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Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro - LINDB Éttore de Lima Rio Claro, 2019 O que é a LINDB? • É um conjunto de normas sobre normas. • Não está incluída no Código Civil: abrangência muito superior. • Lei de Introdução ao Código Civil n.º 3071/1916--- Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (Decreto-lei n.º 4.657/1942). O que é a LINDB? “É um conjunto de normas sobre normas, constituindo um direito sobre direito, um superdireito, ou melhor, um coordenador do direito. Não rege, portanto, as relações da vida, mas sim as normas, indicando como aplica-las, determinando-lhes vigência e eficácia, suas dimensões espaçiotemporais, assinalando suas projeções nas situações conflitivas de ordenamentos jurídicos nacional e alienígenas” (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 74). Aplicação das normas jurídicas A aplicação do direito abrange as seguintes operações técnicas: 1) Construção de conceitos jurídicos definindo tecnicamente os vocábulos da lei; 2) Ordenação sistemática do direito pelo jurista; 3) Determinação da existência espácio-temporal da norma; 4) Interpretação da norma; 5) Ao subsumir: integrar a norma; preencher lacunas; solucionar antinomias e estabelecer a relação entre a norma individual e os casos sub judice. (DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 78). Vigência da Lei • Vacatio legis (vacância da lei): intervalo entre a data da publicação da norma e a sua entrada em vigor. Art. 1o Salvo disposição contrária, a lei começa avigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. 1) Prazo único x prazo progressivo; 2) Para norma brasileira com obrigatoriedade no exterior, vacatio legis de 3 meses; 3) Se houver alteração do texto, deve-se publicar novamente e esperar novamente a vacatio legis; Vigência da Lei Vigência da Lei Vigência da Lei Quando a norma encerra sua validade? 1) Vigência temporária: se assim a norma determinar. Ex: isenção tributária. 2) Vigência para o futuro sem prazo determinado: somente será alterada caso haja outra norma de mesma hierarquia ou superior que a revogue (tornar sem efeito a norma). Princípio da continuidade: Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Vigência da Lei Revogação (tornar sem efeito a norma): a) ab-rogação: supressão total da norma anterior; b) Derrogação: somente uma parte da norma anterior torna-se sem efeito. 1) Expressa: legislador declara quais os dispositivos da lei anterior são afetados; 2) Tácita: quando há incompatibilidade entre a lei nova e a antiga, já que a lei nova passa a regular inteiramente a matéria tratada pela anterior Obs: se a nova lei trata apenas de disposições genéricas ou especiais e a anterior de disposições específicas ou gerais, continua valendo a lei velha. Vigência da Lei Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Vigência da Lei PROBLEMA: Na revogação a lei anterior que revogou outra lei, esta volta a valer? A nova norma somente tem vigor para o futuro ou regula situações anteriormente constituídas? Solução: 1) Disposições transitórias; 2) Princípio da retroatividade e da irretroatividade: não são princípios absolutos. Atos praticados durante a vigência da lei que foi alterada Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; Atos praticados durante a vigência da lei que foi alterada Art. 6º LINDB: §1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (aquele que já se incorporou nos bens ou na personalidade do titular). § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. (presunção de que o direito foi aplicado corretamente ao caso sub judice). Atos praticados durante a vigência da lei que foi alterada EXEMPLOS: 1) Alteração da maioridade para 25 anos, deixa de considerar maior quem tem 20 anos? 2) Construção de um prédio de 6 andares deve ser questionada caso nova lei proíba prédios de 6 andares? 3) Lei que proíbe adoção de filhos pode desfaçar as adoções que já aconteceram? Atos praticados durante a vigência da lei que foi alterada RESPOSTAS: 1) direito adquirido de quem tem 18 anos ou mais à época. 2) Ato jurídico perfeito no processo de construção do prédio à época. 3) Direito adquirido dos pais que já adotaram crianças. Desconhecimento da Lei Art. 3o Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. * Interesse público de que a lei é obrigatória para todos, mesmo àqueles que a ignoram. Interpretação da Lei Subsumir: adequação de uma conduta à norma. *Para ocorrer a subsunção, é necessária uma correta interpretação para determinar qual a norma jurídica será utilizada no caso concreto. Interpretação da Lei Hermenêutica: teoria científica da arte de interpretar. Técnicas: 1) Gramatical: regras da linguística; 2) Lógica: sentido do alcance da norma; 3) Histórica : processo legislativo; 4) Sistemática: todo o sistema ordenatório; 5) Sociológica ou teleológica: adaptação às exigências sociais. *As técnicas são utilizadas conjuntamente. Interpretação da Lei “O direito é uma realidade dinâmica que está sempre em movimento, acompanhando as relações humanas”(DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil brasileiro. 31. ed. São Paulo: Saraiva, 2014, p. 83). * O direito tem lacunas (Poder Legislativo x Poder Judiciário). Art. 4o Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. Art. 5o Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Interpretação da Lei 1) Analogia: descobrimento da norma implícita na regra jurídica; 2) Costumes: não pode contrariar a lei, como regra geral; 3) Princípios gerais de direito: não há descrição – decorrem da interpretação dos sistemas normativos, de ideias políticas, sociais e jurídicas vigentes e são reconhecidos por todas as nações civilizadas. *Princípios gerais do direito podem estar implícitos ou explícitos na norma jurídica. Interpretação da Lei Equidade: poder discricionário do juiz de julgamento para atingir os fins sociais e a justiça; *Não é a autorização para criar direito novo, mas somente desvendar as normas que implicitamente estão no sistema. Interpretação da Lei O Direito também tem antinomias (conflito de duas normas para a aplicação prática a um caso particular). Critérios para solução das antinomias: 1) Hierárquico 2) Cronológico 3) Especialidade Direito internacional público e privado e Lei nº 13.655, de 25 de abril de 2018 Art. 7º ao 19: Direito internacional privado. Art. 20 ao 30: Responsabilidades do gestor público – Direito Administrativo.
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