Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GINECOLOGIA Infertilidade . CONCEITO . ● Definido pela situação em que o casal que não atinge a concepção dentro de 12 meses de atividade sexual regular (frequente) desprotegida. . EPIDEMIOLOGIA . ● Acomete 7 a 15% dos casais em idade fértil. ● 1 a 2% dos casais jamais conseguirão êxito ⇒ considerado esterilidade. ● Em 40% dos casos, as alterações estão presentes no homem e na mulher. ● 25% dos casos, não é identificada a causa ⇒ Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA) ● Nos últimos anos, tem tido um aumento da incidência de infertilidade, por diversos motivos, entre eles: ○ Idade da mulher ⇒ cada vez mais avançada pelas mudanças de estilo de vida atual na sociedade. ○ Aumento da prevalência de DIP (doença inflamatória pélvica) ⇒ múltiplos parceiros sem uso de proteção. ○ Aumento do fator masculino ⇒ alterações presentes por parte do homem. ○ Mudanças nos hábitos de vida ⇒ aumento da incidência de obesidade, tabagismo, entre outros. ● O declínio da taxa de natalidade e fertilidade observado na sociedade atual pode ser explicada por diversos fatores sociais, como: ○ Crescente interesse em educação avançada e carreiras profissionais entre as mulheres; ○ Casamento tardio e divórcio mais frequente; ○ Eficácia na contracepção e acesso a serviços de planejamento familiar; ○ Diminuição do tamanho da família. . QUANDO INVESTIGAR? . ● Após 1 ano de coito regular e frequente sem proteção e contracepção, resultando em nenhuma fertilização; ● Antes de 1 ano (6 meses), caso algum critério a seguir seja enquadrado: ○ Idade feminina maior que 35 anos ○ História de oligo ou amenorréia ○ Suspeita ou história prévia de endometriose grau III ou IV ○ Doença tubária e/ou uterina suspeitada ou confirmada ⇒ malformações ○ Suspeita ou diagnóstico de subfertilidade masculina. . ETIOLOGIA . Fator feminino: ● Diante da complexidade que existe no processo de fertilização, destacam-se 4 fatores principais em relação a mulher: ○ Fator ovulatório ○ Fator uterino ○ Fator tubário ○ Fatores peritoneais Fator masculino: ● Saúde do esperma ⇒ características dos espermatozóides. . CONDUTA MÍNIMA NA . .. INFERTILIDADE CONJUGAL . ● História reprodutiva e análise seminal, em busca de fatores masculinos ● História reprodutiva e avaliação da ovulação, analisando fatores femininos ● Clínica (perguntas sobre o ciclo menstrual: é regular? possui sintomas ovulatórios?) ⇒ certas mulheres podem referir a presença de sintomas durante a ovulação, como aumento da temperatura, mudança na viscosidade do muco vaginal e, ainda, a dor do meio ciclo (causada geralmente pela liberação do óvulo pelo ovário). ⇒ seria um bom sinal = presença de ovulação regular. ● Avaliação da permeabilidade tubária; ● HSG (histerossalpingografia) ou LPSC (Laparoscopia) com cromotubagem; ● Avaliação da tuba uterina; . FATOR MASCULINO . ● Anamnese bem feita ● Existe capacidade de conseguir manter a ereção? ⇒ disfunção erétil. ● Existe capacidade de ejaculação durante o ato sexual? ⇒ anorgasmia e anejaculação. ● História ou presença de lesões testiculares ● Infecções prostáticas, epididimais ou testiculares. Análise seminal - espermograma ● Coleta: através da masturbação ● Abstinência sexual: estipula-se de 2-5 dias, não sendo vantajoso para o exame passar de 6 dias de abstinência. ● Avaliação principal de: ○ Concentração dos espermatozóides (padrão: 15 milhões/ml) ○ Motilidade progressiva (espera-se mais de 32% da amostra) ○ Morfologia (espera-se >4% de células normais) ○ Vitalidade (espera-se >58% da amostra). . FATORES FEMININOS . ● História menstrual, obstétrica e médica ⇒ menarca, regularidade dos ciclos, dismenorreia, sinais ovulação, frequência das relações sexuais e possíveis queixas, antecedentes reprodutivos do casal, gestação anterior, via de parto, cirurgias, tempo de infertilidade. ● Infertilidade primária: nunca engravidou, seria a primeira vez. ● Infertilidade secundária: já engravidou em algum momento, anteriormente. ● Hábitos de vida (beber, fumar, alimentação) ● Exame físico ⇒ IMC, sinais de hiperandrogenismo (acne, seborréia, alopécia, hirsutismo), galactorreia e alterações na tireoide. ● Exame ginecológico: observar aspectos como secreção vaginal; tamanho, posição e mobilidade uterina; massas pélvicas ou nodularidades no fundo de saco vaginal e ligamentos uterossacros; dor à mobilização. I. FATOR OVULATÓRIO ● Representa 20 a 30% dos casos de infertilidade em relação a fatores femininos. ● Anamnese ⇒ regularidade menstrual e presença de sintomas ovulatórios (nem sempre será referido e sua ausência não é sinônimo de anovulação) ● Dosagem de progesterona: para confirmar ovulação ⇒ dosagem ideal deve ser 7 dias antes da data provável da menstruação. ● Previsão de ovulação (ultrassom seriado [FOTO]) ● Curva da temperatura basal, kits preditores da ovulação (caros, pouco aplicáveis), biópsia de endométrio (pouco aplicável); ● Causas mais frequentes: síndrome do ovário policístico (SOP), obesidade, ganho ou perda importante de peso, exercícios físicos extenuantes, disfunção tireoidiana e hiperprolactinemia. II. FATOR UTERINO ● Anomalias uterinas (anatômicas ou funcionais): são causas incomuns ⇒ nesses casos, devem ser avaliadas e excluídas ● Em geral, estão muito mais associadas a gestações incompletas do que a dificuldade de fertilização. ● Métodos para avaliar: ● Ultrassonografia 2D, 3D ou Ressonância; ● HSG (histerossalpingografia) [FOTO] ⇒ avaliação da tuba uterina, do tamanho e dos contornos da cavidade uterina; ● HSG com solução salina; ● Histeroscopia: padrão ouro, para diagnóstico e tratamento de patologias intrauterinas. III. FATOR TUBÁRIO ● É nas tubas onde ocorre geralmente o encontro entre o espermatozóide e o óvulo liberado. ● Alterações que devem ser avaliadas e excluídas: obstruções e aderências pélvicas (infecções, endometriose, cirurgia prévia). ● Técnicas para avaliação: ● Histerossalpingografia HSD ● Histerossonografia com solução salina: observação de fluido no fundo de caso, não diferencia a permeabilidade unilateral da bilateral ● Videolaparoscopia com cromotubagem com azul de metileno ou índigo carmim - padrão ouro ⇒ morfologia ⇒ não é indicado rotineiramente, se houver hidrossalpinge no ultrassom, aí sim é indicada essa videolaparoscopia. IV. FATORES PERITONEAIS ● Endometriose e aderências pélvicas; ● 25-50%: causas tubárias, uterinas e peritoneais ● História e/ou exame físico: geralmente, quando é o caso, observam-se suspeitas de alterações. ● Ultrassom: endometrioma. ● Laparoscopia: não está indicada para avaliação rotineira, mas pode beneficiar pacientes com >3 anos de infertilidade sem nenhuma causa aparente até então, levando em consideração todos os exames e intervenções tentadas. OBS: Reserva ovariana ● Representa a população de folículos primordiais remanescentes; ● Esses folículos, durante o ciclo menstrual, são liberados e dentro de um deles, o óvulo amadurece. ● A mulher nasce com um número pré-determinado de folículos. ● A avaliação é capaz de predizer quais mulheres responderão bem ou mal aos protocolos de estimulação ovariana. ● A avaliação da função ovariana pode nortear protocolos de tratamento e sugerir prognóstico, porém, faz isso de maneira limitada. ● O fato de uma paciente ter uma reserva ovariana menor não significa necessariamente que ela não será capaz de engravidar naturalmente. ● Da mesma forma, o fato de uma paciente ter uma maior reserva ovariana não significa que essa reserva perdurará por muito tempo e que ela pode adiar a tentativa de concepção. ● O fator da idade, nesse caso, é altamente influente. ● Como avaliar: ● Dosagem de FSH ● AMH: hormônio antimulleriano ● Ultrassom: avaliação da contagem de folículos antrais. . TRATAMENTO . Alta complexidade: ● Inclui a paciente que não será capaz de engravidarnem com o coito programado e nem com uma inseminação intrauterina. ● Encaminhar para a fertilização in vitro (FIV) Baixa complexidade: ● Nesses casos, é comum que a orientação para a paciente a respeito do coito programado resolva. ● Em outra hipótese, aplica-se a inseminação intrauterina (IUI), nos casos em que o fator masculino não é um problema ⇒ basta coletar os espermatozoides e colocá-los dentro do útero ⇒ eles sozinhos se encarregarão de concluir a fertilização. FIV: Fertilização in vitru ● Faz-se a captação do óvulo, por punção dos ovários com agulha acoplada ao ultrassom transvaginal. ● No mesmo dia, os espermatozoides de seu parceiro são coletados por masturbação. ● São selecionados os melhores espermatozoides em termos de motilidade e morfologia. ● São selecionados cerca de 50 a 100 mil espermatozóides móveis para cada óvulo coletado, que são colocados em contato para que aconteça a fertilização no laboratório. ● A transferência desses embriões para a cavidade uterina é realizada entre 3 a 5 dias após a coleta dos óvulos, através de um fino cateter. ● Cerca de 10 a 12 dias após a transferência embrionária, a dosagem de beta-hCG no sangue na mulher é realizada para confirmação da gravidez. ICSI: injeção intracitoplasmática de espermatozoides ● Em casos em que o fator masculino é parte significativa do problema ● Baseia-se em introduzir um único espermatozóide previamente selecionado dentro do óvulo e, dessa forma, realizar a fecundação. ● Indicada em casos de infertilidade de fator masculino grave ou quando há uma amostra limitada de espermatozoides. ● É possível alcançar com sucesso a gravidez em casos de oligospermia e vasectomia. INDUÇÃO DA OVULAÇÃO ● Usado tanto para o tratamento de baixa complexidade quanto para o de alta complexidade. ● Objetivo: desenvolvimento de 1 a 3 folículos com consequente ruptura folicular. ● Medicamentos: I. Recrutamento folicular e crescimento folicular: ○ Citrato de clomifeno (SOP) ○ Gonadotrofinas (Insuficiência HH) ○ Letrozol (câncer de mama) II. Desencadear a ruptura folicular (ovulação): ○ Gonadotrofina coriônica humana (hCG) TABELA DE RELAÇÃO: indicação de tratamento diante da condição da paciente . OBJETIVOS NA AVALIAÇÃO DA . . INFERTILIDADE . ● Identificar e corrigir causas específicas de infertilidade, quando possível. ● Com avaliação, tratamento adequado e orientação, a maioria das mulheres alcançará a gravidez. ● Fornecer informações precisas e esclarecer possíveis informações erradas (amigos, mídia de massa e internet). ● Fornecer apoio emocional durante esse período difícil. ● Orientar formas de tratamento. Orientação: ● É recomendado que se tenha relação 3 dias antes da ovulação e não exatamente no dia em que ocorre a ovulação ⇒ o óvulo dura cerca de 24 hrs e no dia seguinte após a ovulação as chances de fertilização reduzem muito. ● Recomenda-se, inclusive, que se inicie as relações sexuais logo após o fim da menstruação ⇒ a atenção é muito mais importante em relação a frequência e regularidade sexual do que em relação a acertar o dia exato da ovulação. ● É recomendado ter relações frequentes e regulares ⇒ ejaculação regular melhora a qualidade do sêmen (maior a chance de um espermatozóide melhor para fertilização). ● É indicado uma constância de 2 a 3 vezes por semana.
Compartilhar