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Mariana Marques – T29 INTRODUÇÃO • Os enxertos de pele são uma antiga técnica de reconstrução cirúrgica que consiste em realizar transplantes cutâneos retirados de uma área corpórea doadora sem pedículos vasculares e implantados em uma área receptora que depende do desenvolvimento de um novo suprimento vascular e inerente de mecanismos biológicos e celulares para se estabelecer. • Essa técnica é amplamente usada em casos de grandes feridas cutâneas, fraturas expostas com grandes perdas teciduais, remoções cirúrgicas de tecidos cancerosos dermatológicos e queimaduras, quando não é possível fechar a ferida através da aproximação das bordas. • Com o avanço do conhecimento anatômico e o aperfeiçoamento das técnicas cirúrgicas plásticas e dermatológicas, o uso dos enxertos de pele tem sido diminuído com o decorrer dos anos, substituindo-os pelos retalhos cutâneos, que, se diferem dos enxertos por possuírem suprimento vascular próprio devido à manutenção do contato entre o retalho e o local doador de origem por meio de um pedículo. RELEMBRANDO A ANATOMIA DA PELE • A pele é um órgão integrante do sistema tegumentar que corresponde a cerca de 8% do peso corporal total, sendo o maior órgão do corpo humano e o mais pesado. • É responsável pela proteção do corpo contra agentes patogênicos, a elevação ou queda de temperaturas ou ao excesso de perda hídrica. A composição da pele é realizada por duas camadas distintas, a derme e a epiderme. • Epiderme: ▪ É a camada mais externa da pele, formada por tecido epitelial estratificado queratinizado, de origem ectodérmica. ▪ Essa camada é composta por um tecido fino, semitransparente e impermeável à água, composto principalmente por queratinócitos que se encontram organizados em quatro camadas de renovação continua (camada basal ou germinativa, camada espinhosa, camada granulosa e camada córnea). ▪ Além disso, a epiderme contém também outras células e dentre elas encontram-se os melanócitos, responsáveis pela síntese pigmento melânico, as células de Langerhans, que são células dendríticas importantes na reação imunológica, as células de Merkel, consideradas mecanorreceptores responsáveis pela transmissão neurossensorial e os nervos sensoriais. ▪ A epiderme é separada da derme pela membrana basal, uma estrutura proteica produzida por queratinócitos basais. • Derme: ▪ É um denso tecido fibroso resistente, localizado abaixo da epiderme, que confere características mecânicas à pele e serve de suporte para extensas redes vasculares e nervosas, e anexos cutâneos que derivam da epiderme. ▪ Essa camada é composta principalmente por colágeno, que confere resistência, elastinas, responsáveis pela elasticidade e glicosaminoglicanas, que constituem a substância amorfa em torno das fibras colágenas e elásticas. ▪ A derme é dividida em papilar (parte mais externa da derme), reticular (parte mais interna da derme) e derme perianexial (localizada entre as dermes papilar e reticular) Enxertos de Pele Mariana Marques – T29 FISIOLOGIA DO ENXERTO DE PELE E MECANISMOS DE INTEGRAÇÃO • Como já discutido anteriormente, os enxertos de pele são compostos por um pedaço de tecido (pele) que é retirado de uma área corpórea doadora para uma área receptora, sem que ocorra preservação da vascularização da área doadora, ou seja, não há pedículo de comunicação entre as áreas. • Dessa forma, a vascularização desse tecido se dá de forma tardia e é essencial para a sobrevivência do enxerto. • Durante a enxertia e o período de restabelecimento da vascularização, existem três fases de integração, descritas como: Embebição Plasmática: ▪ É o primeiro estágio de integração, caracterizado por possuir um breve período de isquemia, no qual, a nutrição do enxerto de pele é realizada por difusão passiva através do plasma entre o enxerto e o leito vascular da ferida, esse período costuma durar entre 24- 48 horas. ▪ Além disso, durante esse tempo, a fibrina se associa ao leito do enxerto, o qual pode ganhar cerca de 40% do peso inicial, tornando-se edematoso, essa intumescência é decorrente do acúmulo de líquido intersticial, que se resolve com a revascularização. ▪ Ao final desse período, a fibrina é substituída por tecido de granulação, responsável por gerar uma fixação mais intensa entre enxerto e leito receptor. Revascularização: ▪ É o segundo estágio de integração e é a etapa mais importante desse processo, consiste na ligação dos vasos da derme do enxerto aos vasos presentes no tecido receptor, essa etapa ocorre entre o final da fase de embebição plasmática e 72 horas após a enxertia e pode durar entre 7 e 10 dias. ▪ O processo de vascularização do enxerto acontece em fases, sendo elas: a anastomose, processo de reconexão entre os vasos do tecido doador e o tecido receptor, a neovascularização, que corresponde ao crescimento de novos vasos no enxerto a partir da área receptora e o crescimento celular endotelial que como o próprio nome diz, é caracterizado pela proliferação celular endotelial através da lâmina basal vascular. ▪ Ademais, concomitantemente com a revascularização ocorre o reestabelecimento da circulação linfática, fazendo com que o enxerto perca o edema adquirido na etapa anterior. Maturação: ▪ É o terceiro e último estágio de integração, tem início após a revascularização completa do enxerto na área receptora e é a fase mais longa de todo o processo, podendo levar mais de um ano até completar a maturação completa. ▪ Nessa fase há regressão e desaparecimento de vasos sanguíneos imaturos, importantes nas fases iniciais da revascularização, ocorre reativação de fibroblastos no tecido lesado, os quais desenvolvem fibras alfa-actina de músculo que exercem forças contráteis sobre a matriz extracelular e deposição de colágeno garantindo resistência insultos mecânicos à matriz extracelular. ▪ Nessa etapa, também acontece a reinervação, processo lento que se inicia próximo ao segundo mês pós enxertia e se estende por muitos meses, podendo levar até anos, sendo que a sensibilidade nesses locais pode nunca mais ser plenamente restabelecida. CLASSIFICAÇÃO DOS ENXERTOS DE PELE • Os enxertos podem ser classificados de acordo com três categorias distintas: Classificação dos enxertos quanto à origem: • Autoenxerto: consiste no enxerto que é removido uma área doadora saudável do paciente para realocação na área receptora, do mesmo paciente. • Aloenxerto: consiste no recebimento de enxerto proveniente de outro indivíduo doador. • Isoenxerto: consiste no recebimento de um enxerto de outro indivíduo doador que possui, necessariamente, material genético idêntico (gêmeos univitelinos). • Xenoenxerto: consiste no enxerto recebido de um indivíduo de outra espécie, sendo geralmente usada a de porcos, também podendo ser utilizada a pele de tilápia. Classificação dos enxertos quanto a espessura: • Enxertos de pele de espessura total (EPET): quando a derme e a epiderme estão presentes de maneira íntegra na área doada, preservando-se anexos como glândulas sudoríparas e sebáceas e alguns folículos pilosos, esses enxertos deixam um resultado estético e funcional melhor, porém, apresentam baixa disponibilidade de áreas doadoras e por esse motivo, são utilizados para pequenas lesões, com maior incidência em mãos e face. Mariana Marques – T29 • Enxertos de pele de espessura parcial (EPEP): quando há apenas a parte da derme na área doada, é o mais utilizado, principalmente em grandes lesões, quando a ferida não pode ser fechada pela aproximação das bordas. Os enxertos de pele de espessura parcial podem ser classificados em três classes, sendo elas: - Enxerto de pele parcial fino: 0,2 a 0,3 mm – utilizado principalmente em grandes queimados;- Enxerto de pele parcial médio: 0,3 a 0,45 mm – resultados intermediários; - Enxerto de pele parcial grosso: 0,45 a 0,75 mm – melhor resultado estético entre os EPEP. • Enxerto de pele composto: nesse caso, além da derme íntegra, tem-se também o acréscimo de um componente cartilaginoso ou gorduroso, utilizados em condições específicas, quando se faz necessário uma reconstrução tridimensional. Classificação dos enxertos quanto ao formato: • Lâminas: quando um fragmento de pele da área doadora, de formato original, é colocado na área receptora, apresentam melhores resultados estéticos e funcionais quando comparados aos enxertos em malha. • Malhas: quando o enxerto é processado em um expansor de tecido, aumentando a superfície. É utilizados principalmente em grandes queimados com escassez de áreas doadoras, porém, resulta num pior resultado estético. • Selos: quando se utiliza pequenos fragmentos do enxerto, espalhados como selos. Raramente utilizados atualmente. ASPECTOS TÉCNICOS DOS ENXERTOS Enxerto de Pele de Espessura Parcial – EPEP: • Os enxertos de espessura parcial são aqueles que possuem uma quantidade variável de derme, sendo caracterizado pela ausência de glândulas anexas e pelos. • Esse tipo de enxerto, geralmente é utilizado em grandes lesões (cerca de 5 cm) e é vantajoso pois os enxertos de espessura parcial uma possuem maior probabilidade de sobrevivência em circunstâncias abaixo das ideais, isso porque o suporte nutricional para tecidos finos é menor. • Como a derme é responsável pela propriedade viscoelástica da pele, a espessura adequada é de extrema importância para a estabilidade da futura pele, ou seja, áreas do corpo com maior mobilidade e tração mecânica, tais como articulações, plantas dos pés e palmas das mãos são enxertadas com camadas dérmicas mais espessas. • Quanto à escolha da área doadora, os enxertos de espessura parcial possuem uma maior disponibilidade de locais de extração, quando comparados aos enxertos de espessura total, comumente, são retirados do tronco e das laterais ou anteriores das coxas, mas, também podem ser coletados de glúteos e braços, evitando apenas coleta em face e mãos. • É importante ressaltar que as áreas escolhidas devem possuir tecido sadio disponível. • Para realizar a coleta do enxerto é necessária a realização de uma preparação da área doadora, objetivando reduzir o sangramento durante a coleta. • Essa preparação é feita com a infiltração de um subcutâneo, como a epinefrina diluída em solução salina, para posteriormente iniciar a remoção que pode ser realizada com a utilização de duas técnicas principais diferentes. • Para pequenas áreas, pode-se utilizar uma lâmina cirúrgica, essa técnica é realizada de maneira rápida, mas, requer uma elevada habilidade do cirurgião para que o enxerto retirado seja de espessura uniforme. Para áreas maiores, utiliza-se dermátomos elétricos, pois, esse instrumento possui escalas reguláveis para adaptar a espessura correta do enxerto, sendo, portanto, mais preciso. • A coleta do enxerto com o dermátomo elétrico se inicia com o posicionamento de um adesivo sobre a pele e um movimento oscilatório do operador, retirando-se a área desejada. Porém, quando não se dispõe de um dermátomo elétrico, como alternativa, os enxertos podem ser cuidadosamente coletados com uma faca manual. Mariana Marques – T29 • Em seguida, o enxerto deve ser estendido sobre o molde de malha, onde é perfurado por múltiplas fendas, possibilitando-o de expandir em até seis vezes seu tamanho original e evitando o acúmulo de líquidos intersticiais. • Após a remoção, o enxerto é transferido para uma placa de Petri estéril, contendo solução salina, ou diretamente para o local receptor. • Durante esse período, a área doadora deve ser coberta com gaze infiltrada com lidocaína e epinefrina a 1%, objetivando a homeostasia da área doadora. • A seguir, o enxerto deve ser aparado e posicionado sobre a lesão, onde é suturado com sutura contínua ou não ou com a aplicação de grampos, sendo necessária a remoção posterior. Enxerto de Pele de Espessura Total – EPET: • Os enxertos de espessura total são aqueles constituídos por uma derme e epiderme íntegras, podendo ser compostos apenas por pele ou por mais de um tecido, como gordura ou cartilagem (EPET compostos). • Esse tipo de enxerto, geralmente, apresenta um melhor resultado estético, quando comparado aos enxertos de espessura parcial, isso ocorre pois além de preencher melhor a lesão e possuir menor contratura no pós- operatório, ainda mantém as funções homeostáticas da pele mais adequadas, prejudica de forma menos agressiva o crescimento de pelos e a produção de pigmentos. • Uma das fases mais importantes da enxertia é a escolha da área doadora, pois, o resultado cosmético depende da boa compatibilidade com a área receptora, sendo necessário avaliar a cor, a textura, o dano actínico e os anexos (glândulas sebáceas e pelos). • As áreas usadas precisam possuir grande quantidade de pele solta ao redor para possibilitar o fechamento por primeira intenção, ou seja, sem deformar os tecidos ao redor. • No entanto, a disponibilidade de enxertos de pele de espessura total é limitada, afinal, essas características são encontradas em poucas e pequenas áreas corporais, por esse motivo, geralmente esses enxertos são aplicados apenas em áreas esteticamente dominantes como a face ou funcionalmente importantes, como as mãos. • A coleta do enxerto é realizada em três etapas principais. • A coleta se inicia com uma excisão por corte, de forma que não ocorra elevação do tecido subjacente e em seguida deve-se realizar a retirada de gordura, o que pode ser feito de forma simples, espalhando-se o enxerto sobre o dedo indicador e aparando-se o tecido gorduroso, processo importante para evitar necrose da gordura após o transplante do enxerto, facilitando a revascularização. • Por fim, devem ser feitas incisões no enxerto para permitir a saída de líquido do leito da ferida, evitando grandes edemas. • Após a preparação completa do enxerto, ele deve ser transferido para a área receptora e colocado sobre a lesão com a face da derme para baixo. • Normalmente, não são realizadas suturas para ancorar o enxerto pela possibilidade de criação de hematomas devido às lesões vasculares superficiais que podem ser criadas. Mariana Marques – T29 • Assim, após a deposição do enxerto, realiza-se a aproximação das bordas do enxerto com as bordas da pele e realiza-se a sutura com fios absorvíveis e pontos simples apenas das bordas e, como última etapa, é preciso fazer o aparamento do enxerto. VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS TIPOS DE ENXERTOS DE PELE Ambos os tipos possuem vantagens e desvantagens especificas as quais devem ser analisadas e adaptadas às diferentes necessidades, antes da escolha do método, as principais características podem ser encontradas na tabela abaixo: Tipos de Enxertos Vantagens Desvantagens Enxerto de Espessura Total - Cosmética melhor (cor e textura) - Menor contração no pós-operatório - Menor risco de infecção - Possibilidade de retorno da sensibilidade e produção de sebo - Correção de defeitos compostos (mais de um tecido) - Resultado cosmético inferior ao dos retalhos cutâneos - Necessidade de aporte vascular e nutricional muito bom - Limite de tamanho (até 5cm) - Compostos – requer maior habilidade do cirurgião Enxerto de Espessura Parcial - Única opção de reconstrução em defeitos maiores ou com leito mal vascularizado - Mais fácil visualização de recidiva de tumores - Resultado cosmético inferior ao enxerto de espessura total - Não deve ser usado em bordaslivres (grande retração pós- operatória) - Maior risco de infecção CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ÁREAS DOADORA E RECEPTORA • Consiste numa série de fatores para que a recuperação da área lesada seja a melhor possível, garantindo um resultado estético e funcional adequado. • No que diz respeito a área doadora, é importante o cuidado com a escolha do local de remoção do enxerto, obtendo correspondência de pele e buscando evitar danos iatrogênicos; além disso, costuma-se usar regiões frequentemente cobertas por roupas (coxa, tronco e nádegas). Outra consideração importante é o curativo da área doadora, realizado com gaze tópica infiltrada com solução diluída de epinefrina que é responsável por estancar sangramentos e gerar efeito analgésico, ao final da cirurgia, troca-se essa gaze por uma gaze fina em malha, frequentemente impregnada com um produto à base de petróleo, que é fixada no local enxertado e costuma sair sozinho com a conclusão da cicatrização. As áreas doadoras de enxertos de espessura parcial costumam cicatrizar em cerca de 7-21 dias. • Quanto a área receptora, para que a implantação do enxerto seja bem-sucedida, deve-se realizar o preparo adequado da ferida, para que posteriormente a boa revascularização possa ser efetivada, garantindo a sobrevivência do tecido. Ademais, é necessário garantir a funcionabilidade do local enxertado, o qual deve possuir o grau adequado de contração e a presença estruturas anexas que também serão responsáveis pelo bom resultado cosmético. • Sobre a estocagem dos enxertos de pele, é válido ressaltar sobre seus cuidados e armazenamento, sendo assim, devem ser armazenados sobre uma gaze úmida a 4°C por até 2 semanas, no entanto, geralmente são para uso imediato. Melhores escolhas de áreas receptoras para respectivas áreas doadoras Área Doadora Área Receptora Sulco Retroauricular Pálpebras Epicantos Orelha Pré-auricular Dorso Nasal Lateral do Dorso Nasal Asa Nasal Ponta Nasal Supraclavicular ou Cervical Couro Cabeludo Frontal Nasal Virilha ou Coxa Extremidades Mãos Pálpebra Superior Pálpebra Inferior Couro Cabeludo Temporal Sobrancelha Mariana Marques – T29 CUIDADOS PRÉ E PÓS-OPERATÓRIOS • Preparo Pré-Operatório: o bom estado geral e os antecedentes pessoais do paciente são essenciais para que o enxerto seja transplantado com sucesso, diversos fatores podem influenciar no resultado, tais como, uso de drogas e medicamentos, presença de comorbidades (coagulopatias), má nutrição e isquemia tecidual, fazendo-se necessária uma avaliação cautelosa para que sejam evitadas a formação de hematoma, oxigenação insuficiente ou fornecimento inadequado de nutrientes para o enxerto, podendo culminar em necrose. • Cuidados Pós-Operatório: são de extrema importância para preservação de um bom resultado, devendo ser evitado traumas, movimentação, seromas ou hematomas, garantindo assim a fixação adequada do enxerto no leite da ferida. O paciente deve mantel o local enxertado em repouso por cerca de 30 dias, assim como o tabagismo e o etilismo devem ser evitados durante esse período. O local de retirada e de implantação do enxerto devem ser mantidos secos durante uma semana, e, após esse período, o paciente deve retornar para a remoção do curativo e para inspecionar os locais lesados. Após cerca de 2–3 semanas, a terapia tópica e a manutenção dos curativos é opcional para a maioria dos pacientes. E depois de um mês, os pacientes podem tratar o local como uma pele normal. COMPLICAÇÕES A enxertia pode gerar diferentes e complexas complicações, as quais podem ser decorrentes de diversos fatores e serem divididas em curto e longo prazo. Dentre as principais complicações, encontram-se: • Hematomas: sangramento entre a ferida e o enxerto que pode prejudicar o processo de integração entre o tecido enxertado e a área receptora. Para evitar essa complicação, deve-se utilizar as técnicas adequadas de remoção e de enxertia, sendo necessário aguardar o sangramento cessar para posteriormente realizar o curativo, lembrando de sempre fazer incisões no enxerto para permitir evacuação de líquido através de um curativo compressivo ou de sucção. • Seromas: complicação que pode surgir após qualquer cirurgia, sendo caracterizada pelo acúmulo de líquido abaixo da pele enxertada, no entanto, seromas são mais bem tolerados que os hematomas e podem ser evitados através de fenestrações adequadas do enxerto. • Infecções: essa complicação gera acúmulo de pus abaixo do enxerto, merecendo grande atenção uma vez que as infecções podem disseminar-se rapidamente, atingindo outros tecidos saldáveis. Quando se tem uma infecção, espera-se um prognóstico pós-operatório com complicações, podendo culminar em não cicatrização e rejeição do enxerto. • Contração da ferida: essa complicação pode gerar contratura cicatricial, causando restrição mecânica de movimentos, diminuindo a funcionabilidade do tecido e resultando em uma aparência cosmética não satisfatória. • Instabilidade: a principal causa de fracasso dos enxertos de pele são as forças de cisalhamento, que podem romper as frágeis e recentes conexões dos vasos sanguíneos, podendo causar necrose do enxerto. SUBSTITUTOS DE PELE Os substitutos de pele são um grupo de substâncias que permitem o fechamento temporário ou permanente de feridas, existem substitutos de pele epidérmicos, dérmicos, compostos (epidérmica e dérmica) e, geralmente, a classificação baseia-se em seus componentes. Esses produtos podem ser subdivididos em temporários ou permanentes, sintéticos ou biológicos, como o uso de cadáveres humanos em aloenxertos e alogênicos ou autogênicos. Esses substitutos de pele não são capazes de substituir completamente o padrão ouro para enxertia, o enxerto autógeno, mas, são alternativas para situações em que o tratamento primordial se mostra ineficaz ou insuficiente. • Xenoenxerto suíno: são curativos oclusivos biológicos temporários, normalmente são utilizados em casos de cirurgias dermatológicas para cicatrização por segunda intenção e para reparos tardios que promovem a granulação, permanecendo sob a ferida por cerca de 14 dias. • Enxertos dérmicos: são fragmentos de derme sem epiderme que são colocados na base do defeito e utilizados para preenchimento e contorno de feridas de superfícies convexas (nariz e lábios), a granulação costuma ocorrer durante algumas semanas antes que o reparo definitivo seja realizado. • Xenoenxerto de pele de tilápia: consiste em uma nova tecnologia de curativo biológico no qual utiliza-se animais aquáticos como biomaterial na medicina regenerativa, estudos apontam que o substituto biológico apresenta boa adesão ao leito das feridas, evitando contaminação e perda de líquidos, além disso, possui boa resistência à tração e compressão, sendo totalmente eficaz no tratamento de queimaduras.
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