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Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 Patologia placentaria: - Doenças da placenta: falha na implantação do embrião no útero. Placenta: - Centro funcional da unidade mãe e feto, sendo responsável por diversas funções entre esses dois seres: ✓ Circulatória. ✓ Endócrina (progesterona, estrógeno, relaxina, lactogênio…). ✓ Trocas gasosas. ✓Metabólicas. ✓ Catabólicas e absortiva. ✓ Hematopoiética/ imunológica. - Órgão com formato discoidal, se desenvolve durante a gravidez e no revestimento do útero. ‣ 500g. ‣ 13 - 20 cm. ‣ Variação morfológica ao decorrer da gestação. ❖ Formação da placenta (embriogênese): • Formada após a migração do blastocisto da tuba para a cavidade uterina. Ele é implantado na parede do endométrio e é formado por dois tipos de células: - Embrioblasto (roxinho): dão origem ao embrião. - Trofoblastos (amarelo): dão origem à placenta. • Prolifera, adentra e se adere na parede do endométrio. • Ele cresce, adquire aparência enrugada com diversas vilosidades, até o miométrio. Portanto, o normal, é que o trofoblasto se prolifere e essa proliferação seja barrada pelo miométrio (não ultrapasse). ❖ Estrutura placentária: • Face fetal: córion viloso. - Voltada para o feto, e é vilosa. Penetra as velocidades no endométrio. Onde há o cordão umbilical. - Córion liso (saco coriônico), não faz parte da placenta. • Face materna: camada decídua. - Voltada para a parede do endométrio. Barra as vilosidades para não penetrarem no miométrio. Catarina Alipio XXIIB Página 1 Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 ❖ Histologicamente: • Decídua basal: composta por células globosas. • Córion viloso ou vilosidades coriônica: formada por projeções, que em corte, se apresentam transversais. - Tipos de células dos vilos coriônicos: ‣ Nó-sincicial: aglomerado de células denso, aderido aos vilos (são como células que sofrem diferenciação posteriormente), ou seja, precursoras). ‣ Citotrofoblasto (internos): proliferam e diferenciam em sinciciotrofoblasto (externos) de aparência mais pavimentos ou cúbica. ‣ Espaço interviloso: entre os aglomerados. Comum encontrar hemácias. ‣ Vasos sanguíneos: no interior das vilosidades (pode gerar hipertensão gestacional). Promove a vascularização do feto. Anomalias de inserção placentária: - Normal: blastocisto implantar-se no segmento superior do útero. • Anomalias de implantação: - Acarretam em interrupção da gravidez e morte fetal: nos casos de gravidez ectópica (gravidez fora da cavidade uterina). - Acarretam em hemorragia: nos casos de placenta prévia ou placenta acreta. Ocorrem quando o blastocisto se insere em um segmento inferior do útero. I. Placenta prévia: • Placenta de implantação baixa, sobre o óstio interno do canal cervical (em localização látero-inferior), ou seja, em direção ao colo do útero. • Principal causa de hemorragia no 3º trimestre de gestação. - Ocorre em 0,5 a 1% das gestações. • 3 variantes: de acordo com a localização em relação ao óstio. ‣ Central ou total: placenta recobre inteiramente o óstio interno. ‣ Lateral ou marginal: placenta próxima ao óstio, sem ocluí-lo. ‣ Parcial: placenta ocluir parte do óstio interno. • Fatores de ricos: ✓Multiparidade. ✓ Idade materna avançada. ✓ Abortos prévios. ✓ Gravidez múltipla. Catarina Alipio XXIIB Página 2 Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 II. Placenta acreta: • Ausência de parte ou de toda decídua basal (parte materna da placenta). - Decídua basal: face materna. - Vilosidades coriônicas estão aderidas diretamente ao miométrio, impedindo a separação e a eliminação da placenta após a expulsão do feto. • Vilosidades atingem o miométrio. • Divididas em 3 tipos: 1. Acreta: vilosidades invadem superficialmente o miométrio. Mais discreta. 2. Increta: vilosidades penetram mais profundamente o miométrio. 3. Percreta: vilosidades atravessam toda a parede do útero. Correção cirúrgica (histerectomia). • Consequências: - Processos hemorrágicos importantes após o parto. - Retenção da placenta inteira (remoção manual ou histerectomia). - Pequena porção retida: dão origem à pólipo placentário. • Hemorragia puerperal tardio. • Fatores de risco: ✓ Cesariana e curetagem uterina prévias. ✓ Cicatrizes uterinas. ✓ Leiomioma. ✓Multiparidade. Infecções intra-uterinas: - Desenvolvimento de acordo com o MO causador. - Causa: diversos tipos de MO. • Bactérias: causam a maioria das infecções intra-uterinas. - E. Coli, Prometeus mirabilis, Liesteria monocytogenes, Fusobacterium sp, Costridium sp, Mycoplasma sp, Gardneralla vaginalis, Clamydia sp, Campilobacter, Treponema pallidum, Mycobacterium tuberculosis. • Fungos: Candida abicans. • Parasitas: Toxoplasma gondii. • Vírus: Citomegalovírus e Herpes simples. - Vias de disseminação: • Vias comuns: - Canal endocervical (via ascendente). • Via sexual. • É a mais comum. • Infecção pelo canal de parto (endocervical). • Bacteriana, principalmente. • Inflamação das membranas (cório, âmnio e vilos). Pode levar à ruptura prematura das membranas, fazendo com que o MO afete o feto também. Catarina Alipio XXIIB Página 3 Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 - Líquido amniótico pode apresentar exsudato purulento. - Via hematogênica. • Vias incomuns: - Complicação de procedimentos. • Amniocentese. • Biópsia de vilosidades. • Coleta percutânea de sangue do cordão. - Histologicamente: • Infiltrado inflamatório polimorfonuclear (geralmente, = aguda). Mas pode ser crônico, dependendo do MO. • Edema. • Congestão vascular (nos vilos), devido à resposta inflamatória. • Presença de células mortas. Toxemia da gravidez: - Doença materna que afeta a placenta, durante a gestação. - Toxemia: conjunto de sintomas caracterizados por… • Pré-eclâmpsia: - Hipertensão. - Protenúria. - Edema. • Eclâmpsia: - Quando a mulher passa a apresentar convulsões. - Pré-eclâmpsia: • 6% das mulheres grávidas. • Principais complicações no último trimestre (32ª semana). Catarina Alipio XXIIB Página 4 Região do âmnio com exsudato inflamatório intensa Vilosite: congestão vascular, edema e infiltrado inflamatório crônico disperso. Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 • Afeta mais primíparas. • Fatores de risco: ✓Mola hidatiformes. ✓ Doença renal pré existente. ✓ Hipertensão. ✓ Histórico familiar. • Clínica: ‣ Início insidioso. ‣ Hipertensão. ‣ Edema local que evolui para sistêmico. ‣ Proteinúria. ‣ Dor de cabeça, por alterações pressóricas. ‣ Distúrbios visuais. • Causas: desconhecida. - Falha na invasão trofoblástica e no desenvolvimento dos vasos placentários, levando à isquemia. • Isquemia vascular placentária, por uma implantado falha do blastocisto, que repercute sistemicamente no organismo materno. - Há fatores imunológicos e genéticos envolvidos. • Patogênese: - Ocorre uma causa (desconhecida), com uma placentação alterada (falha trofoblástica), com alteração dos vilos (que possuem vasos), que repercute em falhas no desenvolvimento dos vasos sanguíneos, o que acarreta em baixa perfusão uteroplacentária. Essa diminuição da perfusão leva à dois fenômenos que ocorrem juntamente: • Aumento de estresse oxidativo com o aumento de substâncias vasoconstritoras (tromboxano, angiotensina e endotelina). • Liberação de substâncias inibidoras da vasodilatadora (prostaglandinas e óxido nítrico), acentuando o processo vasoconstritor. - Consequências: coagulação intravascular disseminada (CID) que acomete vários órgãos, hipertensão e lesão em vários órgãos (lesão sistêmica na mulher). • CID é sistêmica: ✤ Afeta em 1º lugar os rins —> proteinúria - 300 mg/24hrs. ✤ Cérebro e hipófise —> convulsões e coma, focos de hemorragia. ✤ Fígado —> função hepática anormal. ✤ Coração —> focos de hemorragias no tecido cardíaco (agravaa hipertensão). Catarina Alipio XXIIB Página 5 Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 • Morfologia: - Lesões decorrentes da isquemia e lesão vascular. - Infarto placentário. - Hematomas retroplacentários. - Isquemia das vilosidades. • Nós-sinciciais proeminentes, significa que há células se diferenciando e produzindo substâncias importantes no tecido, com função endócrina. • Espessamento da camada basal dos trofoblastos. • Hipovascularização nas vilosidades. • Necrose fibrinóide (no interior dos vasos, vilos e espaços intervilosos). - Regiões mais claras, acelularizadas. • Aterose aguda nos vasos uterinos. Doença trofoblástica gestacional: - Tumores ou condições semelhantes à tumores, relacionados à gravidez, que podem apresentar um potencial de malignização. • Tumores com proliferação trofoblástica. - Formação de tumefações císticas das vilosidades coriônicas. - Aparência de “uvas”. I. Mola hidatiforme: ‣ Lesão benigna. ‣ Mulheres asiáticas. ‣ Mais comum em mulheres na 1ª gestação antes dos 20 anos e após os 40 anos. ‣ histórico familiar de mola hidatiforme tem risco elevado. ‣ Não é uma doença comum. ‣ Tumefação cística das vilosidades coriônicas. - Por conta de proliferação trofoblástica dos vilos. ‣ Se inicia por volta do 4º/5º mês de gestação. • Quadro: ✓ Sangramento vaginal. ✓ Aumento do volume uterino. ✓ Níveis de beta-HCG elevado (> 100.000 UI/ml). A. Mola hidatiforme completa: ocorre por erro de fertilização. Ovo que perdeu seus cromossomos é fecundado por 1 ou 2 espermatozóides haplóides. Catarina Alipio XXIIB Página 6 Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 • Ovo apenas com cromossomos paternos. Portanto, não desenvolve as estruturas embrionárias. • Cariótipo diplóide (46-XX/ 46-XY). - Embrião regride precocemente e não há desenvolvimento embrionário. ❖ Morfologia: • Edema do estroma: formação de vesículas. - Todas vilosidades edemaciadas. • Desaparecimento de vasos sanguíneos (por compressão e leva à necrose fibrinóide). • Proliferação trofoblástica (hiperplasia do sincício e do citrotrofoblasto). - Aumento de volume uterino. ❖ Histologia: • Necrose nas vilosidades. • Acúmulo de líquidos. • Desaparecimento de vasos sanguíneos. ❖ Evolução: • Tumefação vilosa difusa, acometendo toda região placentária. • Cavitação central. ❖ Complicação: • Impede formação do embrião (pois não há informação genética da mãe - ovo vazio). - Aborto. • Pode evoluir para mola invasiva (10%). • Pode evoluir para coriocarcinoma (2,5%). B. Mola hidatiforme parcial: - Cariótipo triplóide (69-XXY). • Fertilização de um ovo por 1 ou 2 espermatozóides. • Embrião permanece viável durante algumas semanas. - Membros finos e sindactilia entre o 3º e 4º quirodáctilos. - Algumas vilosidades estão edemaciadas. • Formação de vesículas não tão evidentes. - Proliferação trofoblástica discreta. II. Mola invasiva: ‣ Lesão maligna: proliferação dos trofoblastos penetrando na parede uterina (por mola completa ou parcial). ‣ Invasão do miométrio pelas vilosidades. Catarina Alipio XXIIB Página 7 Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 ‣ Pode perfurar. ‣ Tumor localmente destrutivo. ‣ Pode invadir vasos sanguíneos, originando êmbolos para pulmão e cérebro. • Clínica: - Sangramento vaginal. - Aumento irregular uterino. - Aumento dos níveis de gonadotrofinas coriônicas. • Quimioterapia: - Regride o tumor. - Pode provocar ruptura uterina. Coriocarcnoma: - Neoplasia maligna das células trofoblásticas, precedida ou não por lesões de mola. - Útero e locais extra-uterinos (gravidez ectópica). - Tumor altamente invasivo e metastático. • Pulmão (50%). • Vagina (30-40%). • Cérebro, fígado, rins, MO e osso. - É precedida por: ✓Molas hidatiformes completas (50%). ✓ Abortamentos prévios (25%). ✓ Gravidez normal (22%). ✓ Gravidez ectópica. ✓ Teratomas. ❖ Morfologia: • Massa volumosa e grande. - Proliferação de sincício e citotrofoblastos atípicos. • Tumor sólido e friável. • Amarelo-esbranquiçado. • Áreas de necrose isquêmica e hemorrágica. ❖ Características: ✓ Sem vilosidades coriônicas. ✓ Proliferação anormal de trofoblastos. ✓ Invade miométrio subjacente. ✓ Invade vasos sanguíneos e linfáticos. ✓ Pode invadir serosa uterina e estruturas adjacentes. ✓ Pode haver anaplasia e mitose atípicas. Catarina Alipio XXIIB Página 8 Alteração anaplásica, mitoses atípicas, hipercromatismo, alteração dos vilos, foco de hemorragia Patologia 21/10 Professora Carolina - ATD3 ❖ Clínica: • Mulheres em idade reprodutiva. - Asiáticas. • Sangramento vaginal. - Decorrente de necrose do tecido. - Coloração marrom e odor fétido. - Beta-HCG muito elevado. - Alguns tumores podem produzir pouco hormônio devido à necrose. ❖ Tratamento: • Cirurgia + quimioterapia: 100% de cura ou remissão. Catarina Alipio XXIIB Página 9