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PSICOLOGIA JUDICIÁRIA

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AULA 1 - O PAPEL DO PSICÓLOGO NO CONTEXTO JURÍDICO
PRIMÓRDIOS DA PSICOLOGIA JURÍDICA
Vamos relembrar um pouco de História. Da Idade Média¹ ao século XVIII vão sendo construídos os ideais liberais da sociedade burguesa, que vão constituir os princípios do Direito Moderno - homem, sujeito da razão, livre e igual aos demais.
O processo de fragmentação desse mundo, processo específico das sociedades ocidentais - constrói novas explicações para o mundo que vão superar os significados dados pela religião. Surge o mundo moderno que quebra a tradição que se fundamenta na religião e nas posições estáveis. O mundo é dinâmico, é um mundo em movimento. O homem é, agora, um ser moral, independente, autônomo, senhor do livre-arbítrio. Ele é um sujeito jurídico, portador da razão, que estabelece suas relações com os outros a partir de contratos sociais. A visão de mundo tem como eixo central o individualismo².
(¹ A Idade Média é um período da história da Europa entre os séculos V e XV. Inicia-se com a Queda do Império Romano do Ocidente e termina durante a transição para a Idade Moderna. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_Média Acesso em: 11 mar. 2017.)
(² Individualismo é um conceito político, moral e social que exprime a afirmação e a liberdade do indivíduo frente a um grupo, à sociedade ou ao Estado. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Individualismo Acesso em: 11 mar. 2017.)
A obra de Leonardo da Vinci “Homem Vitruviano”, é considerada um símbolo do humanismo pois valoriza o homem em primeiro lugar, e isso é uma característica muito importante do humanismo, e também retrata como o homem é puro.
O indivíduo-cidadão é sujeito da razão. Livre-arbítrio e razão se interligam. No entanto, a afirmação da igualdade, que é parte da natureza humana redescoberta, produz a necessidade de pensar as diferenças. Mesmo que a igualdade jurídica esteja garantida, a diferença entre os indivíduos reside na sua interioridade. Portanto, temos dois entendimentos da natureza humana. Um, como razão, que afirma a igualdade entre os homens, possibilitando a vida em sociedade; outro, aponta uma desigualdade que está fora da sociedade, é biológica.
Com a primazia do conhecimento biológico, busca-se explicar aquilo que está além da sociedade, possibilitando até explicar os comportamentos humanos. Nesta época, aparecem estudos importantes como a Frenologia³ de Gall e a Antropologia Criminal de Cesare Lombroso4, afirmando que a criminalidade era um fenômeno hereditário.
A Psiquiatria, estudo sobre a loucura, com Pinel5 (foto), no século XVIII, ganha um espírito iluminista que, ao longo do século XIX, agrega o seu conhecimento às teorias da degenerescência, que ligam a loucura individual à degeneração racial.
(³ Frenologia (do Grego: φρήν, phrēn, "mente"; e λόγος, logos, "lógica ou estudo") é uma teoria que reivindica ser capaz de determinar o caráter, características da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeça (lendo "caroços ou protuberâncias"). Desenvolvido por médico alemão Franz Joseph Gall por volta de 1800, e muito popular no século XIX, está agora desacreditada e classificada como uma pseudociência. A Frenologia, contudo, recebeu crédito como uma protociência por contribuir com a ciência médica com as ideias de que o cérebro é o órgão da mente e áreas específicas do cérebro estão relacionadas com determinadas funções do cérebro humano. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Frenologia Acesso em: 11 mar. 2017.)
(4 É creditado como sendo o criador da antropologia criminal e suas ideias inovadoras deram nascimento à Escola Positiva de Direito Penal, mais precisamente à que se refere ao positivismo evolucionista, que baseava sua interpretação em fatos e investigações científicas. Lombroso ansiou detectar as causas da criminalidade, e o fez através de pesquisas científico-empíricas das características físicas, fisiológicas e psicológicas do indivíduo criminoso. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Cesare_Lombroso Acesso em: 11 mar. 2017.)
(5 Considerado por muitos o pai da psiquiatria. Notabilizou-se por ter considerado que os seres humanos que sofriam de perturbações mentais eram doentes e que ao contrário do que acontecia na época, deviam ser tratados como doentes e não de forma violenta. Foi o primeiro médico a tentar descrever e classificar algumas perturbações mentais, demência precoce ou esquizofrenia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Philippe_Pinel)
A esse conceito de degeneração junta-se a explicação dos distúrbios morais, que explicam os atos desviantes da norma social. Há uma disputa entre os saberes médico e jurídico, segundo Foucault (1996). Há uma psiquiatrização do crime porque obtém-se a verdade jurídica a partir do exame do criminoso, de suas motivações e intenções. Esse exame toma o lugar do testemunho do criminoso, que passa a ser secundário ao conhecimento especializado. Surgem, também, diferentes maneiras para organizar a individualidade humana, como o exame, a medida, a análise e a classificação.
Nesse contexto científico, surgem algumas ciências, entre elas, a Psicologia, que apresenta fronteiras entre a Filosofia e a Biologia.
PSICOLOGIA DO TESTEMUNHO
Nenhum testemunho é perfeito, mas por meio dos instrumentos de análise psicológica é possível avaliar certo grau de fidedignidade do relato da testemunha através dos seguintes fatores:
PERCEPÇÃO
MEMÓRIA
Decorrente de condições orgânicas, estado do observador, crenças, novas informações, emoções dolorosas e repressão. O estado emocional interfere na lembrança da memória da seguinte maneira:
Outros fatores dizem respeito à expressão dos fatos que podem estar ligados à falta de inteligência verbal, ao ambiente da sala de audiência, aos tipos de perguntas e à linguagem usada pelo interrogador. Embora a testemunha não deva fazer juízos de valor sobre os fatos, vários processos, na maioria inconscientes, interferem na percepção, armazenamento e exteriorização das informações.
Esses diversos fatores, entre outros que não foram contemplados aqui, de ordem psicológica, influenciam diretamente na qualidade do testemunho. Todo evento presenciado passa pelo filtro interpretativo de cada pessoa e é composto por seus conhecimentos prévios, sentimentos e expectativas. E as interferências não param por aí.
De acordo com o que você acabou de ler, responda:
Os comentários de outras pessoas sobre o acontecimento, a mídia e/ou novas informações podem interferir na qualidade do testemunho de uma pessoa?
- No processo de armazenamento dessas lembranças, também atuam fatores de ordem interna e externa, como os comentários de outras pessoas sobre o acontecimento, a mídia, novas informações. Por fim, na reconstrução do fato a testemunha tende a preencher eventuais lacunas com informações já existentes em seu psiquismo e que podem não estar relacionadas à realidade dos acontecimentos.
Ao Direito interessa a realidade efetiva dos fatos, mas nem sempre ocorre uma relação direta com a realidade psíquica das testemunhas. Um mesmo fato pode gerar diferentes interpretações, porque cada indivíduo possui uma forma particular de entender o mundo. O que a mente percebe e retém dos acontecimentos depende de fatores internos e externos, que são:
FATORES INTERNOS
O próprio aparelho sensorial de cada pessoa e os conteúdos emocionais dos indivíduos que, em grande parte, escapam à sua consciência.
FATORES EXTERNOS
Como os contextos social e cultural, se combinam com aqueles fatores internos para formar a realidade psíquica de cada um.
Estudos acerca dos sistemas de interrogatório, os fatos delitivos, a detecção de falsos testemunhos, as amnésias simuladas e os testemunhos de crianças impulsionaram a ascensão da então denominada Psicologia do Testemunho (GARRIDO, 1994).
É importante entender que esses fatos não invalidam a utilização dos instrumentos de análise psicológica para que possam favorecer a compreensão da verdade perseguida pelo Direito. Embora a prova testemunhal seja o meio mais inseguro, em muitos processosela se constitui o principal fundamento da decisão que resolve a controvérsia.
Nesse sentido, é fundamental que os profissionais do Direito possam entender a extensão com que ocorrem as interferências emocionais sobre o testemunho, aumentando as chances de melhor atuação com as testemunhas, obtendo delas um relato que seja mais próximo possível da realidade.
PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL
Em relação à área acadêmica, cabe citar que a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) foi pioneira em relação à Psicologia Jurídica. Foi criada, em 1980, uma área de concentração dentro do curso de especialização em Psicologia Clínica, denominada “Psicodiagnóstico para Fins Jurídicos”. Seis anos mais tarde, passou por uma reformulação e tornou-se um curso independente do Departamento de Clínica, fazendo parte do Departamento de Psicologia Social (ALTOÉ, 2001), sendo denominado de Psicologia Jurídica.
ATRIBUIÇÕES DO PSICÓLOGO JURÍDICO NO BRASIL
Para que você conheça o trabalho do psicólogo jurídico no Brasil é preciso entender que nesta área há uma predominância das atividades de confecções de laudos, pareceres e relatórios, pressupondo-se que compete a essa Psicologia uma atividade primordialmente avaliativa e de subsídio aos magistrados.
Agora, responda:
O psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode levantar propostas para os conflitos apresentados?
- Não.
O psicólogo pode determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados?
- Não.
O psicólogo pode sugerir e/ou indicar possibilidades de solução da questão apresentada pela situação judicial?
- Sim. É importante que você saiba que o psicólogo, ao concluir o processo da avaliação, pode levantar propostas para os conflitos apresentados, mas jamais determinar os procedimentos jurídicos que deverão ser tomados. Ao juiz cabe a decisão judicial. Não compete ao psicólogo realizar esta tarefa. É preciso esclarecer essa situação, reforçando a ideia de que o psicólogo não decide, apenas conclui a partir dos dados levantados mediante a avaliação e pode, assim, sugerir e/ou indicar possibilidades de solução da questão apresentada pela situação judicial.
Entretanto, nem sempre o trabalho do psicólogo jurídico está ligado à questão da avaliação e consequente elaboração de documentos, conforme é estabelecido pelo documento denominado Atribuições Profissionais do Psicólogo no Brasil que foi uma contribuição do Conselho Federal de Psicologia ao Ministério do Trabalho para integrar o Catálogo Brasileiro de Ocupações, enviado em 17 de outubro de 1992 e válido até hoje. Vejamos:
1. Assessora na formulação, revisão e execução de leis.
2. Colabora na formulação e implantação das políticas de cidadania e direitos humanos.
3. Realiza pesquisa visando a construção e ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo do Direito.
4. Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças, adolescentes e adultos em conexão processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos criminosos.
5. Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos.
6. Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre que solicitar alguma providência, ou haja necessidade de comunicar-se com o juiz, durante a execução da perícia.
7. Eventualmente participa de audiência para esclarecer aspectos técnicos em Psicologia que possam necessitar de maiores informações a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico (juízes, curadores e advogados).
8. Elabora laudos, relatórios e pareceres, colaborando não só com a ordem jurídica como com o indivíduo envolvido com a Justiça, através da avaliação das personalidades destes e fornecendo subsídios ao processo judicial quando solicitado por uma autoridade competente, podendo utilizar-se de consulta aos processos e coletar dados considerar necessários a elaboração do estudo psicológico.
9. Realiza atendimento psicológico através de trabalho acessível e comprometido com a busca de decisões próprias na organização familiar dos que recorrem a Varas de Família para a resolução de questões.
10. Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam às Instituições de Direito, visando a preservação de sua saúde mental, bem como presta atendimento e orientação a detentos e seus familiares.
11. Participa da elaboração e execução de programas sócio educativos destinados a criança de rua, abandonadas ou infratoras.
12. Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário, sob o ponto de vista psicológico, quanto as tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos estabelecimentos penais.
13. Assessora autoridades judiciais no encaminhamento à terapias psicológicas, quando necessário.
14. Participa da elaboração e do processo de Execução Penal e assessorar a administração dos estabelecimentos penais quanto a formulação da política penal e no treinamento de pessoal para aplicá-la.
15. Atua em pesquisas e programas de prevenção à violência e desenvolve estudos e pesquisas sobre a pesquisa criminal, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica.
DOCUMENTOS ELABORADOS PELO PSICÓLOGO
Para finalizarmos nosso conhecimento da Psicologia aplicada ao Direito, muito falamos sobre as avaliações que se tornaram, durante muito tempo, uma prática extremamente valorizada em relação ao trabalho do psicólogo.
O processo de avaliação psicológica utiliza-se dos instrumentais técnicos:
Estes se configuram como métodos e técnicas psicológicas para a coleta de dados, estudos e interpretações de informações a respeito das pessoas ou grupos atendidos. É importante que você saiba que as avaliações e seus documentos formam procedimentos gerais da prática psicológica. Na área Jurídica, os documentos elaborados pelo psicólogo são considerados como “provas” processuais, isto é, elementos que corroboram para a elucidação de controvérsias e para decisões judiciais.
A Resolução 007 de 2003, do Conselho Federal de Psicologia, instituiu o Manual de Elaboração de Documentos Escritos produzidos pelo psicólogo. É claro que o profissional ligado à área do Direito não terá de saber sobre a elaboração destes documentos, no entanto é recomendado que tenha conhecimento da existência destes documentos e sua utilização, para que possa, nos casos em que atua e se for necessário, solicitar ao psicólogo o documento mais pertinente. Vamos estudar, resumidamente, cada um destes documentos.
DECLARAÇÃO
É um documento que visa a informar a ocorrência de fatos ou situações objetivas relacionados ao atendimento psicológico, com a finalidade de declarar:
a) Comparecimentos do atendido e/ou do seu acompanhante, quando necessário;
b) Acompanhamento psicológico do atendido;
c) Informações sobre as condições do atendimento (tempo de acompanhamento, dias ou horários).
ATESTADO PSICOLÓGICO
É um documento expedido pelo psicólogo que certifica uma determinada situação ou estado psicológico, tendo como finalidade afirmar sobre as condições psicológicas de quem, por requerimento, o solicita, com fins de:
a) Justificar faltas e/ou impedimentos do solicitante;
b) Justificar estar apto ou não para atividades específicas, após realização de um processo de avaliação psicológica, dentro do rigor técnico e ético que subscreve esta Resolução;
c) Solicitar afastamento e/ou dispensa do solicitante, subsidiado na afirmação.
RELATÓRIO PSICOLÓGICO
O relatório ou laudo psicológico é uma apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como todo documento, deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico (entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervençãoverbal), consubstanciado em referencial técnico-filosófico e científico adotado pelo psicólogo.
PARECER
É um documento fundamentado e resumido sobre uma questão focal do campo psicológico cujo resultado pode ser indicativo ou conclusivo.
O parecer tem como finalidade apresentar resposta esclarecedora, no campo do conhecimento psicológico, através de uma avaliação especializada, de uma “questão-problema”, visando a dirimir dúvidas que estão interferindo na decisão, sendo, portanto, uma resposta a uma consulta, que exige de quem responde competência no assunto.
AULA 2 - PSICOLOGIA E DIREITO. TEORIAS EM PSICOLOGIA: UMA VISÃO ABRANGENTE
PSICOLOGIA E DIREITO
Como foi possível perceber, a Psicologia tem um longo passado, mas uma curta história. É uma disciplina jovem, que possui muitas abordagens, diferentes línguas, com divergentes compreensões entre suas escolas e referenciais teóricos. No entanto, apesar das particularidades da Psicologia, ela e o Direito possuem um destino comum: o comportamento humano.
É importante compreender que o comportamento humano é um objeto de estudo apropriado por vários saberes ao mesmo tempo, a partir de diferentes perspectivas, sem que esses saberes se esgotem, pois todos convergem para a pessoa e, de certa forma, se complementam e são transversais. Não há uma hierarquia entre os saberes. É preciso interligar os conhecimentos e fazer conexões, não esquecendo que a ciência na Pós-modernidade se produz a partir de ligações e não pelo isolamento.
Observe o quadro comparativo entre algumas características da Lei, do Direito e da Justiça e algumas características da Psicologia, exposto por Trindade (2004, p.28).
Trindade (2004), afirma que, além das diferenças estabelecidas entre as duas ciências, existem questões de base que, muitas vezes, podem dificultar o encontro da Psicologia com o Direito. Vamos observar a nova tabela (p.28-9).
Apesar das dificuldades existentes entre as duas ciências percebemos que a Psicologia é importante não apenas para o Direito, mas, também, para a Justiça. A aproximação entre o Direito e a Psicologia, assim como a criação de um território transdisciplinar, segundo Trindade (2004), é uma questão de Justiça.
TEORIAS EM PSICOLOGIA
A complexidade do comportamento humano fez com que surgissem várias escolas de Psicologia. Cada uma delas aborda o comportamento humano de maneira diferente quanto à sua origem e às possibilidades de trabalhar com ele. Todas essas teorias possuem pontos em comum e se complementam. Por isso, encontramos psicólogos usando diferentes bases teóricas e técnicas.
A Psicologia delimita o seu estudo nos fenômenos relacionados ao funcionamento do indivíduo e grupos. Sua ação estende-se a crianças, adolescentes, idosos, famílias e organizações, a partir de diferentes abordagens. Além disso, os conhecimentos da Psicologia são de grande importância para a compreensão dos mecanismos mentais que estão presentes nos conflitos interpessoais e, desta forma, estabelecem um interesse primordial para a mediação e para o Direito.
ABORDAGENS PSICODINÂMICAS
Nestas abordagens, encontramos o comportamento humano impulsionado pelas forças dos mecanismos psíquicos, relacionados entre o consciente e o inconsciente. Sigmund Freud, pai da Psicanálise, conceituou a existência do inconsciente, compreendeu sua força e a forma como ele se expressa, que são fundamentais para o comportamento humano.
Alguns aspectos quanto aos seus estudos e de seus seguidores devem ser destacados:
• “Nada ocorre ao acaso e muito menos os processos mentais” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p.7);
• “Há conexões entre todos os processos mentais” (FADIMAN; FRAGER, 1986, p.7);
• Existem processos mentais conscientes e inconscientes, mas a maior parte é inconsciente (FREUD, 1974);
• No inconsciente não existe o conceito de tempo, de certo e errado, não há contradição (FREUD, 1974).
Esses aspectos sugerem que os comportamentos considerados inaceitáveis podem ser consequência das forças do inconsciente, de quais o indivíduo não tem percepção. Outra contribuição teórica de Freud foi o modelo de aparelho psíquico, que é composto por: Id, Ego e Superego. 
EGO: É o responsável pelo contato do psiquismo com a realidade externa, com elementos conscientes e inconscientes.
ID: A parte mais primitiva e menos acessível da personalidade, constituída de conteúdos inconscientes, inatos ou adquiridos, que buscam sempre o prazer.
SUPEREGO: Atua como um censor. Representa as exigências da sociedade. Pode ser chamado de força moral de personalidade. Representa os ideais mais do que o real e busca a perfeição no lugar do prazer.
O comportamento, nesta abordagem, é o produto de uma interação entre os sistemas: Id, Ego e Superego, que trabalham inter-relacionados. O Id, como busca sempre a satisfação imediata, não conhece juízo de valor e atua segundo o princípio do Prazer. O Ego age de acordo com o Princípio da Realidade, conciliando as exigências entre o Id e o Superego.
Você já assistiu ao filme O Senhor dos Anéis? Nele, os personagens Frodo, Sam e Gollum podem representar perfeitamente as três estruturas do aparelho mental.
Você é capaz de identificar qual personagem representa cada estrutura psíquica? Confira:
MECANISMOS DE DEFESA
Outro importante estudo dessa abordagem é a análise dos mecanismos de defesa, que são manifestações do Ego em relação às exigências das outras instâncias psíquicas, Id e Superego. Eles são utilizados por todos nós para nos adaptarmos a uma situação geradora de conflitos, sejam eles reais ou não. Para que você tenha uma ideia do que estamos falando, vamos ao exemplo de alguns deles:
NEGAÇÃO
A pessoa recusa-se a reconhecer os fatos reais e os substitui por outros imaginários.
RACIONALIZAÇÃO
Consiste em buscar um motivo lógico para determinado comportamento ou sentimento inaceitável.
PROJEÇÃO
Consiste em atribuir a outra pessoa, ao grupo ou até ao mundo, algo que é dela mesma.
SUBLIMAÇÃO
Consiste em desviar a energia para algo socialmente aceito, facilitando a adaptação social.
SÍMBOLO
Nessa abordagem, temos Carl Gustav Jung, que idealizou a Psicologia Analítica, e que trouxe o importante conceito de símbolo.
Podemos conceituar símbolo como algo natural, espontâneo, que significa sempre mais do que o seu significado imediato e óbvio. As pessoas costumam carregar os seus símbolos, e estar atento a esta situação é uma forma de conhecer as pessoas e o valor que estes possuem para elas. Determinados bens podem ter uma simbologia muito diferente do que a sua real significação.
Observe:
Como você pôde constatar, em algumas situações, como a partilha de bens, determinados objetos tornam-se difíceis de resolução entre as partes.
Um último nome a ser citado, nesta abordagem, é Alfred Adler, que baseava sua teoria na importância do meio ambiente como o aspecto mais fundamental da vida. Sendo assim, o ser humano era dirigido pela luta pela superioridade. O indivíduo saudável era aquele que lutava construtivamente pela superioridade, com forte interesse social e cooperação. Adler destacou, também, que os problemas psicológicos não devem ser tratados de forma isolada, pensando o indivíduo como um ser integral: mente, corpo e espírito.
ABORDAGENS COGNITIVAS
Essas abordagens se propõem em estudar como as pessoas são capazes de perceber, aprender, lembrar e pensar sobre determinadas situações da vida. Frederick Perls destacou a importância da análise da estrutura da percepção e da situação da pessoa no presente.
Nessa teoria, a noção de indivíduo como um todo é central. Sua abordagem terapêutica é fundamentada em três conceitos:
Por exemplo, as pessoas presas no passado escolhem, muitas vezes, alternativas de ação inadequadas ou ultrapassadas para lidar no novo contexto.
Outro teórico, Aaron Beck, considera que as interpretações que um indivíduo faz do mundo estruturam-se progressivamente, durante seu desenvolvimento, constituindo suas regras ou esquemas de pensamento.
Por exemplo, ao percebermos o sinal vermelho, automaticamente acionamos o freio.Seria difícil se a cada mudança de cor do sinal, os motoristas tivessem de gastar um tempo pensando o que deveriam de fazer. Os esquemas rígidos de pensamento fazem com que as pessoas se tornem incapazes de enxergar outros pontos de vista e negam-se a tomar conhecimento de novos conceitos.
A seguir, apresentamos o fenômeno da cognição como um todo:
Pessoas que dizem que querem se separar, mas não querem abrir mão de algumas facilidades que o casamento proporciona; funcionários que querem sair da empresa recebendo uma indenização, mas não querem se afastar dos amigos de trabalho.
ABORDAGEM COMPORTAMENTAL
A base teórica desta abordagem é o behaviorismo. Edward L. Thorndike e John Watson foram os precursores dessa linha teórica.
THORNDIKE
Thorndike afirmava que o comportamento de todo animal, inclusive do homem, tendia a se repetir, se fosse recompensado (reforço positivo) ou se fosse capaz de eliminar um estímulo aversivo (reforço negativo) no momento em que emitisse o comportamento.
Entretanto, o comportamento tenderia a não acontecer, se o organismo fosse castigado (punição) após sua ocorrência. Por meio da lei do reforço, a pessoa associará essas situações com outras semelhantes, generalizando essa aprendizagem para um contexto mais amplo.
WATSON
Watson considerou apenas eventos observáveis e físicos para análise, descartando comportamentos encobertos, dentro do modelo Estímulo-Resposta (S -> R). Ele acreditava que a Psicologia só atingiria um grau de confiabilidade se restringisse o seu estudo ao comportamento observável. Suas proposições teóricas atualmente servem apenas como fundamentos para a história da Psicologia.
SKINNER
Outro teórico dessa abordagem foi B. F. Skinner, o fundador de uma das filosofias que embasam a análise experimental do comportamento, o behaviorismo radical. Skinner afirmava que o organismo teria em seu comportamento três tipos comportamentos:
• Padrão Fixo de Ação - P.D.A.;
• Comportamento respondente (100% inatos);
• Operantes (100% aprendidos).
Segundo Skinner6, o homem será influenciado por fatores filogenéticos7, ontogenéticos8 e culturais, tendo como parâmetro teórico o Selecionismo de Charles Darwin9.
(6 Na teoria de Skinner, os fatores culturais atuam como modificadores do comportamento, em uma relação funcional do indivíduo com o ambiente através do comportamento verbal.
O condicionamento é observável em situações de conflito, em que podemos encontrar determinadas palavras ou gestos de um litigante desencadeando palavras ou gestos condicionados no outro. Muitas vezes, uma pessoa não chega a um acordo porque está condicionada ao passado. O poder do condicionamento está manifestado em vários momentos da vida. Condicionar, na verdade, consiste em criar esquemas rígidos de pensamento e produzir pensamentos automáticos, para poupar o trabalho do psiquismo.)
(7 Fatores da evolução de uma espécie ou grupo hierarquicamente reconhecido. Disponível em: http://portfolio-psi-12.blogspot.com.br/2011/12/os-processos-de-desenvolvimento.html)
(8 Conjunto de transformações embrionárias e pós-embrionárias pelas quais passa um organismo vertebrado, desde a fase do ovo até à fase adulta. Disponível em: http://portfolio-psi-12.blogspot.com.br/2011/12/os-processos-de-desenvolvimento.html)
(9 Para Darwin, a seleção natural se constitui um processo de eliminação. Serão preservados os indivíduos cujas características (fenotípicas) favorecerem sua sobrevivência no ambiente onde estão inseridos.)
ABORDAGEM MOTIVACIONAL
A motivação é considerada por vários estudiosos como uma das forças fundamentais que leva o indivíduo a apresentar determinados comportamentos. Essa abordagem entende que o indivíduo é movido por forças que têm origem em seu psiquismo e vão além da relação estímulo-resposta, estabelecida pela abordagem comportamental.
O psicólogo americano David McClelland realizou um estudo no qual identificou três tipos de motivação que impulsionam o ser humano:
REALIZAÇÃO
Pessoas que se sentem motivadas em alcançar o máximo em suas atividades e querem conquistar seus objetivos por seus próprios méritos. Ficam estimuladas quando conseguem realizar seus projetos, sentindo-se competentes e capazes.
AFILIAÇÃO
Pessoas que se sentem motivadas por afiliação são aquelas que priorizam os relacionamentos interpessoais. Um meio agradável é fundamental para seu bem-estar, e sua principal necessidade é se sentir aceito e estabelecer uma relação com os outros.
PODER
Pessoas motivadas por poder, existem dois tipos de influência: o poder pessoal, são aquelas que gostam de determinar as regras dentro de seus ciclos sociais, geralmente possuem um perfil dominante e se sentem incomodadas em permitir que o próximo expresse sua opinião individual; e o poder institucional, em que apresentam habilidade de organização e delegação, e sempre se colocam prontas para instruir e orientar com a finalidade de que o objetivo do grupo seja alcançado.
Segundo McClelland, todas as pessoas são afetadas pelos três tipos de motivação, mas em diferentes níveis de intensidade.
A Hierarquia das necessidades é um modelo de motivação proposto por Maslow e bastante utilizado, principalmente, nas Organizações. Maslow afirmava que todas as necessidades do indivíduo não podem ser manifestadas de uma só vez, elas tendem a ter alguma prioridade na qual encontram expressão. Divide as necessidades em duas ordens, as de ordem inferior e as de ordem superior, organizando em forma de pirâmide, conforme mostra a figura a seguir.
Segundo essa abordagem, as pessoas são dominadas por necessidades diferentes em épocas e circunstâncias diferentes. Pode-se motivar uma pessoa quando se sabe o que ela necessita neste lugar e no momento específico.
Ao verificarmos a aplicação da pirâmide de Maslow, notamos que as necessidades de ordem inferior são facilmente detectadas, mas as de ordem superior dependem da avaliação direta.
ABORDAGEM SISTÊMICA
Os conceitos dessa abordagem são úteis para o estudo, a análise e a interpretação de inúmeras situações. Nessa teoria, os integrantes de um conjunto de pessoas unem-se por laços que possuem componentes pragmáticos e afetivos. Na abordagem sistêmica, as pessoas são vistas como partes de uma rede de relações, em que cada membro influencia e é influenciado pelo outro. As mudanças devem ser enfrentadas, no sistema, a partir de uma certa flexibilidade, que deve ser capaz para reorganizar o sistema diante de diferentes demandas e exigências que surgem no dia a dia.
Em um sistema, tudo o que acontece com qualquer integrante afeta todos os outros e o comportamento do sistema é analisado como um todo e, não apenas uma das partes. Em se tratando de mediação, temos como uma das bases teóricas deste procedimento a abordagem sistêmica.
Para compreendermos como as ideias sistêmicas aplicam-se às pessoas, precisamos ter em mente a ideia das conexões e dos padrões repetitivos. Precisamos também prestar atenção a outras características de qualquer sistema: a presença de subsistemas, a maneira com que as partes influenciam uma a outra, e o fato de que todo sistema inevitavelmente passa por períodos de estabilidade e de mudança (MINUCHIN; COLAPINTO; MINUCHIN, 1999, p.20).
Todo sistema é composto de subsistemas, que são organizações internas com o objetivo de aumentar a eficiência do sistema e ajudar na sua estabilidade. Os subsistemas compõem-se dos mesmos elementos que constituem os sistemas. Os subsistemas são especializações internas indispensáveis para os sistemas, cada um com objetivos, metas, independência e cultura particulares. Os elementos, no sistema, apresentam alianças e coalizões. As alianças são aquelas realizadas pelas identidades de interesses, simpatias e afetos entre as pessoas. As coalizões ocorrem quando as pessoas se unem por oposição a outras. Um advogado, por exemplo, deve estar atento às alianças e coalizões dos seus clientes nos seus subsistemas, porque elas afetam diretamente o comportamento das pessoas.
O sistema para lidar com os desafios desenvolve padrões de funcionamento.Dois tipos de mudanças podem ocorrer de forma contínua:
As fronteiras são as delimitações que os subsistemas estabelecem entre si, dentro de um sistema e entre os sistemas em relação aos outros sistemas. As fronteiras permitem que os elementos de um subsistema percebam o seu limite em relação ao seu espaço e ao do outro. Quando um sistema ou os subsistemas não funcionam bem, as fronteiras refletem esta situação, tornando-se menos nítidas, rígidas, emaranhadas, inadequadamente impermeáveis ou excessivamente fluídas. A visão sistêmica é muito importante porque poderemos encontrar situações, entre as pessoas, em que o conflito no trabalho é consequência ou antecede o conflito familiar. A família pode esgotar o indivíduo, fazendo-o ter conflitos no trabalho e vice-versa. 
AULA 3 - PERSONALIDADE: DEFINIÇÕES, CARACTERÍSTICAS E TRANSTORNOS
COMPORTAMENTO HUMANO
Quando estudamos o comportamento humano devemos estar atentos a algumas questões básicas:
1. A capacidade do observador de perceber e discriminar o que é importante na sua observação.
2. A influência do observador, porque as pessoas modificam seus comportamentos quando se sentem observadas.
3. O grau de autoconhecimento do observador, para perceber questões da sua própria forma de ser que podem interferir na sua atividade, afetando seu trabalho.
4. É muito importante estarmos ciente dessas questões, não só em relação ao comportamento das pessoas, como também nossas próprias reações. Ao nos colocarmos dispostos a compreender os comportamentos das pessoas, devemos desenvolver uma observação desprovida de preconceitos e construir uma certa distância emocional, que nos permita nos envolver sem nos deixar dominar ou ser absorvido pelo outro.
"O preconceito cega"
Os comportamentos acontecem em um esquema de referência de valores. A pessoa que carrega uma carga de preconceitos, no momento da observação ou do relacionamento com o outro, terá uma percepção distorcida daquilo que está acontecendo e não realizará o seu trabalho com objetividade.
É importante que todo acadêmico ou profissional da área do Direito cuide de seus preconceitos e pensamentos automáticos10, flexibilizando seus esquemas11 de pensamentos e compreendendo seus próprios mecanismos de defesa.
(10 São aqueles que brotam em nossas mentes sem que haja nenhuma reflexão ou deliberação. Costumam ser considerados como verdades incontestáveis para quem os têm, mesmo antes de qualquer avaliação. Disponível em: <http://www.psicologosp.com/2013/12/o-que-sao-pensamentos-automaticos.html>)
(11 São estruturas mentais que representam aspectos do mundo. As pessoas usam esquemas para organizar o conhecimento atual e providenciar uma base para compreensão futura. 
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Esquema_(psicologia)>)
Os comportamentos sofrem modificações cognitivas e comportamentais no decorrer do tempo. Essas mudanças, muitas vezes, acarretam comentários como “não acredito que Fulano pudesse se comportar daquele jeito...”.
Devemos sempre pensar o comportamento humano como um complexo formado pelas características do indivíduo, seu ambiente, sua cultura, suas experiências e as influências das situações vividas a cada momento em sua vida.
PERSONALIDADE
Na tentativa de agrupar e diferenciar as características da personalidade, pode-se dizer que os determinantes inconscientes do comportamento e os determinantes conscientes são fatores centrais entre algumas teorias da personalidade, entretanto, considera-se também, a hereditariedade, a base biológica e os aspectos sociais do indivíduo como aspectos relevantes na determinação de sua personalidade.
A personalidade pode ser definida como o conjunto de características que determinam os padrões pessoais e sociais de uma pessoa. Sua formação é um processo gradual, complexo e único para cada indivíduo.		
No que diz respeito ao senso comum, o termo personalidade é usado para descrever características marcantes de uma pessoa, como “essa pessoa é extrovertida ou aquela menina é tímida”.		
No entanto, o conceito de personalidade está relacionado às mudanças de habilidades, atitudes, crenças, emoções, desejos, e ao modo constante e particular do indivíduo perceber, pensar, sentir e agir, além da interferência de fatores culturais e sociais nessas características.
TEATRO GREGO
A palavra personalidade é derivada da palavra persona, que significa a máscara usada pelos atores no antigo teatro grego12, para desempenhar um personagem. Fazendo uma reflexão sobre esta questão, vamos perceber que as pessoas estão sempre representando papéis e quando falam sobre as situações que viram ou que vivenciaram, estão narrando as suas percepções, a partir dos conteúdos que foram selecionados da memória, ou seja, uma realidade psíquica que pode ou não ter maior proximidade com aquilo que realmente aconteceu.
(12 No teatro grego, a máscara servia para dar aos atores a sua personagem. Estas eram tipificadas, com um tipo de personagem predeterminado, tendo também expressões faciais imutáveis que indicavam o destino último da personagem. Cobria não apenas o rosto do ator, com aberturas para os olhos e boca, mas também o alto da cabeça. Com isso, os atores representavam usando apenas o tom de voz e o gesto. Servia também para figurar aos espectadores os tipos tradicionais da tragédia e da comédia, para aumentar a estatura dos atores. Na sua origem, estariam os disfarces usados nas festas dionisíacas: rostos pintados com borras de vinho e outras matérias, adornados de barbas vegetais. Completavam-na cabeleira e barba, segundo a idade e o sexo da personagem. As diferenças de classe, condição social e raça revelavam-se nas 25 espécies de máscaras trágicas e em mais de 40 para o gênero cômico. O branco predominava nas máscaras femininas e o negro nas masculinas. Disponível em: <http://teatrogregodehistoria.blogspot.com.br/2012/09/mascaras-no-teatro-grego-mascaraservia.html>)
Diferentes autores conceituam a personalidade, procurando cada um enfatizar um ou outro elemento de sua constituição. Vamos a algumas conceituações.
SKINNER
Para Skinner, citado por Fadiman; Frager (1986), a personalidade seria um conjunto de padrões comportamentais.
BECK
De acordo com Beck (BECK; FREEMAN, 1993), o conceito de personalidade seria uma organização, relativamente, estável, composta de sistemas e moldes.
KAPLAN E SADOCK
Segundo Kaplan e Sadock (1993), a personalidade seria uma totalidade relativamente estável e previsível de traços emocionais e comportamentais, que identificam a pessoa no seu cotidiano, sob condições normais.
ALLPORT
Allport, citado por Campbell; Hall; Lindsay (2000), considera a personalidade como uma organização dinâmica dos sistemas psicofísicos do indivíduo, que determinam seus ajustamentos ao ambiente. A personalidade, neste sentido, adapta-se às exigências e transformações do meio, buscando uma certa estabilidade que é fundamental para o convívio social.
Para Freud, segundo Araújo (2010), a personalidade humana é dividida em três grandes superestruturas, que compreendem os seguintes complexos psicológicos: Ego, Id e Superego.
O Ego é a parte da personalidade que toma as decisões a respeito de que impulsos do Id deverão ser satisfeitos e de que modo.
O Id é a parte inicial da personalidade, é a partir dela que o Ego e o Superego se desenvolvem, ele é responsável pela concretização dos impulsos biológicos mais básicos inerentes a pessoa humana.
O Superego é a parte cognitiva da personalidade que está encarregada de julgar e distinguir o que é certo e o que está errado, de uma maneira geral; ele é a reprodução dos valores e costumes internacionalizados pelo indivíduo.
Você conhece o aplicativo Whatsapp, certo?
Nele, estamos acostumados aos seus emojis (aquelas pequenas imagens que transmitem a ideia de uma palavra ou frase completa).
Agora, utilizando seu conhecimento sobre Id, Ego e Superego, analise os emojis nos celulares abaixo. Depois, marque a alternativa que corresponda aos complexos psicológicos, de acordo com Freud.
Os emojis correspondemrespectivamente a:
- Id, Superego, Ego.
Existem diversas conceituações não científicas de personalidade. Algumas delas, procuram conceituar personalidade a partir da relação do tipo físico com o comportamento, como por exemplo, as pessoas gordas são sérias e as magras são alegres. Essas situações apresentam como resultado a indução de prejulgamentos e a criação de estereótipos13. São desprovidas de sentido, deixando de levar em conta uma série de fatores, como as influências do meio, as histórias de vida das pessoas e o ambiente em que estão inseridos.
(13 É a imagem preconcebida de determinada pessoa, coisa ou situação. São usados principalmente para definir e limitar pessoas ou grupo de pessoas na sociedade. Sua aceitação é ampla e culturalmente difundida, sendo um grande motivador de preconceito e discriminação. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Estere%C3%B3tipo>.)
A personalidade se manifesta a partir do comportamento das pessoas em relação a uma situação ou em relação às pessoas presentes ou não, reais ou ilusórias. Para compreendermos o comportamento das pessoas, não podemos desconsiderar os fatores cognitivos, comportamentais e ambientais e suas inter-relações, além das influências da cultura e da história de vida de cada um, inserido em um determinado contexto.
Resumindo, a partir do que estudamos, até agora, podemos conceituar personalidade, segundo Fiorelli; Fiorelli; Malhadas Junior (2015) como “uma condição estável e duradoura dos comportamentos da pessoa, embora não permanente” (p.179).
CARACTERÍSTICAS DA PERSONALIDADE
Os comportamentos típicos, estáveis, persistentes e que formam o padrão por meio do qual o indivíduo se comporta nas mais diferentes situações são chamados de características da personalidade. Essas características permitem às pessoas preverem os comportamentos daqueles com quem se relacionam.
Examinaremos, a seguir, quatro características da personalidade, levando em consideração a importância que apresentam para a relação cliente-profissional e que sabemos serem aspectos habituais dos comportamentos dos indivíduos. Elas são apenas exemplificativas e não temos a pretensão de esgotar um assunto tão amplo.
CONSCIÊNCIA SOCIAL
Essa característica é manifestada pelo senso de dever e perseverança no cumprimento de princípios e valores. Levada ao extremo pode chegar a comportamentos inflexíveis, dificultando, no caso da prática jurídica, a realização de acordos. É perigoso, também, quando não existe esta consciência porque pode levar a um egocentrismo, em que o indivíduo ignora as pessoas.
OUSADIA
Essa característica manifesta-se pela disponibilidade para experimentar situações novas, lidar com o desconhecido, tentar o novo. Em excesso, pode levar a comportamentos arriscados, não assumindo os riscos de suas atitudes, muitas vezes colocando em segundo plano, os aspectos práticos da situação. O oposto, que é a excessiva praticidade pode representar um obstáculo para a criatividade.
CONSERVADORISMO
Essa característica manifesta-se pela manutenção de um estado. A pessoa conservadora inibe a criação de opções porque está presa às tradições. O conservadorismo é uma limitação, mas está associada à segurança e pode apresentar forte ligação na defesa de princípios ou de valores como as características de consciência social.
OTIMISMO
Apesar de ser uma característica agradável, deve-se ter cuidado porque pode levar as pessoas que cercam o otimista a subestimar dificuldades e não dar atenção para possíveis fragilidades.
ALTERAÇÕES DA PERSONALIDADE
As alterações da personalidade podem ser descritas como modificações dos padrões de comportamento, segundo Fiorelli; Fiorelli; Malhadas Junior (2015), em geral, acarretadas por estresse prolongado.
Vários fatores podem ocasionar essas alterações como:
· Mudanças de atribuições, autoridade e responsabilidade.
· Demissões, alterações significativas no trabalho.
· Falecimentos de cônjuges, filhos, outros parentes e amigos.
· Separações conjugais.
De acordo com Kaplan; Sadock (1993), alguns indivíduos “desenvolvem padrões de comportamento profundamente arraigados e permanentes, manifestando-se como respostas inflexíveis a uma ampla série de situações pessoais e sociais (p.196).
Podemos falar de transtorno de personalidade, quando essa inflexibilidade, sem nenhuma associação à doença cerebral ou outro tipo de transtorno mental, torna-se inflexível, causando comprometimento no seu desenvolvimento funcional, social e ocupacional. Uma ou mais características da personalidade predominam, condicionando os comportamentos da pessoa, que não apresenta capacidade de adaptação às situações de sua vida.
Analisaremos os transtornos de personalidade, seguindo a Classificação Internacional de Doenças, CID-1014. É claro que esses quadros serão apresentados apenas para conhecimento de como os transtornos de personalidade se manifestam. Esteja atento para estabelecer estratégias para que essas pessoas não se prejudiquem, não prejudiquem os outros, nem o andamento do processo. Ao suspeitar de que uma pessoa apresenta algum problema emocional, o advogado deve orientar a pessoa a buscar ajuda psicológica.
(14 A Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças CID 10) é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de doenças e outros problemas relacionados à saúde. Disponível clicando aqui.)
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE PARANOIDE
O indivíduo interpreta de maneira errada ou distorce as ações de outras pessoas. Está sempre percebendo com desconfiança o comportamento das pessoas, mesmo que estas sejam amistosas ou neutras. Costuma guardar rancor, não perdoa injúrias ou ofensas e, dessa maneira, é comum buscar a via judicial para conseguir suas reparações. Há uma desconfiança sistemática e excessiva em relação às pessoas. Quando busca auxílio para a solução de seus conflitos, relaciona várias pessoas que poderiam estar apresentando comportamentos de perseguição, calúnias e, até mesmo, criando planos para prejudicá-la.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL
Há uma grande diferença entre seu comportamento e as normas e regras da sociedade. São pessoas que estão, com frequência, com problemas com a lei, violando os direitos dos outros e agindo com deslealdade. São muito observadoras, e alguns apresentam a habilidade de identificar as pessoas que servirão aos seus propósitos. Os argumentos em relação à moral não fazem sentido porque as pessoas que os seguem são bobos que merecem ser prejudicados. Segundo Fiorelli; Fiorelli; Malhadas Júnior (2015) são pessoas com baixa tolerância à frustração, racionalizam as situações e não aprendem com a punição.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE DEPENDENTE
São pessoas que são incapazes de tomar decisões, ter iniciativa e assumir responsabilidades. Quando é obrigado a decidir, toma muito cuidado, faz muitas perguntas e pede muitos conselhos, podendo se tornar alvo de pessoas sem escrúpulos.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOIDE
Esses indivíduos apresentam como característica o isolamento. São pessoas frias, arredias e não retribuem qualquer manifestação de afeto. Em relação à justiça, são clientes difíceis porque podem fazer concessões apenas pelo fato de não terem disposição para o relacionamento com as pessoas.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANSIOSA
Há um distanciamento social, entretanto, ao contrário do esquizoide, ocorre o desejo de um relacionamento afetivo, mas a impossibilidade de realizá-lo. O afastamento social é acarretado pelo medo da rejeição, crítica ou não aprovação.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE EMOCIONALMENTE INSTÁVEL
Nesse caso, há um predomínio da falta de controle dos impulsos. A pessoa pode ter acessos de raiva, quando criticada, ou mesmo um comportamento ameaçador. Muitas vezes, suas atitudes são autodestrutivas, com relacionamentos instáveis e intensos.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE HISTRIÔNICA
A pessoa apresenta-se de forma sedutora, buscando sempre a aprovação e elogiosdos outros. Suas emoções são expressadas de forma exagerada e inadequada. Quando não é o centro das atenções, sente-se desconfortável. Tem relacionamentos interpessoais exagerados, que não a gratificam.
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANANCÁSTICA
É uma pessoa muito detalhista e preocupada com tudo que a cerca. Apresenta rigidez, obstinação, excesso de escrúpulos, e um forte senso de defesa de seus direitos. Não tem muitos amigos ou colegas de trabalho, porque suas atitudes o fazem parecer superior e desagradável aos outros.
AULA 4 - PSICOPATOLOGIA APLICADA AO DIREITO
O QUE É O COMPORTAMENTO ANORMAL?
Durante muito tempo, o comportamento anormal era considerado como produto de uma doença mental. Algumas teorias diziam que o cérebro de uma pessoa anormal era diferente. Houve épocas em que o comportamento anormal foi considerado obra de demônios e de bruxarias.
A maioria das pessoas possui ideias pré-concebidas do que seja um comportamento anormal. No entanto, temos de entender quais são os padrões que nos levam a concluir sobre a anormalidade. A divergência de opiniões sobre a anormalidade é o resultado dos diferentes padrões que as pessoas usam para chegar a esta definição. Em geral, temos as normas sociais, estatísticas e pessoais.
NORMAS SOCIAIS E DE CONDUTA
Em relação às normas sociais, podemos dizer que elas regem nosso comportamento. Precisamos dessas regras para estabelecer os padrões de convívio, punir os comportamentos que se desviam desses padrões e reforçar os comportamentos desejáveis. Nesse caso, a pessoa anormal não conseguiria satisfazer as normas de conduta em seu meio. As leis estabelecem objetivamente as normas de conduta. Sendo assim, uma pessoa com formação jurídica, definiria o sujeito anormal, como aquele que infringe as leis. Por exemplo, o cidadão que trafica, rouba, furta, violenta, assassina alguém, de acordo com essas normas, seria considerado anormal porque descumpre a lei.
No entanto, caso um homem ande pelas ruas vestido de noiva, falando sozinho, não pode ser preso por causa desta atitude, seu comportamento seria apenas estranho para os padrões sociais.
NORMAS ESTATÍSTICAS
Estatisticamente, consideramos como anormais aqueles comportamentos que divergem da média das pessoas em um local. A maneira de estabelecermos quais são os comportamentos normal e anormal é dada pela determinação do comportamento médio das pessoas, a partir de uma amostra de sujeitos deste local. As normas devem estar definidas, caso contrário, teremos dificuldades na identificação. Além disso, existem casos especiais, como: Um profissional da área de saúde precisa constantemente lavar as mãos. Dentro de um critério estabelecido pela média, estaria realizando um comportamento anormal; no entanto, dentro de sua atividade profissional, esta classificação não ocorreria.
NORMAS PESSOAIS
Em relação às normas pessoais, a autoavaliação e a autolinguagem das pessoas poderão ser indicadores de que a pessoa está fora dos padrões da normalidade. As normas pessoais, ao mesmo tempo que são as mais simples, são as mais complexas porque dependem do grau de sensibilidade das pessoas para perceberem seus estados emocionais. Thomas Szasz (1961), professor de Psiquiatria e autor de vários livros nesta área, defendia a ideia de que o conceito de doença mental é um mito. Para ele, a ideia de difusão e rotulação da doença mental atendia muito mais aos interesses mercadológicos da Psiquiatria do que a uma realidade psicopatológica.
SAÚDE MENTAL E TRANSTORNO MENTAL
Segundo Kaplan e Sadock (1993), é mais aceitável a pessoa ser portadora de um problema médico ou cirúrgico do que de um problema mental. A hipótese de um transtorno mental, muitas vezes, acarreta reações e preconceitos imprevisíveis do próprio indivíduo, seus familiares e seus colegas, devido à falta de informação e preconceito.
Os transtornos orgânicos e mentais sofrem transformações, ao longo do tempo, em suas características e diagnósticos. Muitos deles, pouco presente em épocas passadas, tornaram-se frequentes, atualmente, como os transtornos associados ao estresse. Podemos entender que as mudanças sociais provocam transtornos que permanecem socialmente adaptados. Cada momento histórico possui sua própria síndrome.
Segundo a OMS (1993), o funcionamento do indivíduo apresenta comprometimento quando:
Funções mentais superiores apresentam-se comprometidas dificultando ou acarretando problemas no comportamento do indivíduo;
As atividades de vida diárias, geralmente necessárias para a integração do indivíduo com o ambiente, estão comprometidas de alguma maneira.
De acordo com Fiorelli; Fiorelli; Malhadas Junior (2015), entende-se como um indivíduo mentalmente saudável aquele que apresenta as seguintes características (p.236):
· Compreende que não é perfeito;
· Entende que não pode ser tudo para todos;
· Vivencia uma vasta gama de emoções;
· Enfrenta os desafios e mudanças da vida cotidiana;
· Sabe procurar ajuda para lidar com traumas e transições importantes (não se considera onipotente).
As Funções mentais superiores são: Percepção, Atenção, Linguagem, Pensamento e Emoção. Leia mais clicando aqui. Acesso em: 04 abr. 2017.
O termo transtorno mental, utilizado no lugar de doença, é um critério adotado pelo CID-10, em que se entende que o problema ou o conflito social sem o comprometimento do funcionamento do indivíduo, não deve ser considerado um transtorno mental (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993, p.5).
As situações de comprometimento acima descritas não permitem que o indivíduo atue dentro dos padrões de normalidade de seu meio e cultura, sendo perceptíveis para as outras pessoas. Muitas vezes, há o acobertamento dos transtornos mentais pelas doenças orgânicas, fazendo com que as pessoas busquem assistência médica contínua, sem obter resultados satisfatórios.
TRANSTORNOS MENTAIS
Vamos passar para a descrição de alguns transtornos mentais, de fácil identificação, e que podem ser encontrados no ambiente de trabalho do advogado. Não faremos descrições muito técnicas e exaustivas, porque a intenção é dar condições mínimas para que você possa identificá-los e, a partir daí, possa orientar seus clientes ou seus familiares, dependendo do caso, na procura de uma ajuda especializada.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE
Esses transtornos são aqueles que se acham mais interligados com o estresse. Em muitas ocasiões, a combinação de manifestações psicológicas e orgânicas aumenta a tensão e a instabilidade emocional da pessoa, interferindo em seu desempenho. Alguns sintomas podem ser exemplificados, segundo Fiorelli; Fiorelli; Malhadas Júnior (2015) como:
· Expectativa do pior, frente a qualquer notícia;
· Sensação de tensão, irritação e impossibilidade para relaxar, podendo levar a dificuldades com o sono;
· Dificuldade de concentração nas atividades, associada a alterações na memória.
Em certos casos, é comum o aparecimento de queixas orgânicas como: hipertensão, taquicardia, distúrbios gástricos, entre outros. Em certas situações, podem ocorrer pensamentos ruminativos, em que a pessoa não consegue pensar em outro assunto.
TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO
Esse transtorno tem sido objeto de vários filmes por causa dos famosos rituais aos quais as pessoas se veem submetidas. Podemos definir a obsessão como uma persistência patológica de um pensamento ou sentimento irresistível, sempre associado à ansiedade e que não pode ser eliminado da consciência pelo esforço da lógica (FIORELLI; FIORELLI; MALHADAS JUNIOR, 2015, p.239). O indivíduo procura afastar este pensamento ou sentimento, sem sucesso. A obsessão pode vir associada a uma compulsão, que seria considerada como aquele comportamento ritualístico que envolve a repetição de um comportamento estereotipado. Seu objetivo é proteger o indivíduo da possibilidade de ocorrência de um evento improvável. Podemos exemplificar com uma pessoa que cria a ideia de que os objetos em seu trabalho estão contaminados. A cada manuseio de um objeto tem de ir ao banheiro lavar as mãos, caso contrário poderá contrair uma doença grave.No trabalho, essa situação envolverá uma baixa produtividade e na família estas atitudes poderão limitar a liberdade das pessoas.
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO
Esse transtorno, que ocorre após um evento traumático, acarreta uma série de consequências para as pessoas, nem sempre atribuídas ao trauma, porque surgem de forma tardia, em relação ao fato ocorrido. Podemos encontrar como exemplos:
· Paralisação brusca das atividades, com períodos de afastamentos acarretados pelo estado físico ou emocional;
· Alterações comportamentais que afetam o relacionamento com as pessoas;
· Dificuldade de reiniciar suas tarefas, em razão das alterações comportamentais;
· Incapacidade de realizar certas tarefas, que antes eram realizadas com facilidade.
Muitas vezes, as consequências sobre as características de personalidade podem ser sérias, como, por exemplo, uma pessoa que era extrovertida e independente, pode tornar-se introvertida e dependente dos outros.
MANIA
A pessoa maníaca vê apenas o lado favorável das situações. Esse otimismo exagerado pode fazer com que a pessoa tenha desatenção para certos aspectos importantes, que poderão prejudicá-la. Em certas ocasiões, esses indivíduos podem comportar-se como se tivessem poderes especiais. A sua autoestima aumentada e a falta de controle sobre os seus atos podem se manifestar através de gastos exagerados, que poderão trazer problemas judiciais.
DEPRESSÃO
A depressão afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Os efeitos da depressão são bastante conhecidos de todos nós. O transtorno depressivo compromete, de maneira parcial ou total, as atividades do indivíduo e a sua capacidade para assumir a sua vida, sendo o suicídio o seu gesto mais extremo. Na depressão, há uma profunda desesperança, além de se responsabilizarem por tudo o que ocorre de mau em seu meio. Alguns sinais da depressão podem ser:
· A pessoa não sente prazer e perde o interesse pelas atividades que realizava;
· A sua visão de mundo é realizada pelo pessimismo: o mundo é ruim;
· O indivíduo aparenta eternas tristeza e infelicidade;
· Pode apresentar variação no apetite;
· No início do dia seu humor está péssimo, melhorando no decorrer do dia;
· Há lentidão nos seus movimentos e no seu discurso, limitando-se a poucas palavras.
PERTURBAÇÕES DO PENSAMENTO E DA PERCEPÇÃO
Existem situações em que a pessoa apresenta distorções do pensamento e da percepção, mesmo que a consciência e a inteligência permaneçam preservadas. Podemos descrever algumas situações como:
· A pessoa percebe que forças sobrenaturais interferem em suas ações;
· Há a percepção pelo indivíduo de que tudo o que acontece é por sua influência;
· Algumas pessoas conseguem penetrar no seu pensamento e alguns atos que gostaria de realizar já são do conhecimento de todos;
· A pessoa pode perceber coisas e objetos que não existem e agir como se fossem reais;
· O indivíduo pode sentir-se perseguido por uma pessoa e por isso deve cometer atos infracionais, em relação a ela.
Quando a pessoa dá sinais de que perdeu o contato com a realidade, criando uma visão de mundo distorcida, há necessidade do encaminhamento para um psiquiatra, para a avaliação do seu quadro clínico e da necessidade de alguma medicação. São situações complexas que envolvem inclusive a própria capacidade do indivíduo para tomar decisões em relação a sua própria vida.
:)
É importante entender que as pessoas possuem diferentes capacidades para suportar estímulos e várias maneiras de reagir a eles. Desse modo, algumas pessoas passam por situações traumáticas e, supostamente, insuportáveis, sem nenhum comprometimento físico ou mental. Ultrapassam esses momentos, aprendem com eles e amadurecem.
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Outras pessoas, vivem as mesmas situações e passam a apresentar transtornos que, se não forem tratados, aumentam de intensidade e podem chegar a impedir a relação do indivíduo com os outros e com o meio. A essa capacidade individual de passar por situações traumáticas, chamamos de resiliência15.
(15 É a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, adaptar-se a mudanças, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico, emocional ou físico, por encontrar soluções estratégicas para enfrentar e superar as adversidades. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Resili%C3%AAncia_(psicologia)> Acesso em: 04 abr. 2017.)
Lei 10.216 de 6 de abril de 2001 - Lei Antimanicomial - Você sabia que o portador de transtornos mentais tem uma lei especial que o protege?
Em 1987, surgiu o Movimento da Luta Antimanicomial, fruto de um Encontro Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental. Seu lema era “por uma sociedade sem manicômios”. Nesta época, várias denúncias foram realizadas em relação aos abusos e às violações dos direitos dos portadores de transtornos mentais, principalmente dentro das instituições psiquiátricas. A luta era pelo fim da internação e a criação de tratamentos alternativos.
Um dos resultados deste Movimento foi a criação da Lei 10.216, em 2001, também conhecida como Lei Antimanicomial ou Lei Paulo Delgado. Essa legislação determinou o fechamento progressivo dos hospitais psiquiátricos e a instalação de serviços substitutivos.
AULA 5 - PSICOLOGIA E VIOLÊNCIA: CRIANÇAS, ADOLESCENTES, MULHERES E IDOSOS
VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A violência intrafamiliar é aquela que ocorre entre os membros da família, nos diferentes subsistemas (conjugal, parental e fraternal), especialmente em casa, mas não exclusivamente.
Essa é uma forma de violência que mais atinge crianças e adolescentes, segundo dados da SDH (Secretaria de Direitos Humanos), cerca de 70% dos casos de violência contra crianças e adolescentes no Brasil acontece em residências, seja da vítima ou do agressor. De acordo com Maciel e Cruz (2009), citando dados do IBGE, os pais são os agressores, seguidos dos irmãos mais velhos. A partir desses dados, podemos pensar que a violência é um fenômeno aprendido nas relações interpessoais, sob uma condição hierárquica e disciplinar. É uma forma de comunicação, na família, que determina regras, crenças e comportamentos.
Vários autores, como Guerra (1998), Rosa (2004), Alberton (2005), Minayo (2006), e Cruz e Maciel (2009), classificam a natureza da violência da seguinte maneira:
FÍSICA
Quando ocorre o uso da força física, intencional ou intenção percebida, não acidental, por parte da pessoa, em relação à criança e ao adolescente. O dano físico pode ir desde a imposição de uma leve dor, como um tapa, até o assassinato.
PSICOLÓGICA
Quando ocorrem agressões verbais ou gestuais, com o objetivo de amedrontar, humilhar, rejeitar, restringir a liberdade ou isolar a criança ou o adolescente de seu convívio social. Ocorre um abalo na autoestima, privando crianças e adolescentes de afeto, atenção, cuidados, bem-estar, segurança e conforto.
SEXUAL
Quando ocorre um ato ou jogo sexual, relações hetero ou homossexuais, entre um adulto e uma criança ou adolescente, tendo por finalidade estimular sexualmente ou obter estimulação sexual sobre sua pessoa ou de outrem.
NEGLIGÊNCIA
Quando ocorrem omissão, ausência, recusa de cuidados necessários e crianças e adolescentes e esta situação não é resultado de ausência de condições para realiza-los.
É importante chamar atenção para o fato de que a violência física contra crianças e adolescentes é a que é mais descrita nas publicações científicas, inclusive com descrições das diferentes repercussões. No entanto, todas as formas de violência expressam, em algum grau, situações de desconforto, estresse, constrangimento, sofrimento e tensão.
De acordo com os artigos 13 e 56, I do Estatuto da Criança e do Adolescente (1990)16, constata-se que o Conselho Tutelar é mencionado explicitamente como destinatário da denúncia de maus-tratos, sendo esta obrigatória.
No entanto, além do Conselho Tutelar, para recebimento da denúncia de suspeita ou confirmação de maus-tratos, temos, também, as autoridades competentes: o Poder Judiciário, o Ministério Públicoe a Polícia Civil ou Militar. Segundo Elias (1994, p.215),
(16 Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais.
§ 1o  As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude.
§ 2o  Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entrada, os serviços de assistência social em seu componente especializado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formulando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede e, se necessário, acompanhamento domiciliar.
(...)
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de:
I - maus-tratos envolvendo seus alunos)
Desse modo, cada órgão competente para recebimento da denúncia de maus-tratos deve realizar sua atuação:
JUIZ DA INFÂNCIA E JUVENTUDE
Analisa as situações de risco e aplica as medidas protetivas.
JUIZ CRIMINAL (JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL - JECRIM E JUÍZO COMUM)
Julga as infrações penais.
MINISTÉRIO PÚBLICO
Fiscaliza o Conselho Tutelar e tem legitimidade para tomar medidas judiciais com relação à suspensão ou destituição do poder familiar e para aplicação de medidas protetivas à vítima e sua família.
AUTORIDADE POLICIAL
Investiga a conduta de maus-tratos, caso estes tenham resultado em infração à norma penal, preparando elementos para que o Ministério Público possa interpor a ação correspondente.
CONSELHO TUTELAR
Aplica medidas de proteção à criança e ao adolescente vítima (art. 136, I e art. 101 do ECA) bem como medidas aos pais (art. 136, II e o art. 129 do ECA); também comunica ao Ministério Público o fato que constitua infração administrativa ou penal contra criança ou adolescente (art. 136, IV do ECA).
Além disso, o Ministério Público é incumbido de propor a ação penal pública incondicionada17 e a condicionada18, a representação nos casos em que a legislação permite, para punição do agressor. Isto é, defende os direitos fundamentais da criança e do adolescente previstos no art. 201, VIII do ECA (1990).
Entretanto, vale ressaltar que o destinatário primeiro da denúncia é o Conselho Tutelar do Município onde reside a vítima. Assim, mesmo que esta venha a receber atendimento em outra cidade, a denúncia deve ser realizada na cidade de origem, onde ocorreram os maus-tratos.
(17 É a iniciada mediante denúncia do Ministério Público nas infrações penais que interferem diretamente no interesse público. É a regra no processo penal. Portanto, independe de representação ou requisição. Disponível em: <http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/982/Acao-Penal-Publica> Acesso em 14 abr. 2017.)
(18 É a intentada mediante denúncia do Ministério Público nas infrações penais que interferem diretamente no interesse público, mas, por esbarrar na esfera privada do ofendido, dependerá de representação deste, ou, se o ofendido for o Presidente da República, como por exemplo, de requisição do Ministro da Justiça. Com isso, a representação e a requisição constituem condições de procedibilidade da ação penal. Disponível em <http://www.direitonet.com.br/dicionario/exibir/982/Acao-Penal-Publica> Acesso em 14 abr. 2017.)
O artigo 70 do ECA direciona-se no mesmo sentido:
“É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação de direitos da criança e do adolescente”.
Apesar dessa determinação geral, o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) aponta alguns responsáveis específicos pela notificação dos maus-tratos, que são listados devido a atuação perante a sociedade e o dever profissional de assegurar o tratamento digno a criança e ao adolescente.
Desse modo, o artigo 56, inciso I, aponta aos dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental o dever de informar ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos.
O artigo 245 do ECA aponta o médico, o professor e o responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche como responsáveis pela denúncia.
No entanto, denunciar é exercício de cidadania, sendo colocado para todos este dever, que decorre da proteção integral, fundamento que embasa todo o ECA (1990).
Em abril de 2017, tivemos a sanção da Lei 13.431, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Apresenta como uma de suas inovações, a escuta especializada e o depoimento especial, de forma a garantir às crianças e adolescentes, uma certa proteção física e emocional no momento de seu depoimento.
Conheça o fragmento da lei que diz respeito a estes aspectos.
VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES
A violência contra a mulher é um problema social e de saúde pública, fenômeno mundial que não respeita fronteiras de classe social, etnia, religião, idade ou grau de escolaridade.
O seu local de preferência continua sendo, segundo Amaral e colaboradores (2001), citados por Werlang; Sá e Borges (2009), o âmbito familiar. Ditados populares como “em briga de marido e mulher não se mete a colher” e “ele pode não saber por que bate, mas ela sabe porquê apanha”, são exemplos de conivência da sociedade com a violência dentro do lar.
A violência contra a mulher desestrutura a família e deixa feridas irreparáveis em todos. Poucas pessoas sabem que a violência doméstica vai muito além da agressão física ou do estupro. Observe, no infográfico abaixo, a opinião do brasileiro sobre a violência contra as mulheres:
Embora os termos violência doméstica e violência familiar soem como sinônimo, eles têm suas próprias características bem definidas.
Observando o que descreve a Lei Maria da Penha19 ou Lei 11.340 (2006), em seus artigos 5º e 7º20, que se refere às duas formas de violência, ficam bem evidentes as diferenças entre elas.
(19 A farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes é o marco recente mais importante da história das lutas feministas brasileiras. Em 1983, enquanto dormia, recebeu um tiro do então marido, Marco Antônio Heredia Viveiros, que a deixou paraplégica. Depois de se recuperar, foi mantida em cárcere privado, sofreu outras agressões e nova tentativa de assassinato, também pelo marido, por eletrocução. Procurou a Justiça e conseguiu deixar a casa, com as três filhas. Depois de um longo processo de luta, em 2006, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou a Lei nº 11.340, conhecida por Lei Maria da Penha, que coíbe a violência doméstica contra mulheres. Disponível em <http://www.compromissoeatitude.org.br/quem-e-maria-da-penha-maia-fernandes/> Acesso em 14 abr. 2017.)
(20 Art. 5º Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial:
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação sexual.
(...)
Art. 7º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras:
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ousaúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.)
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Para que se configure o que se chama de violência doméstica, é suficiente a ocorrência de qualquer agressão no domicílio da vítima, com ou sem a existência de vínculos entre as partes.
VIOLÊNCIA FAMILIAR
Ao seu termo, a violência familiar consiste no ato de qualquer forma de agressão em que as partes tenham algum vínculo familiar como cônjuges, genitores, filhos, sobrinhos, tio etc. A Lei Maria da Penha classifica os tipos de abuso contra a mulher nas seguintes categorias: violência patrimonial, violência sexual, violência física, violência moral e violência psicológica.
CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
As consequências da violência doméstica são significativas e podem permanecer durante muito tempo.
Além das marcas físicas, a violência doméstica costuma causar vários danos emocionais, como:
· Influências na vida sexual;
· Baixa autoestima;
· Dificuldade em estabelecer relacionamentos.
Os SINTOMAS PSICOLÓGICOS que com frequência são encontrados em vítimas de violência doméstica são:
· Insônia;
· Pesadelos;
· Falta de concentração;
· Irritabilidade;
· Falta de apetite;
· Depressão;
· Ansiedade;
· Síndrome do pânico;
· Estresse pós-traumático;
· Uso de álcool e drogas;
· Tentativas de suicídio.
(KASHANI; ALLAN, 1998).
A Lei Maria da Penha (2006) estabelece no Título V - Da equipe de atendimento multidisciplinar, a criação da equipe multidisciplinar que no artigo 30 propõe:
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às crianças e aos adolescentes.
ATENDIMENTO
A Rede de Atendimento reúne ações e serviços das áreas da Assistência Social, Justiça, Segurança Pública e Saúde, integrando a Rede de Enfrentamento, ao contemplar o eixo de assistência previsto na Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres.
A multidisciplinaridade no atendimento é fundamental para que haja mais eficiência e para que todas as necessidades das vítimas sejam atendidas e elas possam se sentir seguras não só para denunciar o agressor mas, também, para procurar ajuda para si e para todos os envolvidos.
Nesse corpo multidisciplinar tem fundamental importância a atuação do(a) psicólogo(a). Seu papel é fundamental no auxílio a mulheres vítimas de violência doméstica, pois ele é capaz de não só realizar um trabalho de acolhimento, mas também contribuir para a compreensão da construção do sujeito e abordar sua relação com a sociedade. 
Buscando a identificação e encaminhamento adequados das mulheres em situação de violência e a integralidade e humanização da assistência, a Rede de Atendimento é composta por:
Esses são apenas alguns dos serviços e instituições que compõem a Rede de Atendimento, que inclui também: Juizados da Violência Doméstica e Familiar; Promotorias Especializadas/Núcleos de Gênero do Ministério Público; Serviços de Abrigamento e outros.
O enfrentamento às múltiplas formas de violência contra as mulheres é uma importante demanda no que diz respeito a condições mais dignas e justas para as mulheres.
A mulher tem o direito de não sofrer agressões no espaço público ou no privado, de ser respeitada em suas especificidades e de ter garantia de acesso aos serviços da Rede de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher quando passar por situação em que sofreu algum tipo de agressão, seja ela física, moral, psicológica ou verbal.		
É dever do Estado e uma necessidade da sociedade enfrentar todas as formas de violência contra as mulheres. Proibir, punir e erradicar todas as formas de violência devem ser preceitos fundamentais de um país que luta por uma sociedade justa e igualitária entre mulheres e homens.
VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO
A população de idosos vem crescendo cada vez mais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 2030, o Brasil atingirá o número de 259,8 milhões de brasileiros com expectativa de vida de 81,3 anos (GARCIA; CRUZ,2009).
Junto com o envelhecimento cresce a violência contra o idoso. Esse tipo de violência passou a ser considerado um problema mundial, atingindo qualquer população, independentemente de fatores sociais, econômicos e culturais. É entendida como uma violação de direitos, uma questão não apenas social, mas de Saúde Pública, pelas consequências que acarreta nessa área.
A violência é um fator de risco para a saúde e vida dos idosos, a partir do momento em que ele passa a ser, também, uma vítima do processo de globalização da violência.
A existência de atos violentos, de negligência e maus-tratos contra os idosos só começou a despertar o interesse nos últimos anos do século XX. Segundo Minayo (2006), nos anos de 1993 e 1994, a Organização Mundial de Saúde, incorporou a violência como um dos principais problemas das Políticas Públicas da América Latina no século XXI.
No entanto, no Brasil, foi a partir da criação do Estatuto do Idoso (Lei 10.741 de 1 de outubro de 2003), por meio da Constituição Federal (1988) e da Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/1994), que essa população passou a receber proteção jurídica plena.
Os abusos mais frequentes contra idosos, segundo Garcia; Cruz (2009) são:
· Abuso físico 
· Negligência 
· Sonegação de alimentos 
· Falta de cuidado com o idoso 
· Isolamento 
· Confinamento 
· Falta de atenção 
· Intimidação 
· Abuso verbal ou psicológico 
· Abuso financeiro
AULA 6 - PSICOLOGIA E DIREITO CIVIL
DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO CONJUGAL
Os casais que chegam com litígios nas Varas de Família são vistos como casais parentais, que devem resolver seus conflitos sem prejudicar o interesse dos filhos.
De certa forma, isso é impossível porque estão sob forte pressão emocional e são relegados a segundo plano, enquanto ex-casal. Os sentimentos não elaborados são intensificados através das disputas judiciais.
Quando existem crianças envolvidas no litígio é importante perguntar qual o lugar que a criança ocupa na disputa.
Até que ponto é ela, realmente, o foco do processo?
A comunicação familiar fica prejudicada. Cada membro desenvolve um tipo de contato com o outro que não favorece o entendimento. A comunicação não verbal, ao lado da verbal, torna-se um importante elemento a ser observado sobre a estrutura psíquica do grupo familiar. E quem poderia

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