e de vagina, pé equinovaro, mão dividida, etc. 5. Diagnostico ▪ CGH-Array – Detectada todas as deleções da região critica, determinando se a exclusão é pura ou parte de um desequilíbrio complexo. Porém, não é capaz de detectar alterações equilibradas. Apresenta custo elevado. ▪ FISH – É um texto dirigido capaz de detectar mais de 95% das deleções. Apresenta resolução de até 150kb, sendo um ótimo método para detecção de micro arranjos, por exemplo, quando se utiliza sonda WHSCR. ▪ MLPA – Corresponde a uma analise dirigida e rápida, que permite a identificação de rearranjos submicroscópicos (aproximadamente 100 pares de 5 Helano Brilhante – Med79 - UFCG 5 bases) desequilibrados com uma boa relação custo benefício. ▪ Cariótipo – Identifica anomalias cromossômicas estruturais entre 5 e 10 Mb, detectando de 50 a 60% das deleções da WHS. Caso a deleção seja inferior à capacidade de resolução do cariótipo, recorre-se ao FISH ou ao MLPA. 6. Aconselhamento Genético ▪ Caso a deleção seja simples e os pais fenotipicamente normais, é bastante improvável que eles apresentem algum tipo de deleção. Logo, a preocupação com outros filhos afetados não deve ser uma realidade próxima. ▪ Caso a deleção seja parte de uma translocação desequilibrada, existe risco superior a 50% de que qualquer um dos pais carregue uma versão equilibrada da translocação. ▪ O teste pré natal se encontra disponível para famílias nas quais um dos pais é portador de um rearranjo cromossômico. ▪ No diagnostico pré natal, as alterações fetais mais frequentes na WHS são atraso de crescimento intrauterino, lábio leporino, fendo do palato e anomalias cardíacas. 7. Tratamento ▪ Sintomático e multidisciplinar. ▪ Por exemplo, cirurgias corretivas, fonoaudiologia, reabilitação, etc. ▪ Acido valproico para as convulsões. ▪ Prevenção contra complicações secundarias – profilaxia antibiótica para os casos com deficiência imunológica e acompanhamento sistemático. Hemograma completo anual, teste da função renal, US hepática de rotina.
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