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REVISÃO DA LITERATURA

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Universidade do Estado do Rio de Janeiro 
 Centro Biomédico 
 Faculdade de Enfermagem 
 
 
 
 
Nathalia Pey Tournillon Sper 
 
 
 
 
 
 
Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na 
aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2018 
Nathalia Pey Tournillon Sper 
 
 
 
 
 
 
Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na aplicabilidade da 
Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada, como requisito 
parcial para obtenção do título de Mestre, ao 
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 
Área de concentração: Enfermagem, Saúde e 
Sociedade. 
 
 
 
 
 
Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Yvone Chaves Mauro 
Coorientadora: Prof.ª Dra. Cristiane Helena Gallasch 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CATALOGAÇÃO NA FONTE 
UERJ/REDE SIRIUS/CBB 
 Bibliotecária: Diana Amado B. dos Santos CRB7/6171 
 
 
Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta 
dissertação, desde que citada a fonte. 
 
________________________________________ _________________________ 
Assinatura Data 
 
S749 Sper, Nathalia Pey Tournillon. 
 Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na 
aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem / 
Nathalia Pey Tournillon Sper. - 2018. 
 81 f. 
 
 Orientadora: Maria Yvone Chaves Mauro. 
 Coorientadora: Cristiane Helena Gallasch. 
 Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 
Faculdade de Enfermagem. 
 
 1. Psicometria. 2. Riscos Ocupacionais. 3. Saúde do trabalhador. I. 
Mauro, Maria Yvone Chave. II. Gallasch, Cristiane Helena. III 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Enfermagem. IV. 
Título. 
 
 CDU 
614.253.5 
 
Nathalia Pey Tournillon Sper 
 
 
Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na aplicabilidade da 
Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem 
 
 
Dissertação apresentada, como requisito 
parcial para a obtenção do título de Mestre, ao 
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, 
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 
Área de concentração: Enfermagem, Saúde e 
Sociedade. 
 
 
Aprovada em 23 de fevereiro de 2018. 
Banca Examinadora: 
 __________________________________________________ 
Prof.ª Dra. Maria Yvone Chaves Mauro (Orientadora) 
Faculdade de Enfermagem – UERJ 
 
__________________________________________________ 
Prof.ª Dra. Cristiane Helena Gallasch (Coorientadora) 
Faculdade de Enfermagem – UERJ 
 
__________________________________________________ 
Prof.ª Dra. Norma Valéria Dantas de Oliveira Souza 
Faculdade de Enfermagem – UERJ 
 
__________________________________________________ 
Prof.ª Dra. Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
 
 
Rio de Janeiro 
2018 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Se você está lendo esta página é porque eu consegui. E não foi fácil chegar até aqui. 
Do processo seletivo, passando pela aprovação até a conclusão do Mestrado, foi um longo 
caminho percorrido. Nada foi fácil, tampouco tranquilo. “A sola do pé conhece toda a sujeira 
da estrada” (Provérbio Africano). 
Quero agradecer a todos aqueles que sempre confiaram em mim, desde sempre. 
A meus pais que, muitas vezes, renunciaram seus sonhos para que eu pudesse realizar 
os meus, partilho a alegria deste momento. 
Ao meu amor, que esteve presente nos momentos difíceis, e me auxiliou 
profissionalmente revisando a redação deste estudo. 
Aos meus verdadeiros amigos, que direta e indiretamente me incentivaram, me 
ajudando com ideias e com os dados desta pesquisa. 
À Prof.ª Dr.ª Maria Yvone Chaves Mauro, minha orientadora, e à Prof.ª Dr.ª Cristiane 
Helena Gallasch, minha coorientadora, por todo auxílio profissional e pelo companheirismo, o 
qual foi de extrema importância para que eu não desistisse. 
À Prof.ª Dr.ª Neusa Maria Costa Alexandre, da Faculdade de Enfermagem da 
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pela contribuição no aprimoramento deste 
estudo. 
Agradeço ainda ao Henrique Ceretta, estatístico da Faculdade de Enfermagem da 
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e à Prof.ª Dr.ª Sheilah Hogg-Johson do 
Institute of Work and Health, Toronto – Canadá, que nos salvaram com seus ensinamentos 
estatísticos e metodológicos, respectivamente, sem os quais não seria possível concluir essa 
dissertação. 
À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro 
(FAPERJ) pelo investimento durante a realização do curso. O financiamento público de 
pesquisas e o incentivo à qualificação profissional e à produção científica são fundamentais 
para o desenvolvimento do país. Que os órgãos de fomento à pesquisa e os representantes 
públicos nas três esferas de governo valorizem os pesquisadores iniciantes e priorizem a 
educação e a ciência como fundamentos para uma sociedade democrática. 
Por fim, agradeço a inestimável colaboração desta banca em todos os momentos do 
processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
E aprendi que se depende sempre 
De tanta, muita, diferente gente 
Toda pessoa sempre é as marcas 
Das lições diárias de outras tantas pessoas 
E é tão bonito quando a gente entende 
Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá 
E é tão bonito quando a gente sente 
Que nunca está sozinho por mais que pense estar. 
Gonzaguinha 
RESUMO 
 
 
SPER, Nathalia Pey Tournillon. Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & 
Mauro na aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem. 2018. 81 
f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. 
 
O objeto deste estudo trata das propriedades psicométricas de um instrumento de 
coleta de dados sobre a aplicabilidade da NR-32 no trabalho de enfermagem. Objetiva-se 
avaliar as propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados sobre a 
aplicabilidade da NR-32, em conformidade com a norma, a partir das adequações advindas 
dos resultados de sua aplicação como teste piloto, de modo a responder ao seguinte problema 
de pesquisa: “É possível criar um instrumento confiável e válido para indicar a aplicabilidade 
da NR-32 nos serviços de saúde?”. Estudo do tipo metodológico, envolvendo investigações 
dos métodos de obtenção, organização e análise de dados, através da avaliação do instrumento 
e técnicas de pesquisa. As propriedades psicométricas confiabilidade e praticabilidade foram 
avaliadas após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sob o parecer número 2.031.013. Contou com a 
participação de 137 profissionais de enfermagem. A confiabilidade foi avaliada por meio da 
consistência interna e estabilidade, com resultados satisfatórios de consistência interna (alfa 
de Cronbach = 0,928) e estabilidade teste-reteste (Coeficiente de Correlação Intraclasse = 
0,70) para o instrumento como um todo. Quanto à estabilidade teste-reteste em relação às 
subescalas, observaram-se valores de ICC entre 0,63 e 0,82, cuja estabilidade é considerada 
entre moderada e alta. A praticabilidade indicou que o instrumento foi considerado importante 
em relação ao seu conteúdo, apesar de exaustivo devido à sua grande extensão. O escore do 
instrumento em sua totalidade sobre o conhecimento médio dos participantes em relação ao 
conteúdo do questionário (59,44) foi indicativo de que os trabalhadores reconhecem 
importantes aspectos relacionados à Norma Regulamentadora32 e ao seu cumprimento, 
porém necessitam de educação / treinamento permanentes para o alcance deste objetivo. 
Assim, o instrumento foi considerado confiável para utilização em serviços de saúde, contudo 
recomenda-se o aprofundamento do estudo das propriedades psicométricas de verificação da 
validade. Espera-se que futuras utilizações deste instrumento confiável contribuam, de 
maneira satisfatória, para os gestores de saúde identificarem tendências e possibilidades de 
eventos danosos à saude, de modo a permitir a manutenção de ambientes favoráveis de 
trabalho, bem como a redução dos níveis de acidentes e a consequente diminuição das taxas 
de absenteísmo e melhora das condições de trabalho. 
 
Palavras-chave: Psicometria. Riscos ocupacionais. Saúde do trabalhador. 
ABSTRACT 
 
 
SPER, Nathalia Pey Tournillon. Reliability and practicability of Mauro & Mauro’ Model 
in the applicability of the Brazilian Regulatory Standard 32 (RS 32) in Nursing. 2018. 81 
f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. 
 
The purpose of this study is the psychometric properties of a data collection 
instrument about the applicability of RS-32 in nursing work. The objective is to evaluate the 
psychometric properties of a data collection instrument about the applicability of the RS #32 
in accordance with the standard, based on the adequacy of the results of its application as a 
pilot test, in order to respond to the following research problem: "Is it possible to create a 
reliable and valid instrument to indicate the applicability of the RS #32 in health services?" 
Methodological study, involving investigations of methods of obtaining, organizing and 
analyzing data through the instrument evaluation and research techniques. The psychometric 
properties reliability and practicability were evaluated after approval by the Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro (UERJ)’ Research Ethics Committee (REC), according to statement 
number 2,031,013. It counted with 137 nursing professionals participating. The reliability was 
estimated through internal consistency and test-retest stability, with satisfactory results of 
internal consistency (Cronbach alpha= 0.928) and test-retest stability (Intraclass Correlations 
Coefficient = 0.70) for the instrument as a whole. Regarding the test-retest stability in relation 
to the subscales, were observed values of ICC between 0.63 and 0.82, which stability is 
considered between moderate and high. The practicality indicated that the instrument was 
considered important in relation to its content, although exhaustive due to its large extension. 
The score of the instrument in its totality, on the average knowledge of the participants 
regarding the content of the questionnaire (59.44), was indicative that the workers recognize 
important aspects related to the Brazilian Regulatory Standard 32 and its fulfillment, however 
they need permanent education / training to achieve this objective. Thus, the instrument was 
considered reliable for use in health services, however, it is recommended to further study of 
the psychometric properties of validity verification. It is expected that future uses of the 
reliable instrument will contribute satisfactorily to health managers to identify health-
damaging events’trends and possibilities, in order to maintain favorable work environments, 
as well as to the accident levels’ reduction and consequent reduction of absenteeism rates and 
working conditions improvement. 
 
Keywords: Psychometrics. Occupational risks. Occupational health. 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 – Caracterização sociodemográfica de trabalhadores de 
enfermagem (n=137). Rio de Janeiro, 2017.................................... 41 
Tabela 2 – Caracterização laboral de trabalhadores de enfermagem (n=137). 
Rio de Janeiro, 2017....................................................................... 42 
Tabela 3 – Carga horária semanal de trabalho e média salarial dos 
participantes da pesquisa (n=137). Rio de Janeiro, 2017................ 43 
Tabela 4 – Caracterização das questões relacionadas ao trabalho, segundo 
percepção dos trabalhadores de enfermagem (n=137). Rio de 
Janeiro, 2017................................................................................... 45 
Tabela 5 – Valores de Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) para 
subescalas do “Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da 
aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D”. 
Rio de Janeiro, 2017....................................................................... 46 
Tabela 6 – Escores do conhecimento médio dos participantes sobre cada 
constructo abordado pelo “Modelo de Mauro & Mauro para 
avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, 
Caderno D”. Rio de Janeiro, 2017.................................................. 48 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas 
CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde 
CDC Centers for Disease Control 
CME Central de Material e Esterilização 
CTQ Centro de Tratamento de Queimados 
CTI Centro de Tratamento Intensivo 
CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear 
CEP Comitê de Ética em Pesquisa 
CAT Comunicação de Acidente de Trabalho 
CLT Consolidação das Leis do Trabalho 
EPC Equipamento de Proteção Coletiva 
EPI Equipamento de Proteção Individual 
FAPERJ 
Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de 
Janeiro 
MS Ministério da Saúde 
MTE Ministério do Trabalho e Emprego 
NIOSH National Institute of Occupational Safety and Health 
NR Norma Regulamentadora 
OSHA Occupational Safety and Health Association 
OIT Organização Internacional do Trabalho 
OMS Organização Mundial da Saúde 
PPR Plano de Proteção Radiológica 
PNST Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora 
PNSST Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho 
PCMSO Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional 
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 
QVT Qualidade de Vida no Trabalho 
SUS Sistema Único de Saúde 
SPSS Statistical Package for Social Sciences 
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
UPE Unidade de Pacientes Externos 
UPI Unidade de Pacientes Internos 
SUMÁRIO 
 
 
 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12 
1 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 18 
1.1 Contexto histórico sobre saúde do trabalhador ........................................... 18 
1.2 Riscos do trabalho .......................................................................................... 19 
1.3 O direito à segurança e à saúde do trabalhador .......................................... 20 
1.4 A Norma Regulamentadora 32 (NR-32) - Portaria n.º 485 de 2005, do 
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) .................................................. 22 
1.5 Percepção e Participação dos Trabalhadores .............................................. 29 
2 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ............................................................ 31 
2.1 Tipo de estudo ................................................................................................. 31 
2.2 Método ............................................................................................................. 31 
2.2.1 Confiabilidade .................................................................................................. 32 
2.2.2 Praticabilidade .................................................................................................. 34 
2.3 Cenário ............................................................................................................ 34 
2.4 População e amostra ......................................................................................35 
2.5 Instrumentos de coleta de dados ................................................................... 36 
2.6 Coleta de dados ............................................................................................... 38 
2.7 Tratamento e análise dos dados .................................................................... 38 
3 RESULTADOS ............................................................................................... 40 
3.1 Caracterização dos sujeitos ........................................................................... 40 
3.2 Caracterização do ambiente de trabalho a partir do Modelo de Mauro 
& Mauro para avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora 
NR-32, Caderno D .......................................................................................... 44 
3.3 Avaliação das propriedades psicométricas do instrumento ....................... 46 
3.4 Caracterização do conhecimento de profissionais de enfermagem acerca 
da NR-32 a partir do Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da 
aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D ............... 47 
4 DISCUSSÃO ................................................................................................... 49 
4.1 Caracterização dos sujeitos ........................................................................... 49 
4.2 Caracterização do ambiente de trabalho ..................................................... 51 
 
4.3 Avaliação das propriedades psicométricas .................................................. 51 
4.3.1 Consistência interna ......................................................................................... 52 
4.3.2 Estabilidade teste-reteste .................................................................................. 52 
4.3.3 Praticabilidade .................................................................................................. 53 
4.4 Escores do conhecimento médio dos participantes sobre cada constructo 53 
5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ........................................................................ 55 
 CONCLUSÃO ................................................................................................ 56 
 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 58 
 APÊNDICE A – Formulário Sobre Praticabilidade do Questionário ............. 65 
 APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................... 66 
 ANEXO A – Questionário Sobre Aplicabilidade da NR-32 ........................... 67 
 ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UERJ .................... 78 
 
12 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Minha trajetória na enfermagem me proporcionou várias experiências, tanto na 
graduação como na pós-graduação, em fases que em determinados pontos se inter-relacionam, 
a saber: 
a) Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem da Universidade 
do Estado do Rio de Janeiro (2009 – 2014): 
- Bolsista de Iniciação Científica no projeto intitulado “Situação de saúde 
e trabalho no contexto da saúde e da prática do cuidar em instituições 
públicas e privadas - Visão dos trabalhadores de enfermagem na 
aplicabilidade da Norma Regulamentadora 32 (NR 32)”, durante os 
anos de 2010 a 2011 (PIBIC UERJ) e 2011 a 2012 (CNPq), coordenado 
pela Professora Doutora Maria Yvone Chaves Mauro; 
- Elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em formato de 
artigo, ainda não publicado, intitulado “Inovações tecnológicas e as 
patentes de enfermagem: uma revisão integrativa de literatura”, 
orientado pela Professora Doutora Norma Valéria Dantas de Oliveira 
Souza. 
b) Especialização em Enfermagem do Trabalho Modalidade Residência, pela 
Universidade do Estado do Rio de Janeiro: 
- Elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em formato de 
artigo intitulado “Dispositivos de segurança em perfurocortantes e sua 
relação a acidentes com exposição a material biológico”, orientado pela 
Professora Doutora Maria Yvone Chaves Mauro, e publicado em 2015, 
na Revista de Enfermagem UERJ, volume 23, número 6. 
Tal trajetória me fez refletir sobre os riscos ocupacionais, o que me conduziu à decisão 
em candidatar-me ao Curso de Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em 
Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, na 
linha de pesquisa “Trabalho, Educação e Formação Profissional em Saúde e Enfermagem”. 
Pelo interesse em pesquisa e dedicação demonstrada, fui contemplada como aluna de 
Mestrado Nota 10, através de concessão de bolsa pela Fundação Carlos Chagas Filho de 
Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). 
13 
 
Esta dissertação possibilitou a continuidade dos estudos, enfocando a mesma temática, 
no sentido de contribuir com formas de propiciar medidas de intervenção sobre os riscos que 
interferem na saúde e na qualidade de vida dos trabalhadores. 
 As Normas Regulamentadoras (NR) surgem por iniciativa do Ministério do Trabalho 
e Emprego (MTE) para atender reivindicações dos trabalhadores, e tiveram como finalidade 
estabelecer diretrizes que assegurem a proteção à saúde do trabalhador, para empresas 
públicas e privadas que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho 
(CLT). A proposta tem em vista que o ambiente de trabalho é complexo e envolve 
determinantes que podem afetar a saúde do trabalhador, devendo ser observados os riscos 
ocupacionais como os químicos, físicos, biológicos, de acidente e os ergonômicos (SANTOS 
et al., 2012). 
Em 1978 as NR totalizavam 28, e durante 27 anos não houve mobilização por parte do 
MTE para a construção de uma norma destinada exclusivamente para o setor de saúde, o qual 
possui inúmeras peculiaridades que propiciam exposição dos trabalhadores a riscos. Somente 
em 2005 é aprovada uma legislação destinada a este fim, a Norma Regulamentadora 32 (NR-
32) (SANTOS et al., 2012). 
No entanto, no que concerne a NR-32, seu surgimento está atrelado ao imperativo 
colocado pelos próprios trabalhadores de saúde sobre legislações que regulamentassem as 
práticas nos serviços. Deste modo, foi instituído um Grupo Técnico de Trabalho (GTT-32), a 
quem coube levantar um diagnostico situacional dos locais de trabalho, levando em 
consideração também as análises dos trabalhadores (CUNHA; MAURO, 2010). 
A NR-32 foi elaborada com a finalidade de “estabelecer as diretrizes básicas para a 
implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços 
de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em 
geral”. Possui três grandes eixos, que são: capacitação dos trabalhadores, programas que 
tratam dos riscos, e medidas de proteção contra riscos (BRASIL, 2005, p.1). 
Para a realização de suas atribuições profissionais, os trabalhadores de enfermagem 
estão inseridos, em sua maioria, em hospitais e muitas vezes submetidos a regimes de 
plantões, expostos à condições insalubres de trabalho, baixa remuneração, estresse e outros 
fatores que propiciam aos trabalhadores à riscos de acidentes ocupacionais. Além disso, a 
enfermagem está presente permanentemente nas instituições de saúde, o que torna 
preponderante leva em conta o impacto das condições de trabalho inerentes a estes 
trabalhadores (CUNHA; MAURO, 2010; FELLI, 2012). 
14 
 
Conforme Lima (2005, p.69): “Risco é amplamente definido como sendo o potencial 
para que eventos inesperados venham a acontecer ou para que eventos esperados não venham 
a acontecer, nos quais ambos podem culminar em resultados adversos”. 
Nos hospitais, as situações de risco são comuns tais como: exposição a material 
biológico com potencialidade de infecção com diversos microrganismos, como o vírus do 
HIV e das Hepatites B e C; exposição a substâncias químicas, que em grande parte são 
manuseadas pelos trabalhadores de enfermagem; exposição a radiações; entre outros (FELLI,2012). 
Baseando-se na Higiene Industrial, a Saúde Ocupacional relaciona o ambiente de 
trabalho com o trabalhador, numa proposta interdisciplinar, admitindo a teoria da 
multicausalidade, na qual a doença é resultante de um conjunto de fatores de risco, sendo 
amplamente avaliada, não apenas pela clínica médica, mas também por indicadores 
ambientais e biológicos de exposição e efeito (MAURO et al., 2004). 
Atualmente, a proteção à saúde dos pacientes tem sido amplamente abordada, 
especialmente no tema segurança do paciente. Contudo, a saúde do trabalhador, peça central e 
fundamental para o funcionamento dos serviços de saúde, vem sendo protelada. A 
Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) 
indicam que a segurança do paciente é igual à segurança do trabalhador de saúde (SANTOS et 
al., 2012). 
O atendimento da norma também deve ser observado por outro prisma, tendo em vista 
que o seu cumprimento passa de um caráter meramente burocrático para o nível fundamental 
de proteção à saúde do trabalhador quanto aos riscos inerentes à sua função (SANTOS et al., 
2012). 
As dificuldades para a implantação da NR-32 ficam evidentes quando em um estudo 
realizado por Cunha e Mauro (2010), os resultados apontaram que 61% dos participantes 
mencionaram não ter tido qualquer tipo de treinamento antes do início de suas atividades. Isto 
se contrapõe à determinação da NR-32, que preconiza a capacitação prévia dos profissionais, 
sendo esta ministrada por profissionais habilitados e conhecedores dos riscos presentes no 
local de trabalho. 
A negligência de profissionais em relação ao cumprimento da NR-32, também fica 
evidente no estudo realizado por Santos et al. (2012) que indica hábitos incorretos ainda 
frequentes, tais como: uso incorreto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), 
transporte inadequado de instrumentos perfurocortantes, desrespeito ao limite do volume de 
descarte na caixa coletora de perfurocortantes, falha na identificação de produtos químicos, 
15 
 
utilização inadequada do impresso de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) bem 
como sua subnotificação, dentre outros. 
No entanto, a cultura de culpabilidade do profissional deve ser afastada. A realidade 
de baixa adesão dos trabalhadores ao cumprimento da NR-32 deve ser compreendida a partir 
da coerência entre aspectos organizacionais e de capacitação profissional, que influenciam na 
cultura de prevenção de riscos (MARZIALE et al., 2012). 
É importante frisar que métodos que busquem a eliminação ou minimização dos riscos 
no ambiente de trabalho proporcionam a redução de acidentes, diminuem economicamente os 
gastos da instituição, e promovem a segurança e a saúde dos trabalhadores com consequente 
melhora da qualidade da assistência de saúde prestada aos clientes (SPER; MAURO; 
GOMES, 2015). 
Diante deste cenário, constata-se que a produção de conhecimento científico que 
proporcione embasamento teórico para a Enfermagem e fortaleça sua característica como 
profissão científica, se faz imprescindível. Este movimento para a construção do 
conhecimento científico deve ser pautado em instrumentos que confiram validade e 
confiabilidade à pesquisa e aos resultados obtidos (PIRES, 2013). 
A qualidade de uma pesquisa depende diretamente dos meios utilizados para a 
mensuração de seu objeto de estudo. Para que um instrumento de coleta de dados, ou uma 
escala, seja capaz de mensurar adequadamente e de maneira objetiva suas variáveis, é 
necessário que estas obedeçam alguns princípios, como o de confiabilidade e validade (GIL, 
2008). 
Neste sentido, no que concerne a proposta de validação do instrumento de pesquisa 
sobre a aplicabilidade da NR-32, a existência de um instrumento confiável e validado pode 
auxiliar os gestores dos serviços de saúde. Para isso devem dispor de meios para avaliar a 
conformidade das boas práticas de segurança e saúde dos trabalhadores no que diz respeito à 
aplicabilidade da referida norma. 
Em vista disso, compreende-se que o conhecimento sobre a legislação que indica as 
condições básicas de trabalho e proteção à saúde dos trabalhadores, mais especificamente a 
NR-32, torna-se indispensável. Para além do conhecimento, infere-se também que é 
fundamental um instrumento que avalie a aplicabilidade desta norma de maneira efetiva, 
confiável e válida, chegando-se ao seguinte problema de pesquisa: “É possível criar um 
instrumento confiável e válido para indicar a aplicabilidade da NR-32 nos serviços de 
saúde?”. 
16 
 
Considerando a evolução de estudos sobre a Norma Regulamentadora 32 (NR-32) do 
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e refletindo sobre a pertinência da temática e 
necessidade do conhecimento científico profissional sobre a prevenção de riscos ocupacionais 
e promoção da saúde do trabalhador, surgiu a ideia de comprovar que a “NR-32 é preciso” 
como normativa de segurança e saúde profissional, através da validação do instrumento já 
proposto por Mauro & Mauro (2009), sobre a efetividade da Norma. Sendo assim, tem-se 
como objeto de estudo: as propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados 
sobre a aplicabilidade da NR-32 no trabalho de enfermagem. 
Assim, foram elaborados os seguintes objetivos: 
Objetivo Geral: 
a) Avaliar propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados 
sobre a aplicabilidade da NR-32, em conformidade com a norma, a partir das 
adequações advindas dos resultados de sua aplicação como teste piloto. 
Objetivos Específicos: 
a) Caracterizar a população estudada e o ambiente de trabalho envolvido; 
b) Determinar a confiabilidade e a praticabilidade do “Modelo de Mauro & 
Mauro para avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, 
Caderno D”; 
c) Avaliar o conhecimento dos trabalhadores sobre a NR-32, a partir de um 
instrumento de pesquisada considerado confiável baseado em um estudo 
metodológico. 
Como justificativa para a realização deste estudo, leva-se em consideração o fato de 
que toda Norma Regulamentadora, tal como a NR-32, tem a obrigatoriedade de seu 
cumprimento como questão principal. O instrumento utilizado pode ser considerado uma 
inovação tecnológica, e busca analisar se a NR-32 está sendo cumprida. 
A inovação tecnológica é definida como a incorporação de novas funções e/ou 
características a um determinado produto ou a um método de produção, transformando sua 
qualidade ou sua produtividade e adaptando-o às necessidades do mercado. Além disso, faz 
também alusão à inserção de novos produtos ou métodos no mercado, podendo ser baseada 
em conhecimentos recém-adquiridos ou gerados no passado. Seu ingresso no mercado a 
classifica como inovação de produto, enquanto que seu uso no processo de produção a 
classifica como inovação de processo (CUBAS, 2009). 
No campo de saúde, ao discutir a inovação tecnológica, a atenção volta-se 
principalmente para os efeitos colaterais de medicamentos e dos processos de medicalização, 
17 
 
além do uso de equipamentos eletrônicos de alta complexidade nos ramos diagnóstico e 
terapêutico (LORENZETTI et al., 2012). No que concerne a este trabalho, a ideia de 
validação de um instrumento sobre a aplicabilidade da NR-32 relaciona-se à inovação de 
processos, à medida que busca, junto à percepção e participação dos trabalhadores, uma 
avaliação de seu processo de produção. 
Considera-se este estudo relevante, pois possibilitará a utilização de um instrumento 
confiável para os gestores de saúde identificarem tendências e possibilidades de eventos 
danosos à saúde, de modo a prevenir riscos ocupacionais (CUNHA, 2009; SPER; MAURO; 
GOMES, 2015). 
Além disso, trata-se de um modelo original e inovador, que busca colaborar para a 
manutenção de ambientes saudáveis de trabalho, que propiciam a redução dos níveis de 
acidentes e doenças, com consequente diminuição das taxas de absenteísmo e melhoria das 
condições de trabalho (CUNHA,2009; SPER; MAURO; GOMES, 2015). 
 
 
18 
 
1 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
No presente capítulo, busca-se contextualizar a criação e a incorporação da NR-32 na 
legislação e no contexto brasileiro do mundo do trabalho, por meio da exploração do histórico 
sobre a saúde do trabalhador, os riscos no trabalho, o direito do trabalhador à saúde e 
segurança, o desenvolvimento da referida norma regulamentadora, a relevância da inovação e 
de tecnologias no campo de estudo, e da percepção e participação de trabalhadores no 
processo. 
 
 
1.1 Contexto histórico sobre saúde do trabalhador 
 
 
O conceito de “Saúde do Trabalhador” surge de mudanças das relações de trabalho e 
saúde, ocorridas no mundo ocidental no decorrer dos anos (MENDES; DIAS, 1991). 
A intensa exigência de trabalho, decorrente das mudanças no processo de trabalho 
advindas na Revolução Industrial, no século XIX na Inglaterra, necessitou a implantação de 
serviços médicos para atender os trabalhadores, tendo surgido então a “Medicina do 
Trabalho” (MENDES; DIAS, 1991). 
Tal modelo expandiu-se internacionalmente, entrando para a agenda da Organização 
Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, que passa a exigir a formação de médicos do 
trabalho bem como "Serviços de Medicina do Trabalho", em 1958 (MENDES; DIAS, 1991). 
Apesar de interessante a ideia da introdução de um serviço de medicina do trabalho, 
determinadas características deste modelo o fizeram ser substituído pelo serviço de “Saúde 
Ocupacional”, como a evolução da tecnologia industrial, que evidenciou a relativa ineficácia 
da medicina do trabalho para intervir sobre os problemas de saúde causados pelos processos 
de produção (MENDES; DIAS, 1991). 
Aliado a isto, no contexto da guerra e do pós-guerra, houve perdas de vidas e aumento 
de doenças e acidentes de trabalho, tornando a Medicina do Trabalho incipiente, à medida que 
empregadores passaram a perceber que os custos atrelados aos acidentes e doenças de 
trabalho eram altíssimos (MENDES; DIAS, 1991). 
A Saúde Ocupacional, por sua vez, surge da transição dos modelos assistenciais, 
corroborada ainda pela insatisfação e pelo questionamento dos trabalhadores quanto aos seus 
19 
 
direitos. Passou a ter um traço interdisciplinar, e com intervenção sobre o ambiente, com 
influência das escolas de saúde pública. No Brasil, a Saúde Ocupacional manifestou-se na 
regulamentação do Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), reformada na 
década de 70 (MENDES; DIAS, 1991). 
Segue-se então, um movimento social e de trabalhadores, com cenários políticos e 
sociais mais amplos e complexos, marcados por questionamentos sobre o sentido da vida e o 
significado do trabalho. Os trabalhadores passam a exigir sua participação nas questões de 
saúde e segurança, introduzindo, assim, mudanças nas legislações do trabalho, que passam a 
reconhecer direitos fundamentais dos trabalhadores (MENDES; DIAS, 1991). 
Associado ao exposto ocorre ainda mudança do perfil da força de trabalho, com 
crescimento do setor de serviços dos países desenvolvidos e transferência de indústrias para o 
Terceiro Mundo, além da implantação da automação e da informatização (MENDES; DIAS, 
1991). 
A centralidade do trabalho faz surgir duvidas quanto à Medicina do Trabalho e à 
Saúde Ocupacional. Nasce então um novo modelo assistencial, a “Saúde do Trabalhador”, que 
tem como objeto o processo saúde e doença, e sua relação com o trabalho. Estuda em 
conjunto os processos de trabalho e os determinantes sociais; os trabalhadores passam a 
assumir papel de atores; e as políticas públicas tornam-se essenciais (MENDES; DIAS, 1991). 
 
 
1.2 Riscos do trabalho 
 
 
Os conceitos iniciais de riscos ocupacionais afirmavam que estes procediam do 
ambiente físico, das máquinas e dos equipamentos, dos produtos e de substâncias tóxicas, e 
não analisavam as peculiaridades de processos de trabalho e da variabilidade humana, tão 
pouco consideravam os riscos não mensuráveis, como por exemplo, o sofrimento psíquico no 
trabalho (PORTO, 2000). 
Contudo, tais conceitos foram se modificando e se aprimorando. Conforme Lima 
(2005, p.69): “Risco é amplamente definido como sendo o potencial para que eventos 
inesperados venham a acontecer ou para que eventos esperados não venham a acontecer, nos 
quais ambos podem culminar em resultados adversos”. 
A Norma Regulamentadora 9 (NR-9), que trata da elaboração e da implementação do 
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, considera como riscos ambientais os 
20 
 
agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos ambientes de trabalho que possam causar 
danos à saúde do trabalhador (BRASIL, 1978b). 
Por sua vez, a Norma Regulamentadora 17 (NR-17) busca estabelecer parâmetros que 
permitam a adaptação do trabalho aos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de 
conforto, segurança e desempenho eficiente, ou seja, trata dos riscos ergonômicos (BRASIL, 
1978c). 
De modo a prevenir a ocorrência de doenças e acidentes ocupacionais preservando a 
integridade da saúde dos trabalhadores, busca-se mitigar e eliminar a exposição aos fatores de 
risco existentes ou que possam vir a existir no ambiente de trabalho, ponderando-se 
estratégias de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência destes, 
conforme prevê a Norma Regulamentadora 9 (NR-9) (BRASIL, 1978b), assim como a Norma 
Regulamentadora 7 (NR-7), que regula a elaboração e implementação do Programa de 
Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (BRASIL, 1978a). Ambos de 
obrigatoriedade por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores 
como empregados. 
 
 
1.3 O direito à segurança e à saúde do trabalhador 
 
 
O ordenamento jurídico brasileiro garante aos indivíduos a proteção de direitos 
fundamentais à sua sobrevivência, e dentre estes se encontra o direito à saúde. O fundamento 
para a segurança e saúde do trabalhador está estabelecido na Constituição Federal de 1988, 
conforme disposto no art. 1º, incisos III e IV, que trata da dignidade da pessoa humana e dos 
valores sociais do trabalho (BRASIL, 1988). 
Encontram-se também no art. 7º, normas que protegem o empregado, como aquela 
prevista no inciso XXII, que estabelece como direito essencial à redução dos riscos inerentes 
ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (BRASIL, 1988). 
O art. 200º, incisos II e VII, dispõe que ao Sistema Único de Saúde (SUS) compete, 
nos termos da lei, executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de 
saúde do trabalhador, e colaborar na proteção do meio ambiente – nele compreendido o do 
trabalho (BRASIL, 1988). 
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) traz, em seu Capítulo V – Da Segurança 
e Medicina do Trabalho, normas e regras que protegem o trabalho e o trabalhador. Além 
21 
 
disso, em seus artigos 154 a 201 são identificados e estabelecidos direitos e obrigações 
inerentes ao Governo, empregadores e empregados, no que diz respeito à busca pela proteção 
à vida e promoção da saúde e segurança nas relações de trabalho (BRASIL, 1943). 
Por sua vez, a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), dispõe sobre as condições para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços 
correspondentes, e em seu art. 6º estabelece que a execução de ações relativas à saúde do 
trabalhador faz parte das atribuições e objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 
1990). 
A Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão responsável pelo controle e 
emissão de normas referentes ao trabalho no âmbito internacional, tem como objetivo 
regulamentar as relações de trabalho por meio de convenções (de caráter normativo), 
recomendações, e resoluções, visando proteger as relações entre empregados e empregadores 
(BRASIL, 2002). 
Segundo a convenção nº 148 de 1977, que trata do Meio Ambiente de Trabalho 
(Contaminação do Ar, Ruído,e Vibrações), é responsabilidade das autoridades competentes 
estabelecer critérios periódicos que permitam definir os riscos inerentes a estes itens e ainda 
dispõe sobre os deveres dos empregadores frente a tais riscos (BRASIL, 2002). 
Sua convenção nº 155 de 1981, que trata da Segurança e da Saúde dos Trabalhadores, 
indica a necessidade de formular e pôr em prática uma política nacional coerente para a 
prevenção de acidentes e danos consequentes ao trabalho, reduzindo ao mínimo os riscos 
existentes no ambiente de trabalho (BRASIL, 2002). 
Com isso, surge o Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, que instituiu a nova 
Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), que “tem por objetivos a 
promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de 
acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso 
dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho” (BRASIL, 
2011, p.1). 
Por conseguinte, o Ministério da Saúde estabelece a Portaria nº 1.823, de 23 de Agosto 
de 2012, que institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST), 
cujo objetivo em seu artigo 8º, item II, é “promover a saúde e ambientes e processos de 
trabalhos saudáveis, o que pressupõe: a) estabelecimento e adoção de parâmetros protetores 
da saúde dos trabalhadores nos ambientes e processos de trabalho” (BRASIL, 2012, p.2). 
O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por disposição legal (art. 200 da CLT), 
estabelece as Normas Regulamentadoras (NR), de forma complementar as demais regras de 
22 
 
proteção à saúde e segurança do trabalhador, observadas as peculiaridades das diversas 
atividades e setores de trabalho (BRASIL, 1943). 
Em relação às atividades de saúde, a Portaria MTE n.º 485, de 11 de Novembro de 
2005, aprovou a Norma Regulamentadora 32 (NR-32), de Segurança e Saúde no Trabalho em 
Serviços de Saúde, que estabelece “as diretrizes básicas para a implementação de medidas de 
proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles 
que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral” (BRASIL, 2005, p.1). 
 
 
1.4 A Norma Regulamentadora 32 (NR-32) - Portaria n.º 485 de 2005, do Ministério do 
Trabalho e Emprego (MTE) 
 
 
A construção da NR-32 decorre da solicitação de trabalhadores ao MTE para a criação 
de uma legislação específica, que comportasse as demandas dos serviços de saúde, já que são 
inúmeras as situações que expõem o trabalhador destes serviços à riscos (ROBAZZI; 
MARZIALE, 2004). 
Logo, o Grupo Técnico do MTE teve designada a elaboração do texto normativo, e 
para tal, informações a respeito das condições de saúde dessa classe trabalhadora foram 
coletadas. Foram consultadas regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(ANVISA), dissertações de mestrado, teses de doutorado, recomendações e manuais do 
Ministério da Saúde, normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), entre outros 
materiais (ROBAZZI; MARZIALE, 2004). 
Diretivas europeias e americanas sobre o assunto, além de várias proposições de 
instituições importantes para a área, foram estudadas, como as da Occupational Safety and 
Health Association (OSHA), do Centers for Disease Control (CDC), da OIT, da OMS, e do 
National Institute of Occupational Safety and Health (NIOSH) (ROBAZZI; MARZIALE, 
2004). 
Sua construção contou também com relatos de trabalhadores e opiniões de 
profissionais renomados no tema, para ilustrar mais precisamente a realidade vivida nos 
ambientes de trabalho (ROBAZZI; MARZIALE, 2004). 
A NR-32 é considerada de extrema importância no cenário brasileiro por se tratar de 
uma legislação específica para as questões de segurança e saúde dos trabalhadores dos 
23 
 
serviços de saúde, visto que as normatizações anteriormente eram esparsas, distribuídas em 
NR e resoluções que não eram específicas para tal fim (ROBAZZI; MARZIALE, 2004). 
De acordo com o MTE, serviços de saúde são considerados como “qualquer edificação 
destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, 
recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde e qualquer nível de complexidade” 
(BRASIL, 2005, p.1). 
Os riscos inerentes aos estabelecimentos de saúde estão dispostos na norma em seções, 
e nestas constam os Riscos Biológicos, Riscos Químicos, Radiações Ionizantes, Resíduos, 
Condições de Conforto por Ocasião das Refeições, Lavanderias, Limpeza e Conservação, 
Manutenção de Máquinas e Equipamentos, e, por fim, as Disposições Gerais e Finais 
(BRASIL, 2005). 
No item que diz respeito aos agentes biológicos, são classificados como 
microorganismos (modificados geneticamente ou não), culturas celulares, parasitas, toxinas e 
príons, tendo uma classificação disponível no Anexo I da referida NR (BRASIL, 2005). 
Neste mesmo item é contemplado o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais 
(PPRA), sendo o mesmo previsto na NR-9. Em sua fase de reconhecimento, o PPRA deve 
conter a identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da localização 
geográfica e características do serviço de saúde e seus setores, bem como a avaliação do local 
de trabalho e do trabalhador, tendo em vista a finalidade e descrição do local de trabalho, 
organização e procedimentos de trabalho, possibilidade de exposição, descrição das atividades 
e funções, e medidas preventivas aplicáveis, bem como seu acompanhamento (BRASIL, 
2005). 
O PPRA deve ser avaliado anualmente ou sempre que houver modificações nas 
condições de trabalho que alterem o tipo de exposição, ou se for necessário de acordo com a 
análise dos acidentes e incidentes ocorridos. Ainda determina que os documentos que o 
compõem devem estar disponíveis para acesso dos trabalhadores, como forma de 
conhecimento dos riscos a que estão expostos (BRASIL, 2005). 
Ainda no item sobre Riscos Biológicos, é regulamentado o Programa de Controle 
Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), que além do previsto em sua NR específica (NR-7), 
deve contemplar o programa de vacinação dos trabalhadores, a vigilância médica dos 
trabalhadores expostos, o reconhecimento dos riscos e sua localização, assim como a listagem 
nominal dos funcionários de acordo com a função, local de trabalho e riscos a que estão 
expostos. As transferências de trabalhadores para outros setores sejam elas permanentes ou 
24 
 
não, devem ser comunicadas ao médico coordenador ou responsável pelo PCMSO (BRASIL, 
2005). 
Quanto à vacinação dos trabalhadores, devem ser fornecidas gratuitamente as vacinas 
contra tétano, difteria e hepatite B, e as estabelecidas pelo programa de imunização do 
PCMSO, além de respeitar as recomendações estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Esta 
vacinação deve ser registrada em prontuário individual e o comprovante entregue ao 
profissional (BRASIL, 2005). 
No PCMSO deve constar também, no caso de exposição acidental aos agentes 
biológicos: procedimentos para diagnóstico e acompanhamento do trabalhador, tratamento 
médico de emergência, estabelecimentos autorizados a prestar atendimento, locais de 
assistência a saúde depositários de imunoglobulinas, vacinas, materiais e insumos especiais, 
entre outras. A emissão de uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é obrigatória 
(BRASIL, 2005). 
As medidas de proteção devem ser adotadas a partir da avaliação contida no PPRA. 
Todo local onde haja a possibilidade de exposição aos agentes biológicos deve conter 
lavatório exclusivo para a higiene das mãos, com água corrente, sabonete líquido, toalha 
descartável e lixeira com mecanismo de abertura sem contato manual. A lavagem das mãos 
deve ser realizada, no mínimo, antes e depois do uso de luvas descartáveis (BRASIL, 2005). 
É vedada a utilização dos lavatórios para outros fins, uso de adornos e calçados 
abertos, manuseio de lentes de contato, fumar ou consumir alimentose bebidas no ambiente 
de trabalho, bem como guardá-las em locais não destinados a este fim (BRASIL, 2005). 
As almofadas e colchões devem ser revestidos por material impermeável e lavável, de 
fácil higienização e desinfecção, não podendo apresentar furos ou rasgos, sulcos ou 
reentrâncias (BRASIL, 2005). 
O fornecimento de vestimenta adequada e confortável deve ocorrer sem ônus ao 
trabalhador exposto possivelmente à riscos biológicos. O empregador deve ainda oferecer 
locais adequados para o fornecimento de vestimentas limpas e recolher as utilizadas, sendo o 
mesmo responsável pela sua higienização, quando provenientes de centros cirúrgicos e 
obstétricos, unidades de tratamento intensivo, unidades de pacientes com doenças 
infectocontagiosas, ou sempre que houver contato direto com material orgânico (BRASIL, 
2005). 
Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) devem estar disponíveis em 
quantidade suficiente nos postos de trabalho para os trabalhadores, sendo de responsabilidade 
dos empregadores a conservação e a higienização dos materiais e instrumentos de trabalho, 
25 
 
recipientes e meios de transporte adequados para materiais infectantes, fluidos e tecidos 
orgânicos (BRASIL, 2005). 
A capacitação profissional é outro importante aspecto da NR-32, devendo ser 
fornecida pelos empregadores aos seus funcionários antes do início das atividades, bem como 
de maneira continuada. A capacitação deve incluir informações sobre riscos potenciais para a 
saúde, medidas de controle e prevenção de acidentes, procedimentos para higiene correta e 
utilização de EPI e vestimentas, e medidas a serem adotadas em caso de ocorrência de 
acidentes e incidentes (BRASIL, 2005). 
É vedado ainda o reencape e desconexão manual de agulhas, e fica sob 
responsabilidade do trabalhador o descarte em local adequado dos instrumentos 
perfurocortantes utilizados. A NR-32 preconiza, assim, a elaboração e implementação de um 
Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortantes, conforme as 
diretrizes estabelecidas em seu Anexo III, devendo ser assegurado o uso de instrumentos 
perfurocortantes com dispositivo de segurança pelos empregadores, e a capacitação sobre sua 
correta utilização, tanto pelos empregadores quanto pelas empresas fabricantes. Tal Plano 
deve ser avaliado anualmente e sempre que houver mudanças nas condições de trabalho e 
quando a análise das situações de risco e dos acidentes assim o determinar (BRASIL, 2005). 
Este Anexo da NR-32 é de suma importância conforme demonstrado em um estudo de 
Sper, Mauro e Gomes (2015), cujo fornecimento de instrumentos perfurocortantes com 
dispositivo de segurança garante a redução de acidentes com exposição a material biológico. 
Além disso, o estudo corrobora com a NR-32 quanto à necessidade de capacitação 
profissional, ao descrever que a inexperiência e desconhecimento dos trabalhadores quanto ao 
uso de certas tecnologias pode levar à ocorrência de acidentes de trabalho. 
No que tange aos Riscos Químicos, a NR-32 preconiza que a rotulagem do fabricante 
seja mantida na embalagem original dos produtos químicos, e em caso de fracionamento ou 
manipulação dos produtos os mesmos devem ser devidamente identificados de maneira 
legível, por etiqueta com nome do produto, composição química, concentração, data de 
envase e de validade, e nome do profissional responsável pelo fracionamento ou manipulação. 
É vedada a reutilização das embalagens de produtos químicos para quaisquer fins (BRASIL, 
2005). 
O inventário do total de produtos químicos deve estar contido no PPRA. Nele devem 
ser indicados os produtos que representem maior risco à saúde do trabalhador, tendo estes 
uma ficha específica sobre sua forma de uso, riscos à saúde e ao meio ambiente, medidas de 
26 
 
proteção, condições e local de estocagem, e procedimentos em caso de emergência. Uma 
cópia desta ficha deve ficar armazenada no local onde o produto é utilizado (BRASIL, 2005). 
No que compete ao PCMSO, o empregador deve proporcionar de forma continuada a 
capacitação para profissionais que utilizem produtos químicos. A manipulação deste material 
deve ocorrer em local destinado para este fim, salvo nos casos de preparação e associação de 
medicamentos para uso imediato. O local de armazenamento destes produtos deve ser 
sinalizado e ventilado, tendo observadas as recomendações do fabricante com relação aos 
gases medicinais (BRASIL, 2005). 
É vedada a utilização de equipamentos com vazamento de gás, cilindros sem 
identificação e válvula de segurança, movimentação dos mesmos sem EPI’s adequados, sua 
submissão a extremos de temperatura, entre outros dispostos na norma (BRASIL, 2005). 
Os medicamentos e drogas de riscos, considerados na NR-32 como “aquelas que 
possam causar genotoxicidade, carcinogenicidade, teratogenicicidade e toxicidade séria e 
seletiva sobre órgãos e sistemas”, devem possuir descrição dos riscos inerentes às atividades 
de seu recebimento, armazenamento, preparo, distribuição e administração (BRASIL, 2005, 
p.6). 
Com relação aos gases e vapores anestésicos, a NR-32 dispõe que os equipamentos 
destinados a sua administração devem ser submetidos a manutenção periódica, e os locais paa 
a sua utilização devem ter sistemas de ventilação e exaustão. Os relatórios de manutenção 
devem estar disponíveis para os trabalhadores, e gestantes só serão liberadas para o 
desempenho de funções com possibilidade de exposição a tais gases e vapores anestésicos 
mediante a apresentação de autorização médica emitida pelo PCMSO (BRASIL, 2005). 
Os quimioterápicos e antineoplásicos necessitam de local específico para seu preparo, 
com acesso restrito de funcionários. É necessário contar com, no mínimo, vestiário apropriado 
para esta área, pias, lava-olhos, chuveiro de emergência, armários, EPI’s e vestimenta para 
uso e reposição, recipientes para descarte de vestimentas usadas, e local exclusivo para 
armazenamento e estocagem (BRASIL, 2005). 
A sala de preparo precisa contar com cabine de Segurança Biológica Classe II B, e a 
mesma necessita estar em funcionamento 30 minutos antes do início da manipulação, e 
permanecer ligada 30 minutos após o seu término. A periodicidade de sua manutenção 
respeitará a indicação do fabricante. A limpeza, descontaminação e desinfecção, devem ser 
realizadas antes do início das atividades (BRASIL, 2005). 
Em caso de interrupção de funcionamento da cabine, fica proibida a continuidade das 
atividades de manipulação ou início das mesmas na falta de EPI’s. Na ocorrência de acidentes 
27 
 
ambientais e pessoais, as normas e os procedimentos a serem adotados devem estar descritos 
em um manual disponível e de fácil acesso aos trabalhadores e fiscalizações. A capacitação 
para trabalhadores envolvidos na manipulação de quimioterápicos é obrigatória (BRASIL, 
2005). 
Nas áreas de preparação, armazenamento e administração, e para o transporte, deve ser 
mantido um “kit” de derramamento devidamente identificado, que deve conter, no mínimo: 
luvas de procedimento, avental impermeável, compressas absorventes, proteção respiratória, 
proteção ocular, sabão, recipiente identificado para recolhimento de resíduos, e descrição do 
procedimento (BRASIL, 2005). 
No que se refere às Radiações Ionizantes, a NR-32 versa sobre as recomendações para 
os serviços de Medicina Nuclear, Radioterapia e Radiodiagnóstico, e salienta que o 
cumprimento das disposições da norma não desobriga o empregador do cumprimento das 
demais legislações que regulam sobre o uso de radiações ionizantes (BRASIL, 2005). 
É obrigatório manter disponível no local de trabalho o Plano de Proteção Radiológica 
(PPR), aprovado pela CNEN, e para os serviços de radiodiagnóstico, aprovado pela Vigilância 
Sanitária (BRASIL, 2005). 
Quanto aos Resíduos de Saúde, cabe aos empregadores capacitar os funcionários sobre 
sua correta segregação, acondicionamento e transporte, classificaçãoe potencial de risco, 
sistema de gerenciamento interno, mecanismos de redução de geração de resíduos, 
responsabilidades e tarefas, assim como reconhecimento dos símbolos de identificação das 
classes de resíduos e orientação quanto à utilização adequada de EPI’s (BRASIL, 2005). 
Os sacos plásticos para acondicionamento de resíduos devem ser preenchidos até 2/3 
de sua capacidade, fechados de maneira que não haja derramamento, retirados imediatamente 
dos locais de geração logo após seu preenchimento e fechamento, e mantidos íntegros até a 
disposição final e tratamento (BRASIL, 2005). 
A segregação dos resíduos deve obedecer às normas da Associação Brasileira de 
Normas Técnicas NBR 9191/2000 (ABNT), com recipientes resistentes a quebra, de material 
lavável, com abertura sem contato manual, e localizados próximo ao local de sua fonte 
geradora (BRASIL, 2005). 
O transporte do recipiente contendo os resíduos deve ser feito sem contato com outras 
partes do corpo, sendo proibido o arrasto. Meios técnicos para o transporte devem ser 
utilizados quando a saúde e segurança do trabalhador forem expostas a riscos. Devem ser 
estabelecidos horários para o transporte dos resíduos para áreas de armazenamento externo 
28 
 
que não sejam coincidentes com os de distribuição de roupas, alimentos, medicações, e de 
grande fluxo de pessoas (BRASIL, 2005). 
A NR-32 também normatiza as refeições dos funcionários, que devem ser realizadas 
em locais externos ao posto de trabalho, com condições de conforto e higiene (BRASIL, 
2005). 
A lavanderia é outro tópico abordado pela referida norma, e deve ser constituída por 
duas áreas distintas: uma limpa e outra suja. Além disso, a norma regulamenta sobre o 
funcionamento das máquinas utilizadas para a lavagem do vestuário (BRASIL, 2005). 
No que concerne à limpeza e conservação, a NR-32 dita que os trabalhadores devem 
receber capacitação inicial e continuada sobre higiene pessoal, riscos físicos, químicos e 
biológicos, sinalização, rotulagem preventiva, EPI’s e Equipamentos de Proteção Coletiva 
(EPC’s), e procedimentos em caso de emergência. É importante frisar que a norma proíbe a 
varrição seca em áreas internas, de modo a evitar a dispersão de microorganismos (BRASIL, 
2005). 
A manutenção de máquinas e equipamentos deve ser submetida à inspeção contínua e 
de maneira preventiva, de acordo com as disposições do fabricante. Além disso, os 
funcionários devem receber capacitação prévia e continuada para sua utilização (BRASIL, 
2005). 
Em suas Disposições Gerais, a NR-32 menciona sobre a necessidade de se atender ao 
disposto em outras legislações, como na RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002 da ANVISA 
(condições de conforto térmico e planejamento de edificações dos serviços de saúde), e em 
outras NB’s da ABNT, como a NB 95 (condições de conforto relativas aos níveis de ruído) e 
a NB 57 (condições de iluminação) (BRASIL, 2005). 
A NR-32 faz parte do ordenamento jurídico brasileiro e, portanto, cumpre com os 
requisitos básicos de uma norma. A norma jurídica é uma ordem que prescreve condutas e 
garante o seu cumprimento através de seu poder coercitivo, garantido por meio de sanções 
(BRASIL, 2005). 
Sendo assim, a NR-32 possui na NR-28 (Fiscalização e Penalidades), os códigos de 
ementa e respectivas infrações para os seus subitens. Para cada item foram estipulados valores 
de multas proporcionais a cada infração cometida. Ao empregador também é fornecido um 
tempo para o atendimento da norma, após a notificação de um fiscal (BRASIL, 1992). 
 
 
29 
 
1.5 Percepção e participação dos trabalhadores 
 
 
Os indivíduos possuem capacidade de modificar o ambiente, seja a seu favor ou 
contra, gerando ou reduzindo riscos (SLOVIC, 1987). Isso se dá por possuírem diferentes 
percepções sobre os riscos a que estão expostos. Sendo assim, os riscos são de passíveis 
variações, visto que sentir o risco compõe a variação das diferenças individuais, que engloba 
o conhecimento que o indivíduo possui, na medida em que este influencia aquele (PERES, 
2002; BARNETT; BREAKWELL, 2001). 
Ou seja, a presença do risco pode ser concreta, mas tanto a sua percepção quanto sua 
aceitação dependem das concepções culturais e pessoais de quem se expõe (LIEBER; 
ROMANO-LIEBER, 2002). 
No que concerne à Enfermagem, seu amplo quantitativo de trabalhadores com 
diferentes percepções e conhecimentos, a complexidade de seu objeto de trabalho, e a grande 
exposição dos trabalhadores aos riscos ocupacionais (seja por serem inertes às atividades 
laborais ou pelas longas horas de trabalho), exigem do gestor a definição de um processo 
simples, porém que reflita a realidade, de modo a avaliar o desempenho dos trabalhadores 
quando expostos a riscos no trabalho. 
Autores como Boix et al. (2001), afirmam que 99,5% dos trabalhadores da área da 
saúde identificam a presença de alguma exposição laboral potencialmente prejudicial à saúde. 
Mostram que 97% dos trabalhadores identificam a presença de riscos ambientais, 93% de 
acidentes, 88% de excesso de esforço físico e 71% de organização do trabalho. 
Ainda no mesmo estudo, os autores asseveram que a maioria dos trabalhadores 
acredita que há solução para os riscos mencionados, porém essa crença é menor para riscos 
relacionados à esforços físicos (68% dos trabalhadores) e maior em relação aos acidentes 
(88%). Quanto aos riscos ambientais, 72% dos trabalhadores acredita que há solução, e 80% 
afirma que os riscos relacionados à organização do trabalho podem ser solucionados (BOIX et 
al., 2001). 
A percepção dos trabalhadores quanto às estratégias para melhorar as condições do 
trabalho em relação à saúde e segurança envolve: automatização de determinadas tarefas, 
substituição de produtos, eliminação de turnos, rotatividade de tarefas, redução de ritmos de 
trabalho, melhores condições de manipulação de cargas, e adoção de equipamentos com 
dispositivos de segurança (BOIX et al., 2001). 
30 
 
Desse modo, busca-se definir um modelo de avaliação da aplicabilidade da NR-32 em 
conformidade com seus determinantes, a partir da percepção dos trabalhadores e de seu prévio 
conhecimento sobre a necessidade de se prevenir e de se proteger dos riscos durante o 
processo de trabalho. 
Logo, a abordagem estratégica deste estudo se dá através da percepção real dos 
trabalhadores, bem como de sua participação, indicando a melhor alternativa de acordo com 
sua impressão, pautada na sua teoria e/ou prática, considerando que a assimilação das causas 
dos acidentes ou doenças é um pré-requisito imperativo para as ações de prevenção 
(KOUABENAN, 1998). 
Segue-se, assim, a ótica de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) preventiva, cujo 
foco é a eliminação e/ou redução de indicadores que causem mal-estar nos contextos de 
produção e consequentemente na saúde dos trabalhadores. Sendo assim, é necessário operar 
em três dimensões interdependentes: nas condições, na organização e nas relações sociais de 
trabalho (MENDES; FERREIRA, 2004). 
Além disso, é crucial conceber a QVT como uma tarefa de todos (e não uma 
responsabilidade exclusivamente individual) e uma busca permanente de harmonia entre o 
bem-estar, a eficiência e a eficácia nos ambientes organizacionais (e não no foco exclusivo da 
produtividade) (MENDES; FERREIRA, 2004). 
Neste sentido, esta pesquisa busca conhecer os riscos associados ao trabalho, bem 
como propor a mudança positiva das condições, do processo, da organização, e das relações 
do trabalho, de modo a reduzir ou eliminar heterogeneamente as possibilidades de acidentes 
ou doenças relacionadas ao trabalho durante sua jornada. 
 
 
31 
 
2 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA 
 
 
2.1 Tipo de estudo 
 
 
A pesquisa científica pretende responder às inquietações dos indivíduos por meio de 
métodos confiáveis. Através da pesquisa podemos comprovar conhecimento, excluindo as 
possibilidades de comportamentos baseados em crenças ou senso comum(POLIT; BECK; 
HUNGLER, 2004). 
O presente estudo é do tipo metodológico, envolvendo investigações dos métodos de 
obtenção, organização e análise de dados, encarregando-se da avaliação dos instrumentos e 
técnicas de pesquisa. É também descritivo porque busca identificar os fenômenos ou fatos 
ocorridos no campo social, político e econômico do cotidiano humano, sem exercer 
manipulação sobre estes fatos (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). 
Por meio de uma análise descritiva é possível avaliar as relações existentes entre as 
variáveis de um estudo, pretendendo com isso estabelecer uma interpretação fiel da realidade 
(GIL, 2002). A análise explicativa geralmente parte de um raciocínio dedutivo, onde a 
importância dos resultados está na descoberta da razão dos fenômenos, através de dados que 
possam ser mensuráveis e testáveis. Logo, prevê o controle do que vai ser feito e a 
generalização a partir do processo e dos resultados (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). 
 
 
2.2 Método 
 
 
Na construção de estudos científicos, o pesquisador deve atentar para os critérios de 
significância e precisão de seus instrumentos de coleta de dados, que cumpram com o objetivo 
de produzir um conhecimento baseado em evidências. Por esta razão, os critérios de avaliação 
das propriedades psicométricas devem ser empregados, e todos os instrumentos de pesquisa 
devem reunir estes requisitos (RICHARDSON, 1999; RAYMUNDO, 2009). 
Uma pesquisa científica envolvendo instrumentos de medida que não apresente tais 
critérios, ou que possua uma medição deficiente, pode ser considerada inválida. A 
confiabilidade e a praticabilidade são algumas das condições necessárias para a construção do 
32 
 
conhecimento científico (RICHARDSON, 1999; RAYMUNDO, 2009). A validade, a 
responsividade e a interpretabilidade são outros atributos também recomendados (COSMIN, 
2012). 
 
 
2.2.1 Confiabilidade 
 
 
Medidas confiáveis são replicáveis e consistentes, e medidas válidas representam 
precisamente características do que se pretende medir. Confiabilidade e validade são 
elementos que se aplicam em diversas situações científicas, como: medidas derivadas de um 
teste, instrumento de coleta de dados, técnica de aferição, delineamento de uma investigação, 
e a pesquisa propriamente dita (ROBERTS; PRIEST, 2006). 
Nem todo instrumento de medidas que apresenta confiabilidade tem validade, mas 
todo aquele que tem validade também apresenta confiabilidade, portanto, nesta pesquisa, 
analisaremos primeiramente a confiabilidade (DEVON et al., 2007). 
A confiabilidade trata da consistência que os resultados de um teste ou instrumento 
apresentam ao compará-lo com os resultados do mesmo teste ou similar, quando aplicado em 
outra oportunidade. Desta maneira, pode-se compreender que a confiabilidade é a aferição da 
coerência de um instrumento de coleta de dados através da constância de seus resultados 
(SALMOND, 2008). 
Segundo Selltiz et al. (1987), uma medida confiável demonstrará resultados idênticos 
em diversas aplicações sobre um mesmo sujeito ou objeto. Se existem diferenças entre as 
medidas, entre uma leitura e outra, é porque houve erro na verificação. No entanto, as ligeiras 
flutuações entre os resultados devem ser compreendidas também como produto das diferenças 
reais entre medidas. 
Apesar das medidas do universo social apresentarem maior instabilidade devido à 
constante mudança dos fenômenos e fatos observados, a confiabilidade é medida através da 
comparação entre situações semelhantes e sucessivas (SALMOND, 2008). 
A questão central está na dificuldade de se definir o que é produto de diferenças reais 
entre as medidas, e o que seria o erro de mensuração. Para tanto, a utilização de medidas que 
avaliem estas ocorrências se faz imprescindível, como por exemplo, o desvio padrão, a 
técnica do teste e reteste, técnicas de formas alternativas ou equivalentes, entre outras 
(SELLTIZ et al., 1987). 
33 
 
Existem fatores que podem afetar a confiabilidade de um instrumento de pesquisa. A 
natureza do instrumento seria um destes fatores, pois quanto maior sua extensão, melhores são 
as oportunidades para o respondente demonstrar seu conhecimento ou opinião sobre o 
problema em questão, em contrapartida os itens com apenas duas alternativas são menos 
confiáveis. A aplicação do instrumento também pode interferir na sua confiabilidade, onde as 
informações detalhadas e claras influenciam no preenchimento adequado do teste, e 
informações vagas e imprecisas devem ser evitadas (FROST et al., 2007). 
De modo a aferir a confiabilidade, alguns autores sugerem a realização de 
procedimentos de avaliação tais quais: consistência interna, estabilidade (teste-reteste), e 
equivalência (inter-observadores e intra-observadores) (ALEXANDRE et al., 2013). Para 
efeitos deste estudo, serão utilizadas a consistência interna e a estabilidade, uma vez que a 
equivalência não se aplica ao instrumento avaliado por ser auto respondido. 
A consistência interna representa a homogeneidade de um instrumento no seu todo 
ao verificar se todos os itens do instrumento mensuram o mesmo conceito (POLIT; BECK; 
HUNGLER, 2004; TERWEE et al., 2007). Tais itens devem se correlacionar ou serem 
complementares e, caso o instrumento possua diferentes domínios mensurando diferentes 
características, a consistência interna deve ser analisada separadamente para cada parte 
(DEVON et al., 2007; LOBIONDO-WOOD; HARBER, 1998). 
Por sua vez, a estabilidade é aferida por meio de teste-reteste, que consiste na 
aplicação de um teste ou instrumento duas vezes ao mesmo grupo de sujeitos, e a posterior 
avaliação da correlação entre ambos. Este tipo de avaliação tem sido cada vez mais utilizada, 
especialmente na área da saúde, sendo relevante para evitar viés dos efeitos de transição no 
tempo. O período de tempo entre as aplicações deve ser estipulado de acordo com o objeto 
que se pretende medir, no entanto quanto maior for o intervalo de tempo, maior será a 
probabilidade de interferências e variações de erro entre os dados (DEVON et al., 2007; 
LOBIONDO-WOOD; HARBER, 1998; POLIT, 2015). 
O coeficiente de correlação produto-momento (Coeficiente de Correlação Intraclasse – 
ICC) de Pearson é o mais indicado para pesquisas que adotem a técnica de teste-reteste como 
medida de confiabilidade. Trata-se de um índice do grau de associação entre dois pares de 
medições, e pode variar de -1,00 até +1,00 (DEMPSEY; DEMPSEY, 2000; POLIT; BECK; 
HUNGLER, 2004). 
 
 
34 
 
2.2.2 Praticabilidade 
 
 
Outro aspecto que contribui para a confiabilidade de um instrumento é o grau de 
dificuldade das questões, que deve ser em um nível ótimo. Além disto, o tempo utilizado para 
o seu preenchimento deve ser amplo, isto quando se exclui situações onde a velocidade de 
resposta é o objeto de avaliação (RICHARDSON, 1999). 
Além disso, é de suma importância analisar a praticabilidade de um instrumento - que 
se refere aos seus aspectos práticos ao analisar suas restrições e facilidades, tais como custo 
médio, tempo dispendido para preenchimento, e eventuais especificidades quanto ao local e 
situações em que o mesmo pode ser aplicado -, e sua aceitabilidade - que diz respeito à 
compreensão do conteúdo pelos respondentes (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; FAYERS; 
MACHIN, 2007). 
 
 
2.3 Cenário 
 
 
A pesquisa foi desenvolvida em um hospital de grande porte ligado ao Sistema Único 
de Saúde, localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, pertencente à rede federal 
pública de hospitais, subordinado ao Departamento de Gestão Hospitalar no Estado do Rio de 
Janeiro, da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde. 
A instituição dispõe de serviços de urgência e emergência, além de atendimento por 
demanda espontânea e referenciada, em regime de internação e ambulatório, desenvolvendo 
programas de atenção básica de média e alta complexidade de acordo com o Cadastro 
Nacional de Estabelecimentosde Saúde (CNES) do Ministério da Saúde (MS) (2014). 
É constituído pelos seguintes setores: Acolhimento e Classificação de Risco, 
Ambulatório, Central de Material e Esterilização (CME) para Unidade de Pacientes Externos 
(UPE) e Unidade de Pacientes Internos (UPI), Centro Cirúrgico, Centro Cirúrgico – UPE, 
Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Clínica Médica, Coronária, Centro de Tratamento de 
Queimados (CTQ), Emergência, Emergência Pediátrica, Endoscopia Digestiva, 
Maternidade/Berçário (fechado há dois anos para realização de obras), Medicina Interna, 
Neurocirurgia, Oncologia, Ortopedia, Pediatria, Plástica, Setor de Imagem, e Centro de 
Tratamento Intensivo (CTI), formando um conjunto de 24 unidades. A gestão do hospital é 
35 
 
realizada por uma Diretora Fonoaudióloga, e a Enfermagem é coordenada por uma 
Enfermeira, também da área de Saúde do Trabalhador. 
 
 
2.4 População e amostra 
 
 
População é o conjunto de elementos que possuem determinadas características, sendo 
a amostra subconjunto dessa população, através da qual se espera estimar ou estabelecer 
características. O autor indica que a amostra do estudo deve ser composta por um número 
suficiente de casos, de modo que tais características sejam representadas com fidelidade. Por 
possuir uma numerosa população, o que inviabilizaria uma análise na sua totalidade, será 
utilizada uma amostra, que é uma parte do todo a ser estudado (GIL, 2008). 
A população deste estudo baseou-se na população de profissionais de enfermagem da 
instituição envolvida, de acordo com informações fornecidas pela Diretoria/Supervisão de 
Enfermagem do referido hospital, que estivessem em atividade há, no mínimo, seis meses, 
independente do vínculo empregatício, sendo excluídos do estudo os participantes que 
estivessem afastados do serviço, independente do motivo, bem como aqueles que por algum 
motivo não desejassem participar da pesquisa. 
Para análise da consistência interna, inicialmente, em virtude da falta de viabilidade 
prática de adesão de todo o grupo populacional, e à dinâmica de trabalho, optou-se por 
seleção aleatória dos profissionais, por meio de dimensionamento de amostra finita 
(COCHRAN, 1967; YTRIOLA, 1999), ou seja, com tamanho (n) maior ou igual a 5% do total 
da população de profissionais de enfermagem conforme a fórmula descrita a seguir: 
 
 
 
A partir da avaliação por estatístico independente, com intervalo de confiança de 90%, 
erro amostral de 10%, que consiste na diferença entre o valor estimado pela pesquisa e o 
verdadeiro encontrado na prática, e percentual máximo de 50%, sendo este o valor exato que 
um atributo se apresenta na prática, estipulou-se a participação de, no mínimo, 65 
trabalhadores de enfermagem. 
(1) 
36 
 
Ainda assim, ao consultar a literatura internacional sobre psicometria, foi observada a 
recomendação da participação de, no mínimo, 100 indivíduos, para avaliação da 
confiabilidade – consistência interna de instrumentos de medida (TERWEE et al., 2007). 
Para avaliação da estabilidade, o número de indivíduos é menor que aquele utilizado 
para avaliação da consistência interna. Streiner e Norman (2008) explicam que, ao levar em 
consideração o número de participantes, e o intervalo de confiança desejado, amostras acima 
de 50 indivíduos, em muitos casos, representará um excesso estatístico. 
Cicchetti e Fleiss (1977) sugerem um valor para 2 * k * k onde k é o número de 
classificações por pessoa, o que, neste estudo, representa um n = 8. Porém, ao consultar um 
reconhecido pesquisador internacional, especialista em estatística, determinou-se n = 33, para 
intervalo de confiança de 95%. 
Com base nestas consultas, a população total do estudo foi de 137 trabalhadores de 
enfermagem. Participaram do reteste 78 trabalhadores de enfermagem. 
 
 
2.5 Instrumentos de coleta de dados 
 
 
A técnica para a coleta de dados adotada foi a utilização do instrumento de Mauro & 
Mauro (2009), que consiste em um questionário estruturado com perguntas fechadas 
(ANEXO 1). Tal questionário já foi utilizado com sucesso em estudos pilotos, e reestruturado 
no sentido de proporcionar mais clareza na interpretação das questões, após as mudanças 
decorrentes da aplicação do mesmo nos estudos pilotos. 
Sendo assim, este questionário passou por algumas fases, a saber: o instrumento 
original foi submetido a um teste piloto, que gerou uma segunda versão do instrumento 
devido a reformulações necessárias. A segunda versão do instrumento foi analisada por 
especialistas, com consequentes correções de falhas de conteúdo, e elaboração do questionário 
final, utilizado neste estudo. 
O instrumento possui um conjunto de questões que têm por objetivo captar 
informações precisas dos indivíduos que são submetidos ao seu uso. Possui vantagens tais 
como o alcance de um grande número de pessoas, o anonimato dos participantes, menor gasto 
decorrente de sua aplicação, e a conveniência da escolha do momento mais adequado para seu 
preenchimento. Contudo, as desvantagens envolvem a exclusão de pessoas analfabetas, a 
37 
 
dificuldade para esclarecimento de dúvidas do respondente, e a possibilidade de 
preenchimento incompleto e/ou com rasuras do questionário (GIL, 2008). 
O questionário proposto contém 87 questões, cada uma com alternativas de resposta 
de acordo com sua especificidade, adotando escala tipo Likert para respostas, quando 
adequado. Inclui 10 domínios de conhecimento a serem respondidos, acompanhando a 
proposta da NR-32, como descrito no Quadro 1. 
No entanto, após cuidadosa revisão do mesmo, antes do início da coleta de dados, 
verificou-se que havia uma questão com conteúdo duplicado, sendo excluída na fase de 
análise de dados, totalizando 86 questões. 
 
Quadro 1 – Domínios avaliados pelo “Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da 
aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D”. Rio de 
Janeiro, 2017 
Áreas de Conhecimento (subescala) Número de Questões 
Características profissionais dos trabalhadores 13 
Programas de Saúde do Trabalhador desenvolvidos na unidade 4 
Espaço físico e equipamentos 9 
Vestimenta e capacitação profissional 11 
Posto de trabalho e condições de conforto 5 
Vacinação do profissional 7 
Riscos biológicos 18 
Riscos químicos 11 
Riscos físicos (radiação ionizante) 3 
Tratamento de resíduos 6 
Fonte: A autora, 2017. 
 
Um Formulário Sobre Praticabilidade do Questionário (APÊNDICE A), desenvolvido 
pela pesquisadora, baseado no aporte teórico e em estudo anterior (COLUCI; ALEXANDRE, 
2009), com questões abertas relacionadas à percepção dos participantes sobre o questionário, 
o tempo para resposta e a existência de treinamentos ou cursos relacionados à temática foi 
entregue em conjunto para avaliação da praticabilidade e aceitabilidade, assim como uma 
carta de agradecimento pela participação. 
 
 
38 
 
2.6 Coleta de dados 
 
 
A coleta de dados foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa 
(CEP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a fim de atender as colocações 
estabelecidas na Resolução número 466 de 12 de Dezembro de 2012, que trata de pesquisas 
envolvendo seres humanos, e obteve parecer favorável do mesmo, número 2.031.013 
(ANEXO 2). 
Os questionários foram entregues juntamente com o Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B), quando as informações pertinentes ao estudo foram 
fornecidas, cabendo ao profissional a livre decisão de aceitar ou recusar sua participação no 
estudo. 
Para avaliação da estabilidade, os participantes receberam novamente o instrumento 
um mês após a primeira aplicação. Devido à extensão da ferramenta, assim como o conteúdo 
envolvido, considerou-se um período adequado para que não recordassem as respostas 
iniciais, mas também aceitassem o reteste. Neste mesmo momento foi entregue o Formulário 
Sobre Praticabilidade do Questionário (APÊNDICE A) para avaliação

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