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PRÁTICA PEDAGOGICA II

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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
PRÁTICA PEDAGÓGICA II – 
EDUCAÇÃO FISICA 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 3.445 DO DIA 19/11/2003 
Impressão 
e 
Editoração 
 
31 3667-2062 
 
www.faved.com.br 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO .................................................................................... 3 
1 – EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ................................................... 5 
2 – AS DIRETRIZES PARA O PROCESSO ENSINO- APRENDIZAGEM 
DA EDUCAÇÃO FÍSICA ..................................................................... 8 
2.1 - Concepção integral do Corpo na docência em Educação Física11 
2.2- Linguagem através das práticas corporais ................................. 12 
3 – EDUCAÇÃO FÍSICA: SIGNIFICADOS E ORIENTAÇÕES 
METODOLÓGICAS .......................................................................... 16 
4 – ORIENTAÇÕES E CONCEPÇÕES DIDÁTICAS PARA A 
EDUCAÇÃO FÍSICA ......................................................................... 19 
4.1- O papel do professor .................................................................. 21 
4.2- Educação Física: Controle, gestão e manejo das práticas de ensino
 .......................................................................................................... 24 
4.3 - O planejamento de ensino nas aulas de Educação Física ......... 25 
5 – A AVALIAÇÃO E A EDUCAÇÃO FÍSICA ................................... 27 
5.1- O que avaliar em Educação Física? ........................................... 29 
5.2- Objetivos da avaliação em Educação Física .............................. 30 
5.3- Agentes da avaliação em Educação Física ................................ 30 
5.4- O tempo da avaliação em Educação Física ................................ 30 
5.5- Educação Física: Como avaliar? ................................................ 31 
6 – CONTEÚDOS CURRICULARES DA EDUCAÇÃO FÍSICA ........ 33 
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 38 
REFERÊNCIAS ................................................................................. 40 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Enquanto parte integrante da Educação Básica, a Educação Física está 
comprometida com a construção de uma escola como tempo e espaço de vivência 
sociocultural, aquisição de conhecimentos e desenvolvimento do indivíduo, a partir 
da diversidade das potencialidades humanas, enfatizando a identidade, os 
sentimentos e as múltiplas linguagens. 
O ambiente escolar estabelecido nesse contexto vai além das propostas 
intelectuais e, através da Educação Física, busca estratégias para considerar a 
corporeidade como elemento da formação humana. Nesse sentido, torna-se possível 
depreender que o corpo, enquanto recurso pedagógico principal desse componente 
curricular, poderá e deverá permitir acesso aos bens culturais, ao conhecimento, 
buscando a autonomia em relação ao corpo e ao exercício da cidadania. 
A proposta da matriz de competências e habilidades para a Educação Física 
Escolar, assim estruturada na Educação Básica, está embasada na visão de uma 
Educação ampla capaz de formar cidadãos verdadeiramente reflexivos, críticos e 
participativos. 
Considerando uma educação plena, a docência da Educação Física escolar 
compreende muito mais do que as aulas da disciplina Educação Física. Este 
componente curricular obrigatório propõe em seu programa de ensino todas as 
ações educativas que atentam para a importância da corporeidade no 
desenvolvimento humano e a presença do corpo e do movimento nas mais variadas 
ações pedagógicas do cotidiano escolar, dentro e fora da sala de aula. 
Nessa perspectiva, o professor de Educação Física precisa assumir o lugar 
de protagonista das ações que objetivam incorporar e integrar o corpo e o 
movimento na proposta pedagógica da escola, o que exige diversas qualidades e 
competências profissionais como: capacidade de planejamento, de avaliação, de 
trabalhar em equipes multidisciplinares e também competências de mediação 
comunitária, dentre outras. 
Considerando os currículos das escolas regulares, é importante destacar 
que a Educação Física escolar integra-se à área de Linguagens e trata 
pedagogicamente os conteúdos da Cultura Corporal exteriorizados pela expressão 
corporal dos diferentes grupos sociais. Assim, a linguagem corporal é compreendida 
4 
 
como a capacidade humana de compartilhar sentidos e conceitos manifestados 
através do corpo e dos sentidos a ele atribuídos. Como resultado e produção 
cultural, a linguagem corporal caracteriza determinados grupos sociais e suas 
concepções, representando a herança social que favorece aos sujeitos identificarem 
a si mesmos e aos demais ambientes. 
Os conteúdos previstos nas práticas da Educação Física escolar levam os 
alunos a fazerem, sentirem e pensarem os significados culturais da linguagem 
corporal. Além disso, permitem perceber os valores, conhecimentos e técnicas que 
compõem tais práticas corporais. Contribuem ainda para que os alunos tomem 
consciência sobre seus corpos, a fim de viver a própria corporeidade com 
autonomia. 
Nesse sentido, na estruturação de um programa consistente para a 
Educação Física escolar deve-se perseguir uma matriz de competências e 
habilidades que possibilite uma reflexão profunda sobre o papel acerca de um 
currículo que vá ao encontro das necessidades educativas no âmbito da Cultura 
Corporal para o cidadão atual. 
Assim devem ser formuladas questões que desenvolvam as competências 
gerais a serem trabalhadas na área de Educação Física, seguidas da definição das 
habilidades a serem trabalhadas nos diferentes níveis da Educação Básica, 
enfatizando o conhecimento de corpo e a cultura corporal. 
Assim como base legal para essa proposta, é importante destacar os 
documentos normativos que legitimam a prática atual da Educação Física, como a 
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996 e os Parâmetros 
Curriculares Nacionais do Ensino Fundamental (PCNs, 1997 e 1998) e o Conselho 
Federal de Educação, os quais propõem a organização da Escola em ciclos 
(RESOLUÇÃO Nº 3 CNE/CEB, 2006). Tais documentos oficiais ressaltam que a 
decisão sobre os ciclos de aprendizagem fundamenta-se na visão de 
desenvolvimento humano como processo que não se realiza de maneira linear e 
5 
 
1 – EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR 
 
Ao ser considerada área do conhecimento, a Educação Física deve tratar 
das práticas corporais elaboradas no decorrer dos tempos. Não obstante, não se 
deve relacionar qualquer prática ou movimento, mas daqueles que se apresentam 
sob a forma de esporte, ginástica, jogos, brincadeiras, dança, movimentos 
expressivos, dentre outros. Tais conteúdos, acrescidos de conceitos, sentidos e 
significados são legitimados em documentos oficiais/legais e devem ser 
implementados e problematizados em todos os níveis da Educação Básica. 
Frente a esse contexto, a Educação Física amplia a sua importância nos 
currículos escolares, já que contribui para um desenvolvimento pessoal e social 
harmonioso, considerando a aquisição de hábitos e atitudes saudáveis. Além disso, 
também se compromete com a prática e formação de valores como: a solidariedade, 
a cooperação, a tolerância, a inclusão e o respeito pelo outro. Estes aspectos são 
essenciais à formação dos alunos e devem ser repassados por meio de uma 
Educação Física bem orientada, alicerçada no conhecimento científico, na qualidade 
técnica, na ética, no compromisso social dos docentes e no envolvimento com a 
comunidade escolar. 
No que se refere aos Parâmetros Curriculares Nacionais, o qual constitui um 
documento norteador com as orientações curriculares da Educação Física no Brasil, 
a mesma é considerada uma área de conhecimento que permite ao aluno relacionar 
a sua cultura à cultura do movimento humano. Tal proposta tem o fito de educar 
para a formação de cidadãoscapazes de instrumentalizar e expressar a sua cultura 
através dos jogos, esportes, danças, lutas, ginástica, convergindo em benefício do 
exercício crítico da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. 
Nesse documento oficial do Ministério da Educação, a Educação Física na 
escola deve ser constituída de três blocos relacionados entre si e que com 
possibilidades de serem, ou não, implementados em uma mesma aula. São, pois: 
- jogos, ginásticas, esportes e lutas – propõem atividades como ginástica artística, 
ginástica rítmica, voleibol, handebol, basquetebol, futsal, atletismo, capoeira, judô, 
dentre outros; 
 - atividades rítmicas e expressivas – compreendem atividades que se relacionam à 
expressão corporal, danças, entre outras; 
6 
 
- conhecimentos sobre o corpo – relacionam as reflexões sobre o corpo, indo desde 
a sua estrutura anatômica até às diferentes formas culturais de lidar com esse 
instrumento. 
Outro documento que normatiza a Educação Física nas escolas brasileiras e 
que ao ser regulamentado na década de 1990 muito contribuiu com os avanços 
pedagógicos de área do conhecimento foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (LDBEN, nº 9394/1996), a qual asseverou, em seu artigo 26: “A Educação 
Física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da 
educação básica, ajustando-se às faixas etárias e às necessidades da população 
escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos” (BRASIL, 1996). 
Tal documento normativo teve esse artigo alterado, por meio da Lei nº 
10.328, de 12 de dezembro de 2001, e, em seguida, em 1º de dezembro de 2003, 
pela Lei, passando a ter a seguinte redação: 
 
Art. 3º. A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é 
componente curricular obrigatório da educação básica, sendo sua prática 
facultativa ao aluno: 
- que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis horas; 
- maior de trinta de anos de idade; 
- que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em situação similar, 
estiver obrigado à prática da educação física; 
- amparado pelo Decreto-Lei nº 1.044, de 21 de outubro de 1969; 
- que tenha prole. 
 
Além desses, outro documento oficial que legitimou a Educação Física com 
o mesmo valor ao dos outros componentes curriculares, foram as Diretrizes 
Curriculares Nacionais, outorgadas pelo Conselho Nacional de Educação. Tal 
documento ampliou o significado da Educação Física, atribuindo à mesma maior 
intencionalidade educativa. Assim, garantiu-se à Educação Física horário na grade 
curricular e igual valor aos demais componentes curriculares. 
Posto isso, resta claro a grande e fundamental importância da Educação 
Física escolar para a educação no século XXI, frente à proposta da UNESCO, 
redimensionando suas finalidades a partir dos quatro pilares previstos, os quais 
foram delimitados em: aprender a conhecer e a perceber; aprender a conviver; 
aprender a viver; aprender a ser. 
No que tange a aprender a conhecer e a perceber, a Educação Física de 
forma permanente e contínua, deve possibilitar ao aluno, o conhecimento e 
7 
 
percepção do seu corpo, suas limitações, com previsões de superá-las, e 
suas potencialidades, para que sejam desenvolvidas de maneira autônoma e 
responsável. Considerando o aspecto afetivo-social, a Educação Física deve 
também favorecer a convivência consigo, com o outro e com o ambiente que 
o cerca e do qual faz parte. 
Assim, através das vivências corporais e interativas, alicerçadas em 
valores éticos, as aulas de Educação Física podem e devem contribuir para 
que o aluno desenvolva sua identidade a partir de práticas corporais e do 
conhecimento do próprio corpo. Além disso, também permitir a articulação 
de interesses próprios com os demais, com os quais convive, conhecendo 
mais sobre si, sobre o outro e sobre o mundo. É possível também através 
dessa prática, ampliar no aluno a capacidade de ouvir e dialogar, de 
trabalhar em equipe, de conviver com o incerto e o diferente. Nessa 
perspectiva, educa-se para se tornar cidadão consciente, crítico, autônomo, 
criativo, responsável a ponto de transformar positivamente o meio ambiente 
e, também preservá-lo. Consiste ainda a prática da Educação Física 
escolar, a aquisição plena da corporeidade, de forma lúdica, objetivando a 
qualidade de vida, a promoção e a manutenção da saúde. 
8 
 
2 – AS DIRETRIZES PARA O PROCESSO ENSINO- 
APRENDIZAGEM DA EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
O percurso histórico pelo qual transcorreu a Educação Física, aponta, 
segundo Carreiro da Costa (2012), que as práticas objetivavam a preparação do 
corpo humano com vistas aos desenvolvimentos físico e sociocultural, já que sempre 
foi implementada com vistas à integração social. 
No que diz respeito à Educação Física escolar, observam nesse transcurso 
pontos que se relacionam com apropriação do corpo como instrumento de suas 
práticas e as inúmeras representações como componente curricular. Nesse sentido, 
atualmente, a docência em Educação deve priorizar a progressiva aplicação dos 
conteúdos, permitindo aos alunos compreenderem a elevação do nível de 
dificuldades dos mesmos, sem comprometer os índices satisfatórios de 
aprendizagem. 
Frente a esse contexto motor, interativo, criativo e estimulador do 
pensamento crítico, as atividades propostas nos programas de ensino da Educação 
Física, devem fundamentar em alguns aspectos, conforme destacados a seguir, por 
Catunda et al. (2012, p.19): 
 
 
 estímulo ao raciocínio, quando os alunos participam de experiências 
dinâmicas que envolvem a tomada de decisão, estratégia, 
organização de ideias e atitudes com objetivos definidos; 
 vivência de conflitos, pelo fato de divergências de ideias e 
comportamentos serem constantes e de forma salutar vividas com a 
intermediação do professor que utiliza esses momentos para educar 
para a convivência; 
 experiências práticas do cotidiano, ao possibilitar que aluno e 
professor façam as devidas conexões com o que se ensina e aprende 
na escola e a aplicação para a vida, criando atmosfera real à 
aprendizagem significativa; 
 concentração e participação, fato constatado quando o interesse pela 
atividade se evidencia na motivação da turma, causando pouca 
dispersão e sentimento de autoeficácia no aluno com reflexos no bom 
andamento e participação efetiva nas aulas; 
 prazer no aprendizado, vivenciado em ambiente lúdico que alimenta 
as aulas de Educação Física proporcionando o aprendizado de forma 
prazerosa, contemplando orientações pedagógicas eficientes para o 
ensino, não podendo ser confundida com passatempo ou brincadeira. 
 incorporação de hábitos saudáveis, quando promove mudanças de 
atitude em sintonia com os efeitos fisiológicos do exercício e sua 
relação com suas próprias condições físicas, despertando a 
consciência de que um estilo de vida ativo e saudável é fundamental 
9 
 
para níveis aceitáveis de saúde e bem-estar.(CATUNDA et al., 2012, 
p. 19). 
 
 
Nesse contexto, e a partir das reflexões anteriores sobre a Educação Física 
escolar, seus documentos norteadores, regulamentadores e legais, a prática 
docente deve fundamentar-se em princípios pedagógicos e de equivalência. Assim, 
espera-se através da mesma permitir aos alunos a aquisição das competências e 
habilidades necessárias à vivência de atividades físicas e esportivas no cotidiano 
das escolas, em outros ambientes, a ponto de favorecer a adoção de hábitos mais 
saudáveis e, consequentemente, mudanças em seus comportamentos. 
Entretanto, os currículos de Educação Física e seus conteúdos vêm 
apresentando propostas curriculares com suas finalidades redefinidas e com 
objetivos educacionais mais amplos e de longo prazo. Nesse contexto, observam-se 
atualmente, ainda práticas que enfatizam os conteúdos esportivos renegando em 
segundo plano, outras experiências corporais, como dança e jogos. O que resta 
claro na verdade, na maioria das escolas brasileiras,e até no mundo, é a presença 
de um discurso político a favor de um currículo mais amplo, porém confrontado 
com uma prática pedagógica em que prevalecem atividades físicas esportivas 
focadas em performances e em resultados. 
É sabido que as propostas pedagógicas que fundamentam grande parte 
dos currículos das escolas brasileiras conquistaram avanços significativos em 
relação à configuração da Educação Física enquanto componente curricular com 
papel ativo no processo educativo. Todavia, existem muitos pontos ainda em 
discussão e debates, já que em números consideráveis de espaços, nem se pratica 
uma Educação Física tradicional, esportivizada, como nas décadas de 1970 e 
1980, e muito menos é possível perceber uma perspectiva crítica da Educação 
Física consolidada com base na cultura de movimentos. 
Diante disso, é preciso salientar que há concepções contrárias aos princípios 
pedagógicos previstos nos PCN’s, fundamentados na cultura corporal, os quais 
alegam em contraponto que as críticas à esportivização da Educação Física escolar 
reduziram consideravelmente o aspecto prático desse componente curricular. Na 
mesma medida, apontam ainda, que as possibilidades de democratização do acesso 
ao esporte dos alunos das escolas públicas foram igualmente reduzidas, não 
apresentando, sobretudo, uma alternativa consolidada para substituí-la. Tal fato, de 
10 
 
acordo alguns estudiosos, vem descaracterizando o aspecto prático da Educação 
Física, comprometendo a sua identidade, ou seja, o que ensinar e como ensinar. 
A retórica atual acerca dos objetivos da Educação Física escolar a considera 
como disciplina importante na formação integral do aluno, extrapolando a ideia de 
esportivação e de formação de atletas. Todavia, faz-se imprescindível estruturar 
uma concepção consistente e convincente, nos discursos e nas práticas, sobre o 
verdadeiro papel da Educação Física. A comunidade escolar precisa adquirir maior 
significado sobre as contribuições próprias desse componente curricular para o 
exercício da cidadania. E em função disso, continua como desafio para as propostas 
político-pedagógico das escolas adquirir maior clareza sobre as especificidades das 
aprendizagens de corporeidade possibilitadas pela Educação Física. 
Considerando tais concepções, é imprescindível destacar a educação em 
seu sentido amplo, deve-se oferecer uma Educação Física escolar também 
comprometida como desenvolvimento humano em todas as suas dimensões, 
conforme já mencionadas anteriormente. Assim, propõe-se uma Educação Física 
escolar que extrapola em seus planejamentos a dimensão biológica e que seja 
capaz de valorizar o protagonismo dos sujeitos envolvidos através de ações 
educativas que promovam a autonomia, o conhecimento e uma formação plena de 
direitos e de deveres. 
Assim, a partir dessa perspectiva, faz-se mister para a prática pedagógica 
eficiente da Educação Física escolar, compreender o sentido das experiências 
corporais nas aulas, pois, são através dessas que os sujeitos se relacionam com o 
mundo, expressam sentimentos, emoções, entre outros. Para tal, é necessário então 
abandonar as concepções dicotômicas entre corpo e mente, ainda presentes nas 
escolas. 
Tal contexto se mantém, porque o movimento, principal conteúdo das aulas 
de Educação Física, ainda é entendido rotineiramente do ponto de vista mecânico e 
da relação eficiente e dependente do consumo energético. Assim, ao se conceber as 
práticas nas aulas de Educação Física com vistas à educação corporal, deve-se 
paralelamente objetivar com intencionalidade pedagógica, a expressão de emoções 
e atitudes pautadas pela ética e pelo desenvolvimento de recursos assertivos para 
resolução de problemas, através de experiências corporais significativas. 
Nesse sentido, além de propor vivências pedagógicas de movimentos aos 
alunos, cabe à Educação Física escolar garantir experiências corporais que 
11 
 
estimulem o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais ao 
processo educativo, como: criatividade, autonomia, comunicação, solidariedade, 
raciocínio lógico, criticidade, dentre outros. Resta claro, dessa maneira, que para a 
Educação Física escolar interessar a prática corporal, a qual vai além de movimento, 
e o utiliza acrescido de sentido individual, coletivo, implicações culturais, sociais. O 
movimento, então assim reconhecido, ultrapassa a dimensão biológica e 
biomecânica, trazendo consigo inúmeros significados e sentidos. 
Assim, verdadeiramente, a Educação Física como componente curricular se 
torna capaz de cumprir seu papel efetivo para a Educação Integral, a partir do 
reconhecimento da importância das vivências corporais para o desenvolvimento das 
capacidades expressivas e comunicativas dos alunos. Tal situação permite aos 
mesmos, através das aulas de Educação Física, enriquecer o repertório de 
linguagens corporais imprescindíveis nas diversas situações de leitura e de 
compreensão de si e dos outros. 
 
2.1 - Concepção integral do Corpo na docência em Educação Física 
Compreender o corpo de forma integral significa conceber o indivíduo a 
partir da indissociabilidade de seus aspectos biológico, afetivo, cognitivo, histórico, 
cultural, estético, lúdico, linguístico, dentre outros. Compreende também perceber 
que o ser humano representa um todo indivisível que pensa, sente e age, 
simultaneamente. 
Além de conceber o corpo na sua totalidade, torna-se necessário entender 
que a maneira como os indivíduos relacionam com o corpo varia conforme a sua 
construção social e é resultante de significativos processos históricos. Ou seja, as 
concepções que os sujeitos desenvolvem a respeito de seu corpo e dos modelos 
de se comportar corporalmente, dependem de influências sociais e culturais. Nesse 
sentido, o nosso corpo revela nossas peculiaridades e identifica nossa cultura. E 
ainda, o corpo é uma composição social, cultural e até mesmo política, construído 
durante o percurso da vida. 
Portanto, ao considerar as questões relativas à corporeidade, a Educação 
Física necessita responsabilizar por esse aspecto no contexto educacional. É tarefa 
da Educação Física, estudar e problematizar conhecimentos sobre o corpo e as 
12 
 
mais diversas manifestações a ele relacionadas e produzidas culturalmente, tendo 
em vista a busca da qualidade de vida e a sua vivência plena. 
 
2.2- Linguagem através das práticas corporais 
Como já discutido anteriormente, o conhecimento acerca do corpo e 
experimentado no corpo nos permite compreender nossa existência no mundo. É 
através do corpo que elaboramos significados, relacionamos, posicionamos, 
interagimos e nos afirmamos com nossas características individuais e de grupos. 
As linguagens são observadas no cotidiano dos sujeitos sob as mais 
variadas expressões. E na escola moderna é esperado dos alunos experiências e 
domínio dos diversos tipos de linguagens: orais, gestuais, virtuais, escritas, dentre 
outras. 
Os docentes, em suas aulas de Educação Física, necessitam construir 
estratégias de ensino que contribuem para o desenvolvimento das habilidades de 
leitura, escrita, interpretação, raciocínio lógico, através da instrumentalização do 
corpo, ou seja, jogando, dançando, lançando, correndo, brincando, entre outros. 
Torna-se necessário salientar que no contexto educacional, as linguagens 
escrita e oral vêm sendo o foco principal das intervenções pedagógicas, em 
detrimento a outros tipos de linguagens que também são importantes na formação 
integral do ser humano. Em função disso, a escola, através das aulas de Educação 
Física, deve valorizar além da escrita e da oralidade, a linguagem corporal no 
esporte, nas brincadeiras e jogos motores, no ritmo, na dramatização, e nas mais 
diversas manifestações corporais. 
Assim, o brincar, o jogar, entre outros, construídos historicamente como 
linguagem própria do ser humano, devem pedagogicamente ser prioridadenas 
aulas de Educação Física através de: brincar de diferentes formas e em diferentes 
tempos e espaços; construir e reconstruir regras e brinquedos; utilizar diferentes 
objetos durante os jogos e brincadeiras; vivenciar diferentes modalidades 
esportivas, dentre outros. Todas as atividades supracitadas devem ser realizadas de 
maneira adaptável ou não, ressignificando e criando múltiplas formas de discutir, 
criar ou alterar as regras dos esportes, dos jogos, das brincadeiras, das danças, da 
ginástica, entre outras. 
13 
 
Todas essas práticas corporais permitem que várias ações colaborativas 
ocorram durante as aulas de Educação Física. Através dessas vivências é que 
alunos têm a oportunidade de aprenderem a atuar em conjunto respeitando 
potenciais e limites corporais dos colegas e a estabelecer contatos e relações 
corporais saudáveis e éticas. 
As práticas corporais também possibilitam a expressão de ideias e 
reflexões. Assim, tornam-se a forma materializada dos alunos externarem as 
capacidades de raciocínio e pensamento crítico. Nesse sentido, no momento em 
que tais práticas apresentam-se como problemas corporais a serem solucionados, 
instala-se um enorme campo para que os alunos coloquem em prática suas 
competências para a tomada de decisão necessária para resolver ou concluir uma 
boa jogada no esporte, em um jogo ou em outra situação inerente à aula. 
As relações sociais estabelecidas através das práticas corporais nas aulas 
de Educação Física permitem a democratização do pensamento, dos pontos de 
vistas e das opiniões. Frente a isso, os alunos compreendem a necessidade de 
exercitar o respeito diante dos combinados, usando o diálogo para ofertarem novas 
propostas e alterações, caso necessário. As atividades pedagógicas da Educação 
Física, principalmente as coletivas, oportunizam espaços extremamente ricos para 
essas experiências. Porém, torna-se necessário que o professor incentive a 
participação e o envolvimento dos alunos nos momentos de negociação de regras, 
bem como alterações das mesmas, sugestões de atividades, sempre valorizando o 
protagonismo de todos os envolvidos. 
A partir do momento que o docente estimula a expressão de ideias e 
reflexões nos alunos, as práticas corporais transformam-se na forma materializada 
para que os mesmos demonstrem a capacidades de raciocínio e pensamento crítico 
e, em seguida, tais vivências apresentam-se como problemas corporais a serem 
solucionados. Podem ser citados como exemplos, momentos decisivos na tomada 
de decisão fundamental para concluir uma boa jogada no esporte ou mesmo em um 
simples jogo recreativo; e/ou ainda, quando os alunos analisam um caso de 
violência ou má fé no jogo e contestam tal comportamento. 
14 
 
O que se observa no cotidiano das aulas de Educação Física 
pedagogicamente orientadas, é uma constante necessidade de resolver problemas 
advindos do movimento, realizar adaptações de regras, materiais e espaços, a fim 
de atender as diferentes práticas da cultura corporal, e nesse sentido, permite-se 
também o desenvolvimento da capacidade criativa dos alunos. Tais situações são 
materializadas através da enorme variação das maneiras em que crianças e 
adolescentes idealizam para elaborar atividades com materiais diversos, 
principalmente com a bola. Dessa forma, torna-se evidente a importância do 
professor de Educação Física no sentido de estimular, discutir e ampliar as soluções 
criativas para viabilizar as mais diferenciadas atividades da Cultura Corporal na 
Escola e na comunidade na qual os alunos estão inseridos. 
O convívio no grupo possibilita a descentralização do pensamento e das 
relações, permitindo que os educandos percebam a necessidade de respeitar os 
combinados e dialogar para transformá-los, quando necessário. Os jogos e esportes 
vivenciados nas aulas de Educação Física criam cenários extremamente ricos para 
esta vivência, desde que o professor estimule a participação e expressão de todos 
os alunos no debate sobre as regras e combinados de aula e das práticas corporais 
estudadas na disciplina. 
Ao estimular que os alunos expressem ideias e reflexões, as práticas 
corporais transformam-se na forma materializada dos alunos demonstrarem sua 
capacidade de raciocínio e pensamento crítico quando tais práticas apresentam-se 
como problemas corporais a serem solucionados, a exemplo da tomada de decisão 
necessária para concluir uma boa jogada no esporte ou quando os alunos analisam 
um caso de violência ou trapaça no jogo e repudiam tal comportamento. 
A constante necessidade de solucionar problemas corporais, adaptar 
regras, materiais e espaços para vivenciar diferentes práticas da Cultura Corporal 
também permite que os alunos desenvolvam capacidades criativas. Bons exemplos 
são as inúmeras formas que crianças e adolescentes inventam para jogar futebol 
com qualquer tipo de material como bola, traves e linhas de demarcação. Jogam 
bola até em ladeiras e terrenos acidentados. Ao professor de Educação Física cabe 
estimular, discutir e ampliar as soluções criativas para viabilizar as mais 
15 
 
diferenciadas atividades da Cultura Corporal na Escola e na comunidade na qual os 
alunos estão inseridos. 
16 
 
3 – EDUCAÇÃO FÍSICA: SIGNIFICADOS E ORIENTAÇÕES 
METODOLÓGICAS 
 
As orientações pedagógicas para as aulas de Educação Física estão 
fundamentadas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, as 
quais pressupõem: 
- princípios éticos: autonomia, responsabilidade, solidariedade e respeito; 
- princípios políticos: direito à cidadania, exercício da criatividade e respeito aos 
valores da sociedade democrática; 
- princípios estéticos: sensibilidade, criatividade, ludicidade e liberdade de expressão. 
À luz desse documento normativo, a compreensão de corpo ganhou uma 
nova concepção. Parte-se do princípio de que a dimensão fisiológica e instrumental 
do corpo deve ser superada e a representação da relação de cada sujeito com o 
mundo de ser através da corporeidade. 
Nessa mesma linha de raciocínio, a corporeidade propõe uma nova 
abordagem das relações sociais entre os indivíduos e o mundo, na qual o corpo não 
é um simples instrumento de interação, significando a totalidade do que somos 
expressa através da relação corpo-sujeito. Assim, as vivências permitidas através da 
Educação Física possibilitam um diálogo constante dos sujeitos com o mundo. 
As aulas de Educação Física permitem então reconhecer a importância das 
interações sociais ocorridas no ambiente escolar decorrentes da linguagem corporal, 
as quais, além da expressão verbal compreende a totalidade do ser em movimento. 
Para a efetivação pedagógica dessa proposta, a Educação Física deve precisa 
implementar experiências interdisciplinares, a fim de possibilitar a apropriação dos 
conhecimentos da cultura corporal voltados para os temas relevantes da 
contemporaneidade. 
Diante disso, as orientações pedagógicas para a Educação Física escolar 
pressupõem que as vivências corporais envolvam um conjunto de saberes 
configurados a partir de uma leitura de mundo, ultrapassando a ótica limitada de 
uma Educação Física que oferece simplesmente a recreação a instrumentaliza a 
preparação do corpo. 
17 
 
Para uma prática pedagógica significativa de Educação Física escolar, a 
intencionalidade da mesma deve ultrapassar o limite da simples realização de 
movimentos corporais; e sim desenvolver competências fundamentais para que tais 
movimentos adquiram sentidos nas experiências individuais e coletivas. 
Posto isso, basicamente, as aulas de Educação Física abrangem os 
aspectos da consciência corporal, através de atividades que estimulam a percepção 
e compreensão de cada um e dos limites e potencialidades do próprio corpo. Além 
disso, a linguagem corporal assume destaque nos conteúdos dessas aulas com os 
conteúdos das diversas formas de expressão, contribuindo para a experimentaçãocorporal, com a qual é possível vivenciar a interação, permitindo o conhecimento e a 
percepção do mundo através dos significados atribuídos ao movimento do corpo. 
Igualmente às demais disciplinas, o processo ensino-aprendizagem na 
Educação Corporal, por meio das aulas de Educação Física, deve estar permeado 
por experiências capazes de estimular os sentidos sensoriais do corpo humano. O 
ato de aprender, nesse sentido e nos demais espaços, deve acarretar sensações 
relacionadas a tais sentidos, como aquelas relacionadas ao som, cheiro, textura, 
entre outras. Diante disso, a Educação Física escolar assume grande importância ao 
permitir que os alunos utilizem a linguagem corporal para elaborarem seus discursos, 
revelando sua identidade, através da expressão e da comunicação do corpo. 
Todavia, isso só torna-se possível quando se atribui ao corpo a função de expressão 
da subjetividade humana, extrapolando a visão unicamente mecânica e biológica. 
Neste sentido, as aulas de Educação Física levam os alunos a sentir e 
pensar os significados culturais da linguagem corporal. Além disso, permite aos 
mesmos perceberem os valores, compreenderem técnicas que compõem tais 
práticas corporais. Enfim, contribuem ainda para que tomem consciência sobre seus 
corpos a fim de viver a própria corporeidade com autonomia. Espera-se frente a 
esse contexto, que a Educação Física conquiste e assuma verdadeiramente seu 
espaço curricular, no qual os alunos possam dar novos sentidos e recriem a Cultura 
Corporal, adquirindo competência para o exercício da cidadania e desfrutando dos 
bens sociais e culturais que compõem a linguagem corporal. 
Á luz de uma proposta pedagógica consistente para a Educação Física, a 
pluralidade de experiências Corporais na Escola deve possibilitar que os alunos 
vivenciem práticas significativas para seus projetos pessoais, considerando que a 
18 
 
qualidade de nosso projeto intencionado para a vida está intimamente relacionada 
com o nosso equilíbrio e bem-estar corporal. 
Nas últimas décadas, o transcurso Educação Física Escolar caracterizou-
se pela busca de sua identidade como disciplina escolar. Atualmente, seu objeto de 
estudo é a Cultura Corporal, mas tratá-la como disciplina isolada das demais, 
compartimentada e descontextualizada das demais aprendizagens do currículo 
escolar, é uma escolha pouco sábia e equivocada. 
A relação e interação da Educação Física com os demais componentes 
curriculares permite que os alunos percebam a cultura corporal de forma ampla e 
transformadora. Isto pode acontecer por meio de projetos de aprendizagem que, por 
serem contextualizados em práticas sociais, tornam o ensino da Educação Física 
significativo. 
Nesse sentido, a concepção mais pedagógica e consistente de Educação 
Física propõe um programa de ensino, o qual possui como eixo central a cultura 
corporal, contemplando práticas com significações, conteúdos históricos, 
ideológicos, entre outros, através das mais variadas estratégias metodológicas do 
currículo escolar. 
19 
 
4 – ORIENTAÇÕES E CONCEPÇÕES DIDÁTICAS PARA A 
EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
Inicialmente, torna-se necessário remeter ao termo “cultura”, antes de 
abordar as questões da Didática, embora o a expressão “cultura corporal”, já tenha 
sido apresentada nos parágrafos anteriores. As questões culturais vêm sendo, 
atualmente, discutida como as variadas trajetórias que levaram à evolução, a 
mudanças no comportamento dos sujeitos e da sociedade. Portanto, ao se propor 
uma prática inovadora da Educação Física, há de se considerar as questões 
culturais e compreender o sentido desse termo no programa de aulas desse 
componente curricular. 
No que diz respeito à concepção de cultura relacionada à Educação Física, 
Bracht e Caparroz (2007), propõem que o termo deve ser entendido, a partir do 
momento em que se estabeleça uma relação didático-pedagógica mais reflexiva 
capaz de subsidiar o programa de ensino da Educação Física escolar. Nessa 
perspectiva, tais autores julgam relevante perceber a necessidade da prática 
pedagógica não estar fundamentada em modelos prontos, universais e limitada em 
verdades únicas. Nesse sentido, os autores supracitados consideram que o saber 
proposto pela Educação Física deve perpassar por uma construção humana e 
considerar os aspectos históricos e culturais. A ação pedagógica assim estruturada 
torna-se reflexiva e valoriza as práticas numa perspectiva dinâmica e sempre pronta 
a ser reconstruída. 
À luz dos autores referenciados no parágrafo anterior, a prática pedagógica 
significativa nas aulas de Educação Física deve ir além de modelos instrumentais e 
que não consideram a realidade dos sujeitos envolvidos. Ao contrário, tal prática 
deve fundamentar-se no ideal de um indivíduo com as mais variadas dimensões: 
biológica, social, afetiva, cultural, ética, política, dentre outras. Nesse sentido, o 
conhecimento produzido será amplo, rico e repleto de significados. 
Prosseguindo na discussão acerca das concepções didáticas relacionadas à 
Educação Física, faz-se necessário destacar alguns pontos relevantes destacados 
por Souza (2007). Na lógica dessa autora, a compreensão da cultura é inerente na 
relação entre a Didática da Educação Física e a ciência, já que de acordo com essa 
20 
 
autora, o processo ensino-aprendizagem expressa através dos aspectos didáticos, 
os sentidos postos entre o conhecimento e a realidade. Frente a essa análise, tal 
autora reflete e critica o programa pedagógico da Educação Física, fundamentado 
apenas no aspecto competitivo, sem enfatizar a construção humana e suas várias 
dimensões. Assim, renega-se tais práticas direcionadas para objetivos formais, as 
quais acabam formando indivíduos incapazes de refletir suas práticas sociais, tão 
pouco protagonizarem no processo de construção do conhecimento. 
Como já destacado anteriormente, atualmente, torna-se desafiador 
implementar uma prática na Didática da Educação Física que vai além da 
estratégias pautadas na racionalidade técnica e instrumental. Além disso, é 
igualmente importante e ao mesmo tempo complexo, sensibilizar os profissionais 
acerca da necessidade de repensarem constantemente suas ações pedagógicas 
com o fito de respaldá-las no conhecimento científico. Tal contexto pedagógico ideal 
permitirá assim que os professores sejam capazes de considerar a realidade dos 
sujeitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem, sem perder de vista os 
fundamentos teóricos que sustentam as suas ações pedagógicas. A Didática, assim 
concebida, configura a execução de um programa de ensino de Educação Física, 
baseado na ação-reflexão-ação. 
O que se espera na verdade, é uma Educação Física repleta de práticas 
didáticas expressivas, nas quais o aluno seja capaz de realizar diferentes leituras de 
mundo através do movimento. Além disso, comunicar-se amplamente consigo 
mesmo, com o outro e com o ambiente que o cerca extrapolando padrões de 
movimentos pré-fixados e, dessa maneira, permitir um ambiente pedagógico criativo, 
dinâmico, capaz de transcender a sua própria prática. 
O programa didático da Educação Física escolar pautado nas concepções já 
discutidas, propõe a todos os sujeitos vivenciarem ações que incorporem de 
movimentos significativos, sem dissociarem das significações conceituais, de 
mundo, e de suas culturas. Assim, a Didática de ensino da Educação Física, a partir 
da sistematização do conhecimento, deve considerar a realidade do aluno e 
ultrapassar os limites físicos da escola. Nessa perspectiva, as aulas de Educação 
Física permitirão que o exercício do pensamento crítico estabeleça relação direta 
com o dinamismo e mudanças históricas e sociais dos entornos escolares. 
21 
 
A Didática da Educação Física a partir desses pressupostos, necessita por 
parte dos professores considerarem a relação filosófica e histórica existente entre o 
desenvolvimento e a cultura corporalde movimento. Além disso, enquadrarem a 
Educação Física como área do conhecimento tendo a ciência como elemento da 
composição histórica do ser humano. Nesse sentido, tal fato requer que a Didática 
assim concebida, exija que a Educação Física e seus professores apropriem das 
diferentes áreas conceituais que sustentam e fundamentam o fazer pedagógico 
dessa área do conhecimento, como: a Psicologia, a Sociologia, a Fisiologia, a 
Biomecânica, dentre outros. 
 
4.1- O papel do professor 
O professor de Educação Física assume enorme importância na 
implementação de todo e qualquer programa de ensino. É ele que dinamiza as 
ações e dá vida às atividades propostas. Considerando tal contexto, um excelente 
programa de ensino, fundamentado na mais conceitual Didática, não garante por si 
só uma aprendizagem significativa. Daí a importância de um profissional bem 
formado e que esteja sempre atento às necessidades do processo ensino-
aprendizagem. 
Não obstante, os pontos que fragilizam as propostas pedagógicas de 
Educação Física em práticas nas escolas, atualmente, estão diretamente 
relacionados também à qualificação profissional dos responsáveis por essa área do 
conhecimento. Observa-se, nos mais diferentes espaços escolares, uma atuação 
profissional generalista em toda a Educação Básica, desprovida de investimentos 
em programas regulares de formação continuada. 
Evidente que um professor com características generalistas poderá 
implementar atividades pedagógicas e garantir aprendizados relacionados ao corpo. 
Todavia, é preciso admitir que seus recursos conceituais são insuficientes para 
garantir uma aprendizagem ampla em relação aos aspectos físico e motor, e ao 
mesmo tempo promover os conhecimentos que integram a Cultura Corporal, bem 
como suas possibilidades didáticas. 
O professor ao instrumentalizar a Educação Física, exercendo apenas um 
conjunto de atividades práticas, permite que tal área do conhecimento seja utilizada 
22 
 
por qualquer outro professor apenas para favorecer outros conteúdos, perdendo de 
vista a sua relevância e seus objetivos pedagógicos. Diante disso, o programa de 
ensino da Educação Física reveste-se de significados, quando o professor 
compreende de maneira consciente a importância social dessa disciplina no 
processo ensino-aprendizagem. Mais do que isso, ainda quando o professor 
identifica que o seu comprometimento com uma prática de qualidade pedagógica 
interfere diretamente no contexto educacional de todos os envolvidos. 
Sobretudo, quando o professor reconhece que suas atribuições são fatores 
relevantes para a transformação dessas práticas no cotidiano da escola. 
Considerando o importantíssimo papel do profissional de Educação Física no que 
diz respeito à qualidade das aulas e também à valorização dessa área do 
conhecimento, destaca-se algumas recomendações, conforme elencadas abaixo: 
 o professor de Educação Física deve refletir continuamente acerca de sua 
prática, atentando-se ao aspecto dinâmico dos planejamentos pedagógicos; 
 deve estar atento às novas abordagens didático-pedagógicas e buscar novos 
conhecimentos, através da pesquisa que qualifica e fundamenta a sua 
prática; 
 incorporar a cultura avaliativa e utilizar os recursos da avaliação para 
subsidiar e redirecionar as ações pedagógicas; 
 planejar previamente as aulas, bem como os recursos materiais necessários, 
considerando a realidade estrutural da escola; 
 otimizar a carga horária das aulas, optando por estratégias metodológicas que 
favoreçam o aspecto dinâmico das atividades e possibilitem uma maior 
participação ativa e simultânea dos alunos; 
 considerar todas as dimensões (motora, cognitiva, social, afetiva, ética, 
cultural, ente outras), implícitas do processo ensino-aprendizagem nos 
diferentes momentos avaliativos; 
 disponibilizar os resultados avaliativos à equipe administrativa e pedagógica e 
também aos alunos, através de registros realizados com organização e lisura; 
23 
 
 incluir em seus planejamentos conteúdos que se relacionam com os temas 
transversais previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais e outros de 
relevância social e atual; 
 oportunizar vivências práticas significativas fundamentadas no conhecimento 
científico e que incentive o protagonismo dos alunos; 
 atentar-se continuamente aos diversos aspectos da cultura local e da 
formação humana, considerando as características e necessidades dos 
alunos; 
 promover a interdisciplinaridade com outras áreas do conhecimento, através 
de projetos pedagógicos bem planejados e consistentes, capazes de alterar 
positivamente o comportamento dos alunos no que se refere à saúde, 
qualidade de vida, meio ambiente, sexualidade, dentre outros; 
 garantir uma prática da Educação Física revestida de significados com vistas 
à valorização da disciplina e sua importância no currículo da Educação Básica 
das escolas públicas e privadas; 
 demais ações que contribuam e defendam os interesses da Educação Física 
escolar. 
Posto essas questões relacionadas aos professores de Educação Física, 
faz-se necessário destacar a importância desses frente ao desafio de se justificar a 
importância dessa área do conhecimento em todos os níveis da Educação Básica, 
sustentando a sua relevância educacional. Tal fato faz sentido, já que a 
obrigatoriedade prevista em documentos legais, por si só não garante a 
permanência da Educação Física no contexto educacional. Daí a importância do 
papel do professor para contribuir e legitimar a garantia da mesma. 
Ademais, a Educação Física, enquanto área do conhecimento deve ocupar 
função de grande importância no contexto pedagógico das escolas. Nesse sentido, a 
figura do professor ao conduzir as aulas com competência é essencial para justificar 
a importância do trabalho com a corporeidade na formação dos alunos. 
Assim, estruturar um planejamento que proponha vivências de atividades 
físicas pautadas na criatividade, no prazer, no conhecimento significativo, 
respaldadas em princípios éticos e morais, entre outros, constitui meio fundamental 
24 
 
na formação do aluno. Cabe ao professor também garantir que a Educação Física 
exerça o seu papel educativo, no que concerne à adoção de comportamentos ativos, 
saudáveis alicerçados na saúde emocional, em uma reeducação alimentar, em 
relações sociais equilibradas, enfim, em todas as aprendizagens que favoreçam 
também os aspectos atitudinais dos alunos. 
Enfim, a busca constante por novos conhecimentos, a atenção com sua 
postura ética, o zelo com a qualidade dos diálogos que estabelece nos espaços 
escolares, a participação ativa nas mais diversas ações pedagógicas (Conselhos de 
Classes, Colegiados, Gestão, Reuniões Pedagógicas e Administrativas, Eventos 
previstos nos calendário escolar, entre outros), conferem ao professor de Educação 
Física mais respaldo, prestígio e credibilidade no cotidiano escolar. 
 
4.2- Educação Física: Controle, gestão e manejo das práticas de 
ensino 
Um dos pontos muito importante da prática pedagógica em Educação Física 
é a perfeita apropriação do controle e gestão das aulas. Nesse sentido, deve-se 
atentar continuamente à organização das atividades, materiais, espaços, entre 
outros, considerando as características das atividades propostas e as estratégias 
metodológicas utilizadas. Assim, o professor a partir de um planejamento prévio será 
capaz de optar por maneiras adequadas de realizar os mais diversos tipos de 
agrupamentos dos alunos nas atividades pedagógicas, realizando uma gestão eficaz 
do tempo. Tal controle, permitirá ao processo pedagógico da Educação Física 
escolar, que os alunos vivenciem as tarefas respeitando os respectivos ritmos de 
aprendizagem. 
Além disso, o professor de Educação Física deve ser capaz de ter uma visão 
ampla da aprendizagem no que se refere à otimização do tempo necessário à 
realização das atividades pedagógicas. Nos temposatuais, planejamentos com 
atividades nas quais, os alunos desperdiçam tempo em longas esperas para a 
realização de atividades, tornaram-se obsoletos e de pouca eficiência pedagógica. 
Assim, exige-se competência do professor para envolver ativamente o maior número 
possível de alunos durante as aulas, nas mais diversificadas oportunidades de 
aprendizagens. 
25 
 
Também, relacionam-se a uma boa gestão das aulas de Educação Física, 
comportamentos do professor que garantam a sua autoridade e que facilite a 
comunicação dos alunos. Nessa perspectiva, é esperada desse profissional a 
capacidade de estabelecer boas relações sociais com os alunos, resguardando os 
momentos oportunos para externar elogios, críticas, reforços, os quais contribuirão 
para a aprendizagem dos mesmos. 
O professor também deve optar sempre por uma liderança democrática, que 
favoreça o compartilhamento dos processos de tomada de decisão com os alunos. 
Tal postura permite aos sujeitos envolvidos responsabilizar por suas escolhas e se 
reconhecerem como parte integrante do processo ensino- aprendizagem. Assim, o 
ambiente para a prática possibilita ações avaliativas com claras evidências de limites 
e possibilidades sem que o professor faça as comparações de desempenhos, ainda 
tão presentes nas escolas. 
Prosseguindo nas bases da gestão do ensino, o professor deve também ser 
capaz de subsidiar igualmente o desempenho dos alunos, evitando direcionar mais a 
sua atenção para os alunos habilidosos. Portanto, não se deve exagerar nos elogios 
aos alunos que demonstrem mais facilidades de aprendizagem, nem nas correções 
aos que têm maiores dificuldades. É tarefa do professor, equilibrar os elogios e as 
retificações, engrandecer os sucessos e propor alternativas para as readequações 
necessárias ao melhor desempenho dos alunos. Nessa ótica, as aulas tornam-se 
mais prazerosas, os alunos mais motivados e o professor mais realizado com o seu 
trabalho. 
 
4.3 - O planejamento de ensino nas aulas de Educação Física 
Dentro das concepções de Luckesi (1992), o planejamento em seu sentido 
amplo requer uma intencionalidade do sujeito de forma a definir os meios para se 
chegar a um fim. Nesse sentido, tal autor discute que a ação de planejar contradiz à 
realizada de qualquer maneira sem a devida clareza de quais objetivos necessitam 
ser definidos para se atingir os respectivos resultados esperados. Seguindo o 
raciocínio, ainda de Luckesi (1992), o planejamento pedagógico constitui uma ação 
fundamental no norteamento do trabalho do professor e necessita em sua estrutura 
contemplar os objetivos, as estratégias metodológicas, os conteúdos a serem 
26 
 
desenvolvidos, bem como as alternativas avaliativas; todos distribuídos em uma 
ordem cronológica das ações. 
Veiga Neto (1993) assevera acerca da importância das permanentes 
reflexões, nas quais devem perpassar todas as etapas de um planejamento de 
ensino. Nesse sentido, tal autor sinaliza para uma postura crítica e participativa, 
articulando para que todos os envolvidos participem ativamente do processo. Nesse 
mesma ótica, Luckesi (1992) destaca que o planejamento de ensino numa visão 
política e institucional não deve ser puramente formal, e sim, não obstante, de 
características práticas e significativas. Assim, o planejamento pedagógico assume 
um aspecto processual, dinâmico, sempre construído e reconstruído com o objetivo 
de fomentar qualitativamente o trabalho do professor e, consequentemente, todo o 
processo educativo. 
Frente a essas questões discutidas acima, faz-se necessário evidenciar que 
um planejamento pedagógico bem estruturado e exitoso deve considerar a realidade 
escolar, principalmente dos alunos envolvidos diretamente. Em seguida, a definição 
dos objetivos deve ser feita com base nesse estudo inicial, para que se tenha 
clareza dos conteúdos a serem ensinados, os recursos necessários, as estratégias 
metodológicas, as formas da avaliação e a constante retroalimentação da ação 
docente. 
O planejamento de ensino, de acordo com Luckesi (1992), deve ainda 
apresentar características de flexibilidade, participação, operacionalidade, dentre 
outros. Recomenda-se ainda, que o mesmo priorize a aprendizagem dos alunos, 
seja resultado de discussões entre os envolvidos, ser fundamentados na Proposta 
Político-Pedagógica da escola, e que seja monitorado para possível 
redirecionamento em sua estrutura. 
As aulas de Educação Física devem ser fundamentadas em planejamentos 
pedagógicos nos moldes supracitados e, conforme Coletivo de Autores (1992), 
devem contemplar os conteúdos previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Nesse sentido, o papel do professor é de fundamental importância na 
responsabilidade em garantir que o planejamento dessas aulas estejam voltados às 
metas educacionais da instituição, mas que também considere as necessidades dos 
alunos, seus conhecimentos prévios, ou seja, sua realidade. 
27 
 
5 – A AVALIAÇÃO E A EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
A seguir será feito uma breve abordagem a despeito da prática avaliativa 
nas aulas de Educação Física. Inicialmente, é necessário salientar que a avaliação 
de maneira geral requer uma análise intencional de uma determinada situação, fato 
ou pessoa. Em se tratando da avaliação nos espaços escolares, tal julgamento 
requer uma apreciação criteriosa de determinada qualidade diretamente relacionada 
ao processo ensino-aprendizagem. 
Evidente que tal prática, fundamenta-se nos critérios, valores, teorias e 
intenções do avaliador. Nesse sentido, comumente é observado pareceres e 
conclusões distintas de determinados avaliadores, e até mesmo contraditórios 
acerca de um mesmo assunto, pessoas, processo, entre outros. Numa sociedade 
pautada pela competição exacerbada, pela intolerância ao diferente e pelo espírito 
excludente mascarado pela ideia de neutralidade, fica fácil constatar a incidência 
dessa postura avaliativa no cotidiano escolar. Nessa perspectiva, observa-se ainda 
nesses espaços, ações que retratam bem esse cenário, como por exemplo: a 
incessante busca por turmas homogêneas, a pré-determinação dos conteúdos a 
serem trabalhados desconsiderando os interesses dos alunos, a avaliação que 
elimina a subjetividade, buscando apenas a classificação dos alunos em relação aos 
resultados previstos. 
Logicamente que para os espaços e sociedade em geral que extrapolam os 
muros da escola em muito interessa o ato de quantificar. Todavia, o que precisamos 
ficar atentos, é que avaliação educativa é muito mais do que isso e não deve 
resumir-se apenas aos números, gráficos e dados estatísticos. Nos espaços 
escolares, quando a atenção do avaliador está centrada nos processos interativos, 
nas relações e trocas sócio-cognitivas, nas construções das aprendizagens, a 
avaliação irá se compor de novos significados e uma variada rede interpretativa e 
explicativa se estrutura permitindo ricos significados e informações. 
Para implementar tal metodologia avaliativa, cujo o objetivo é a análise do 
processo de aprendizagem, torna-se necessário considerar os conhecimentos 
prévios dos sujeitos envolvidos, afim de favorecer e desafiar os alunos em direção 
às novas relações e estruturações de conceitos. Frente a essa prática, o ato de 
ensinar consiste em oportunizar a manifestação de ideias, a interação, as diversas 
28 
 
expressões manifestadas para poder debater, propor e formalizar novas 
aprendizagens. Assim, estabelece uma rede avaliativa sistemática, na qual 
perpassam e entrelaçam as autoavaliações e as avaliações do grupo. 
Em se tratando do processo ensino-aprendizagem, a avaliação constitui uma 
das etapas mais importantes. A avaliação é, também, de fundamental importância 
para estabelecer uma rede valorosa entre os planejamentos de ensino previstos na 
proposta pedagógica da escola e seus resultados concretos. Através de uma 
avaliação fundamentada em princípios éticos, torna-sepossível dimensionar e 
redirecionar os planos de ensino subsidiando as novas ações pedagógicas. 
De acordo com Darido (1999), a avaliação em Educação Física escolar está 
enquadrada em quatro tendências: abordagem tradicional, abordagem baseada em 
objetivos de ensino, abordagem humanista e abordagem crítica. 
Em se tratando da abordagem tradicional, as avaliações, assim realizadas, 
consideravam apenas os aspectos físicos (capacidades físicas), configurando 
através dos testes físicos, uma avaliação quantitativa, classificatória e até mesmo 
punitiva. 
Com o passar dos anos, a Educação Física escolar passou a ser 
implementada através do foco nos objetivos de ensino. A Educação Física também 
valorizava os métodos quantitativos. A avaliação assim realizada se pautava em 
comportamentos observáveis e previstos através dos objetivos de ensino, como: 
números de arremessos convertidos, quantidade de saques, distâncias atingidas nos 
saltos e arremesso, entre outros. O que mensuravelmente interessava eram os 
comportamentos relacionados à dimensão motora da aprendizagem. No caso da 
perspectiva crítica da avaliação, o que interessa é o processo da aprendizagem e, 
ainda, como as práticas da Educação Física promovem a aproximação ou não das 
propostas curriculares que direcionam o fazer pedagógico da escola. 
Nos ambientes escolares, o que se observa atualmente, de maneira geral, é 
uma mistura dessas quatro abordagens, as quais trazem em suas concepções 
pontos restritivos e também pontos propulsores. É tarefa do professor sensibilizar 
para perceber em qual momento, ou com qual predominância deve-se usar cada 
uma das abordagens supracitadas. 
29 
 
Certo é que o ato de avaliar exige dos sujeitos envolvidos, o estabelecimento 
de critérios e competências que disponibilizem dados para analisar a aprendizagem 
dos alunos e de todos os demais envolvidos ao ato de aprender. Diante dessa 
concepção, é impossível haver aprendizagem sem incorrer em erros. Por causa 
disso, é necessário ao professor considerar todo o processo de construção do 
conhecimento e não apenas aos resultados quantitativos. 
Assim, a avaliação ocupa lugar de destaque nos processos pedagógicos da 
Educação Física escolar, pois serve a vários objetivos para toda a comunidade 
escolar, incluindo: alunos, professores, coordenadores, gestores, demais 
funcionários, familiares, entre outros. Portanto, os resultados obtidos nos processos 
avaliativos devem servir, realimentar e redirecionar as práticas pedagógicas. 
 
5.1- O que avaliar em Educação Física? 
Antecedendo a essa pergunta, é ter clareza de quais conhecimentos, 
competências e habilidades, valores, entre outros, o aluno deverá desenvolver no 
período proposto. Daí a importância de formalizar a intencionalidade da prática 
educativa, a qual orientará a definição de objetivos, conteúdos, metodologias e 
recursos, bem como estratégias avaliativas necessárias ao processo ensino 
aprendizagem. 
Considerando essa análise, é preciso considerar a proposta de ensino da 
Educação Física, contendo seus objetivos, princípios, conteúdos, metodologias, 
recursos materiais, estrutura, entre outros. Além disso, a competência do professor 
para atrelar as estratégias metodológicas aos conteúdos propostos, 
fundamentando-se nas necessidades dos alunos e na responsabilidade com a 
qualidade do ensino. 
Também deverá ser dada total atenção aos quesitos relacionados aos 
aspectos atitudinais dos alunos, como: interesse, frequência, assiduidade, 
pontualidade, competências motoras, sociais, éticas, entre outros. 
 
30 
 
5.2- Objetivos da avaliação em Educação Física 
Avalia-se para conhecer os alunos, suas necessidades e seus interesses, 
para diagnosticar suas limitações e potencialidades, para saber se está ensinando 
de forma correta, para redirecionar os planejamentos de ensino, para detectar ao 
longo do processo os avanços conquistados. 
Nessa perspectiva, a avaliação está comprometida com o constante 
aperfeiçoamento de todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem. A 
consciência acerca dos limites e potencialidades dos alunos e docentes facilita e 
permite a tomada de decisões, promovendo de forma efetiva a satisfação pessoal e 
coletiva. 
Também se avalia em Educação Física, para diagnosticar níveis de 
aprendizagem, sugestões de ações a serem implementadas a favor do processo de 
ensino e, claro, para verificar em que medida os alunos desenvolveram as 
competências e habilidades esperadas. Nesse sentido, a avaliação também permite 
ser utilizada para classificar grupos de alunos com vistas a participação de eventos 
esportivos. Todavia, a avaliação, assim configurada, acaba por selecionar e excluir, 
e ainda para aprovar e reprovar. 
 
5.3- Agentes da avaliação em Educação Física 
Partindo da concepção de que a avaliação é parte integrante do processo 
ensino-aprendizagem, todos os envolvidos nesse são corresponsáveis pelas várias 
etapas e formas avaliativas. Espera-se assim que alunos, professores, gestores, 
familiares e demais membros da comunidade que estejam comprometidos com a 
qualidade do ensino, participem ativamente da avaliação. É muito importante que o 
professor de Educação Física, além da avaliação específica desse componente 
curricular, participe também de todos os foros da avaliação coletiva. 
 
5.4- O tempo da avaliação em Educação Física 
É imprescindível que a avaliação nas práticas de ensino da Educação 
Física escolar, seja uma constante ao longo de todo o processo educativo. 
Orienta-se que, inicialmente, os professores façam um diagnóstico, a fim 
de detectar os conhecimentos prévios dos alunos, o que eles precisam aprender e 
31 
 
quais são de fato suas necessidades. Prosseguindo essa etapa, a avaliação será 
de forma contínua, com o fito de acompanhar e favorecer a trajetória de 
aprendizagem do aluno, durante as aulas, sem perder de vista a intencionalidade 
das ações pedagógicas previstas no cronograma: curto, médio e longo prazo. 
 
5.5- Educação Física: Como avaliar? 
As estratégias avaliativas em Educação Física são similares àquelas 
utilizadas nos demais componentes curriculares. São utilizadas as coletas de 
dados e informações relacionadas ao processo ensino-aprendizagem. Para tal 
recurso avaliativo, pode-se utilizar os seguintes instrumentos: observações 
sistemáticas registradas em relatórios e outros formulários próprios; entrevistas 
escritas e orais através das aulas dialogadas, rodas de conversa e debates; 
questionários, vídeos, testes, avaliações escritas, autoavaliação, seminários, dentre 
outros. Evidente que os instrumentos supracitados possuem especificidades 
quanto aos seus fins. 
Há de se ter o cuidado para que os dados não se acumulem sem 
significados, intencionalidades e fins práticos. Uma vez coletados, os dados 
necessitam submeterem ao devido tratamento, para que sejam interpretados, e 
realizadas as devidas leituras críticas dos seus significados, sempre a favor do 
processo pedagógico da escola. 
Nessa perspectiva, a análise dos dados deve ser realizada sob a ótica dos 
referenciais previamente estabelecidos, em coerência com os objetivos 
estruturados na Proposta Político-Pedagógica da escola. Uma vez analisados tais 
critérios (desempenho, conduta, atitude, entre outros), os mesmos servirão para 
subsidiar um julgamento valoroso do desempenho dos alunos e também do 
professor. A partir daí, essas informações obtidas contribuirão efetivamente na 
tomada de decisão do professor em relação ao nível de aprendizagem dos alunos 
e ao redirecionamento das suas ações pedagógicas. 
A partir desse contexto avaliativo, será possível obter informações acerca 
do que os alunos aprenderam, qual foi o nível de aprendizagem, quais pontos 
ainda necessitam serem desenvolvidos, como foi o trabalho do professor, em que 
aspecto precisa melhorar sua prática, e quais as necessidades de adaptações no 
processoensino-aprendizagem. 
32 
 
A utilização das estratégias avaliativas, conforme destacado anteriormente, 
dependerá dos objetivos pedagógicos sistematizados nos planejamento de ensino. 
Dessa maneira, numa aula de Educação Física, se o objetivo é identificar a 
performance de um aluno em relação à turma, utiliza-se um instrumento. Por outro 
lado, se a intenção é verificar se o aluno melhorou em relação ao seu próprio 
desempenho, utiliza-se outros critérios avaliativos. Em qualquer que seja o 
processo avaliativo, o diagnóstico inicial é um ponto de partida para em seguida 
verificar os avanços conquistados. 
33 
 
6 – CONTEÚDOS CURRICULARES DA EDUCAÇÃO FÍSICA 
 
A Educação Física, enquanto componente curricular, deve contemplar em 
suas práticas pedagógicas os seus conteúdos, assegurando a uma aprendizagem 
progressiva e pautada nos diferentes graus de dificuldades. Assim, fazem parte do 
currículo da Educação Física Escolar, os seguintes conteúdos: esporte; jogos e 
brincadeira; atividades rítmicas e expressivas; ginásticas; danças; lutas e 
conhecimentos sobre o próprio corpo. Todos esses, legitimados sistematicamente 
nos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Para implementar tais conteúdos nos planejamentos de ensino, faz-se 
necessário considerá-los sobre três dimensões, conforme destaca Zabala (1998): 
 
 Procedimental: inclui os conteúdos que se referem aos fazeres e 
vivências das diferentes práticas educativas: jogar, dançar, realizar 
diferentes exercícios físicos, dentre outras. A aprendizagem desses 
conteúdos implica, assim, a realização de ações e a reflexão sobre a 
atividade, tendo em vista a consciência da atuação e a sua utilização nos 
diferentes contextos; 
 Atitudinal: diz repeito aos conteúdos relacionados à aprendizagem de 
valores, princípios éticos, atitudes e normas que contemplam padrões ou 
regras de comportamento de acordo com determinado grupo social. Nesse 
sentido, tais conteúdos são observáveis ou não, através dos conteúdos 
cognitivos e procedimentais e são assim exemplificados: respeito mútuo, 
cooperação, solidariedade, autonomia, adoção de hábitos saudáveis, todos 
aprendidos, percebidos e praticados de forma coerente frente a uma 
situação concreta; 
 Conceitual: são os conteúdos relacionados a conceitos e informações 
básicas presentes na estrutura das ações pedagógicas. São ideias e 
fundamentos necessários à aprendizagem dos motivos, da importância 
das possibilidades ou não, das vivências corporais. Nesse sentido, inclui-
se os conceitos de corpo, saúde, esporte, técnica, tática, qualidade de 
vida, entre outros. A aprendizagem desses conteúdos se mostra quando o 
aluno demonstra a capacidade de utilizá-los para a interpretação, 
34 
 
compreensão, exposição, análise e avaliação de uma determinada 
situação. Dessa maneira, os conceitos são dinâmicos, são reconstruídos 
historicamente, considerando os avanços das áreas do conhecimento. 
Os conteúdos, nas aulas de Educação Física, devem ser implementados 
de forma articulada, a partir dessas três naturezas descritas acima, 
favorecendo a compreensão do que se ensina e instrumentalizando a 
aprendizagem ao ponto de capacitar os alunos para a resolução de 
problemas e tomada de decisão ao longo da vida. 
A fim de promover uma aprendizagem efetiva desses conteúdos, é preciso 
considerar também os conhecimentos prévios dos alunos. Assim, é importante que 
o professor de Educação Física esteja atento ao conjunto de experiências 
manifestadas na escola pelos alunos, as quais são vivenciadas em seu cotidiano 
familiar. Nesse sentido, conforme já salientado em discussões anteriores, os temas 
transversais previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (Educação para o 
trânsito, saúde, sexualidade, educação ambiental, dentre outros), os quais 
assumem enorme importância no processo educativo amplo dos alunos. 
Em seguida, será descrito detalhadamente, conforme documento emitido 
pelo Conselho Federal de Educação Física – CONFEF (2014, p. 24 a 31), os 
conteúdos de ensino da Educação Física escolar e suas recomendações: 
 
Em relação ao esporte 
 
O esporte é um fenômeno social em expansão no mundo contemporâneo. 
Tomou dimensões sociais que buscam atender não somente a 
performance, mas à educação e ao lazer. Portanto, a importância do 
esporte na sociedade pode ser evidenciada pela sua capacidade de 
produzir satisfação e prazer, além do seu caráter político-participativo e 
transformador. Desse modo, cabe a Educação Física Escolar o importante 
papel de disseminadora dos seguintes conteúdos: 
 conhecer aspectos históricos, geográficos e políticos do esporte e 
paradesporto enquanto elementos da cultura humana; 
 relacionar aspectos do esporte com os jogos; 
 vivenciar aspectos básicos dos fundamentos (movimentos + regras) de 
esportes coletivos e individuais trabalhados como conteúdo específico; 
 compreender as diferenças entre esporte de rendimento, esporte como 
lazer e esporte como meio para promoção da saúde; 
 conhecer as características dos esportes e sua relação com o ambiente; 
 identificar, analisar e compreender a influência da mídia nos esportes; 
 conhecer o contexto social e econômico de diferentes esportes; 
 compreender as dimensões do esporte e suas relações no âmbito da 
escola e fora dela; 
 identificar e interpretar o esporte e sua apropriação pela indústria cultural; 
 compreender as relações entre esporte e trabalho; 
35 
 
 conhecer os processos de organização de eventos esportivos e sistemas 
de disputas; 
 compreender o fenômeno esportivo e aspectos relativos à competição 
esportiva; 
 ressignificar as práticas esportivas, considerando as limitações físicas e 
intelectuais das pessoas com deficiência. 
 
 Em relação aos jogos e brincadeiras 
 
As estratégias lúdicas favorecem o processo de aprendizagem, obtendo-se 
a atenção do aluno na execução do movimento de forma prazerosa, sem, 
no entanto, desconsiderar que além da brincadeira, proporciona um 
momento de interação social e cultural. Por outro lado, observa-se que, 
atualmente, os jogos eletrônicos tornaram-se meios lúdicos de forte adesão, 
em substituição aos jogos e brincadeiras tradicionais. Portanto, o professor 
contemporâneo tem o grande desafio de resgatar os jogos e brincadeiras 
tradicionais, incorporando concomitantemente as novas tecnologias dos 
games por meio das seguintes estratégias: 
 conhecer a origem dos jogos, brincadeiras e cantigas de roda, 
trabalhados como conteúdo específico; 
 vivenciar experiências de criação e recriação dos jogos e brincadeiras; 
 apropriar-se da flexibilização quanto às regras oferecidas nos jogos, 
vivenciando, experimentando e criando diferentes formas de jogar; 
 reconhecer e apropriar-se dos jogos considerando: o outro, seus 
objetivos, resultados, consequências e motivações; 
 construir o conhecimento por meio dos Jogos e brincadeiras tradicionais, 
bem como dos jogos atuais; 
 conhecer as novas tecnologias de jogos eletrônicos, refletindo sobre as 
possibilidades de contribuição para o processo ensino/aprendizagem. 
 
 Em relação à ginástica 
 
Na atualidade, a ginástica tem sido pouco praticada no ambiente escolar. 
Essa preocupação é corroborada por vários estudiosos sobre a temática da 
Educação Física. Para tanto, é necessário um novo olhar no sentido de 
reposicioná-la a partir de uma nova perspectiva teórico-metodológica, que 
amplie o leque de possibilidades vivenciais e corporais, uma vez que a 
ginástica é um importante fio condutor de manifestações culturais na 
medida em que permite ao aluno experimentar, conhecer, problematizar e 
compreender seus próprios limites e criar alternativas de superação. 
Portanto, a ginástica deve abordar os seguintes temas: 
 conhecer o contexto histórico-conceitual da ginástica (métodos e 
modalidades); 
 conhecer e vivenciar as modalidades de ginástica (rítmica, artística, 
acrobática, circense, laboral,localizada, academia, aeróbica); 
 identificar as modalidades de ginástica e seu desenvolvimento até os dias 
atuais; 
 vivenciar movimentos de transferência de peso, deslocamento, salto, giro, 
torção, equilíbrio, desequilíbrio, inclinação, expansão, contração, entre 
outros; 
 reconhecer a influência da mídia nos padrões de comportamento do/no 
corpo; 
 compreender a influência da mídia, ciência e indústria cultural nas 
práticas corporais; 
 aplicar conteúdos nos quais os alunos vivenciem e aprendam a executar 
elementos referentes à ginástica; 
 propor conteúdos que abordem a cooperação, a participação e a 
inclusão. 
 
36 
 
Em relação à dança 
 
A dança, uma das principais expressões corporais, favorece o 
desenvolvimento de habilidades e harmonização entre o corpo e a mente. 
Essa linguagem corporal é um relevante instrumento educativo, pois 
possibilita o reconhecimento do potencial do aluno de forma lúdica, criativa 
e prazerosa por meio do movimento. Nessa perspectiva, devem-se 
considerar os seguintes fatores: 
 conhecer o conceito, contexto e origem de dança; 
 conhecer os aspectos culturais atrelados à origem e à permanência das 
danças folclóricas; 
 vivenciar os movimentos básicos das danças trabalhadas como conteúdo 
específico: 
-ampliar repertório pessoal de movimento; 
-experimentar formas variadas de se mover; 
 -vivenciar experiências de criação e recriação da dança; 
 -reconhecer e inovar movimentos; 
 -conhecer e compreender a dança como manifestação cultural; 
 -conhecer e compreender elementos estéticos. 
 compreender a influência da mídia, ciência e indústria cultural no âmbito 
da dança; 
 identificar, interpretar e se posicionar a respeito da apropriação da dança 
pela indústria cultural: 
-vivenciar processos coreográficos, elaboração e produção. 
 compreender aspectos relativos a apresentações, festivais e concursos 
de dança. 
 
 Em relação às lutas 
 
Esse conteúdo da Educação Física Escolar está presente no cotidiano social 
de forma concreta, sobretudo, pelo forte apelo midiático das lutas de 
competição. Nesse contexto, emerge um grande leque de oportunidades 
para o desenvolvimento de valores, potencialidades, limites e disciplina, 
além de manifestações socioculturais que permitem ao aluno vivenciar 
experiências motoras, contato corporal, elaboração de estratégias e troca de 
informações. Para tanto, propõe-se: 
 conhecer os aspectos históricos, filosóficos e origem das lutas 
trabalhadas como conteúdo específico; 
 apresentar os diversos tipos de lutas e seus desdobramentos na 
atualidade; 
 vivenciar movimentos característicos das lutas trabalhadas em outras 
práticas corporais; 
 vivenciar as relações corporais de peso e espaço consigo mesmo e com 
o outro; 
 diferenciar formas de apresentação das lutas; 
 compreender a influência da mídia, ciência e indústria cultural no âmbito 
das lutas; 
 identificar, interpretar e se posicionar a respeito da apropriação das lutas 
pela indústria cultural; 
 vivenciar modalidades e características peculiares de diferentes lutas; 
 compreender aspectos relativos a apresentações, festivais e competições 
de lutas; 
 ampliar repertório pessoal de movimentos. 
 
 Em relação à saúde 
 
A escola é o ambiente ideal para a construção de conhecimentos 
relacionados à promoção da saúde na perspectiva do desenvolvimento de 
37 
 
um estilo de vida ativo. Neste sentido, a Educação Física é o principal 
componente curricular a abordar essa temática, ao incentivar os alunos a 
prática de atividades físicas como elementos motivadores de uma vida 
saudável, propondo-se a: 
-entender os significados atribuídos ao corpo; 
-analisar e refletir sobre o corpo e os movimentos; 
-conhecer limites e possibilidades de movimentação do corpo; 
-reduzir as condições para o desenvolvimento de doenças crônico-
degenerativas provocadas pelo estilo de vida sedentário, tais como: a 
obesidade, a hipertensão arterial, diabetes, hipercolesterolemia, as doenças 
do aparelho respiratório e cardiovasculares, entre outras; 
-promover experiências positivas associadas à prática de atividades físicas 
que se caracterizem no desenvolvimento de habilidades, atitudes e hábitos 
que auxiliem futuramente na adoção de um estilo de vida fisicamente ativo 
na idade adulta; 
-discutir temas relacionados à alimentação saudável, ao uso de álcool e 
drogas, violência, higiene e sexualidade. (CONFEF, 2014, p. 24 a 31) 
 
Ao professor de Educação Física, cabe a tarefa de fundamentar a sua 
prática junto ao contexto pedagógico da instituição de ensino, com o fito de 
resguardar a identidade desse componente curricular e ocupar lugar igualitário de 
credibilidade diante das demais áreas de conhecimento. É também de sua 
responsabilidade enriquecer as práticas corporais, diversificando as aulas e lutando 
continuamente para melhorar cada vez mais as condições estruturais para 
implementá-las. 
Como foi possível constar, os conteúdos propostos para a Educação Física 
escolar são diversificados, ricos e possibilitam amplo desenvolvimento da 
corporeidade dos sujeitos envolvidos. A Educação Física assim vivenciada 
configura a sua responsabilidade e a sua função social para uma educação que 
forma sujeitos críticos, reflexivos e participativos, capazes de vivenciarem 
efetivamente os legítimos direitos e deveres previstos nos documentos normativos. 
38 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A Educação Física escolar obteve grande avanço a partir da década de 
1980. O aparecimento das variadas concepções pedagógicas dessa área do 
conhecimento configurou a conquista de novos espaços da Educação Física, no 
fazer pedagógico da escola. Tal cenário conferiu a essa prática pedagógica vários 
significados, os quais estruturaram o desenvolvimento metodológico da Educação 
Física implementada nos dias de hoje. 
Mais do que a instrumentalização do movimento, interessa à Educação 
Física a corporeidade e as vivências das práticas corporais, considerando as várias 
dimensões do corpo, além da biológica. A corporeidade permite o uso de inúmeras 
linguagens, a expressão de ideias, sentimentos, ou seja, permite ao indivíduo 
comunicar-se consigo, com o outro e com o mundo que o cerca. 
Torna-se desafiador implementar uma prática na Didática da Educação 
Física que vai além da estratégias pautadas na racionalidade técnica e instrumental. 
Além disso, é igualmente importante e ao mesmo tempo complexo, sensibilizar os 
profissionais acerca da necessidade de repensarem constantemente suas ações 
pedagógicas com o fito de respaldá-las no conhecimento científico. 
Diante disso, o programa de ensino da Educação Física reveste-se de 
significados, quando o professor compreende de maneira consciente a importância 
social dessa disciplina no processo ensino-aprendizagem. Mais do que isso, ainda 
quando o professor identifica que o seu comprometimento com uma prática de 
qualidade pedagógica interfere diretamente no contexto educacional de todos os 
envolvidos. 
Nesse sentido, a avaliação requer igual atenção de todos os profissionais 
que lidam com a Educação Física escolar, em especial do professor. As estratégias 
avaliativas permitem a esse profissional a obtenção de dados que subsidiarão a sua 
prática e orientando as direções do seu plano de ensino. Assim, o professor ao 
realizar uma avaliação constante e revestida de significados poderá e deverá 
contribuir no processo educativo. 
São vários os conteúdos previstos em documentos oficiais que orientam a 
prática da Educação Física escolar. Os planejamentos pedagógicos ao assumirem 
características dinâmicas poderão enriquecer tais práticas diversificando as 
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vivências corporais no cotidiano das escolas e oportunizando aos alunos de forma 
procedimental, atitudinal e conceitual,

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