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SP2 – NTS – FIBRILAÇÃO ATRIAL DEFINIÇÃO Caracteriza-se por uma ativação atrial desorganizada, rápida e irregular, com perda de contração atrial e frequência ventricular irregular determinada pela condução nodal AV; Ritmo cardíaco irregular com ausência de onda P no ECG com tremor/linha reta em linha de base; FISIOPATOLOGIA Desorganização da condução elétrica cardíaca atrial causada por lesões/cicatrizes em átrios (focos ectópicos) que geram múltiplos circuitos de macroreentrada levando à perda da contração atrial efetiva. Os circuitos de reentrada geram diversos estímulos com frequências diferentes que serão conduzidos pelo nó AV, causando uma resposta ventricular irregular; EPIDEMIOLOGIA · É a arritmia sustentada mais frequente; · Prevalência: 1-2% em população geral, até 10% em idosos; · Conforme a idade sobe, a prevalência aumenta, dobrando > 65 anos; · Discreto predomínio em homens e indivíduos brancos; · A maioria dos pacientes é assintomático; FATORES DE RISCO · HAS, DM, IAM*, TEP* cardiopatias estruturais; · Doenças valvares, principalmente estenose mitral, pois aumenta a pressão atrial; · SAHOS; · Obesidade; · Histórico familiar e fatores genéticos; · Em jovens, hipertireoidismo*, etilismo* e drogas estimulantes do SNA; * principais desencadeantes; QUADRO CLÍNICO · Geralmente assintomático; · Aumento da resposta ventricular; · Palpitações / “batedeira no peito” – Ritmo irregular com aumento da FC; · Congestão pulmonar – Comum em cardiopatas, pois o aumento da FC desencadeia a congestão pulmonar por haver um menor tempo de enchimento ventricular associado ao aumento da FC; · Perda da contração atrial · Intolerância aos esforços – Em FA não há contração atrial, o que prejudica a fração de ejeção, pois 20% do volume de sangue que chega ao ventrículo provém da contração atrial, se essa é prejudicada há déficit de volume sistólico; COMPLICAÇÕES · Taquicardiomiopatia – Com a FC elevada de maneira constante ocorre a dilatação ventricular que, consequentemente, gera um quadro de IC (dispneia, congestão direita e esquerda); · Tromboembolismo – Caso não ocorra uma contração efetiva pode haver acúmulo de trombos em apêndice atrial, os quais originam êmbolos capazes de provocar AVEi, embolia arterial para membros ou isquemia mesentérica; · Edema agudo de pulmão; · Falência cardíaca; EXAME FÍSICO · Bulhas arrítmicas; · Dissociação pulso-precórdio – Alguns batimentos são tão rápidos e irregulares que não geram pulso; · Ausência de contração atrial; · Ausência de B4; · Ausência de onda A de pulso venoso; · Ausência de reforço pré-sistólico do ruflar mitral; CRITÉRIOS ECG · Ausência de onda P ou f; · QRS estreito (exceto se bloqueio de ramo); · Irregularidade do intervalo R-R; CLASSIFICAÇÃO DURAÇÃO · FA paroxística – Resolução em até 7 dias; · FA persistente – > 7 dias; · FA de longa duração – > 1 ano; · FA permanente – Definida pelo médico, uma vez que defini-se que a reversão não será mais tentada; TIPO · FA valvar – FA relacionada à estenose mitral, prótese mecânica; · FA não-valvar – Todas as outras; MANEJO E TRATAMENTO · Solicitar RX de tórax, hemograma, função renal e hepática; O paciente está instável? Se sim, MOV e cadioversão elétrica sincronizada (CVES) a 200J com sedação se houver tempo; · Instabilidade – Taquiarritmia associada a hipotensão arterial associada ao débito cardíaco, EAP relacionada a congestão grave ou angina instável; CVES 200J não resolveu? Repetir choque com aumento da carga com antiarrítmico intravenoso (ibutilida 1mg IV em infusão contínua de 10 min); Paciente estável? Evitar taquimiocardioatia: 1. Modificações de qualidade de vida (controle de fatores de risco); 2. Controle da FC com inibidores de nó AV (BB, BCC, digoxina, caso não funcionem usa-se amiodarona); 3. Anticoagulação – CHA2DS2-VASc ou FA valvar; · Evitar tromboembolismo: CHA2DS2-VASc, também define se o paciente precisará de anticoagulação ad eternum; · C – ICC; · H – HAS; · A2 – Idade maior ou igual a 75 anos; · D – DM; · S2 – AVE/AIT prévio · V – Doença vascular; · A – Idade (65-74 anos); · Sc – Sexo feminino; 0 → não há necessidade de anticoagulação; 1 → pode ser anticoagulado; 2 ou mais → deve ser anticoagulado; 4. Definir estratégia a longo prazo: controle de ritmo ou de frequência? · Controle de ritmo – Usa-se medicamentos que tem por finalidade deixar o ritmo sinusal, ou seja, antiarrítmicos. O controle de ritmo não melhora a sobrevida ou a qualidade de vida e está associado a maior número de internações por reicidiva! Vale a pena se for o primeiro episódio de FA se o desencadeante for reversível, se os sintomas forem persistentes apesar da FC controlada, se a FC refratária ou contraindicações aos inibidores do nó AV. · Cardioversão química – Para pacientes sem cardiopatia usa-se ibutilida, propafenona e flecainamida, pois aumentam a chance de proarritmia e podem deprimir a função ventricular. Para pacientes com ou sem cardiopatia usa-se amiodarona, soltalol e dofetilida; · Faz-se controle de ritmo apenas em pacientes que tem baixo risco de trombos em AE, p. ex. FA com início > 48 horas, ECO-TE sem trombos, paciente anticoagulado por pelo menos 3 semanas antes da cardioversão e, após, continua sendo anticoagulado por mais 4 semanas. · FA com início < 48 horas? Alto risco, cardioverte e anticoagula ad eternum; Baixo risco, cardioverte e anticoagula por 4 semanas. · FA com início > 48 horas? Se sim, ECO-TE. Tem trombo? Se sim, anticoagulação por 3 semanas, cardioverte e anticoagula conforme o risco. Se não, cardioverte e anticoagula conforme o risco; · Controle de FC – Deixa o paciente em FA, mas medica com o objetivo de inibir o nó AV com medicamentos tendo como objetivo FC > 110 bpm; ANTICOAGULANTES · Cumarínicos – Heparina + varfarina até controle de tempo de protrombina (INR) “na faixa”, após dois INR “na faixa”, segue a anticoagulação apenas com varfarina; Novos anticoagulantes: dabigatrana (Fator IIa, trombina), rivaroxabana, apixabana e edoxabana (fator Xa), não necessitam de INR e tem menos interações entre medicações e alimentos, mas são contraindicados em FA valvar e também não têm antídoto; BIBLIOGRAFIA Medicina interna de Harrison [recurso eletrônico] / J. Larry Jameson... et al. ; tradução: André Garcia Islabão...[et al.] ; [revisão técnica: Ana Maria Pandolfo Feoli... [et al]. – 20. ed. – Porto Alegre : AMGH, 2020. – e-PUB. CAPÍTULO 246. MAGALHÃES, L. P. et al. II Diretrizes brasileiras de fibrilação atrial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 106, n. 4, p. 1-22, 2016. Vídeo-aula SANARFLIX e MEDCURSO – Cardiologia – Fibrilação atrial; 2
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