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MEDULA ESPINHAL SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Estrutura da Medula Espinhal .............................. 3 3. Irrigação ......................................................................15 Referências Bibliográficas .........................................28 3MEDULA ESPINHAL 1. INTRODUÇÃO A medula espinhal é uma massa cilin- droide de tecido nervoso constituin- te do sistema nervoso central (SNC), sendo uma continuação do tronco cerebral que se estende do forame magno até a região das vértebras lombares L1 e L2. A medula situa- -se dentro do canal vertebral e du- rante seu desenvolvimento ocorre uma desproporção entre tamanho da coluna vertebral e medula espinhal, sendo que esta tem seu crescimen- to final até os quatro anos de idade, enquanto a estrutura óssea mantem crescimento até os 14 a 18 anos de idade. Dessa forma, o comprimento final da medula varia em aproximada- mente 42 centímetros nas mulheres e 45 centímetros em homens. É uma região essencial ao funciona- mento corporal nos âmbitos motor e sensitivo, para movimentos corporais básicos como caminhar, correr e tam- bém nos reflexos de tronco e mem- bros. Tem função de percepção do tato, levando informações ao cérebro, além de inúmeras funções autonômi- cas que detalharemos nesse material. Conhecer sua anatomia e funcio- nalidade é essencial para entender anormalidades que podem ocor- rer tanto por situações traumáticas, compressões, tumorações e infec- ções quanto por anormalidades es- truturais endógenas. Neste material entenderemos as relações anatômi- cas, propriedades funcionais e pos- síveis anormalidades encontradas na medula espinhal. 2. ESTRUTURA DA MEDULA ESPINHAL Anatomia externa Os limites anatômicos são essenciais para reconhecer o início e fim da me- dula. A referência superior é o forame magno, sendo que acima dele o que chamávamos de medula passa a ser bulbo enquanto o limite inferior está na região da cisterna lombar à nível de L1. Coluna vertebral A medula espinhal não é uma es- trutura isolada, está em contato com diversas outras estruturas, incluin- do estrutura óssea: a coluna ver- tebral. A coluna realiza um papel de proteção e estruturação da medula espinhal, desde a base do crânio a região de cóccix. Há também relação direta com os nervos espinhais que serão detalhados no tópico nervos espinhais. 4MEDULA ESPINHAL A coluna vertebral é dividida em qua- tro regiões: cervical, torácica, lombar e sacro-coccígea, sendo composta de 7 vértebras cervicais, 12 toráci- cas, 5 lombares, 5 sacrais e cerca de 4 coccígeas. Vista anterior Vista lateral esquerda Vista posterior Vértebras cervicais Vértebras torácicas Vértebras lombares Sacro (S1-5) CóccixCóccixCóccix Sacro (S1-5) Sacro (S1-5) Atlas (C1) Áxis (C2) C7 C 7T1 T 1 T 2L 1 L 5 T 2L 1 L 5 Áxis (C2) Atlas (C1) Figura 1. Coluna vertebral. Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 6ed. Porto Alegre: Artmed (2015) 5MEDULA ESPINHAL SE LIGA! A subdivisão da medula espi- nhal ocorre a partir dos níveis vertebrais. Lembre-se que variações anatômicas podem predizer variações na localização dos níveis medulares. Além dessa segmentação vertebral existe outros importantes marcos re- lacionados à estrutura óssea, sendo eles os alargamentos medulares, o primeiro na região cervical baixa ou cervico-torácica e o segundo no alar- gamento lombar. Os alargamentos são regiões com importantes infor- mações que chegam e saem, dando origem aos grandes plexos nervosos, o plexo braquial e o plexo sacral. Cervical Torácico Lombar Sacro- coccígeo Figura 2. Divisão da coluna vertebral. Fonte: https://bit.ly/3eWriCo 6MEDULA ESPINHAL Após a medula há uma região repleta de líquido com raízes espinhais que é conhecida como cauda equina. A importância clínica da cauda equina é a região da cisterna lombar, pois é a região da punção lombar para ava- liação liquórica. Coluna espinhal Cauda equina Figura 3. Cauda equina. Fonte: https://bit.ly/2Dja30j 7MEDULA ESPINHAL Medula espinhal Plexo cervical Plexo braquial Nervos intercostais Plexo lombar Plexo sacral Figura 4: Plexos e relações nervosas da medula espinhal. Fonte: https://bit.ly/2DanZd8 SAIBA MAIS! A síndrome da cauda equina é uma doença grave causada pela compressão e inflamação do feixe de nervos na parte inferior do canal vertebral. A gravidade se dá ao fato de poder resul- tar em paralisia, incontinência intestinal/urinária e a outros problemas de sensibilidade e perda de movimento. Em muitos casos de síndrome da cauda equina a descompressão cirúrgica do canal vertebral é recomendada como a opção de tratamento mais adequado. O objetivo é aliviar a pressão sobre os nervos da cauda equina, removendo as estruturas que os estão comprimindo e aumentando o espaço disponível para os nervos no canal medular. Além da descompressão dos nervos afetados na cauda equina, o médico também vai procurar tratar a causa subjacente da doença. 8MEDULA ESPINHAL Meninges As meninges, em número de três, dura-máter, aracnoide e pia-má- ter são componentes essenciais para proteção e funcionamento medular. O espaço epidural que separa as po- ções da dura-máter e aracnoide é re- pleto de gordura formando um coxim de proteção entre as camadas, abaixo da aracnoide há o espaço subarac- noide repleto de líquor e diretamente em contato com a medula espinhal está a pia-máter. O ligamento denteado é uma estrutu- ra de “ancoragem” da medula, dimi- nuindo a mobilização extrema da me- dula e consequentemente realizando proteção em casos de traumas. Substância branca Substância cinzenta Gânglio nervoso Aracnoide Dura-máter Pia-máter Nervo Figura 5. Medula espinhal e meninges. Fonte: https://bit.ly/30WMcf3 9MEDULA ESPINHAL Anatomia interna e organização histológica da medula A medula espinhal é composta por duas porções: a substância cinzen- ta e substância branca. A grande diferença entre a medula e a região cerebral é que, na medula, a região central é composta por substância cinzenta enquanto a porção mais externa é composta por substância branca. HORA DA REVISÃO! As meningites são infecções que afetam a região de meninges causando inflamação in- tensa nessas áreas e com repercussões clínicas específicas. Os principais agentes etioló- gicos são vírus, fungos e bactérias e as características sintomatológicas variam bastante de acordo com cada subtipo. Infecções virais, em geral, são mais brandas e podem ter resolução espontânea ou com utilização de sintomáticos e antivirais, cursam com febre, mal estar, fraqueza, cefaleia, náuseas e vômitos e dificuldade em fletir a cabeça. O diag- nóstico é realizado com história clínica e punção lombar com análise do líquor cefalorra- quidiano. A meningite bacterina aguda é uma condição clínica mais grave que necessita de abordagem imediata do profissional com antibioticoterapia direcionada aos germes mais prevalentes. Os sintomas são os menos supracitados com maior intensidade, por exemplo, vômitos em jato, prostração, rigidez intensa em região de pescoço, manchas e necrose em extremidades e outros. Figura 6. Organização interna da medula espinhal. Fonte: https://bit.ly/30QTVvg 10MEDULA ESPINHAL A substância cinzenta é conhecida como H medular, este que é um res- quício da luz do tubo neural, região que agrupa corpos de neurônicos e células gliais. Dentre os marcos ana- tômicos importantes da substância cinzenta estão os cornos, o primei- ro, dorsal ou posterior, corno lateral e corno anterior ou ventral. Há também a fissura mediana anterior ou ventral e o sulco mediano posterior, este que divide a medula em duas metades. O H medular é composto por lâminas irregulares, sendo chamadas de lâ- minas de Rexed. São elas: • Lâminas I-VI: sensoriais • Lâmina VII: espinocerebelar • Lâmina VIII e IX: motoras • Lâmina X: circunda o canal central Os neurônios são aindasubdivididos em neurônios de axônios longos e curtos. Os primeiros são tipo I de Gol- gi, radiculares e cordonais. Os radicu- lares podem ser viscerais e somáticos e os segundos de projeção e de as- sociação. Os neurônios de projeção e associação são essenciais para coor- denação das informações da medu- la com a própria medula e da medula com os outros órgãos do SNC. En- quanto isso, os neurônios curtos são tipo II de Golgi. NEURÔNIOS TIPOS EXEMPLIFICAÇÕES Neurônio de Axônio longo Tipo I de Golgi Radiculares: viscerais e somáticos Cordonais: de projeção e de associação Neurônio de Axônio curto Tipo II de Golgi São interneurônios Tabela 1. Divisão neuronal na medula espinhal Figura 7. Substância cinzenta com corpos neuronais / Feixe de substância branca com distribuição de axônios. Fonte: www.sanarflix.com.br 11MEDULA ESPINHAL Há ainda a divisão em núcleos dos cornos medulares. Os núcleos do corno anterior são mediais e inervam toda a medula e musculatura axial. Os núcleos laterais estão nas regiões que formam os plexos e inervam a musculatura apendicular, regiões de intumescência cervical e lombar e ori- ginam o plexo cervical e lombossacral. Figura 8. Substância cinzenta com corpos neuronais / Região da circulação de líquor com células ependimárias. Fonte: www.sanarflix.com.br Os núcleos do corno posterior são a substância gelatinosa, região conhe- cida como “portão da dor” e, por fim, o núcleo dorsal de Clarke que se situa entre C8 e L3, responsável pela propriocepção inconsciente dos membros inferiores. A substância branca possui os funículos anterior, lateral e posterior que veremos a seguir. 12MEDULA ESPINHAL Vias ascendentes e descendentes da substância branca Diversas vias estão envolvidas no trato medular, sendo elas as vias mo- toras, sensitivas, autonômicas e outras. Cada uma no seu respectivo espaço anatômico e funcionalidade, veja abaixo: Vias ascendentes As vias ascendentes relacionam-se direta ou indiretamente com fibras FLUXOGRAMA: ESTRUTURA DA MEDULA ESPINHAL MEDULA ESPINHAL Coluna vertebral Meninges Substância cinzenta Substância branca Cervical Dura-máter H medular Funículos anterior/ lateral/posterior Torácica Espaço epidural Cornos Vias ascendentes Lombar Aracnoide Vias descendentes Sacral Espaço subaracnoide Coccígea Pia-máter Anterior Lateral Posterior Neurônios de axônio longo Neurônios de axônio curto 13MEDULA ESPINHAL que penetram pela raiz dorsal e, modo geral, as informações que ascendem na medula são periféricas. As regiões medulares que captam estímulos pe- riféricos levam as informações ao cór- tex cerebral para gerar uma resposta que pode ser motora, sensitiva ou cognitiva. Esta que também passa pela medula ao retornar com as infor- mações para a pele ou musculatura e gerar a sensação e/ou ação física. Cada filamento radicular da raiz dor- sal, ao ganhar o sulco lateral posterior divide-se em porção medial e por- ção lateral. A porção medial dirige- -se a face medial da coluna poste- rior e grande número de fibras desse ramo seguem para o bulbo forman- do os fascículos grácil e cuneiforme. Enquanto a via lateral é formada por fibras mais finas que dirigem-se ao ápice da coluna posterior. Os componentes dessa via são: fas- cículo grácil, fascículo cuneiforme, trato espinocerebelar e trato espi- notalâmico. Ainda nessas vias estão os fascículos grácil e cuneiforme, sendo eles responsáveis por levar in- formações sobre sensibilidade tátil (fino e epicrítico), propriocepção e vibração. O fascículo grácil emite informa- ções dos membros inferiores e grande parte do tronco, até a re- gião torácica baixa e abdominal. O fascículo cuneiforme é respon- sável por levar informações dos membros superiores, região toráci- ca alta e região cervical. Ao chegar no nível cervical surge então o fascí- culo cuneiforme que se une ao grácil e ambos levam as informações su- pracitadas ao cérebro. O Trato espinocerebelar é responsá- vel por levar informações da proprio- cepção inconsciente que auxiliam em processos de equilíbrio, por exem- plo. O trato espinotalâmico se divide em lateral e anterior, reconhece infor- mações de dor, temperatura, pres- são e tato. Especificamente, o trato espinotalâmico lateral basicamente leva informações de dor e temperatu- ra e o anterior está mais relacionado a tato leve e pressão. SE LIGA! Todas as vias ascendentes, ao adentrarem a medula, ascendem do mesmo lado, ipsilateral, já o trato espi- notalâmico é uma exceção, ele atraves- sa a outra metade da medula e sobe contralateralmente. Isso é essencial, pois no exame físico do paciente podem existir alterações sensitivas específicas pelo padrão de lesão. Vias descendentes A maior parte das fibras descenden- tes é originada no córtex cerebral ou tronco encefálico e realizam si- napse com neurônios medulares. Algumas vias terminam em neurônios pré-ganglionares do sistema nervoso autônomo e outras fazem sinapse com neurônios da coluna posterior. Além 14MEDULA ESPINHAL disso, existem vias que terminam direta- mente nos neurônios motores somáticos e permitem a interação com o meio externo. Estas são subdivididas em neurônios pi- ramidais e neurônios extra-piramidais. O trato corticoespinal lateral e anterior é responsável pela motricidade voluntária, sendo o lateral levando principalmente as informações das porções apendiculares corporais. O trato rubro-espinal também participa da motricidade voluntária, mas no sentido de modular, de coordenar a movimentação, uma vez que o núcleo rubro tem ligação próxima com o cerebelo. Os tratos reticulo-espinais são essen- ciais para os movimentos automáticos básicos como caminhar. Além disso, ele auxilia na criação de movimentos orienta- dos externamente como estímulos visuais e auditivos. O trato vestíbulo-espinhal está relaciona- do à orientação postural, por exemplo, ao tropeçar algumas posições são conferias ao corpo como abrir os braços, alargar as pernas e posicionar o tronco para frente. Já o trato corticoespinal anterior é responsá- vel pela motricidade voluntária da região axial, peitoral, de abdome, músculo reto- -abdominal e outros. O trato teto-espinhal envolve o reflexo es- pontâneo de proteção, por exemplo, fe- chamento dos olhos, sendo uma resposta motora direcionada a proteção. FUNÍCULOS TRATOS Anterior Trato ascendente Trato espinotalâmico anterior Tratos descendentes Trato corticoespinal anterior Trato vestíbulo-espinal Trato teto-espinhal Trato reticulo-espinal Funículo lateral Tratos ascendentes Trato espinocerebelar posterior Trato espinocerebelar anterior Trato espinotalâmico lateral Trato dorsolateral Trato espino-reticular Trato espino-olivar Tratos descendentes Trato corticoespinal lateral Trato rubro-espinal Trato reticulo-espinal lateral Tratos autonômicos descendentes Trato olivoespinal Funículo posterior Tratos ascendentes Fascículo Grácil Fascículo Cuneiforme Tabela 2. Tratos da medula espinal 15MEDULA ESPINHAL Figura 9. Vias ascendentes e descendentes da medula espinhal. Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 3. IRRIGAÇÃO A artéria espinhal anterior irriga a porção anterolateral da medula, en- quanto a artéria espinhal posterior irriga os funículos posteriores. A artéria aorta emite ramos, arté- rias segmentares, que participam da irrigação medular de forma peri- férica, mas também importantes, vis- to que lesões de aorta podem gerar alterações específicas como de sen- sibilidade ou motoras em decorrên- cia da interferência na funcionalidade medular. A drenagem venosa acompanha o caminho arterial, sendo que as veias espinhais anterior e posterior drenam para as veias radiculares que desem- bocam na rede venosa epidural. A partir de então essa rede é drenada para os seis venosos epidurais. 16MEDULA ESPINHAL Figura 10. Irrigação da medula espinhal. Fonte: https://bit.ly/2D9ZVaq. Figura 11. Drenagem da medula espinhal. Fonte: https://bit.ly/3f7VSbC17MEDULA ESPINHAL Níveis sensitivos e fisiologia da me- dula espinhal Os níveis medulares são relaciona- dos às raízes medulares. Aqui fala- remos sobre os dermátomos, áreas específicas da pele que determinam os níveis sensitivos, plexos braquiais e lombosacrais e correlação clínica com a fisiologia medular. Dois marcos essenciais ao conheci- mento clínico são ao nível de T4 e T5 que é a porção torácica média e a cicatriz umbilical que corresponde a T10. Alterações de força ou sen- sibilidade de membros, por exemplo, estão diretamente relacionadas a es- ses marcos anatômicos. Figura 12. Relação das raízes dos nervos espinais com as vertebras. Fonte: NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 18MEDULA ESPINHAL Vejamos que cada nível medular (C8, T12, L5, S5, C1) tem raízes espe- cíficas. A organização se dá como pontos de contato de informações que entram e saem da medula a todo tempo, sendo estas as informações motoras e sensitivas. Os corpos neuronais responsáveis pela saída emergem pela porção anterior da medula a partir de sua raiz específica e perpassa pelo nervo es- pinhal para o músculo específico, este que pode ser estriado ou liso. Já no sentido contrário, existem as informa- ções que chegam da periferia e aden- tram a medula espinhal para chegar ao córtex, sendo estas de caráter sensitivo somático ou visceral. Figura 13. Vias sensitivas e motoras. Fonte: https://bit.ly/3hX1SGn 19MEDULA ESPINHAL A maioria dos nervos espinhais são mistos, ou seja, levam informações tanto sensitivas quanto motoras e passam para as raízes espinhais. A medula é uma estrutura responsá- vel pelos reflexos, ou seja, conferem expostas a estímulos em níveis me- dulares. Os reflexos das porções de tronco e membros (esqueleto axial e apendicular) são permitidos pela ação sincrônica da medula, enquanto a região de rosto é proveniente do tronco encefálico. Os reflexos podem ser monossináp- ticos ou polissinápticos, segmenta- res ou intersegmentares ou reflexos de alça longa. Eles envolvem circui- tos que podem chegar até a região de córtex cerebral e modulam os reflexos espinais por mecanismos suprasegmentares. Figura 14. Reflexos espinais. Em um reflexo espinal, a informação sensorial, ao entrar na medula espinal, desencadeia uma resposta sem necessidade de comandos do encéfalo. No entanto, essas informações sensoriais sobre o estímulo podem ser enviadas para o encéfalo. Fonte: SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem inte- grada. 7. ed. Porto Alegre. 2017 20MEDULA ESPINHAL SE LIGA! A medula, como menciona- mos, é também responsável por contro- les autonômicos como respiratórios, por exemplo. Em geral, transtornos respira- tórios ocorrem por lesões a nível C3-C5 e núcleo frênico causando paralisia dia- fragmática. Transtornos cardiovascula- res também ocorrem a partir de lesões da medula em região alta, cervical supe- rior, e podem estar associadas a bradi- cardia e hipotensão. A medula ainda tem um componente importante de controle das pálpebras, pupila e glândulas sudo- ríparas, controle sobre a função vesical, função retal e sexual (tanto no sentido de ereção quanto ejaculação). Os dermátomos são a represen- tação na pele dos segmentos medulares, logo, cada seguimento tem uma divisão cutânea específica. Vamos tomar como exemplo: um pa- ciente com compressão da raíz em C6, neste caso, o paciente irá referir alteração de dor, parestesia, incômo- dos específicos na região lateral do membro superior, visto que é onde reflete o dermátodo específico. Mas é preciso conhecer todos os ní- veis de dermátomos? Não necessa- riamente. É essencial reconhecer que alterações sensitivas e motoras po- dem estar relacionadas a patologias medulares e investiga-las detalhada- mente correlacionando sempre com a clínica. Figura 15. Dermátomos. Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 21MEDULA ESPINHAL Em pontos específicos da medula as raízes se unem formando plexos, dessa forma, plexos são junções de raízes, sendo três mais importantes: cervical (C2-C4), braquial (C5-T1) e lombossacral (L1-S3). O plexo cervical, primeiro deles, é o menos susceptível a lesões trau- máticas pela sua localização. Tem como principal função a inervação do diafragma e alterações nesse ple- xo podem gerar a paralisia unilateral diafragmática. Figura 16. Relação de dermátomos e movimentos. Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 22MEDULA ESPINHAL O plexo braquial está um pouco su- perior a nível torácico, visto que tem início em C5 e possui inúmeras divi- sões. As raízes, ao sair da medula, se unem formando troncos, sendo que estes novamente se dividem dando origem a divisões e posteriormente em fascículos. Os fascículos são o la- teral, posterior e medial. Sobre eles, dão origem a elementos nervosos Figura 17. Plexo cervical. Fonte: https://bit.ly/2OZLg48 específicos, veja abaixo os mais importantes: • Nervo musculocutâneo – prove- niente do fascículo lateral • Nervo axilar – proveniente do fas- cículo posterior • Nervo mediano – proveniente do fascículo medial e lateral 23MEDULA ESPINHAL Figura 18. Plexo braquial. Fonte: https://bit.ly/309bxn7 24MEDULA ESPINHAL Figura 19. Plexo lombossacral. .Fonte: https://bit.ly/3ffoXlS Veja na tabela três as principais funções sensitivas. NERVO ÁREA SENSITIVA Axilar Porção posterior do deltoide Radial Porção posterior da mão Mediano Três primeiros quirodáctilos Ulnar Quarto e quinto dedo Tabela 3. Funções sensitivas do plexo braquial 25MEDULA ESPINHAL Veja na tabela 4 as funções motoras. NERVO MÚSCULO Músculo-cutâneo Braquial – bíceps Axilar Deltoide Radial Tríceps e extensores Mediano Flexores, lumbricais 1 e 2 Ulnar Adutor do polegar, interrósseos, lumbricais 3 e 4 Tabela 4: Funções motoras do plexo braquial O plexo lombossacral, de L1 a S3, tem como principal nervo o ciático, devido a prevalência de afecções clí- nicas. Esse é um dos nervos calibro- sos no membro inferior, com transito posterior de nádegas, coxas e pernas até a porção mais distal, abaixo da patela. O nervo musculocutâneo ou cutâneo femoral lateral também tem grande significância clínica, inervando toda porção lateral da coxa. Um exemplo de afecção bastante comum é por pacientes que tem o habito de dormir sempre de um único lado, “por cima” de uma única perna e isso pode gerar compressão nervosa. SAIBA MAIS! Ao nascimento, uma condição adversa das manobras obstétricas ou saída natural do feto é a paralisia do plexo braquial. Essa condição não tem uma prevalência bem definida e ocorre por tração excessiva do pescoço para a saída do ombro anterior que sofre bloqueio pela sínfise púbica materna. É sabido que cursa com perturbações motoras e sensitivas do membro su- perior e sua identificação precoce é essencial para o prognóstico. O tratamento pode ocorrer por fisioterapia e terapia ocupacional, contudo, em casos graves, pode ser necessário trata- mento cirúrgico. 26MEDULA ESPINHAL SAIBA MAIS! A ciatalgia é a dor que ocorre na região e trajeto do nervo ciático. A causa mais comum des- sa patologia é a compressão das raízes nervosas em região lombar que tem como etiologia as discopatias, osteofitose e estreitamento do canal medular. Com menos frequência, mas de grande importância diagnóstica estão as tumorações em região lombar e formação de abcessos. Os principais sintomas são dor irradiada em todo trajeto do nervo, seguindo em região glútea e posterior da coxa, em queimação, lancinante ou em pontadas que ocorre de forma contínua e tem períodos de piora com determinadas atividades físicas e posiciona- mentos durante o dia, ou para dormir, por exemplo. Um importante sinal é com a dor referida após elevação do membro inferir, do lado afetado, acima de 60º. Outra opção é a elevação da perna contralateral de forma retocruzada que também ocasiona a dor referida na região irrigada pelo nervo. O diagnóstico é iminentemente clínico, mas pode ter auxiliode exames de imagem como ressonância magnética ou tomografia que define a área de compressão e extensão da mesma facilitando o conhecimento sobre o fator etiológico. O tratamento é rea- lizado com fisioterapia e analgesia para casos leves, contudo, casos de compressão extrema ou tumores, por exemplo, podem ter indicação cirúrgica de correção medular. 27MEDULA ESPINHAL MAPA MENTAL – RESUMO DO TEMA Conceito Massa cilindroide de tecido nervoso Anatomia externa Anatomia interna Reflexos Níveis sensitivos Irrigação e drenagem Neurônios Componente do SNC Continuação do tronco cerebral Nível de forame magno a L1/L2 Crescimento até os três anos de idade Coluna vertebral Meninges Dura-máter Aracnoide Pia-máter Espaço epidural Subaracnoide Substância branca Substância cinzenta Vias ascendentes e descendentes H medular Tratos medulares Resquício do tubo neural Corno anterior/ posterior e lateralMonossinápticos Polissinápticos Plexos Dermátomos Cervical Braquial Lombosacral Veias espinhais anteriores e posteriores Axônios longos Axônios curtos Veias radiculares Tipo I de Golgi Tipo II de Golgi Radiculares e cordonais Interneurônios Rede venosa epidural A. Espinhal anterior A. Espinhal posterior 28MEDULA ESPINHAL REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMATO et al. Anatomy of spinal blood supply. São Paulo. 2015 HALL, Jhon E. Guyton & Hall: Tratado de Fisiologia Médica. 12ªed. Rio de Ja- neiro. Elsevier. 2011. MACHADO, Angelo, HAERTEL, Lucia M. Neuroanatomia Funcional. 3ª ed. São Paulo. Atheneu, 2013. Netter, FH et al, y, Atlas of Neuroanatomy and Neurophysiolog 2002, Icon Custom Communication, EUA. NETTER, Frank H.. Atlas de Anatomia Humana. 6ed. Porto Alegre: Artmed (2015) Nitrini R.; Bacheschi LA. A neurologia que todo médico deve saber. São Pau- lo. Editora ATHENEU. 2003. SILVERTHORN, Dee Unglaub. Fisiologia humana: uma abordagem integra- da. 7. ed. Porto Alegre. 2017 SWARTZ, MARK H. Tratado de Semiologia Medica 7ª Edição (2015) 29MEDULA ESPINHAL https://www.instagram.com/sanarflix/ https://www.youtube.com/sanarflix https://twitter.com/sanarflix