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Tireoide A glândula tireoide é uma pequena glândula em formato de borboleta, encontrada logo abaixo da proeminência laríngea. Produz hormônios que influenciam essencialmente em todos os órgãos, tecidos e células do corpo. A glândula tireoide responde à estimulação pelo hormônio estimulante da tireoide (TSH), secretado pela hipófise. Quando estimulada, a glândula produz dois hormônios principais: Tiroxina (T4) – possui 4 moléculas de iodo; Tri-iodotironina (T3) – possui 3 moléculas de iodo. É a forma mais predominante e ativa de hormônio da tireoide. T3 reverso (rT3) – um isômero do T3, é derivado do T4 pela ação da deiodinase. O corpo não é capaz de usar o rT3. A síntese desses hormônios necessita de tirosina, um aminoácido-chave envolvido na produção do hormônio da tireoide e, o oligomineral iodo. Funções da tireoide Regula o metabolismo de lipídeos e carboidratos; Regula a temperatura corporal; Regula a frequência cardíaca; Produz calcitonina – hormônio que ajuda a regular a quantidade de cálcio no sangue. Fisiologia da tireoide Os processos biossintéticos que resultam na geração de hormônios da tireoide dentro da glândula, são controlados por mecanismos de feedback dentro do sistema hipotálamo- hipófise-tireoide. Este sistema é parte do sistema endócrino responsável pela regulação do metabolismo. O hipotálamo produz e secreta hormônio liberador de tireotropina (TRH), que se desloca para a hipófise, estimulando-a a liberar TSH, o que induz a glândula tireoide a suprarregular seu dispositivo secretor. Embora o T4, T3 e rT3 sejam gerados dentro da glândula tireoide, o T4 é quantitativamente o principal produto secretado. Todo o T4 detectado na circulação é gerado pela tireoide, a menos que seja administrado exogeneamente. A produção de T3 e rT3 dentro da tireoide é relegada a quantidades muito pequenas e não é considerada significativa em comparação com sua produção periférica. Embora um pouco de T3 seja produzido na tireoide, cerca de 80-85% é gerado fora dela, principalmente pela conversão de T4 no fígado e rins. A hipófise e o sistema nervoso são capazes de converter T4 em T3, por isso não são dependentes do T3 produzido pelo fígado o rins. Dentro do fígado e rins, a enzima responsável pela produção de T3 é uma enzima selênio-dependente chamada de 5’desiodase, que remove a molécula de iodo da T4 para formar T3 ou rT3. Hipotireoidismo É uma disfunção da glândula tireoide, que passa a produzir menos hormônio tiroxina, resultando em lentificação dos processos metabólicos. É decorrente de uma doença autoimune, conhecida como tireoidite de Hashimoto, na qual o sistema imunológico destrói e ataca o tecido da glândula tireoide. As mulheres são 5-8 vezes mais propensas que os homens a ter hipotireoidismo. Sinais e sintomas Baixa energia; Memória fraca; Menstruação intensa; Cabelos secos e grossos; Mudanças de humor; Pés e mãos frias; Fadiga; Ganho de peso; Constipação; Pele seca; Hipercolesterolemia; Dor muscular; Depressão; Déficits cognitivos. Causas Deficiência nutricional; Aumento das proteínas de ligação da tireoide; Conversão excessiva de T3; Subconversão de T4 em T3; Hipófise anterior; Condição autoimune. Fisiopatologia Devido a tireoidite de Hashimoto, que é a principal forma mais comum do hipotireoidismo, o sistema imunológico ataca e destrói a glândula tireoide (o organismo produz anticorpos que danificam a tireoide), fazendo com que fique aumentada e cronicamente inflamada, tornando-se não funcional, ou seja, diminuindo a sua capacidade de produção de hormônios, com partes reativas da glândula se deteriorando depois de vários anos. Os autoanticorpos da tireoide indicam se o sistema imunológico do corpo está se autoatacando ou se há uma condição autoimune da tireoide. Diagnóstico Testes de anticorpos específicos identificam a tireoidite de Hashimoto, como: Anticorpos antiperoxidade tireoidina (anti- TPO): células do sistema imunológico que indicam se o sistema imunológico está atacando a tireoide peroxidase na glândula tireoide. Anticorpos antitireoglobulina (anti-TGB): células do sistema imunológico que indicam que o sistema imunológico está atacando a tireoglobulina na glândula tireoide. Tratamento clínico e nutricional Quando a tireoide está hipoativa por causa de uma doença autoimune, tratamento com iodo radioativo, defeitos congênitos ou remoção cirúrgica, a abordagem farmacológica para o tratamento convencional é a prescrição de medicamentos de reposição dos hormônios da tireoide. A avaliação nutricional, baseia-se em um painel da tireoide completo. Deve ser investigado, deficiência de algumas vitaminas e minerais como, vitamina D, zinco, iodo, cálcio e selênio. A terapia nutricional para hipotireoidismo baseia-se na suplementação com os nutrientes apropriados, dieta anti- inflamatória e, uma dieta de eliminação para possível sensibilidade alimentar. Os goitrogênicos, são substancias que dificultam a absorção de iodo. Os alimentos vegetais cianogênicos (couve- flor, brócolis, repolho, couve-de-bruxelas, mostarda, nabo, rabanete e mandioca), exercem atividade anti-tireoidiana pela inibição da tireoide peroxidase. Esses alimentos podem ser consumidos após a cocção. A hidrólise de alguns glucosinolatos encontrados em vegetais crucíferos, pode produzir a goitrina, que interfere na síntese do hormônio da tireoide. A hidrólise de alguns glucosinolatos indólicos resulta na liberação de íons tiocianato, que competem com o iodo pela absorção pela glândula tireoide. O aumento da exposição aos íons tiocianato pelo consumo de vegetais crucíferos não aumenta o risco de hipotireoidismo, a menos que seja acompanhado por deficiência de iodo. A soja tem propriedades goitrogênicas quando a ingestão de iodo é limitada. As isoflavonas inibem a atividade da tireoide peroxidase e podem diminuir a síntese de hormônios da tireoide. Com relação ao iodo, não é recomendada a sua suplementação em casos de tireoidite de Hashimoto autoimune, pois o iodo estimula a produção de tireoide peroxidase, que aumenta as concentrações de anti-TPO, indicando uma crise autoimune. O selênio, como selenocisteína, é um cofator da 5’-desiodase. Se houver déficit de selênio, a atividade da desiodase é prejudicada, resultando em diminuição da capacidade de deiodizar T4 em T3. O selênio é um mineral extremamente importante no tratamento da tireoidite de Hashimoto. Porém, o consumo excessivo pode exercer uma influência negativa sobre o metabolismo dos hormônios da tireoide. A baixa função da tireoide pode ser secundaria à baixa concentração de ferro ou anemia. A tireoide peroxidase é uma enzima heme glicosilada ferro-dependente. É necessária a inserção do ferro heme na tireoide peroxidase para que a enzima transloque-se à superfície celular apical dos tireócitos, auxiliando a tireoide peroxidase a catalisar as duas etapas iniciais da síntese de hormônios tireoidianos. Hipertireoidismo É uma condição na qual a glândula tireoide é hiperativa e produz excesso de hormônios tireoidianos. A doença de Graves (doença autoimune em que a tireoide está difusamente aumentada – bócio – e hiperativa), é a causa mais comum do hipertireoidismo. Sinais e sintomas Intolerância ao calor; Perda de peso; Alterações no apetite; Diarreia; Alterações visuais; Fadiga e fraqueza muscular; Distúrbios menstruais; Prejuízos na fertilidade; Distúrbios mentais e do sono; Tremores; Hipertrofia da tireoide. Causas História familiar com espectrode doenças autoimunes da tireoide. Fisiopatologia Na doença de Graves, o receptor TRH é o autoantígeno primário e é responsável pela manifestação do hipertireoidismo. A glândula tireoide fica sob estimulação contínua pelos autoanticorpos circulantes contra o receptor TRH e a secreção hipofisária de TSH é suprimida por causa do aumento da produção de hormônios da tireoide. Estes anticorpos estimulantes da tireoide levam a liberação de hormônio da tireoide e Tg. Também estimulam a absorção de iodo, a síntese de proteínas e crescimento da tireoide. Tratamento clínico e nutricional Em pacientes com formas estáveis de hipertireoidismo, podem ser utilizados medicamentos antitireoidianos, afim de evitar que a tireoide produza hormônios. Com relação a terapia nutricional, deve-se fornecer precursores adequados para a formação de T4. A ingestão adequada de proteínas na dieta é importante no estabelecimento de uma nutrição calórico-proteica adequada. Concentrações adequadas de iodeto orgânico, que podem vir de vegetais do mar, sal iodado e frutos do mar, são importantes na produção de T4. Para melhorar a conversão de T4 em T3, sugere-se a suplementação de selênio (como L-selenometionina, 75-200 mcg/dia) e, zinco (como citrato de zinco, 10 mg/dia). Deve-se reduzir anticorpos antitireóideos, pois os antígenos alimentares podem influenciar os anticorpos que apresentam relação cruzada com a glândula tireoide. Deve-se evitar o metabolismo de hormônios da tireoide pelos flavonoides, já que eles tem a capacidade de perturbar o metabolismo dos hormônios da tireoide, reduzindo as concentrações séricas de T4 e inibir a conversão de T4 em T3. O ácido lipoico reduz a conversão de T4 em T3, portanto, deve-se ter cuidado com a sua suplementação. A suplementação de vitamina D (como D3 ou colecalciferol, 400 IV/dia) deve ser considerada, já que a vitamina D é um modulador imune eficaz e pode suprimir o desenvolvimento de doenças autoimunes. E, a suplementação de vitamina C (como ácido ascórbico, 100-500 mg/dia), também é benéfica, já que o ácido ascórbico é eficaz na prevenção da diminuição de T3 e na 5’- deiodinação hepática induzida pelo cádmio. O glúten, a soja e os goitrogênicos não cozidos, devem ser evitados, para deter mais prejuízos no hipertireoidismo.
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