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Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro Biomédico Faculdade de Enfermagem Nathalia Pey Tournillon Sper Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem Rio de Janeiro 2018 Nathalia Pey Tournillon Sper Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Enfermagem, Saúde e Sociedade. Orientadora: Prof.ª Dra. Maria Yvone Chaves Mauro Coorientadora: Prof.ª Dra. Cristiane Helena Gallasch Rio de Janeiro 2018 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/CBB Bibliotecária: Diana Amado B. dos Santos CRB7/6171 Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, desde que citada a fonte. ________________________________________ _________________________ Assinatura Data S749 Sper, Nathalia Pey Tournillon. Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem / Nathalia Pey Tournillon Sper. - 2018. 81 f. Orientadora: Maria Yvone Chaves Mauro. Coorientadora: Cristiane Helena Gallasch. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Enfermagem. 1. Psicometria. 2. Riscos Ocupacionais. 3. Saúde do trabalhador. I. Mauro, Maria Yvone Chave. II. Gallasch, Cristiane Helena. III Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Enfermagem. IV. Título. CDU 614.253.5 Nathalia Pey Tournillon Sper Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem Dissertação apresentada, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Enfermagem, Saúde e Sociedade. Aprovada em 23 de fevereiro de 2018. Banca Examinadora: __________________________________________________ Prof.ª Dra. Maria Yvone Chaves Mauro (Orientadora) Faculdade de Enfermagem – UERJ __________________________________________________ Prof.ª Dra. Cristiane Helena Gallasch (Coorientadora) Faculdade de Enfermagem – UERJ __________________________________________________ Prof.ª Dra. Norma Valéria Dantas de Oliveira Souza Faculdade de Enfermagem – UERJ __________________________________________________ Prof.ª Dra. Ann Mary Machado Tinoco Feitosa Rosas Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro 2018 AGRADECIMENTOS Se você está lendo esta página é porque eu consegui. E não foi fácil chegar até aqui. Do processo seletivo, passando pela aprovação até a conclusão do Mestrado, foi um longo caminho percorrido. Nada foi fácil, tampouco tranquilo. “A sola do pé conhece toda a sujeira da estrada” (Provérbio Africano). Quero agradecer a todos aqueles que sempre confiaram em mim, desde sempre. A meus pais que, muitas vezes, renunciaram seus sonhos para que eu pudesse realizar os meus, partilho a alegria deste momento. Ao meu amor, que esteve presente nos momentos difíceis, e me auxiliou profissionalmente revisando a redação deste estudo. Aos meus verdadeiros amigos, que direta e indiretamente me incentivaram, me ajudando com ideias e com os dados desta pesquisa. À Prof.ª Dr.ª Maria Yvone Chaves Mauro, minha orientadora, e à Prof.ª Dr.ª Cristiane Helena Gallasch, minha coorientadora, por todo auxílio profissional e pelo companheirismo, o qual foi de extrema importância para que eu não desistisse. À Prof.ª Dr.ª Neusa Maria Costa Alexandre, da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pela contribuição no aprimoramento deste estudo. Agradeço ainda ao Henrique Ceretta, estatístico da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), e à Prof.ª Dr.ª Sheilah Hogg-Johson do Institute of Work and Health, Toronto – Canadá, que nos salvaram com seus ensinamentos estatísticos e metodológicos, respectivamente, sem os quais não seria possível concluir essa dissertação. À Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) pelo investimento durante a realização do curso. O financiamento público de pesquisas e o incentivo à qualificação profissional e à produção científica são fundamentais para o desenvolvimento do país. Que os órgãos de fomento à pesquisa e os representantes públicos nas três esferas de governo valorizem os pesquisadores iniciantes e priorizem a educação e a ciência como fundamentos para uma sociedade democrática. Por fim, agradeço a inestimável colaboração desta banca em todos os momentos do processo. E aprendi que se depende sempre De tanta, muita, diferente gente Toda pessoa sempre é as marcas Das lições diárias de outras tantas pessoas E é tão bonito quando a gente entende Que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá E é tão bonito quando a gente sente Que nunca está sozinho por mais que pense estar. Gonzaguinha RESUMO SPER, Nathalia Pey Tournillon. Confiabilidade e praticabilidade do Modelo de Mauro & Mauro na aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32 em Enfermagem. 2018. 81 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. O objeto deste estudo trata das propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados sobre a aplicabilidade da NR-32 no trabalho de enfermagem. Objetiva-se avaliar as propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados sobre a aplicabilidade da NR-32, em conformidade com a norma, a partir das adequações advindas dos resultados de sua aplicação como teste piloto, de modo a responder ao seguinte problema de pesquisa: “É possível criar um instrumento confiável e válido para indicar a aplicabilidade da NR-32 nos serviços de saúde?”. Estudo do tipo metodológico, envolvendo investigações dos métodos de obtenção, organização e análise de dados, através da avaliação do instrumento e técnicas de pesquisa. As propriedades psicométricas confiabilidade e praticabilidade foram avaliadas após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), sob o parecer número 2.031.013. Contou com a participação de 137 profissionais de enfermagem. A confiabilidade foi avaliada por meio da consistência interna e estabilidade, com resultados satisfatórios de consistência interna (alfa de Cronbach = 0,928) e estabilidade teste-reteste (Coeficiente de Correlação Intraclasse = 0,70) para o instrumento como um todo. Quanto à estabilidade teste-reteste em relação às subescalas, observaram-se valores de ICC entre 0,63 e 0,82, cuja estabilidade é considerada entre moderada e alta. A praticabilidade indicou que o instrumento foi considerado importante em relação ao seu conteúdo, apesar de exaustivo devido à sua grande extensão. O escore do instrumento em sua totalidade sobre o conhecimento médio dos participantes em relação ao conteúdo do questionário (59,44) foi indicativo de que os trabalhadores reconhecem importantes aspectos relacionados à Norma Regulamentadora32 e ao seu cumprimento, porém necessitam de educação / treinamento permanentes para o alcance deste objetivo. Assim, o instrumento foi considerado confiável para utilização em serviços de saúde, contudo recomenda-se o aprofundamento do estudo das propriedades psicométricas de verificação da validade. Espera-se que futuras utilizações deste instrumento confiável contribuam, de maneira satisfatória, para os gestores de saúde identificarem tendências e possibilidades de eventos danosos à saude, de modo a permitir a manutenção de ambientes favoráveis de trabalho, bem como a redução dos níveis de acidentes e a consequente diminuição das taxas de absenteísmo e melhora das condições de trabalho. Palavras-chave: Psicometria. Riscos ocupacionais. Saúde do trabalhador. ABSTRACT SPER, Nathalia Pey Tournillon. Reliability and practicability of Mauro & Mauro’ Model in the applicability of the Brazilian Regulatory Standard 32 (RS 32) in Nursing. 2018. 81 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018. The purpose of this study is the psychometric properties of a data collection instrument about the applicability of RS-32 in nursing work. The objective is to evaluate the psychometric properties of a data collection instrument about the applicability of the RS #32 in accordance with the standard, based on the adequacy of the results of its application as a pilot test, in order to respond to the following research problem: "Is it possible to create a reliable and valid instrument to indicate the applicability of the RS #32 in health services?" Methodological study, involving investigations of methods of obtaining, organizing and analyzing data through the instrument evaluation and research techniques. The psychometric properties reliability and practicability were evaluated after approval by the Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)’ Research Ethics Committee (REC), according to statement number 2,031,013. It counted with 137 nursing professionals participating. The reliability was estimated through internal consistency and test-retest stability, with satisfactory results of internal consistency (Cronbach alpha= 0.928) and test-retest stability (Intraclass Correlations Coefficient = 0.70) for the instrument as a whole. Regarding the test-retest stability in relation to the subscales, were observed values of ICC between 0.63 and 0.82, which stability is considered between moderate and high. The practicality indicated that the instrument was considered important in relation to its content, although exhaustive due to its large extension. The score of the instrument in its totality, on the average knowledge of the participants regarding the content of the questionnaire (59.44), was indicative that the workers recognize important aspects related to the Brazilian Regulatory Standard 32 and its fulfillment, however they need permanent education / training to achieve this objective. Thus, the instrument was considered reliable for use in health services, however, it is recommended to further study of the psychometric properties of validity verification. It is expected that future uses of the reliable instrument will contribute satisfactorily to health managers to identify health- damaging events’trends and possibilities, in order to maintain favorable work environments, as well as to the accident levels’ reduction and consequent reduction of absenteeism rates and working conditions improvement. Keywords: Psychometrics. Occupational risks. Occupational health. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Caracterização sociodemográfica de trabalhadores de enfermagem (n=137). Rio de Janeiro, 2017.................................... 41 Tabela 2 – Caracterização laboral de trabalhadores de enfermagem (n=137). Rio de Janeiro, 2017....................................................................... 42 Tabela 3 – Carga horária semanal de trabalho e média salarial dos participantes da pesquisa (n=137). Rio de Janeiro, 2017................ 43 Tabela 4 – Caracterização das questões relacionadas ao trabalho, segundo percepção dos trabalhadores de enfermagem (n=137). Rio de Janeiro, 2017................................................................................... 45 Tabela 5 – Valores de Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC) para subescalas do “Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D”. Rio de Janeiro, 2017....................................................................... 46 Tabela 6 – Escores do conhecimento médio dos participantes sobre cada constructo abordado pelo “Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D”. Rio de Janeiro, 2017.................................................. 48 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CNES Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde CDC Centers for Disease Control CME Central de Material e Esterilização CTQ Centro de Tratamento de Queimados CTI Centro de Tratamento Intensivo CNEN Comissão Nacional de Energia Nuclear CEP Comitê de Ética em Pesquisa CAT Comunicação de Acidente de Trabalho CLT Consolidação das Leis do Trabalho EPC Equipamento de Proteção Coletiva EPI Equipamento de Proteção Individual FAPERJ Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro MS Ministério da Saúde MTE Ministério do Trabalho e Emprego NIOSH National Institute of Occupational Safety and Health NR Norma Regulamentadora OSHA Occupational Safety and Health Association OIT Organização Internacional do Trabalho OMS Organização Mundial da Saúde PPR Plano de Proteção Radiológica PNST Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora PNSST Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho PCMSO Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais QVT Qualidade de Vida no Trabalho SUS Sistema Único de Saúde SPSS Statistical Package for Social Sciences TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UPE Unidade de Pacientes Externos UPI Unidade de Pacientes Internos SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12 1 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................... 18 1.1 Contexto histórico sobre saúde do trabalhador ........................................... 18 1.2 Riscos do trabalho .......................................................................................... 19 1.3 O direito à segurança e à saúde do trabalhador .......................................... 20 1.4 A Norma Regulamentadora 32 (NR-32) - Portaria n.º 485 de 2005, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) .................................................. 22 1.5 Percepção e Participação dos Trabalhadores .............................................. 29 2 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ............................................................ 31 2.1 Tipo de estudo ................................................................................................. 31 2.2 Método ............................................................................................................. 31 2.2.1 Confiabilidade .................................................................................................. 32 2.2.2 Praticabilidade .................................................................................................. 34 2.3 Cenário ............................................................................................................ 34 2.4 População e amostra ......................................................................................35 2.5 Instrumentos de coleta de dados ................................................................... 36 2.6 Coleta de dados ............................................................................................... 38 2.7 Tratamento e análise dos dados .................................................................... 38 3 RESULTADOS ............................................................................................... 40 3.1 Caracterização dos sujeitos ........................................................................... 40 3.2 Caracterização do ambiente de trabalho a partir do Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D .......................................................................................... 44 3.3 Avaliação das propriedades psicométricas do instrumento ....................... 46 3.4 Caracterização do conhecimento de profissionais de enfermagem acerca da NR-32 a partir do Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D ............... 47 4 DISCUSSÃO ................................................................................................... 49 4.1 Caracterização dos sujeitos ........................................................................... 49 4.2 Caracterização do ambiente de trabalho ..................................................... 51 4.3 Avaliação das propriedades psicométricas .................................................. 51 4.3.1 Consistência interna ......................................................................................... 52 4.3.2 Estabilidade teste-reteste .................................................................................. 52 4.3.3 Praticabilidade .................................................................................................. 53 4.4 Escores do conhecimento médio dos participantes sobre cada constructo 53 5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ........................................................................ 55 CONCLUSÃO ................................................................................................ 56 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 58 APÊNDICE A – Formulário Sobre Praticabilidade do Questionário ............. 65 APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ..................... 66 ANEXO A – Questionário Sobre Aplicabilidade da NR-32 ........................... 67 ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UERJ .................... 78 12 INTRODUÇÃO Minha trajetória na enfermagem me proporcionou várias experiências, tanto na graduação como na pós-graduação, em fases que em determinados pontos se inter-relacionam, a saber: a) Graduação em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2009 – 2014): - Bolsista de Iniciação Científica no projeto intitulado “Situação de saúde e trabalho no contexto da saúde e da prática do cuidar em instituições públicas e privadas - Visão dos trabalhadores de enfermagem na aplicabilidade da Norma Regulamentadora 32 (NR 32)”, durante os anos de 2010 a 2011 (PIBIC UERJ) e 2011 a 2012 (CNPq), coordenado pela Professora Doutora Maria Yvone Chaves Mauro; - Elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em formato de artigo, ainda não publicado, intitulado “Inovações tecnológicas e as patentes de enfermagem: uma revisão integrativa de literatura”, orientado pela Professora Doutora Norma Valéria Dantas de Oliveira Souza. b) Especialização em Enfermagem do Trabalho Modalidade Residência, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro: - Elaboração de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em formato de artigo intitulado “Dispositivos de segurança em perfurocortantes e sua relação a acidentes com exposição a material biológico”, orientado pela Professora Doutora Maria Yvone Chaves Mauro, e publicado em 2015, na Revista de Enfermagem UERJ, volume 23, número 6. Tal trajetória me fez refletir sobre os riscos ocupacionais, o que me conduziu à decisão em candidatar-me ao Curso de Mestrado Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, na linha de pesquisa “Trabalho, Educação e Formação Profissional em Saúde e Enfermagem”. Pelo interesse em pesquisa e dedicação demonstrada, fui contemplada como aluna de Mestrado Nota 10, através de concessão de bolsa pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). 13 Esta dissertação possibilitou a continuidade dos estudos, enfocando a mesma temática, no sentido de contribuir com formas de propiciar medidas de intervenção sobre os riscos que interferem na saúde e na qualidade de vida dos trabalhadores. As Normas Regulamentadoras (NR) surgem por iniciativa do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) para atender reivindicações dos trabalhadores, e tiveram como finalidade estabelecer diretrizes que assegurem a proteção à saúde do trabalhador, para empresas públicas e privadas que possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A proposta tem em vista que o ambiente de trabalho é complexo e envolve determinantes que podem afetar a saúde do trabalhador, devendo ser observados os riscos ocupacionais como os químicos, físicos, biológicos, de acidente e os ergonômicos (SANTOS et al., 2012). Em 1978 as NR totalizavam 28, e durante 27 anos não houve mobilização por parte do MTE para a construção de uma norma destinada exclusivamente para o setor de saúde, o qual possui inúmeras peculiaridades que propiciam exposição dos trabalhadores a riscos. Somente em 2005 é aprovada uma legislação destinada a este fim, a Norma Regulamentadora 32 (NR- 32) (SANTOS et al., 2012). No entanto, no que concerne a NR-32, seu surgimento está atrelado ao imperativo colocado pelos próprios trabalhadores de saúde sobre legislações que regulamentassem as práticas nos serviços. Deste modo, foi instituído um Grupo Técnico de Trabalho (GTT-32), a quem coube levantar um diagnostico situacional dos locais de trabalho, levando em consideração também as análises dos trabalhadores (CUNHA; MAURO, 2010). A NR-32 foi elaborada com a finalidade de “estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral”. Possui três grandes eixos, que são: capacitação dos trabalhadores, programas que tratam dos riscos, e medidas de proteção contra riscos (BRASIL, 2005, p.1). Para a realização de suas atribuições profissionais, os trabalhadores de enfermagem estão inseridos, em sua maioria, em hospitais e muitas vezes submetidos a regimes de plantões, expostos à condições insalubres de trabalho, baixa remuneração, estresse e outros fatores que propiciam aos trabalhadores à riscos de acidentes ocupacionais. Além disso, a enfermagem está presente permanentemente nas instituições de saúde, o que torna preponderante leva em conta o impacto das condições de trabalho inerentes a estes trabalhadores (CUNHA; MAURO, 2010; FELLI, 2012). 14 Conforme Lima (2005, p.69): “Risco é amplamente definido como sendo o potencial para que eventos inesperados venham a acontecer ou para que eventos esperados não venham a acontecer, nos quais ambos podem culminar em resultados adversos”. Nos hospitais, as situações de risco são comuns tais como: exposição a material biológico com potencialidade de infecção com diversos microrganismos, como o vírus do HIV e das Hepatites B e C; exposição a substâncias químicas, que em grande parte são manuseadas pelos trabalhadores de enfermagem; exposição a radiações; entre outros (FELLI,2012). Baseando-se na Higiene Industrial, a Saúde Ocupacional relaciona o ambiente de trabalho com o trabalhador, numa proposta interdisciplinar, admitindo a teoria da multicausalidade, na qual a doença é resultante de um conjunto de fatores de risco, sendo amplamente avaliada, não apenas pela clínica médica, mas também por indicadores ambientais e biológicos de exposição e efeito (MAURO et al., 2004). Atualmente, a proteção à saúde dos pacientes tem sido amplamente abordada, especialmente no tema segurança do paciente. Contudo, a saúde do trabalhador, peça central e fundamental para o funcionamento dos serviços de saúde, vem sendo protelada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) indicam que a segurança do paciente é igual à segurança do trabalhador de saúde (SANTOS et al., 2012). O atendimento da norma também deve ser observado por outro prisma, tendo em vista que o seu cumprimento passa de um caráter meramente burocrático para o nível fundamental de proteção à saúde do trabalhador quanto aos riscos inerentes à sua função (SANTOS et al., 2012). As dificuldades para a implantação da NR-32 ficam evidentes quando em um estudo realizado por Cunha e Mauro (2010), os resultados apontaram que 61% dos participantes mencionaram não ter tido qualquer tipo de treinamento antes do início de suas atividades. Isto se contrapõe à determinação da NR-32, que preconiza a capacitação prévia dos profissionais, sendo esta ministrada por profissionais habilitados e conhecedores dos riscos presentes no local de trabalho. A negligência de profissionais em relação ao cumprimento da NR-32, também fica evidente no estudo realizado por Santos et al. (2012) que indica hábitos incorretos ainda frequentes, tais como: uso incorreto dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI), transporte inadequado de instrumentos perfurocortantes, desrespeito ao limite do volume de descarte na caixa coletora de perfurocortantes, falha na identificação de produtos químicos, 15 utilização inadequada do impresso de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) bem como sua subnotificação, dentre outros. No entanto, a cultura de culpabilidade do profissional deve ser afastada. A realidade de baixa adesão dos trabalhadores ao cumprimento da NR-32 deve ser compreendida a partir da coerência entre aspectos organizacionais e de capacitação profissional, que influenciam na cultura de prevenção de riscos (MARZIALE et al., 2012). É importante frisar que métodos que busquem a eliminação ou minimização dos riscos no ambiente de trabalho proporcionam a redução de acidentes, diminuem economicamente os gastos da instituição, e promovem a segurança e a saúde dos trabalhadores com consequente melhora da qualidade da assistência de saúde prestada aos clientes (SPER; MAURO; GOMES, 2015). Diante deste cenário, constata-se que a produção de conhecimento científico que proporcione embasamento teórico para a Enfermagem e fortaleça sua característica como profissão científica, se faz imprescindível. Este movimento para a construção do conhecimento científico deve ser pautado em instrumentos que confiram validade e confiabilidade à pesquisa e aos resultados obtidos (PIRES, 2013). A qualidade de uma pesquisa depende diretamente dos meios utilizados para a mensuração de seu objeto de estudo. Para que um instrumento de coleta de dados, ou uma escala, seja capaz de mensurar adequadamente e de maneira objetiva suas variáveis, é necessário que estas obedeçam alguns princípios, como o de confiabilidade e validade (GIL, 2008). Neste sentido, no que concerne a proposta de validação do instrumento de pesquisa sobre a aplicabilidade da NR-32, a existência de um instrumento confiável e validado pode auxiliar os gestores dos serviços de saúde. Para isso devem dispor de meios para avaliar a conformidade das boas práticas de segurança e saúde dos trabalhadores no que diz respeito à aplicabilidade da referida norma. Em vista disso, compreende-se que o conhecimento sobre a legislação que indica as condições básicas de trabalho e proteção à saúde dos trabalhadores, mais especificamente a NR-32, torna-se indispensável. Para além do conhecimento, infere-se também que é fundamental um instrumento que avalie a aplicabilidade desta norma de maneira efetiva, confiável e válida, chegando-se ao seguinte problema de pesquisa: “É possível criar um instrumento confiável e válido para indicar a aplicabilidade da NR-32 nos serviços de saúde?”. 16 Considerando a evolução de estudos sobre a Norma Regulamentadora 32 (NR-32) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e refletindo sobre a pertinência da temática e necessidade do conhecimento científico profissional sobre a prevenção de riscos ocupacionais e promoção da saúde do trabalhador, surgiu a ideia de comprovar que a “NR-32 é preciso” como normativa de segurança e saúde profissional, através da validação do instrumento já proposto por Mauro & Mauro (2009), sobre a efetividade da Norma. Sendo assim, tem-se como objeto de estudo: as propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados sobre a aplicabilidade da NR-32 no trabalho de enfermagem. Assim, foram elaborados os seguintes objetivos: Objetivo Geral: a) Avaliar propriedades psicométricas de um instrumento de coleta de dados sobre a aplicabilidade da NR-32, em conformidade com a norma, a partir das adequações advindas dos resultados de sua aplicação como teste piloto. Objetivos Específicos: a) Caracterizar a população estudada e o ambiente de trabalho envolvido; b) Determinar a confiabilidade e a praticabilidade do “Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D”; c) Avaliar o conhecimento dos trabalhadores sobre a NR-32, a partir de um instrumento de pesquisada considerado confiável baseado em um estudo metodológico. Como justificativa para a realização deste estudo, leva-se em consideração o fato de que toda Norma Regulamentadora, tal como a NR-32, tem a obrigatoriedade de seu cumprimento como questão principal. O instrumento utilizado pode ser considerado uma inovação tecnológica, e busca analisar se a NR-32 está sendo cumprida. A inovação tecnológica é definida como a incorporação de novas funções e/ou características a um determinado produto ou a um método de produção, transformando sua qualidade ou sua produtividade e adaptando-o às necessidades do mercado. Além disso, faz também alusão à inserção de novos produtos ou métodos no mercado, podendo ser baseada em conhecimentos recém-adquiridos ou gerados no passado. Seu ingresso no mercado a classifica como inovação de produto, enquanto que seu uso no processo de produção a classifica como inovação de processo (CUBAS, 2009). No campo de saúde, ao discutir a inovação tecnológica, a atenção volta-se principalmente para os efeitos colaterais de medicamentos e dos processos de medicalização, 17 além do uso de equipamentos eletrônicos de alta complexidade nos ramos diagnóstico e terapêutico (LORENZETTI et al., 2012). No que concerne a este trabalho, a ideia de validação de um instrumento sobre a aplicabilidade da NR-32 relaciona-se à inovação de processos, à medida que busca, junto à percepção e participação dos trabalhadores, uma avaliação de seu processo de produção. Considera-se este estudo relevante, pois possibilitará a utilização de um instrumento confiável para os gestores de saúde identificarem tendências e possibilidades de eventos danosos à saúde, de modo a prevenir riscos ocupacionais (CUNHA, 2009; SPER; MAURO; GOMES, 2015). Além disso, trata-se de um modelo original e inovador, que busca colaborar para a manutenção de ambientes saudáveis de trabalho, que propiciam a redução dos níveis de acidentes e doenças, com consequente diminuição das taxas de absenteísmo e melhoria das condições de trabalho (CUNHA,2009; SPER; MAURO; GOMES, 2015). 18 1 REVISÃO DE LITERATURA No presente capítulo, busca-se contextualizar a criação e a incorporação da NR-32 na legislação e no contexto brasileiro do mundo do trabalho, por meio da exploração do histórico sobre a saúde do trabalhador, os riscos no trabalho, o direito do trabalhador à saúde e segurança, o desenvolvimento da referida norma regulamentadora, a relevância da inovação e de tecnologias no campo de estudo, e da percepção e participação de trabalhadores no processo. 1.1 Contexto histórico sobre saúde do trabalhador O conceito de “Saúde do Trabalhador” surge de mudanças das relações de trabalho e saúde, ocorridas no mundo ocidental no decorrer dos anos (MENDES; DIAS, 1991). A intensa exigência de trabalho, decorrente das mudanças no processo de trabalho advindas na Revolução Industrial, no século XIX na Inglaterra, necessitou a implantação de serviços médicos para atender os trabalhadores, tendo surgido então a “Medicina do Trabalho” (MENDES; DIAS, 1991). Tal modelo expandiu-se internacionalmente, entrando para a agenda da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 1919, que passa a exigir a formação de médicos do trabalho bem como "Serviços de Medicina do Trabalho", em 1958 (MENDES; DIAS, 1991). Apesar de interessante a ideia da introdução de um serviço de medicina do trabalho, determinadas características deste modelo o fizeram ser substituído pelo serviço de “Saúde Ocupacional”, como a evolução da tecnologia industrial, que evidenciou a relativa ineficácia da medicina do trabalho para intervir sobre os problemas de saúde causados pelos processos de produção (MENDES; DIAS, 1991). Aliado a isto, no contexto da guerra e do pós-guerra, houve perdas de vidas e aumento de doenças e acidentes de trabalho, tornando a Medicina do Trabalho incipiente, à medida que empregadores passaram a perceber que os custos atrelados aos acidentes e doenças de trabalho eram altíssimos (MENDES; DIAS, 1991). A Saúde Ocupacional, por sua vez, surge da transição dos modelos assistenciais, corroborada ainda pela insatisfação e pelo questionamento dos trabalhadores quanto aos seus 19 direitos. Passou a ter um traço interdisciplinar, e com intervenção sobre o ambiente, com influência das escolas de saúde pública. No Brasil, a Saúde Ocupacional manifestou-se na regulamentação do Capítulo V da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), reformada na década de 70 (MENDES; DIAS, 1991). Segue-se então, um movimento social e de trabalhadores, com cenários políticos e sociais mais amplos e complexos, marcados por questionamentos sobre o sentido da vida e o significado do trabalho. Os trabalhadores passam a exigir sua participação nas questões de saúde e segurança, introduzindo, assim, mudanças nas legislações do trabalho, que passam a reconhecer direitos fundamentais dos trabalhadores (MENDES; DIAS, 1991). Associado ao exposto ocorre ainda mudança do perfil da força de trabalho, com crescimento do setor de serviços dos países desenvolvidos e transferência de indústrias para o Terceiro Mundo, além da implantação da automação e da informatização (MENDES; DIAS, 1991). A centralidade do trabalho faz surgir duvidas quanto à Medicina do Trabalho e à Saúde Ocupacional. Nasce então um novo modelo assistencial, a “Saúde do Trabalhador”, que tem como objeto o processo saúde e doença, e sua relação com o trabalho. Estuda em conjunto os processos de trabalho e os determinantes sociais; os trabalhadores passam a assumir papel de atores; e as políticas públicas tornam-se essenciais (MENDES; DIAS, 1991). 1.2 Riscos do trabalho Os conceitos iniciais de riscos ocupacionais afirmavam que estes procediam do ambiente físico, das máquinas e dos equipamentos, dos produtos e de substâncias tóxicas, e não analisavam as peculiaridades de processos de trabalho e da variabilidade humana, tão pouco consideravam os riscos não mensuráveis, como por exemplo, o sofrimento psíquico no trabalho (PORTO, 2000). Contudo, tais conceitos foram se modificando e se aprimorando. Conforme Lima (2005, p.69): “Risco é amplamente definido como sendo o potencial para que eventos inesperados venham a acontecer ou para que eventos esperados não venham a acontecer, nos quais ambos podem culminar em resultados adversos”. A Norma Regulamentadora 9 (NR-9), que trata da elaboração e da implementação do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, considera como riscos ambientais os 20 agentes físicos, químicos e biológicos presentes nos ambientes de trabalho que possam causar danos à saúde do trabalhador (BRASIL, 1978b). Por sua vez, a Norma Regulamentadora 17 (NR-17) busca estabelecer parâmetros que permitam a adaptação do trabalho aos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente, ou seja, trata dos riscos ergonômicos (BRASIL, 1978c). De modo a prevenir a ocorrência de doenças e acidentes ocupacionais preservando a integridade da saúde dos trabalhadores, busca-se mitigar e eliminar a exposição aos fatores de risco existentes ou que possam vir a existir no ambiente de trabalho, ponderando-se estratégias de antecipação, reconhecimento, avaliação e controle da ocorrência destes, conforme prevê a Norma Regulamentadora 9 (NR-9) (BRASIL, 1978b), assim como a Norma Regulamentadora 7 (NR-7), que regula a elaboração e implementação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO (BRASIL, 1978a). Ambos de obrigatoriedade por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados. 1.3 O direito à segurança e à saúde do trabalhador O ordenamento jurídico brasileiro garante aos indivíduos a proteção de direitos fundamentais à sua sobrevivência, e dentre estes se encontra o direito à saúde. O fundamento para a segurança e saúde do trabalhador está estabelecido na Constituição Federal de 1988, conforme disposto no art. 1º, incisos III e IV, que trata da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do trabalho (BRASIL, 1988). Encontram-se também no art. 7º, normas que protegem o empregado, como aquela prevista no inciso XXII, que estabelece como direito essencial à redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança (BRASIL, 1988). O art. 200º, incisos II e VII, dispõe que ao Sistema Único de Saúde (SUS) compete, nos termos da lei, executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador, e colaborar na proteção do meio ambiente – nele compreendido o do trabalho (BRASIL, 1988). A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) traz, em seu Capítulo V – Da Segurança e Medicina do Trabalho, normas e regras que protegem o trabalho e o trabalhador. Além 21 disso, em seus artigos 154 a 201 são identificados e estabelecidos direitos e obrigações inerentes ao Governo, empregadores e empregados, no que diz respeito à busca pela proteção à vida e promoção da saúde e segurança nas relações de trabalho (BRASIL, 1943). Por sua vez, a Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90), dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, e em seu art. 6º estabelece que a execução de ações relativas à saúde do trabalhador faz parte das atribuições e objetivos do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 1990). A Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão responsável pelo controle e emissão de normas referentes ao trabalho no âmbito internacional, tem como objetivo regulamentar as relações de trabalho por meio de convenções (de caráter normativo), recomendações, e resoluções, visando proteger as relações entre empregados e empregadores (BRASIL, 2002). Segundo a convenção nº 148 de 1977, que trata do Meio Ambiente de Trabalho (Contaminação do Ar, Ruído,e Vibrações), é responsabilidade das autoridades competentes estabelecer critérios periódicos que permitam definir os riscos inerentes a estes itens e ainda dispõe sobre os deveres dos empregadores frente a tais riscos (BRASIL, 2002). Sua convenção nº 155 de 1981, que trata da Segurança e da Saúde dos Trabalhadores, indica a necessidade de formular e pôr em prática uma política nacional coerente para a prevenção de acidentes e danos consequentes ao trabalho, reduzindo ao mínimo os riscos existentes no ambiente de trabalho (BRASIL, 2002). Com isso, surge o Decreto nº 7.602, de 7 de novembro de 2011, que instituiu a nova Política Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho (PNSST), que “tem por objetivos a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho” (BRASIL, 2011, p.1). Por conseguinte, o Ministério da Saúde estabelece a Portaria nº 1.823, de 23 de Agosto de 2012, que institui a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (PNST), cujo objetivo em seu artigo 8º, item II, é “promover a saúde e ambientes e processos de trabalhos saudáveis, o que pressupõe: a) estabelecimento e adoção de parâmetros protetores da saúde dos trabalhadores nos ambientes e processos de trabalho” (BRASIL, 2012, p.2). O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por disposição legal (art. 200 da CLT), estabelece as Normas Regulamentadoras (NR), de forma complementar as demais regras de 22 proteção à saúde e segurança do trabalhador, observadas as peculiaridades das diversas atividades e setores de trabalho (BRASIL, 1943). Em relação às atividades de saúde, a Portaria MTE n.º 485, de 11 de Novembro de 2005, aprovou a Norma Regulamentadora 32 (NR-32), de Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, que estabelece “as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral” (BRASIL, 2005, p.1). 1.4 A Norma Regulamentadora 32 (NR-32) - Portaria n.º 485 de 2005, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) A construção da NR-32 decorre da solicitação de trabalhadores ao MTE para a criação de uma legislação específica, que comportasse as demandas dos serviços de saúde, já que são inúmeras as situações que expõem o trabalhador destes serviços à riscos (ROBAZZI; MARZIALE, 2004). Logo, o Grupo Técnico do MTE teve designada a elaboração do texto normativo, e para tal, informações a respeito das condições de saúde dessa classe trabalhadora foram coletadas. Foram consultadas regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), dissertações de mestrado, teses de doutorado, recomendações e manuais do Ministério da Saúde, normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), entre outros materiais (ROBAZZI; MARZIALE, 2004). Diretivas europeias e americanas sobre o assunto, além de várias proposições de instituições importantes para a área, foram estudadas, como as da Occupational Safety and Health Association (OSHA), do Centers for Disease Control (CDC), da OIT, da OMS, e do National Institute of Occupational Safety and Health (NIOSH) (ROBAZZI; MARZIALE, 2004). Sua construção contou também com relatos de trabalhadores e opiniões de profissionais renomados no tema, para ilustrar mais precisamente a realidade vivida nos ambientes de trabalho (ROBAZZI; MARZIALE, 2004). A NR-32 é considerada de extrema importância no cenário brasileiro por se tratar de uma legislação específica para as questões de segurança e saúde dos trabalhadores dos 23 serviços de saúde, visto que as normatizações anteriormente eram esparsas, distribuídas em NR e resoluções que não eram específicas para tal fim (ROBAZZI; MARZIALE, 2004). De acordo com o MTE, serviços de saúde são considerados como “qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população, e todas as ações de promoção, recuperação, assistência, pesquisa e ensino em saúde e qualquer nível de complexidade” (BRASIL, 2005, p.1). Os riscos inerentes aos estabelecimentos de saúde estão dispostos na norma em seções, e nestas constam os Riscos Biológicos, Riscos Químicos, Radiações Ionizantes, Resíduos, Condições de Conforto por Ocasião das Refeições, Lavanderias, Limpeza e Conservação, Manutenção de Máquinas e Equipamentos, e, por fim, as Disposições Gerais e Finais (BRASIL, 2005). No item que diz respeito aos agentes biológicos, são classificados como microorganismos (modificados geneticamente ou não), culturas celulares, parasitas, toxinas e príons, tendo uma classificação disponível no Anexo I da referida NR (BRASIL, 2005). Neste mesmo item é contemplado o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), sendo o mesmo previsto na NR-9. Em sua fase de reconhecimento, o PPRA deve conter a identificação dos riscos biológicos mais prováveis, em função da localização geográfica e características do serviço de saúde e seus setores, bem como a avaliação do local de trabalho e do trabalhador, tendo em vista a finalidade e descrição do local de trabalho, organização e procedimentos de trabalho, possibilidade de exposição, descrição das atividades e funções, e medidas preventivas aplicáveis, bem como seu acompanhamento (BRASIL, 2005). O PPRA deve ser avaliado anualmente ou sempre que houver modificações nas condições de trabalho que alterem o tipo de exposição, ou se for necessário de acordo com a análise dos acidentes e incidentes ocorridos. Ainda determina que os documentos que o compõem devem estar disponíveis para acesso dos trabalhadores, como forma de conhecimento dos riscos a que estão expostos (BRASIL, 2005). Ainda no item sobre Riscos Biológicos, é regulamentado o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO), que além do previsto em sua NR específica (NR-7), deve contemplar o programa de vacinação dos trabalhadores, a vigilância médica dos trabalhadores expostos, o reconhecimento dos riscos e sua localização, assim como a listagem nominal dos funcionários de acordo com a função, local de trabalho e riscos a que estão expostos. As transferências de trabalhadores para outros setores sejam elas permanentes ou 24 não, devem ser comunicadas ao médico coordenador ou responsável pelo PCMSO (BRASIL, 2005). Quanto à vacinação dos trabalhadores, devem ser fornecidas gratuitamente as vacinas contra tétano, difteria e hepatite B, e as estabelecidas pelo programa de imunização do PCMSO, além de respeitar as recomendações estabelecidas pelo Ministério da Saúde. Esta vacinação deve ser registrada em prontuário individual e o comprovante entregue ao profissional (BRASIL, 2005). No PCMSO deve constar também, no caso de exposição acidental aos agentes biológicos: procedimentos para diagnóstico e acompanhamento do trabalhador, tratamento médico de emergência, estabelecimentos autorizados a prestar atendimento, locais de assistência a saúde depositários de imunoglobulinas, vacinas, materiais e insumos especiais, entre outras. A emissão de uma Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é obrigatória (BRASIL, 2005). As medidas de proteção devem ser adotadas a partir da avaliação contida no PPRA. Todo local onde haja a possibilidade de exposição aos agentes biológicos deve conter lavatório exclusivo para a higiene das mãos, com água corrente, sabonete líquido, toalha descartável e lixeira com mecanismo de abertura sem contato manual. A lavagem das mãos deve ser realizada, no mínimo, antes e depois do uso de luvas descartáveis (BRASIL, 2005). É vedada a utilização dos lavatórios para outros fins, uso de adornos e calçados abertos, manuseio de lentes de contato, fumar ou consumir alimentose bebidas no ambiente de trabalho, bem como guardá-las em locais não destinados a este fim (BRASIL, 2005). As almofadas e colchões devem ser revestidos por material impermeável e lavável, de fácil higienização e desinfecção, não podendo apresentar furos ou rasgos, sulcos ou reentrâncias (BRASIL, 2005). O fornecimento de vestimenta adequada e confortável deve ocorrer sem ônus ao trabalhador exposto possivelmente à riscos biológicos. O empregador deve ainda oferecer locais adequados para o fornecimento de vestimentas limpas e recolher as utilizadas, sendo o mesmo responsável pela sua higienização, quando provenientes de centros cirúrgicos e obstétricos, unidades de tratamento intensivo, unidades de pacientes com doenças infectocontagiosas, ou sempre que houver contato direto com material orgânico (BRASIL, 2005). Os Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) devem estar disponíveis em quantidade suficiente nos postos de trabalho para os trabalhadores, sendo de responsabilidade dos empregadores a conservação e a higienização dos materiais e instrumentos de trabalho, 25 recipientes e meios de transporte adequados para materiais infectantes, fluidos e tecidos orgânicos (BRASIL, 2005). A capacitação profissional é outro importante aspecto da NR-32, devendo ser fornecida pelos empregadores aos seus funcionários antes do início das atividades, bem como de maneira continuada. A capacitação deve incluir informações sobre riscos potenciais para a saúde, medidas de controle e prevenção de acidentes, procedimentos para higiene correta e utilização de EPI e vestimentas, e medidas a serem adotadas em caso de ocorrência de acidentes e incidentes (BRASIL, 2005). É vedado ainda o reencape e desconexão manual de agulhas, e fica sob responsabilidade do trabalhador o descarte em local adequado dos instrumentos perfurocortantes utilizados. A NR-32 preconiza, assim, a elaboração e implementação de um Plano de Prevenção de Riscos de Acidentes com Materiais Perfurocortantes, conforme as diretrizes estabelecidas em seu Anexo III, devendo ser assegurado o uso de instrumentos perfurocortantes com dispositivo de segurança pelos empregadores, e a capacitação sobre sua correta utilização, tanto pelos empregadores quanto pelas empresas fabricantes. Tal Plano deve ser avaliado anualmente e sempre que houver mudanças nas condições de trabalho e quando a análise das situações de risco e dos acidentes assim o determinar (BRASIL, 2005). Este Anexo da NR-32 é de suma importância conforme demonstrado em um estudo de Sper, Mauro e Gomes (2015), cujo fornecimento de instrumentos perfurocortantes com dispositivo de segurança garante a redução de acidentes com exposição a material biológico. Além disso, o estudo corrobora com a NR-32 quanto à necessidade de capacitação profissional, ao descrever que a inexperiência e desconhecimento dos trabalhadores quanto ao uso de certas tecnologias pode levar à ocorrência de acidentes de trabalho. No que tange aos Riscos Químicos, a NR-32 preconiza que a rotulagem do fabricante seja mantida na embalagem original dos produtos químicos, e em caso de fracionamento ou manipulação dos produtos os mesmos devem ser devidamente identificados de maneira legível, por etiqueta com nome do produto, composição química, concentração, data de envase e de validade, e nome do profissional responsável pelo fracionamento ou manipulação. É vedada a reutilização das embalagens de produtos químicos para quaisquer fins (BRASIL, 2005). O inventário do total de produtos químicos deve estar contido no PPRA. Nele devem ser indicados os produtos que representem maior risco à saúde do trabalhador, tendo estes uma ficha específica sobre sua forma de uso, riscos à saúde e ao meio ambiente, medidas de 26 proteção, condições e local de estocagem, e procedimentos em caso de emergência. Uma cópia desta ficha deve ficar armazenada no local onde o produto é utilizado (BRASIL, 2005). No que compete ao PCMSO, o empregador deve proporcionar de forma continuada a capacitação para profissionais que utilizem produtos químicos. A manipulação deste material deve ocorrer em local destinado para este fim, salvo nos casos de preparação e associação de medicamentos para uso imediato. O local de armazenamento destes produtos deve ser sinalizado e ventilado, tendo observadas as recomendações do fabricante com relação aos gases medicinais (BRASIL, 2005). É vedada a utilização de equipamentos com vazamento de gás, cilindros sem identificação e válvula de segurança, movimentação dos mesmos sem EPI’s adequados, sua submissão a extremos de temperatura, entre outros dispostos na norma (BRASIL, 2005). Os medicamentos e drogas de riscos, considerados na NR-32 como “aquelas que possam causar genotoxicidade, carcinogenicidade, teratogenicicidade e toxicidade séria e seletiva sobre órgãos e sistemas”, devem possuir descrição dos riscos inerentes às atividades de seu recebimento, armazenamento, preparo, distribuição e administração (BRASIL, 2005, p.6). Com relação aos gases e vapores anestésicos, a NR-32 dispõe que os equipamentos destinados a sua administração devem ser submetidos a manutenção periódica, e os locais paa a sua utilização devem ter sistemas de ventilação e exaustão. Os relatórios de manutenção devem estar disponíveis para os trabalhadores, e gestantes só serão liberadas para o desempenho de funções com possibilidade de exposição a tais gases e vapores anestésicos mediante a apresentação de autorização médica emitida pelo PCMSO (BRASIL, 2005). Os quimioterápicos e antineoplásicos necessitam de local específico para seu preparo, com acesso restrito de funcionários. É necessário contar com, no mínimo, vestiário apropriado para esta área, pias, lava-olhos, chuveiro de emergência, armários, EPI’s e vestimenta para uso e reposição, recipientes para descarte de vestimentas usadas, e local exclusivo para armazenamento e estocagem (BRASIL, 2005). A sala de preparo precisa contar com cabine de Segurança Biológica Classe II B, e a mesma necessita estar em funcionamento 30 minutos antes do início da manipulação, e permanecer ligada 30 minutos após o seu término. A periodicidade de sua manutenção respeitará a indicação do fabricante. A limpeza, descontaminação e desinfecção, devem ser realizadas antes do início das atividades (BRASIL, 2005). Em caso de interrupção de funcionamento da cabine, fica proibida a continuidade das atividades de manipulação ou início das mesmas na falta de EPI’s. Na ocorrência de acidentes 27 ambientais e pessoais, as normas e os procedimentos a serem adotados devem estar descritos em um manual disponível e de fácil acesso aos trabalhadores e fiscalizações. A capacitação para trabalhadores envolvidos na manipulação de quimioterápicos é obrigatória (BRASIL, 2005). Nas áreas de preparação, armazenamento e administração, e para o transporte, deve ser mantido um “kit” de derramamento devidamente identificado, que deve conter, no mínimo: luvas de procedimento, avental impermeável, compressas absorventes, proteção respiratória, proteção ocular, sabão, recipiente identificado para recolhimento de resíduos, e descrição do procedimento (BRASIL, 2005). No que se refere às Radiações Ionizantes, a NR-32 versa sobre as recomendações para os serviços de Medicina Nuclear, Radioterapia e Radiodiagnóstico, e salienta que o cumprimento das disposições da norma não desobriga o empregador do cumprimento das demais legislações que regulam sobre o uso de radiações ionizantes (BRASIL, 2005). É obrigatório manter disponível no local de trabalho o Plano de Proteção Radiológica (PPR), aprovado pela CNEN, e para os serviços de radiodiagnóstico, aprovado pela Vigilância Sanitária (BRASIL, 2005). Quanto aos Resíduos de Saúde, cabe aos empregadores capacitar os funcionários sobre sua correta segregação, acondicionamento e transporte, classificaçãoe potencial de risco, sistema de gerenciamento interno, mecanismos de redução de geração de resíduos, responsabilidades e tarefas, assim como reconhecimento dos símbolos de identificação das classes de resíduos e orientação quanto à utilização adequada de EPI’s (BRASIL, 2005). Os sacos plásticos para acondicionamento de resíduos devem ser preenchidos até 2/3 de sua capacidade, fechados de maneira que não haja derramamento, retirados imediatamente dos locais de geração logo após seu preenchimento e fechamento, e mantidos íntegros até a disposição final e tratamento (BRASIL, 2005). A segregação dos resíduos deve obedecer às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 9191/2000 (ABNT), com recipientes resistentes a quebra, de material lavável, com abertura sem contato manual, e localizados próximo ao local de sua fonte geradora (BRASIL, 2005). O transporte do recipiente contendo os resíduos deve ser feito sem contato com outras partes do corpo, sendo proibido o arrasto. Meios técnicos para o transporte devem ser utilizados quando a saúde e segurança do trabalhador forem expostas a riscos. Devem ser estabelecidos horários para o transporte dos resíduos para áreas de armazenamento externo 28 que não sejam coincidentes com os de distribuição de roupas, alimentos, medicações, e de grande fluxo de pessoas (BRASIL, 2005). A NR-32 também normatiza as refeições dos funcionários, que devem ser realizadas em locais externos ao posto de trabalho, com condições de conforto e higiene (BRASIL, 2005). A lavanderia é outro tópico abordado pela referida norma, e deve ser constituída por duas áreas distintas: uma limpa e outra suja. Além disso, a norma regulamenta sobre o funcionamento das máquinas utilizadas para a lavagem do vestuário (BRASIL, 2005). No que concerne à limpeza e conservação, a NR-32 dita que os trabalhadores devem receber capacitação inicial e continuada sobre higiene pessoal, riscos físicos, químicos e biológicos, sinalização, rotulagem preventiva, EPI’s e Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC’s), e procedimentos em caso de emergência. É importante frisar que a norma proíbe a varrição seca em áreas internas, de modo a evitar a dispersão de microorganismos (BRASIL, 2005). A manutenção de máquinas e equipamentos deve ser submetida à inspeção contínua e de maneira preventiva, de acordo com as disposições do fabricante. Além disso, os funcionários devem receber capacitação prévia e continuada para sua utilização (BRASIL, 2005). Em suas Disposições Gerais, a NR-32 menciona sobre a necessidade de se atender ao disposto em outras legislações, como na RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002 da ANVISA (condições de conforto térmico e planejamento de edificações dos serviços de saúde), e em outras NB’s da ABNT, como a NB 95 (condições de conforto relativas aos níveis de ruído) e a NB 57 (condições de iluminação) (BRASIL, 2005). A NR-32 faz parte do ordenamento jurídico brasileiro e, portanto, cumpre com os requisitos básicos de uma norma. A norma jurídica é uma ordem que prescreve condutas e garante o seu cumprimento através de seu poder coercitivo, garantido por meio de sanções (BRASIL, 2005). Sendo assim, a NR-32 possui na NR-28 (Fiscalização e Penalidades), os códigos de ementa e respectivas infrações para os seus subitens. Para cada item foram estipulados valores de multas proporcionais a cada infração cometida. Ao empregador também é fornecido um tempo para o atendimento da norma, após a notificação de um fiscal (BRASIL, 1992). 29 1.5 Percepção e participação dos trabalhadores Os indivíduos possuem capacidade de modificar o ambiente, seja a seu favor ou contra, gerando ou reduzindo riscos (SLOVIC, 1987). Isso se dá por possuírem diferentes percepções sobre os riscos a que estão expostos. Sendo assim, os riscos são de passíveis variações, visto que sentir o risco compõe a variação das diferenças individuais, que engloba o conhecimento que o indivíduo possui, na medida em que este influencia aquele (PERES, 2002; BARNETT; BREAKWELL, 2001). Ou seja, a presença do risco pode ser concreta, mas tanto a sua percepção quanto sua aceitação dependem das concepções culturais e pessoais de quem se expõe (LIEBER; ROMANO-LIEBER, 2002). No que concerne à Enfermagem, seu amplo quantitativo de trabalhadores com diferentes percepções e conhecimentos, a complexidade de seu objeto de trabalho, e a grande exposição dos trabalhadores aos riscos ocupacionais (seja por serem inertes às atividades laborais ou pelas longas horas de trabalho), exigem do gestor a definição de um processo simples, porém que reflita a realidade, de modo a avaliar o desempenho dos trabalhadores quando expostos a riscos no trabalho. Autores como Boix et al. (2001), afirmam que 99,5% dos trabalhadores da área da saúde identificam a presença de alguma exposição laboral potencialmente prejudicial à saúde. Mostram que 97% dos trabalhadores identificam a presença de riscos ambientais, 93% de acidentes, 88% de excesso de esforço físico e 71% de organização do trabalho. Ainda no mesmo estudo, os autores asseveram que a maioria dos trabalhadores acredita que há solução para os riscos mencionados, porém essa crença é menor para riscos relacionados à esforços físicos (68% dos trabalhadores) e maior em relação aos acidentes (88%). Quanto aos riscos ambientais, 72% dos trabalhadores acredita que há solução, e 80% afirma que os riscos relacionados à organização do trabalho podem ser solucionados (BOIX et al., 2001). A percepção dos trabalhadores quanto às estratégias para melhorar as condições do trabalho em relação à saúde e segurança envolve: automatização de determinadas tarefas, substituição de produtos, eliminação de turnos, rotatividade de tarefas, redução de ritmos de trabalho, melhores condições de manipulação de cargas, e adoção de equipamentos com dispositivos de segurança (BOIX et al., 2001). 30 Desse modo, busca-se definir um modelo de avaliação da aplicabilidade da NR-32 em conformidade com seus determinantes, a partir da percepção dos trabalhadores e de seu prévio conhecimento sobre a necessidade de se prevenir e de se proteger dos riscos durante o processo de trabalho. Logo, a abordagem estratégica deste estudo se dá através da percepção real dos trabalhadores, bem como de sua participação, indicando a melhor alternativa de acordo com sua impressão, pautada na sua teoria e/ou prática, considerando que a assimilação das causas dos acidentes ou doenças é um pré-requisito imperativo para as ações de prevenção (KOUABENAN, 1998). Segue-se, assim, a ótica de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) preventiva, cujo foco é a eliminação e/ou redução de indicadores que causem mal-estar nos contextos de produção e consequentemente na saúde dos trabalhadores. Sendo assim, é necessário operar em três dimensões interdependentes: nas condições, na organização e nas relações sociais de trabalho (MENDES; FERREIRA, 2004). Além disso, é crucial conceber a QVT como uma tarefa de todos (e não uma responsabilidade exclusivamente individual) e uma busca permanente de harmonia entre o bem-estar, a eficiência e a eficácia nos ambientes organizacionais (e não no foco exclusivo da produtividade) (MENDES; FERREIRA, 2004). Neste sentido, esta pesquisa busca conhecer os riscos associados ao trabalho, bem como propor a mudança positiva das condições, do processo, da organização, e das relações do trabalho, de modo a reduzir ou eliminar heterogeneamente as possibilidades de acidentes ou doenças relacionadas ao trabalho durante sua jornada. 31 2 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA 2.1 Tipo de estudo A pesquisa científica pretende responder às inquietações dos indivíduos por meio de métodos confiáveis. Através da pesquisa podemos comprovar conhecimento, excluindo as possibilidades de comportamentos baseados em crenças ou senso comum(POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). O presente estudo é do tipo metodológico, envolvendo investigações dos métodos de obtenção, organização e análise de dados, encarregando-se da avaliação dos instrumentos e técnicas de pesquisa. É também descritivo porque busca identificar os fenômenos ou fatos ocorridos no campo social, político e econômico do cotidiano humano, sem exercer manipulação sobre estes fatos (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). Por meio de uma análise descritiva é possível avaliar as relações existentes entre as variáveis de um estudo, pretendendo com isso estabelecer uma interpretação fiel da realidade (GIL, 2002). A análise explicativa geralmente parte de um raciocínio dedutivo, onde a importância dos resultados está na descoberta da razão dos fenômenos, através de dados que possam ser mensuráveis e testáveis. Logo, prevê o controle do que vai ser feito e a generalização a partir do processo e dos resultados (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). 2.2 Método Na construção de estudos científicos, o pesquisador deve atentar para os critérios de significância e precisão de seus instrumentos de coleta de dados, que cumpram com o objetivo de produzir um conhecimento baseado em evidências. Por esta razão, os critérios de avaliação das propriedades psicométricas devem ser empregados, e todos os instrumentos de pesquisa devem reunir estes requisitos (RICHARDSON, 1999; RAYMUNDO, 2009). Uma pesquisa científica envolvendo instrumentos de medida que não apresente tais critérios, ou que possua uma medição deficiente, pode ser considerada inválida. A confiabilidade e a praticabilidade são algumas das condições necessárias para a construção do 32 conhecimento científico (RICHARDSON, 1999; RAYMUNDO, 2009). A validade, a responsividade e a interpretabilidade são outros atributos também recomendados (COSMIN, 2012). 2.2.1 Confiabilidade Medidas confiáveis são replicáveis e consistentes, e medidas válidas representam precisamente características do que se pretende medir. Confiabilidade e validade são elementos que se aplicam em diversas situações científicas, como: medidas derivadas de um teste, instrumento de coleta de dados, técnica de aferição, delineamento de uma investigação, e a pesquisa propriamente dita (ROBERTS; PRIEST, 2006). Nem todo instrumento de medidas que apresenta confiabilidade tem validade, mas todo aquele que tem validade também apresenta confiabilidade, portanto, nesta pesquisa, analisaremos primeiramente a confiabilidade (DEVON et al., 2007). A confiabilidade trata da consistência que os resultados de um teste ou instrumento apresentam ao compará-lo com os resultados do mesmo teste ou similar, quando aplicado em outra oportunidade. Desta maneira, pode-se compreender que a confiabilidade é a aferição da coerência de um instrumento de coleta de dados através da constância de seus resultados (SALMOND, 2008). Segundo Selltiz et al. (1987), uma medida confiável demonstrará resultados idênticos em diversas aplicações sobre um mesmo sujeito ou objeto. Se existem diferenças entre as medidas, entre uma leitura e outra, é porque houve erro na verificação. No entanto, as ligeiras flutuações entre os resultados devem ser compreendidas também como produto das diferenças reais entre medidas. Apesar das medidas do universo social apresentarem maior instabilidade devido à constante mudança dos fenômenos e fatos observados, a confiabilidade é medida através da comparação entre situações semelhantes e sucessivas (SALMOND, 2008). A questão central está na dificuldade de se definir o que é produto de diferenças reais entre as medidas, e o que seria o erro de mensuração. Para tanto, a utilização de medidas que avaliem estas ocorrências se faz imprescindível, como por exemplo, o desvio padrão, a técnica do teste e reteste, técnicas de formas alternativas ou equivalentes, entre outras (SELLTIZ et al., 1987). 33 Existem fatores que podem afetar a confiabilidade de um instrumento de pesquisa. A natureza do instrumento seria um destes fatores, pois quanto maior sua extensão, melhores são as oportunidades para o respondente demonstrar seu conhecimento ou opinião sobre o problema em questão, em contrapartida os itens com apenas duas alternativas são menos confiáveis. A aplicação do instrumento também pode interferir na sua confiabilidade, onde as informações detalhadas e claras influenciam no preenchimento adequado do teste, e informações vagas e imprecisas devem ser evitadas (FROST et al., 2007). De modo a aferir a confiabilidade, alguns autores sugerem a realização de procedimentos de avaliação tais quais: consistência interna, estabilidade (teste-reteste), e equivalência (inter-observadores e intra-observadores) (ALEXANDRE et al., 2013). Para efeitos deste estudo, serão utilizadas a consistência interna e a estabilidade, uma vez que a equivalência não se aplica ao instrumento avaliado por ser auto respondido. A consistência interna representa a homogeneidade de um instrumento no seu todo ao verificar se todos os itens do instrumento mensuram o mesmo conceito (POLIT; BECK; HUNGLER, 2004; TERWEE et al., 2007). Tais itens devem se correlacionar ou serem complementares e, caso o instrumento possua diferentes domínios mensurando diferentes características, a consistência interna deve ser analisada separadamente para cada parte (DEVON et al., 2007; LOBIONDO-WOOD; HARBER, 1998). Por sua vez, a estabilidade é aferida por meio de teste-reteste, que consiste na aplicação de um teste ou instrumento duas vezes ao mesmo grupo de sujeitos, e a posterior avaliação da correlação entre ambos. Este tipo de avaliação tem sido cada vez mais utilizada, especialmente na área da saúde, sendo relevante para evitar viés dos efeitos de transição no tempo. O período de tempo entre as aplicações deve ser estipulado de acordo com o objeto que se pretende medir, no entanto quanto maior for o intervalo de tempo, maior será a probabilidade de interferências e variações de erro entre os dados (DEVON et al., 2007; LOBIONDO-WOOD; HARBER, 1998; POLIT, 2015). O coeficiente de correlação produto-momento (Coeficiente de Correlação Intraclasse – ICC) de Pearson é o mais indicado para pesquisas que adotem a técnica de teste-reteste como medida de confiabilidade. Trata-se de um índice do grau de associação entre dois pares de medições, e pode variar de -1,00 até +1,00 (DEMPSEY; DEMPSEY, 2000; POLIT; BECK; HUNGLER, 2004). 34 2.2.2 Praticabilidade Outro aspecto que contribui para a confiabilidade de um instrumento é o grau de dificuldade das questões, que deve ser em um nível ótimo. Além disto, o tempo utilizado para o seu preenchimento deve ser amplo, isto quando se exclui situações onde a velocidade de resposta é o objeto de avaliação (RICHARDSON, 1999). Além disso, é de suma importância analisar a praticabilidade de um instrumento - que se refere aos seus aspectos práticos ao analisar suas restrições e facilidades, tais como custo médio, tempo dispendido para preenchimento, e eventuais especificidades quanto ao local e situações em que o mesmo pode ser aplicado -, e sua aceitabilidade - que diz respeito à compreensão do conteúdo pelos respondentes (ALEXANDRE; COLUCI, 2011; FAYERS; MACHIN, 2007). 2.3 Cenário A pesquisa foi desenvolvida em um hospital de grande porte ligado ao Sistema Único de Saúde, localizado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, pertencente à rede federal pública de hospitais, subordinado ao Departamento de Gestão Hospitalar no Estado do Rio de Janeiro, da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde. A instituição dispõe de serviços de urgência e emergência, além de atendimento por demanda espontânea e referenciada, em regime de internação e ambulatório, desenvolvendo programas de atenção básica de média e alta complexidade de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentosde Saúde (CNES) do Ministério da Saúde (MS) (2014). É constituído pelos seguintes setores: Acolhimento e Classificação de Risco, Ambulatório, Central de Material e Esterilização (CME) para Unidade de Pacientes Externos (UPE) e Unidade de Pacientes Internos (UPI), Centro Cirúrgico, Centro Cirúrgico – UPE, Cirurgia Geral, Cirurgia Vascular, Clínica Médica, Coronária, Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), Emergência, Emergência Pediátrica, Endoscopia Digestiva, Maternidade/Berçário (fechado há dois anos para realização de obras), Medicina Interna, Neurocirurgia, Oncologia, Ortopedia, Pediatria, Plástica, Setor de Imagem, e Centro de Tratamento Intensivo (CTI), formando um conjunto de 24 unidades. A gestão do hospital é 35 realizada por uma Diretora Fonoaudióloga, e a Enfermagem é coordenada por uma Enfermeira, também da área de Saúde do Trabalhador. 2.4 População e amostra População é o conjunto de elementos que possuem determinadas características, sendo a amostra subconjunto dessa população, através da qual se espera estimar ou estabelecer características. O autor indica que a amostra do estudo deve ser composta por um número suficiente de casos, de modo que tais características sejam representadas com fidelidade. Por possuir uma numerosa população, o que inviabilizaria uma análise na sua totalidade, será utilizada uma amostra, que é uma parte do todo a ser estudado (GIL, 2008). A população deste estudo baseou-se na população de profissionais de enfermagem da instituição envolvida, de acordo com informações fornecidas pela Diretoria/Supervisão de Enfermagem do referido hospital, que estivessem em atividade há, no mínimo, seis meses, independente do vínculo empregatício, sendo excluídos do estudo os participantes que estivessem afastados do serviço, independente do motivo, bem como aqueles que por algum motivo não desejassem participar da pesquisa. Para análise da consistência interna, inicialmente, em virtude da falta de viabilidade prática de adesão de todo o grupo populacional, e à dinâmica de trabalho, optou-se por seleção aleatória dos profissionais, por meio de dimensionamento de amostra finita (COCHRAN, 1967; YTRIOLA, 1999), ou seja, com tamanho (n) maior ou igual a 5% do total da população de profissionais de enfermagem conforme a fórmula descrita a seguir: A partir da avaliação por estatístico independente, com intervalo de confiança de 90%, erro amostral de 10%, que consiste na diferença entre o valor estimado pela pesquisa e o verdadeiro encontrado na prática, e percentual máximo de 50%, sendo este o valor exato que um atributo se apresenta na prática, estipulou-se a participação de, no mínimo, 65 trabalhadores de enfermagem. (1) 36 Ainda assim, ao consultar a literatura internacional sobre psicometria, foi observada a recomendação da participação de, no mínimo, 100 indivíduos, para avaliação da confiabilidade – consistência interna de instrumentos de medida (TERWEE et al., 2007). Para avaliação da estabilidade, o número de indivíduos é menor que aquele utilizado para avaliação da consistência interna. Streiner e Norman (2008) explicam que, ao levar em consideração o número de participantes, e o intervalo de confiança desejado, amostras acima de 50 indivíduos, em muitos casos, representará um excesso estatístico. Cicchetti e Fleiss (1977) sugerem um valor para 2 * k * k onde k é o número de classificações por pessoa, o que, neste estudo, representa um n = 8. Porém, ao consultar um reconhecido pesquisador internacional, especialista em estatística, determinou-se n = 33, para intervalo de confiança de 95%. Com base nestas consultas, a população total do estudo foi de 137 trabalhadores de enfermagem. Participaram do reteste 78 trabalhadores de enfermagem. 2.5 Instrumentos de coleta de dados A técnica para a coleta de dados adotada foi a utilização do instrumento de Mauro & Mauro (2009), que consiste em um questionário estruturado com perguntas fechadas (ANEXO 1). Tal questionário já foi utilizado com sucesso em estudos pilotos, e reestruturado no sentido de proporcionar mais clareza na interpretação das questões, após as mudanças decorrentes da aplicação do mesmo nos estudos pilotos. Sendo assim, este questionário passou por algumas fases, a saber: o instrumento original foi submetido a um teste piloto, que gerou uma segunda versão do instrumento devido a reformulações necessárias. A segunda versão do instrumento foi analisada por especialistas, com consequentes correções de falhas de conteúdo, e elaboração do questionário final, utilizado neste estudo. O instrumento possui um conjunto de questões que têm por objetivo captar informações precisas dos indivíduos que são submetidos ao seu uso. Possui vantagens tais como o alcance de um grande número de pessoas, o anonimato dos participantes, menor gasto decorrente de sua aplicação, e a conveniência da escolha do momento mais adequado para seu preenchimento. Contudo, as desvantagens envolvem a exclusão de pessoas analfabetas, a 37 dificuldade para esclarecimento de dúvidas do respondente, e a possibilidade de preenchimento incompleto e/ou com rasuras do questionário (GIL, 2008). O questionário proposto contém 87 questões, cada uma com alternativas de resposta de acordo com sua especificidade, adotando escala tipo Likert para respostas, quando adequado. Inclui 10 domínios de conhecimento a serem respondidos, acompanhando a proposta da NR-32, como descrito no Quadro 1. No entanto, após cuidadosa revisão do mesmo, antes do início da coleta de dados, verificou-se que havia uma questão com conteúdo duplicado, sendo excluída na fase de análise de dados, totalizando 86 questões. Quadro 1 – Domínios avaliados pelo “Modelo de Mauro & Mauro para avaliação da aplicabilidade da Norma Regulamentadora NR-32, Caderno D”. Rio de Janeiro, 2017 Áreas de Conhecimento (subescala) Número de Questões Características profissionais dos trabalhadores 13 Programas de Saúde do Trabalhador desenvolvidos na unidade 4 Espaço físico e equipamentos 9 Vestimenta e capacitação profissional 11 Posto de trabalho e condições de conforto 5 Vacinação do profissional 7 Riscos biológicos 18 Riscos químicos 11 Riscos físicos (radiação ionizante) 3 Tratamento de resíduos 6 Fonte: A autora, 2017. Um Formulário Sobre Praticabilidade do Questionário (APÊNDICE A), desenvolvido pela pesquisadora, baseado no aporte teórico e em estudo anterior (COLUCI; ALEXANDRE, 2009), com questões abertas relacionadas à percepção dos participantes sobre o questionário, o tempo para resposta e a existência de treinamentos ou cursos relacionados à temática foi entregue em conjunto para avaliação da praticabilidade e aceitabilidade, assim como uma carta de agradecimento pela participação. 38 2.6 Coleta de dados A coleta de dados foi iniciada após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a fim de atender as colocações estabelecidas na Resolução número 466 de 12 de Dezembro de 2012, que trata de pesquisas envolvendo seres humanos, e obteve parecer favorável do mesmo, número 2.031.013 (ANEXO 2). Os questionários foram entregues juntamente com o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (APÊNDICE B), quando as informações pertinentes ao estudo foram fornecidas, cabendo ao profissional a livre decisão de aceitar ou recusar sua participação no estudo. Para avaliação da estabilidade, os participantes receberam novamente o instrumento um mês após a primeira aplicação. Devido à extensão da ferramenta, assim como o conteúdo envolvido, considerou-se um período adequado para que não recordassem as respostas iniciais, mas também aceitassem o reteste. Neste mesmo momento foi entregue o Formulário Sobre Praticabilidade do Questionário (APÊNDICE A) para avaliação