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Mariana Marques – T29 INTRODUÇÃO: ESÔFAGO Embriologia: • O esôfago é constituído por mesoderma e revertido por uma cavidade serosa • É um tubo muscular oco que realiza a comunicação entre faringe e estômago • No intestino primitivo anterior, se originam: esôfago, estômago, vias biliares, fígado e pâncreas • Possui função de transportar os alimentos até o estomago através de movimentos peristálticos controlados pelo sistema nervoso autônomo Histologia: • Mucosa: formada por epitélio pavimentoso não queratinizado, lâmina própria, tecido conjuntivo frouxo e musculo liso (camada epitelial é a que faz o primeiro contato com os microrganismos) • Submucosa: formada por tecido conjuntivo denso com glândulas mucosas, possui neurônios do plexo submucoso (relacionados principalmente com estímulos secretórios) • Musculatura: formada por tecido muscular estriado esquelético e tecido muscular liso - Interna: é circular de células musculares - Externa: é longitudinal de células musculares • Adventícia: externa, formada por tecido conjuntivo Anatomia: • É dividido anatomicamente em: • Cervical ou proximal: início do órgão, faz ligação direta com a traqueia • Torácico ou médio: maior região do esôfago, localizado atrás do brônquio esquerdo • Abdominal ou distal: conecta diretamente com o diafragma, que se liga ao estômago Observação: Mecanismos anatômicos de contenção do refluxo: esfíncter esofágicos, incisura cardíaca, crura diafragmática • O controle da abertura e fechamento do esfíncter esofágico superior pode ser humoral (dieta) • O aumento da pressão intra-abdominal ocasionado pela obesidade ou gravidez por exemplo faz com que o estômago fique horizontalizado e a crura e a incisura cárdica perdem a capacidade de conter o refluxo CONCEITOS IMPORTANTES • Hiato esofágico: passagem natural através do diafragma, onde o esôfago sai do abdome, sendo um músculo fino que fica na cavidade da parte superior do tórax. • Pólipo: projeção de tecido crescendo para dentro do órgão • Divertículo: projeção de tecido crescendo para fora do órgão • Hérnia diafragmática: passagem de parte do conteúdo abdominal para o interior da cavidade torácica devido um defeito no diafragma • Hérnia de hiato: avanço de parte do estômago para o esôfago, podendo provocar refluxo e dor Doenças não neoplásicas do Esôfago Mariana Marques – T29 SINTOMAS DE DOENÇAS ESOFÁGICAS • Disfagia: consiste na dificuldade de deglutição, indicando uma obstrução do fluxo alimentar no esôfago, de forma mecânica ou funcional (parede não relaxa) • Odinofagia: dor à deglutição • Pirose: sensação de azia, queimação retroesternal • Regurgitação: é quando há o “refluxo” de um alimento ingerido, diferindo do vômito pois o alimento não chegou no estômago, não há esforço • Dor retroesternal ou precordial: • Halitose: mal hálito • Tosse Doença do Refluxo Gastroesofágico GENERALIDADES • Os principais mecanismos anatômicos anti-refluxo são os músculos esfíncteres esofágicos (superior e inferior) e o hiato esofágico . Hernia de Hiato • Ocorre quando há alargamento do hiato esofágico ou encurtamento do esôfago • Há avanço de parte do estômago para o esôfago, podendo provocar refluxo e dor • Dois tipos: Dois tipos: por deslizamento (maior parte) ou por rolamento (minoria) • O refluxo gastroesofágico é fisiológico e ocorre pelo menos uma vez por hora, o aumento na frequência de ocorrência causa a doença • Mais comum em indivíduos acima dos 40 anos de idade, mas também ocorre em bebês e crianças • Pode aparecer de forma sintomática ou assintomática e causar ou não lesões histológicas • Fatores predisponentes e complicações: alimentos condimentados, refrigerantes, café, chocolates, álcool, aumento da pressão intra-abdominal e retificação da incisura cárdica de Hiss Anomalias anatômicas (hérnias de hiato), medicamentos (antidepressivos), tabagismo e hiperacidez gástrica (intrínseca e extrínseca) A principal complicação da doença é a esofagite de refluxo ESOFAGITE DE REFLUXO ETIOPATOGÊNESE • Inflamação aguda recorrente (pode cronificar) relacionada a Doença do Refluxo Gastroesofágico, devido a incompetência contráctil do músculo esfíncter esofágico inferior, a hérnias de hiato, a obesidade etc. • O epitélio pavimentoso estratificado do esôfago é sensível à ácidos • As glândulas submucosas, abundantes no esôfago proximal e distal, contribuem para a proteção da mucosa por meio da secreção de mucina e bicarbonato • A causa mais comum de refluxo gastroesofágico e consequentemente, da esofagite de refluxo é o relaxamento transitório do esfíncter esofágico inferior • O refluxo dos sucos gástricos é central para o desenvolvimento de lesão na mucosa na DRGE • Aspectos clínicos: pirose, tosse, rouquidão, dor retroesternal, manifestações pulmonares como pneumonia, e, bronquite crônica MORFOLOGIA • Mucosa hiperêmica: região fica avermelhada devido ao aumento da quantidade de sangue circulante (podendo estar ulcerada e erodida) – macroscopia • Acantose: aumento da espessura da epiderme • Papilomatose: presença de papilas • Hiperplasia da camada basal: aumento do número de células da camada basal • Espongiose e balonização epitelial • Úlceras: ocorrem eventualmente • Exocitose de linfócitos e eosinófilos Mariana Marques – T29 Microscopia: apresenta eosinófilos intraepiteliais dispersos, causando uma leve expansão da zona basal ETIOPATOGÊNESE • Incompetência contrátil do esfíncter esofágico inferior, músculo que conecta o esôfago com o estômago • Hérnias de hiato • Obesidade • Distensão gástrica • Hiperacidez gástrica (fatores indutores) • Gestação ASPECTOS CLÍNICOS • A DRGE ocorre principalmente em pessoas acima de 40 anos, podendo acometer também indivíduos de outras idades, como crianças e recém-nascidos • Os principais sintomas são: azia, disfagia e regurgitação de conteúdos gástricos com sabor ácido • Pode causas doe torácica – raro • O tratamento é realizado com inibidores de bomba de prótons, utilizados para reduzir a acidez gástrica, fornecendo alívio dos sintomas • Complicações: ulceração, hematêmese, melena, desenvolvimento de estreitamento e esôfago de Barrett ESÔFAGO DE BARRET ETIOPATOGÊNESE • É uma complicação da DRGE crônica (mais de 5 anos), caracterizada por metaplasia intestinal dentro da mucosa • Ocorre em cerca de 10% dos indivíduos com doença do refluxo gastrointestinal (DRGE) sintomática • Mais comum em homens brancos entre 40 e 60 • Essa complicação confere um grande risco de adenocarcinoma esofágico • O sequenciamento genômico das biópsias envolvidas pelo esôfago de Barrett apresentam mutações compartilhadas com o adenocarcinoma esofágico ▪ ↑ SOX9 – diferenciação colunar ▪ ↑ FOXA2, CDX1 e 2 – diferenciação intestinal • Mutações potencialmente oncogênicas são mais numerosas quando biópsias demonstram displasia • A maioria dos indivíduos com esôfago de Barrett não desenvolve tumores esofágicos, mas, a maioria dos carcinomas de esôfago associam-se à essa complicação MORFOLOGIA • Apresenta-se como uma ou várias placas vermelhas alaranjadas de mucosa aveludada, se estendendo para cima, a partir da junção gastroesofágica • Geralmente é irregular • A mucosa metaplásica se alterna com uma mucosa escamosa (esofágica) lisa, pálida, e se conecta com uma mucosa colunar (gástrica) marrom-clara • Formas clínicas: ▪ Barrett curto: até 3 cm da junção gastroesfofágica ▪ Barrett longo: + de 3 cm da junção gastroesfofágica • O risco de displasia está correlacionado com o comprimento do esôfago afetado Mariana Marques – T29 Macroscopia: Microscopia: ASPECTOS CLÍNICOS • Só pode ser identificadopor endoscopia e biópsia, evidenciando uma mucosa colunar metaplásica acima da junção gastroesfofágica • Não há um único tipo de tratamento respeitado, podendo incluir ressecção cirúrgica, ou esofagectomia, terapia fotodinâmica, ablação por laser e mucosectomia endoscópica Outros tipos comuns de Esofagites ESOFAGITES QUIMICAS E INFECCIOSAS • A mucosa escamosa do esôfago pode ser lesada por uma variedade de irritantes, incluindo álcool, ácidos e álcalis corrosivos, fluidos excessivamente quentes e fumo intensivo • Os sintomas variam de uma dor autolimitada, especialmente ao engolir (odinofagia), até a hemorragia, estenose ou perfuração • A lesão esofágica iatrogênica pode ser causada por quimioterapia citotóxica, terapia radioativa ou doença do enxerto-versus-hospedeiro • Infecções esofágicas em indivíduos saudáveis são raras • Infecções em pacientes imunossuprimidos ou debilitados são mais comuns e podem ocorrer devido ao vírus do herpes simples, citomegalovírus ou organismos fúngicos • Dentre os fungos, a candidíase é a mais comum MONILÍASE ESOFÁGICA (CANDIDÍASE): • Inclui a formação de placas algodonosas na mucosa esofágica e áreas ulceradas superficiais • É causada por fungos (pseudo-hifas não septadas e esporos) – coloração de PAS ou Gomori – Grocott • Acomete principalmente indivíduos imunodeprimidos e imunossuprimidos Mariana Marques – T29 ESOFAGITE HERPÉTICA • Provoca úlceras superficiais, inclusões nucleares e amoldamento de núcleos • Ocorre mais facilmente em indivíduos imunodeprimidos e imunossuprimidos Anomalias anatômicas do Esôfago DESORDENS CONGÊNITAS • Quando presentes dentro do esôfago, elas são descobertas rapidamente após o nascimento, geralmente devido à regurgitação durante a alimentação • É necessário realizar cirurgias de reparação rápida, para que essas lesões se tornam incompatíveis com a vida • A ausência do esôfago é extremamente rara • Principais desordens congênitas: ▪ Atresias: desenvolvimento incompleto do esôfago, onde um cordão fino e não canalizado substitui o segmento do esôfago, causando uma obstrução mecânica ▪ Fístulas (congênitas ou adquiridas): conexão entre um órgão (esôfago) com outra estrutura que normalmente não estão conectados ▪ Estenoses: estreitamento anormal do esôfago Observação: anormalidades do desenvolvimento do esôfago estão associadas a defeitos cardíacos congênitos, malformações geniturinárias e doenças neurológicas DIVERTÍCULOS ESOFÁGICOS • Um divertículo verdadeiro é uma evaginação cega do trato alimentício que se projeta para fora da luz esofágica • Os divertículos podem conter uma ou mais camadas de parede, podendo acumular alimento suficiente para que se apresentem como uma massa com regurgitação alimentar • Tipos: ▪ Divertículo de Zenker (faringeoesofágico): ocorre imediatamente acima do esfíncter esofágico superior – cervical ▪ Divertículo de tração: ocorre no ponto médio esofágico - torácicos ▪ Divertículo epifrênico: ocorre imediatamente acima do esfíncter esofágico inferior – abdominais (raros) Mariana Marques – T29 DISTÚRBIOS DA MOTILIDADE • Envolvem uma disfunção do esôfago que causa sintomas como disfagia, azia e dor torácica • Anormalidades da motilidade esofágica incluem esôfago em quebra-nozes e espasmo esofágico difuso ACALÁSIA ESOFÁGICA: • Consiste no aumento do tônus do esfíncter esofágico inferior (EEI), como resultado do relaxamento prejudicado do músculo liso, é uma causa importante da obstrução esofágica • É caracterizada pela tríade de relaxamento incompleto do EEI, tônus aumentado do EEI e aperistalse do esôfago • Os sintomas incluem disfagia para sólidos e líquidos, dificuldade para eructar e dor torácica • Tipos: ▪ Primária: degeneração de neurônios inibidores esofágicos distais do EEI (autoimunidade e reação cruzada – vírus), redução da síntese de NO, causando lesão vagal direta (nervo ou núcleo) ▪ Secundária: lesão de plexos mioentéricos do esôfago (geralmente induzida pela doença de Chagas e neuropatia diabética) HEMORRAGIAS DE ORIGEM ESOFÁGICA • Consiste numa hemorragia digestiva alta esofágica • Essa perda de sangue pode estar relacionada a problemas como gastrite, úlcera estomacal, úlcera duodenal, consumo excessivo de certos medicamentos ou álcool VARIZES ESOFÁGICAS • Relacionada à hipertensão portal: cirrose hepática (15% dos indivíduos), trombose de veias hepáticas (Síndrome de Budd-Chiari), trombose de veia porta e compressão extrínseca da veia porta • É responsável por cerca de 30% das hemorragias digestivas altas e destas, 30% dos óbitos • Em 70% dos casos ocorre ressangramento • Patogênese: Refluxo de sangue do sistema porta para plexo esofágico inferior (veia ázigo para a cava) • Morfologia: dilatação e tortuosidade das veias do plexo esofágico, presença de varizes com trombose e ectasia, podendo haver ruptura (hemorragia) SÍNDROME DE MALLORY-WEISS • São lacerações longitudinais da mucosa esofágica junto à junção gastro esofágica (composta pelo arranjo sincicial do esfíncter esofágico inferior (EEI) e pelo diafragma crural) • É responsável por cerca de 10% das hemorragias digestivas altas • Está associada ao vômito excessivo e repetitivo – geralmente na situação de intoxicação por álcool • Os pacientes tipicamente apresentam hematêmese
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