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Estudo Dirigido: Drogas Antiinflamatórias Não-Esteróides (DAINES) Discente: Laís Dantas Ferreira Data: 25/03/2020. 1. Descreva o mecanismo de ação da DAINES. Os DAINEs são fármacos que modulam a síntese dos prostanóides, inibindo o processo inflamatório através do bloqueio da enzima cicloxigenase (COX), que é uma enzima que atua na degradação do ácido araquidônico (obtido a partir da degradação dos fosfolipídeos da membrana celular pela enzima fosfolipase A2), produzindo prostaglandinas e tromboxanos e, assim, impedindo a síntese de mediadores químicos fundamentais para o desenvolvimento do processo inflamatório, ou seja, inibindo os eventos vasculares da inflamação como dor, calor, rubor e edema, logo, atuam enfocando ações: antiinflamatória, antipirética, analgésica e anti-trombótica. Estes fármacos podem ser classificados em não seletivos, quando inibem tanto a COX-1 (constitutiva) como a COX- 2 (pró-inflamatória), e em seletivos, quando inibem marjoritariamente a COX-2. 2. Explique o efeito analgésico, antipirético e antiinflamatório das DAINES. Efeito analgésico: O mecanismo da dor envolve bradicininas, histamina e prostaglandinas, principalmente PGE2 e PGI2, ocorrendo a ligação com os nociceptores promovendo descargas elétricas. Ao se fazer uso de alguma DAINE, esta irá inibir a ação da COX, não havendo a produção dos prostanoides como as PGEs, sem estas não há a sensibilização dos nociceptores para a bradicinina, não havendo a dor, logo, o efeito analgésico se dá pela inibição da produção de prostaglandinas e consequentemente de histamina e bradicinina. Efeito antipirético: O mecanismo febril se inicia com a ação de leucócitos, células que fagocitam substâncias estranhas, liberando pirogênios endógenos (citocinas como a IL- 1), essas vão pra corrente sanguínea e chegam ao hipotálamo, ligando-se a receptores endoteliais cerebrais, ou interagem com células da micróglia, ativando a formação do ácido araquidônico, que interage com a COX-2 cerebral produzindo PGE2 que é responsável por aumentar a temperatura corporal através da desregulação do funcionamento hipotalâmico. Ao se utilizar alguma DAINE, essa desregulação no funcionamento hipotalâmico é inibida, não havendo a febre. Efeito antiinflamatório: A ação antiinflamatória das DAINEs se dá pela sua capacidade de controlar todos os sinais da inflamação no local da lesão, ao inibirem competitivamente a COX-2, enzima responsável pela formação de prostaglandinas e tromboxanos a partir do metabolismo do ácido araquidônico, impedindo que haja a síntese de mediadores químicos que são responsáveis por causar o aumento da permeabilidade vascular, edema, calor e rubor, eventos vasculares da inflamação 3. Explique os efeitos colaterais das DAINES sobre o trato gastrintestinal, rins e coagulação sanguínea. Trato gastrointestinal: Os efeitos colaterais das DAINEs no trato gastrointestinal se dão pelo seu caráter ácido. Com o uso de um DAINE não seletivo, há a inibição da ação de ambas as enzimas COX, inibindo a produção das prostaglandinas, essas, especificamente a PGE, são responsáveis pela produção do muco citoprotetor, além disso, a PGE também é responsável por controlar a secreção de HCl, que em decorrência do uso dessas drogas, é aumentado, levando a um aumento no pH gástrico, que pode levar a quadros de gastrite e a formação de úlceras na mucosa gástrica. Essas úlceras podem sangrar, levando a um quadro de anemia, e também podem se romper levando a uma complicação mais grave por hemorragia digestiva. Rins: Nos rins, as prostaciclinas (PGI2) são importantes por serem responsáveis pela vasodilatação glomerular, com a inibição da liberação de prostaglandinas, vai haver a vasoconstrição glomerular, que pode levar a insuficiência renal aguda. Além disso, nos rins, as prostaglandinas regulam o fluxo sanguíneo, o transporte iônico tubular, a velocidade de filtração glomerular, a modulação da liberação de renina e o metabolismo hídrico. Portanto, o tratamento com DAINEs pode produzir alterações nessas funções, levando ao aparecimento de lesão ou insuficiência renal. Coagulação sanguínea: Em relação à coagulação sanguínea, os tromboxanos são potentes indutores do processo de coagulação, sendo necessários para a agregação plaquetária e, sem estes, há um aumento de sangramentos, que se tornam mais intensos. 4. Explique por que a margem de segurança das DAINES COX-2 seletivas é superior, quando comparada a margem de segurança das DAINES COX não- seletivas. Os DAINES podem ser classificados em DAINES seletivos, quando inibem marjoritariamente COX-2 (pró-inflamatória); e em DAINES não seletivos, quando inibem tanto a COX- 1 (constitutiva) como a COX-2 (pró-inflamatória). As DAINEs COX-2 seletivas possuem uma margem de segurança maior devido ao seu menor potencial ulcerogênico e nefrotóxico em relação aos outros grupos de anti-inflamatórios, que inibem as várias isoformas da COX, isso ocorre porque ao se utilizar um COX não seletivo, este irá inibir também processos de caráter constitutivo, os quais são essenciais para processos fisiológicos naturais, como a síntese de PGE para produção de muco citoprotetor e controle fino na produção de HCl no trato gastrointestinal, na produção de prostaglandinas para a vasodilatação glomerular e para a agregação plaquetária, aumentando o risco de efeitos colaterais. 5. Dê exemplos de três DAINES COX não-seletivas, enfocando suas propriedades farmacocinéticas, efeitos colaterais e usos clínicos. 1. Piroxicam Propriedades farmacocinéticas: É bem absorvido por via oral, podendo ser administrado tanto por via sistêmica como topicamente, não correndo o risco de se acumular no organismo de indivíduos idosos ou com insuficiência renal. Os componentes do grupo dos oxicans apresentam em comum o longo período da ação anti-inflamatória, podendo ser administrados apenas 1 vez/dia. Acredita-se que possa ocorrer circulação entero-hepática, justificando a meia-vida prolongada. Efeitos colaterais: Ulcerações gastrointestinais, gastrites, gastroenterites hemorrágicas, hepatotoxicidade, nefrotoxicidade e peritonite. Não se recomenda sua administração a felinos. Usos clínicos: Produz ação analgésica satisfatória em cães, sendo indicado condições em que se precise de uma atividade antiinflamatória e analgésica, como em dor pós- operatória, pós-traumática e processos reumáticos. Tem mostrado ação antitumoral em cães, em alguns tipos de cânceres de bexiga urinária, carcinomas de cavidade oral e de pele, sobretudo, quando combinado com quimioterápicos tradicionais. 2. Naproxeno Propriedades farmacocinéticas: O naproxeno é bem absorvido pela via oral. Picos de níveis plasmáticos são alcançados em 2-4 horas. A administração concomitante de alimentos pode retardar sua absorção, no entanto, não afeta sua atividade. Em níveis terapêuticos, 99% liga-se à albumina sérica. Em doses maiores que 500mg/dia ocorre saturação da ligação às proteínas plasmáticas. Sofre extensa metabolização hepática e é eliminado pelos rins principalmente em forma de metabólitos. Em cães apresenta meia- vida de 35 a 74 horas (dependente da raça), facilitando o aparecimento de efeitos adversos, que geralmente são dependentes da meia-vida do AINE para cada espécie. Em equinos e suínos, confere meia-vida de cerca de 5 a 6 h. É contraindicado em gatos por ser nefrotóxico e deve ser utilizado com cautela em cães. Efeitos colaterais: Distúrbios gastrointestinais e hepáticos, má digestão, dor abdominal, diarreia, prisão de ventre e vômito. Usos clínicos: É muito utilizado em equinos para o tratamento de miosites. Além disso, é indicado para alívio da dor causada por inflamação nos casos de dor decorrente da prática esportiva e/ou traumatismos (contusões, entorses, distensões), dor muscular, dor articular, dor nacoluna vertebral, dor ciática e outras dores. 3. Paracetamol Propriedades farmacocinéticas: Ao ser administrado oralmente, é rapidamente e quase completamente absorvido no trato gastrintestinal, principalmente no intestino delgado. A absorção ocorre por transporte passivo. A biodisponibilidade relativa varia de 85% a 98%. Sua absorção é mais rápida no jejum, mas a extensão de absorção não é afetada com a administração em conjunto com alimentos. O paracetamol parece ser amplamente distribuído aos tecidos orgânicos, exceto ao tecido gorduroso. O acetaminofeno é metabolizado no fígado e pode apresentar hepatotoxidade em diversas espécies animais, sendo completamente contraindicado para gatos. É eliminado do organismo através da urina. Efeitos colaterais: Podem ocorrer toxicidade hepática e renal além de alterações hematológicas, cardiorespiratórias e dermatológicas. Em humanos podem ocorrer vômitos, anorexia, dor abdominal e sintomas clínicos de lesão hepática. Usos clínicos: Redução da febre e para o alívio temporário de dores leves a moderadas, como dor no corpo, dor de dente, dor nas costas, dores musculares e dores leves associadas a artrites. É contraindicado para gatos, e doses elevadas podem causar toxicidade em cães. 6. Dê exemplos de três DAINES COX-2 seletivas, enfocando suas propriedades farmacocinéticas, efeitos colaterais e usos clínicos. 1. Celecoxibe Propriedades farmacocinéticas: Quando administrado em condições de jejum, o celecoxibe é bem absorvido, atingindo concentrações plasmáticas máximas após aproximadamente 2-3 horas. A biodisponibilidade oral das cápsulas é de cerca de 99% em relação à administração em suspensão (forma farmacêutica oral de disponibilidade ideal). A taxa de ligação a proteínas plasmáticas, que é independente da concentração, é de cerca de 97% em concentrações plasmáticas terapêuticas. A administração com alimentos (refeição rica em gorduras) retarda a absorção do e aumenta a biodisponibilidade em cerca de 20%. O celecoxibe é eliminado predominantemente por metabolismo hepático, com pequena concentração (< 1%) da dose excretada inalterada na urina. Efeitos colaterais: Causa distúrbios gastrointestinais como perda de apetite, diarreia, vômito e lesões de mucosa gástrica já foram reportados. Podem causar lesões renais importantes, principalmente com uso prolongado. Usos clínicos: É indicado no tratamento da dor e inflamação associadas a osteoartrites, doenças articulares degenerativas e pós-operatório ortopédico, tecidos moles ou dentários. 2. Etoricoxibe Propriedades farmacocinéticas: É bem absorvido por via oral. A biodisponibilidade oral média é de aproximadamente 100%. Uma refeição padrão não exerceu efeito clinicamente significativo na magnitude ou velocidade de absorção de uma dose de 120 mg. É amplamente metabolizado e menos de 1% da dose é recuperada na urina de forma inalterada. A eliminação é feita quase exclusivamente pelo metabolismo, seguida de excreção renal. Efeitos colaterais: Distúrbios gastrointestinais como como perda de apetite, diarreia, vômito, lesões de mucosa gástrica já foram reportados. Podem causar lesões renais importantes, principalmente com uso prolongado. Usos clínicos: Tratamento da osteoartrite, artrite reumatoide, espondilite anquilosante (inflamação da coluna e de grandes articulações), alívio da dor, tratamento de dor aguda após cirurgia dentária e tratamento de dor aguda após cirurgia ginecológica abdominal. 3. Firocoxibe Propriedades farmacocinéticas: Após administração oral em cães, na dose recomendada de 5 mg por Kg de peso corporal, é rapidamente absorvido e o tempo de concentração máxima (Tmáx) é 1,25 horas. O pico de concentração (Cmáx) é 0,52 µg/ml (equivalente a aproximadamente 1,5 µM), a biodisponibilidade oral é 36,9%. Está aproximadamente 96% ligado às proteínas plasmáticas. É predominantemente, metabolizado por desalquilação e glucoronidação no fígado. A eliminação é feita, principalmente pela bile e no trato gastrointestinal. Efeitos colaterais: Vômito, diarreia e inapetência e perda de peso. Altas doses podem determinar ataxia, ulceração gástrica e diarreia. Usos clínicos: É indicado para diminuir a dor, a inflamação e febre. Atua no controle da dor e da inflamação associada a osteoartrite em cães e equinos, particularmente para a osteoartrite crônica.