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Alegações Finais (1)

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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA CRIMINAL 
DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA DE SAMABAIA - DF 
 
 Processo n º . 
 
RITA e PAULA POSTER, já devidamente qualificado nos autos do processo em 
epígrafe, por intermédio de seu advogado vem, respeitosamente, à presença de Vossa 
Excelência, com fulcro no artigo 403, §3°, do Código de Processo Penal – CPP, apresentar 
 
ALEGAÇÕES FINAIS 
 
pelos fatos e fundamentos a seguir expostos. 
 I - DOS FATOS 
1.Consta que as acusadas no dia 20 de dezembro de 2019, por volta das 18h, no 
interior do Supermercado Povo Feliz localizado na QR 930, Bloco “D”, Samambaia-DF, 
as denunciadas tentaram subtrair do supermercado, 20 (vinte) barras de chocolate da 
marca “Lacta” que totalizaram no valor de R$ 95,00 (noventa e cinco reais). As mesmas, 
colocaram os objetos na cintura, sob as vestes, mas os fiscais do supermercado, DAMIÃO 
DA SILVA e ADAMASTOR ANTUNES, impediram que o furto ocorresse ao vê-las 
passarem pelo caixa do supermercado. 
2. Houve o recebimento da denúncia pela suposta prática de furto qualificado 
tipificado no art. 155, § 4º, inciso IV, c/c art. 14, inciso II do Código Penal. 
3. As rés RITA e PAULA foram citadas e apresentou resposta à acusação às fls. s/n. 
4. A audiência de instrução e julgamento foi realizada no dia xx/xx/xxxx. 
5. O Ministério Público apresentou as alegações finais, e requereu a condenação das 
rés nos termos da denúncia . 
6. No entanto, conforme restará demonstrado, não assiste razão para a condenação 
das acusadas RITA E PAULA. 
 
II - DO DIREITO 
II.1 CRIME IMPOSSÍVEL 
7. O caso em questão trata-se de uma tentativa de furto em que as acusadas 
tentaram subtrair 20 (vinte) barras de chocolate da marca “Lacta” totalizando no valor 
de R$ 95,00 (noventa e cinco reais). Consta dos autos que as acusadas estavam o todo 
tempo dentro do estabelecimento comercial sob constante vigilância, responsável de 
impedir esse tipo de acontecimento, é de fácil percepção que não seria possível que as 
acusadas cometessem o delito, sem que houvesse êxito em sua conduta. 
Nesse sentido, dispõe o artigo 17 do Código Penal: 
“Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou 
por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”. 
Ademais, para se demonstrar a existência do delito, é necessário que estejam 
presentes tanto o elemento objetivo como o subjetivo, o que, no caso em discussão, não 
ocorre, eis que, mesmo que haja vontade do acusado direcionada à prática desse delito, 
faz-se ausente o elemento objetivo, tornando o fato atípico. 
Acerca do tema, DAMÁSIO E. DE JESUS, em Comentários ao Código Penal, 
1985, pg. 308 e 309, leciona: 
"Dá-se a impropriedade absoluta do objeto 
quando inexiste o objeto material sobre o qual deveria 
recair a conduta, ou quando, pela sua situação ou 
condição, torna impossível a produção do resultado 
visado pelo agente." 
 
Ficou registrado nos autos, que, por mais que os DAMIÃO DA SILVA e 
ADAMASTOR ANTUNES exerciam fiscalização no estabelecimento, sendo a função 
exercitada com eficiência. Assim resta demonstrado que as acusadas, em hipótese 
alguma, conseguiriam consumar o furto sem que alguém o visualizasse. 
Ademais, a abordagem das supostas suspeitas não poderiam ocorrer dentro do 
estabelecimento, tendo em vista que as indivíduas se enquadravam como 
clientes. Portanto, a verificação do furto só seria possível quando as clientes 
saíssem do estabelecimento, no caso ora abordado a averiguação se deu na área 
interna do Supermercado Povo Feliz onde não é possível realizar abordagem de 
cliente dentro do próprio estabelecimento. 
 
Logo, percebe-se que, diante dos fatos, é verificável que as conduta das acusadas 
se deu em torno de extrema vigilância por parte dos agentes de fiscalização, tanto é que 
o delito não foi consumado, tendo em vista que foram prontamente abordadas. 
Portanto, para que se configure a existência do crime, é necessária a presença 
tanto do elemento subjetivo quanto do objetivo. Na espécie, embora exista a vontade do 
acusado, não está presente o elemento objetivo, já que os meios utilizados eram 
absolutamente ineficazes (art. 17, Código Penal – já mencionado acima) 
Por fim, diante de um crime impossível, é cabível e incontestável a absolvição 
das rés, nos termos do art. 386, III, do CPP e o art. 17 do Código Penal. 
II.2 DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
O princípio da insignificância surgiu na doutrina como manifestação contrária 
ao uso excessivo da sanção, quando a conduta do agente não afeta de forma relevante o 
bem tutelado, não se justificando a atuação do Direito Penal nesses casos (SOBRINHO, 
2014, p.375) 
De acordo com a denúncia, as acusadas subtraíram no Supermercado Povo Felix, 
20(vinte) barras de chocolate da marca “Lacta” totalizando-se no valor de R$ 95,00 
(noventa e cinco reais), produto este de baixo valor, que foram restituídos a 
empresa. Vale ressaltar que, o bem se destina ao consumo humano e que o mesmo não 
traria qualquer enriquecimento ao acusado, e nem traria a si nenhum benefício se não 
na sua alimentação. 
Restaram demonstrados, portanto, os requisitos definidos pelo Supremo 
Tribunal Federal para a aplicação do princípio da insignificância e consequente 
reconhecimento da atipicidade da conduta, quais sejam, (a) mínima ofensividade da 
conduta do agente, (b) nenhuma periculosidade social da ação, (c) reduzidíssimo 
grau de reprovabilidade do comportamento e (d) inexpressividade da lesão 
jurídica provocada. 
Entende-se a jurisprudência: 
APELAÇÃO CRIMINAL. FURTO. PEQUENO 
VALOR. APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA 
INSIGNIFICÂNCIA OU DE BAGATELA. 
POSSIBILIDADE. 1- O Direito Penal não deve se 
ocupar com bagatelas, que não causam tensão à 
sociedade, notadamente quando se tratar de conduta 
de mínima ofensividade, sem qualquer periculosidade 
social, de reduzidíssimo grau de reprovabilidade e de 
inexpressiva lesão jurídica, pois sendo o Direito Penal 
fragmentário, aplica-se o princípio da insignificância e 
da intervenção mínima. 2- Recurso provido. (TJ-MG - 
APR: 10629130010248001 MG, Relator: Antônio 
Armando dos Anjos, Data de Julgamento: 26/08/2014, 
Câmaras Criminais / 3ª CÂMARA CRIMINAL, Data de 
Publicação: 03/09/2014). 
 
Os fatos narrados na denúncia não merecem prosperar, visto a insuficiência de 
provas para condenação das acusadas. A lesão constatada ao patrimônio do ofendido é 
irrelevante, a ação não fora cometida mediante violência ou grave ameaça, tampouco 
verifica-se quaisquer justificava para privar da liberdade e/ou restringir direitos das 
acusadas. 
 
II.3 DA NEGATIVA DE AUTORIA 
 Da análise do processo, é necessário o reconhecimento de que não há elementos 
probatórios suficientes para imputação do fato criminoso das acusadas. Tendo em vista 
que, os depoimentos das testemunhas trazem apenas indícios, mas não provas concretas 
que sejam capazes de ensejar condenação. 
Em sede de interrogatório por autoridade policial, as denunciadas negaram a 
autoria dos fatos (negativa de autoria) e que as barras de chocolate encontradas em suas 
vestes foram plantadas pelos fiscais afirmando que não cometeram tal crime. 
Nos termos do Art. 386, IV do Código de Processo Penal brasileiro, deverá o 
juiz absolver o réu sempre que restar comprovada a não participação do mesmo na 
infração penal. Deve haver ainda, o respeito ao princípio in dubio pro reu, o qual 
preceitua que, havendo dúvida razoável, esta deve ser utilizada a favor do réu, sendo 
ele, absolvido. No presente caso, observa-se a fragilidade e insuficiência das provas 
testemunhais produzidas. 
Entendem Guilherme de Souza Nucci; Nelson Hungria e Norberto Cláudio 
Pâncaro Avena, que: 
 (...) Prova insuficiente para a condenação: é outra 
consagração do princípio da prevalência do interesse do réu 
– in dubio pro reo. Se o juiz não possui provas sólidas para 
a formação doseu convencimento, sem poder indicá-las na 
fundamentação da sua sentença, o melhor caminho é a 
absolvição. (NUCCI, Guilherme de Souza. Código de 
Processo Penal Comentado, 8ª edição, Editora Revista dos 
Tribunais, 2008, p. 689) (...) 
(...) A condenação criminal somente pode surgir diante de 
uma certeza quanto à existência do fato punível, da autoria e da 
culpabilidade do acusado. Uma prova deficiente, incompleta ou 
contraditória, gera a dúvida e com ela a obrigatoriedade da 
absolvição, pois milita em favor do acionado criminalmente uma 
presunção relativa de inocência (HUNGRIA, Nelson. Da prova no 
processo penal. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. p. 64/65). 
O Indubio pro reo, tem suporte na Declaração Universal dos Direitos Humanos 
promulgada pela Organização das Nações Unidas, em 1948, também assegurou tal 
garantia ao referir que: 
“Art. XI. Toda pessoa acusada de um ato delituoso tem o direito 
de ser presumida inocente, até que a culpabilidade tenha sido 
provada de acordo com a lei, em julgamento público, no qual lhe 
tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua 
defesa.” 
 
Quando não esta provado que as rés não concorreram para a infração penal ou não 
existem provas suficientes para a condenação, na dúvida, deve-se absolver o réu, como 
forma de evitar injustiça e condenar um inocente. 
 
III - DO PEDIDO 
19. Ante o exposto, e no que mais consta nos autos, requer: 
 a) que seja aplicado o princípio da insignificância 
b) Seja decretada a absolvição das rés, conforme artigo 386, VI do Código de 
Processo Penal, frente as ponderações 
. 
Termos em que pede deferimento. 
Local, data 
 
ADVOGADO 
 OAB

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