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DPOC

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Patrícia Miranda- MEDICINA 
 
 
Epidemiologia 
- A doença pulmonar obstrutiva crônica 
(DPOC) é mais comum em idosos, 
principalmente os que estão acima de 65 
anos de idade. A prevalência global 
combinada é de 15,7% em homens e 9.93% 
em mulheres. 
- Estima-se que a DPOC seja a terceira 
principal causa de morte do mundo em 
2020. Isto se deve à expansão epidêmica do 
tabagismo, ao envelhecimento da 
população mundial e à redução da 
mortalidade decorrente de outras causas de 
morte, com as doenças cardiovasculares. A 
taxa de mortalidade dos homens é maior 
que entre as mulheres. 
Definição 
- A doença pulmonar obstrutiva crônica 
(DPOC) se caracteriza por limitação crônica 
ao fluxo aéreo que não é totalmente 
reversível, sendo frequentemente 
progressiva e associada a uma resposta 
inflamatória anormal dos pulmões à 
inalação de partículas ou gases nocivos. 
 
- Ocorre piora da função pulmonar ao longo 
do tempo, mesmo que o indivíduo não se 
exponha mais aos fatores de risco e utilize o 
melhor tratamento disponível, 
determinando limitações na realização de 
atividades diárias e impacto psicossocial 
negativo. 
-As alterações não se restringem ao trato 
respiratório, podendo ocorrer também 
efeitos sistêmicos adversos, como baixo 
índice de massa corporal e repercussões 
sobre a musculatura esquelética, 
principalmente nos pacientes com doença 
em estágio mais avançado. Além disso, os 
 
 
 
 
portadores de DPOC têm maior prevalência 
de infarto agudo do miocárdio, angina, 
osteoporose, diabetes, infecções 
respiratórias, glaucoma, distúrbios do sono 
e neoplasia pulmonar 
 
Etiologia e Fisiopatologia 
infecções respiratórias, glaucoma, 
distúrbios do sono e neoplasia pulmonar. Os 
fatores do hospedeiro que favorecem o 
desenvolvimento de DPOC são alterações 
genéticas, cuja principal representante é a 
deficiência de alfa-1 antitripsina, presença 
de hiper-responsividade brônquica, 
desnutrição, prematuridade e redução do 
crescimento pulmonar durante a gestação e 
a infância. 
 
O tabagismo é o principal fator de risco 
ambiental. 
Está relacionado a qualquer tipo de fumo, e 
o risco é maior com o aumento progressivo 
do consumo. Entretanto, entre diferentes 
tabagistas com a mesma carga de consumo, 
apenas alguns irão desenvolver a doença, o 
que sugere que a carga e os fatores 
genéticos relacionados modificam o risco. 
Outros fatores ambientais de risco são a 
exposição à poeira ocupacional (indústrias 
de borracha, plásticos, couro, têxtil, 
moagem de grãos e produtos alimentícios, 
entre outros segmentos de produção), a 
irritantes químicos e à poluição extra e 
intradomiciliar (aquecedores e fogão de 
lenha), além da ocorrência de infecções 
respiratórias graves na infância. 
 
História clínica 
Além da exposição aos fatores de risco 
descritos, um paciente típico de DPOC 
apresenta inicialmente tosse e 
expectoração crônicas, que 
frequentemente precedem em muitos anos 
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
o desenvolvimento de limitação ao fluxo 
aéreo. A tosse ocorre primeiramente de 
modo intermitente e a seguir passa a 
acontecer durante todo o dia. 
Posteriormente, o indivíduo desenvolve 
dispnéia, que é o sintoma que, na maioria 
das vezes, o leva a procurar atendimento 
médico. A dispnéia acontece 
progressivamente aos esforços e até 
durante o repouso, de modo persistente, 
determinando limitação funcional, piora da 
qualidade de vida e do prognóstico. Uma 
das formas para classificar a dispneia é a 
escala do Medical Research Council (MRC), 
que também tem implicações prognósticas: 
0 – Dispneia apenas para exercícios 
extenuantes; 1 – Dispneia quando apressa o 
passo ou para subir escadas ou ladeiras; 2 – 
anda mais lentamente que pessoas da 
mesma faixa etária ou precisa parar quando 
anda no próprio passo; 3 – precisa parar 
quando caminha 100 metros no plano ou 
após poucos minutos no plano; 4 – dispneia 
para vestir-se ou tomar banho sozinho ou 
tem dispneia que o impede de sair de 
casa1,9. Sibilância e sensação de opressão 
torácica também são sintomas possíveis. 
Emagrecimento e redução do apetite 
podem ocorrer em fases mais avançadas. 
 
Exame clínico 
O exame físico, na maioria dos casos, 
apresenta-se normal ou pouco alterado. Os 
achados de tórax enfisematoso (com 
aumento do diâmetro antero-posterior), 
redução da mobilidade pulmonar, 
hipersonoridade à percussão, frêmito 
toracovocal e murmúrio vesicular 
diminuídos difusamente são encontrados 
geralmente quando a função pulmonar já 
está bastante comprometida. 
Taquipnéia, respiração com lábios 
semicerrados e utilização de musculatura 
acessória são evidenciadas tardiamente. 
Podem-se observar expiração prolongada e 
estertores finos durante toda a inspiração. 
As bulhas cardíacas são normo ou 
hipofonéticas. Com a progressão da doença, 
desenvolve-se cor pulmonale, com 
identificação de turgência jugular, 
hepatomegalia e edema de membros 
inferiores, além de segunda bulha cardíaca 
em foco pulmonar hiperfonética, sugestiva 
de hipertensão pulmonar. 
 
Manifestações clinicas 
A manifestação inicial é a tosse, em geral 
com expectoração, e com o tempo surge 
a dispneia progressiva, sintoma mais 
característico do DPOC e que geralmente 
leva o paciente até o profissional de 
saúde. Outros sintomas que podem estar 
associados são o chiado, aperto no peito 
ou desconforto torácico, fadiga e perda 
ponderal. 
Embora alguns achados ao exame físico 
possam contribuir consideravelmente 
para o diagnóstico, esses costumam estar 
presentes em estágios mais avançados da 
doença. Existe uma divisão didática dos 
pacientes quanto ao predomínio de um 
fenótipo bronquítico (caracterizado por 
uma via aérea mais inflamada, com muita 
secreção e hipoventilação alveolar, além 
de cianose e cor pulmonale com 
congestão sistêmica), dos chamados 
“blue bloaters”; e de um fenótipo 
enfisematoso (caracterizados por perda 
da elasticidade, uso de musculatura 
acessória principalmente para expirar e 
hipoxemia crônica compensada por 
Policitemias), dos “pink puffers”. Essas 
nomenclaturas em inglês derivam 
justamente do fato dos primeiros serem 
os inchados cianóticos e os segundos, os 
assopradores róseos. Apesar de bonita 
dos pontos de vista semiológico e 
fisiopatológico, na prática os pacientes 
combinam elementos dos dois fenótipos e 
o exame físico não consegue enquadrá-los 
em um dos estereótipos. 
___________________________________ 
Referência 
Patrícia Miranda- MEDICINA 
MARTINS.M.A. et al. Clínica Médica. 3 ed. 
Vol 2. FMUSP. São Paulo: Manole.

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