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Caso clínico Paciente do sexo masculino, 57 anos, branco, solteiro, bancário, natural de Bauru. Iniciou há aproximadamente 1 ano com disfagia para alimentos sólidos, eructações frequentes e regurgitações de conteúdo gástrico com sabor ácido. O refluxo piora quando faz esforços ou movimento de curvar-se. É tabagista crônico. Hipótese inicial de diagnóstico clínico: doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) – considerada a causa do esôfago de Barret. Conduta: solicitação de endoscopia e biópsia incisional esofágica. Mucosa: células estratificadas Musculatura muda de estriada para lisa conforme se aproxima do estômago. Epitélio cilíndrico favorece a abertura de glândulas Definição Complicação da DRGE crônica caracterizada por metaplasia intestinal dentro da mucosa escamosa esofágica. Confere risco aumentado de adenocarcinoma de esôfago, visto que o epitélio de Barrett possui maior semelhança com esse tipo de câncer e é considerado condição pré-maligna. A displasia epitelial, considerada uma lesão pré-invasiva, desenvolve-se em 0,2-1% dos pacientes com esôfago de Barrett a cada ano. Morfologia Reconhecido por via endoscópica como línguas ou placas de mucosa vermelha aveludada que se estendem para cima a partir da junção gastroesofágica. Essa mucosa metaplásica alterna com mucosa lisa residual, escamosa, pálida (esofágica) proximalmente e faz interface com mucosa colunar marrom-claro (gástrica) distalmente. O diagnóstico é dado por evidências endoscópicas como metaplasia gástrica ou intestinal. Células caliciformes com vacúolos de muco distintos que coram em azul-pálido em HE partilham a forma de um cálice de vinho com o restante do citoplasma. Características clínicas Displasia, com incertezas sobre a possibilidade de regressão espontânea (debate entre pesquisadores). Já o carcinoma intramucosa requer intervenção terapêutica com ressecção cirúrgica (esofagectomia), terapia fotodinâmica, ablação por laser e mucosectomia endoscópica. Biópsia Presença de mucosa colunar (do tipo intestinal) metaplásica especializada intestinal, acima da JGE, sem evidência de displasia. Diagnóstico HP: Esôfago de Barrett – só ocorre se no tecido forem observadas células caliciformes Esôfago: tecido estratificado – transição para metaplasia intestinal especializada (presença de células caliciformes) no esôfago de Barrett Metaplasia intestinal especializada: substituição do epitélio estratificado pavimentoso próprio do esôfago por epitélio colunar especializado (intestinal ou gástrico) Origem: mudança da diferenciação das células tronco da mucosa esofágica. Caso Clínico Paciente do sexo masculino, 34 anos, branco, solteiro, foi encaminhado para o ambulatório devido a episódios de disfagia para sólidos há 4 meses associado com emagrecimento discreto e um episódio isolado de impactação alimentar. EDA, inicial evidencia pólipo de 1,5 cm em esôfago distal. Resultado histopatológico e radiografia contrastada revelou um quadro de adenocarcinoma de esôfago associado a um quadro de esôfago de Barret. Tipos de carcinomas • Carcinoma de células escamosas • Adenocarcinoma • Sarcomas ou carcinomas de pequenas células (<2%) Epidemiologia no Brasil Adenocarcinoma Concentrada na porção distal do esôfago. Carcinoma de células escamosas Supressores tumorais: TP53, RB1 Oncogenes: c-MYC, SOX2 Prognóstico pior por estar relacionado com diagnóstico tardio Morfologia Microscopia Estadiamento Esôfago Tubo muscular altamente distensível que se estende da epiglote à junção gastroesofágica, localizado acima do diafragma. Possui camada muscular estriada esquelética, submucosa e adventícia Mede 25 cm e desenvolve-se a partir da porção craniana do intestino anterior. Esfíncter esofágico superior: ajuda na deglutição e evita que a gente engula muitos gases Esfíncter esofágico inferior: evita o refluxo, que o suco gástrico retorne Atresia Nessa condição, um cordão não canalizado fino substitui um segmento do esôfago. Ocorre normalmente ao nível da bifurcação traqueal, estando associada a uma fístula que liga bolsas esofágicas inferiores ou superiores ao brônquio ou traqueia. Essa conexão anormal pode causar aspiração, sufocação, pneumonia ou desequilíbrio hidroeletrolítico grave. A passagem de alimentos pode ser impedida por estenose (estreitamento) esofágica, que pode ser causada por espessamento fibroso da submucosa, atrofia da muscular própria e dano epitelial secundário. A estenose costuma ser causada por inflamação e formação de cicatrizes, processos causados por refluxo gastroesofágico crônico, irradiação ou lesão cáustica. A disfagia (dificuldade de engolir/deglutir) é progressiva e ocorre devido à oclusão/imperfeição no canal. Recém-nascido Pode ocorrer regurgitamento do alimento, cianose, angústia respiratória, impossibilidade de passar um cateter até o estômago fornece evidência dessa anomalia. Fístula: comunicação entre esôfago e traqueia, paciente desenvolve pneumonite – há tratamento e cura. Mais comum: parte superior do esôfago terminando em fundo cego e porção inferior em comunicação com a traqueia. A: Feto masculino ,17 semanas, segmento esofágico superior termina em fundo cego (apontamento). B: Radiografia com contraste em RN com fístula traqueoesofágica (seta). Fatores etiológicos Como suspeitar? Oligopolidrâmino – aumento do líquido amniótico; deve se passar o cateter. Caso clínico Homem, 38 anos, compareceu para atendimento na UBS do bairro com queixa de queimação progressiva no peito, emagrecimento lento e regurgitação dos alimentos não digeridos. Com os exames de imagem (e uso de contraste), notou-se uma área atrésica no esôfago com aspecto de rabo de rato. Após o exame clínico, percebeu- se que o paciente apresentava uma desordem rara da motilidade esofágica, chamada de acalasia. Queimação: sintoma que geralmente indica problemas no esôfago Aspecto de rabo de rato ou bico de pássaro: região atrésica onde não há relaxamento, o esfíncter permanece hipertônico. O estômago não recebe o alimento adequadamente – emagrecimento e “sofrimento” do estômago. Região que precede a área de hipertonia acumula alimento – abaulamento do órgãDependendo da abertura pode não haver nem passagem de líquido. Definição A acalasia é um distúrbio no qual as contrações rítmicas do esôfago (os denominados movimentos peristálticos, necessários para a distribuição eficiente de alimentos e líquidos para o estômago) estão ausentes ou comprometidas. Assim, o aumento do esfíncter esofágico inferior resulta de comprometimento do relaxamento do músculo liso com consequente obstrução funcional do esôfago. Ocorre um aumento na pressão de repouso do esfíncter esofágico inferior. A dismotilidade esofágica é caracterizada por contração descoordenada ou espasmo do muscularis Causa - etiologia Patogênese: Degeneração dos neurônios intramurais (SNP) inibidores esofágicos distais (peptídeo inibidor vasoativo, ON). O músculo liso do esôfago é afetado, há dificuldade no relaxamento do EEI e perda progressiva de peristalse. Mucosa do esôfago – lúmen abaixo; alimento percorre região, qualquer contato com a mucosa (porção interna corrugada) pode sensibilizar os neurônios sensoriais excitatório e inibitório que estimulam os movimentos peristálticos através da contração e relaxamento da musculatura lisa. Na acalasia, as células de defesa destroem e atacam as células do neurônio motor inibitório. Acalasia primária Causada por falha de neurônios inibitórios do esôfago distal e é idiopática. As alterações degenerativas na inervação neural são tanto intrínsecas ao esôfago como dentro do nervo vago. Acalasia secundária Doença de Chagas: trypanossomo cruzi tem atração por neurônios, principalmente o neurônio motor inibitório, causando destruição do plexomioentérico, falha no relaxamento do EEI e dilatação do esôfago. Covid também pode afetar neurônio motor inibitório. Microscopia Lado esquerdo: normal Lado direito: patológico Delimitado em pontilhado: plexo mioentérico – localizado na camada muscular, onde os plexos ficam, entre a musculatura longitudinal e a circular. Essa localização é estratégica pois estimulam contração e relaxamento. Possui células grandes ganglionares com citoplasma amplo, núcleo grande, centralizado e basofílico. Ao redor há células satélites menores com núcleos ovalados. Estrela: plexo mioentérico.. Patológico: células ganglionares foram destruídas; nesse corte não dá para ver infiltrado inflamatório (linfócitos) Tríade de eventos da acalasia • Relaxamento incompleto ou ausente do esfíncter esofágico inferior • Tônus aumentado (hipertonia) do EEI • Aperistalse do esôfago Sintomas • Disfagia para sólidos e líquidos – sensação de entalo • Dificuldade para eructar • Dor torácica • Risco aumentado de CA (carcinoma/câncer) esofágico Consequências de longo prazo • Esvaziamento esofágico retardado • Megaesôfago • Infecção Classificação de Rezende Mais preconizada e recente, base de todas. Grau I: nível de hipertonia em que ainda é possível passar alimentos, com retardo na passagem Graus II: desconforto e queimação com sensação de entalo, acúmulo de alimento por todo o órgão (ondinhas na imagem) Grau III: abaulamento do esôfago com distorção, nível de hipertonia elevado dando aspecto atrésico; movimentos peristálticos ficam mais intensos e fortes para tentar expelir o alimento acumulado, com acinturamento grande Grau IV: distorção absurda na estrutura do órgão, megaesôfago, movimentos peristálticos ainda estão presentes. Tratamento Botox – quantidade e pontos estratégicos – má administração pode causar refluxo gastroesofágico. Procedimento deve ser repetido. Botox inibe a contração do neurônio excitatório, diminuindo a hipertonicidade. https://www.youtube.com/watch?v=xKetB4qNaI8 • Intervenção cirúrgico com rompimento de uma parte do esôfago em casos mais graves. • Prótese Varizes esofágicas O sangue venoso a partir do trato gastrointestinal é distribuído para o fígado através da veia prota antes de atingir a veia cava inferior. Esse padrão circulatório é responsável pelo efeito de primeira passagem, em que fármacos e outros materiais absorvidos no intestino são processados pelo fígado antes de entrar na circulação sistêmica. As doenças que impedem esse fluxo causam hipertensão portal, o que induz o desenvolvimento de canais colaterais que possibilitam que o sangue portal desvie para o sistema caval. Essas veias dilatam os plexos venosos subepitelial e submucoso no interior do esôfago distal. Morfologia: varizes são detectadas por angiografia e aparecem como veias dilatadas tortuosas que repousam dentro da submucosa do esôfago distal e do estômago proximal. Podem não ser evidentes post-mortem porque entram em colapso na ausência de fluxo sanguíneo. A mucosa sobrejacente pode estar íntegra =, mas é ulcerada e necrótica se tiver ocorrido ruptura. Clínica: a ruptura de varies pode levar a hematêmese maciça e morte. A morte pode ocorrer como consequência da hemorragia ou devido a coma hepática desencadeado pela carga de proteína resultante de sangramento intraluminal e choque hipovolêmico. • Processo patológico básico: inflamação Geralmente é um refluxo do suco gástrico para a região esofágica As lacerações mais comuns são as de Mallory-Weiss, associadas a náuseas ou vômitos severos, como pode ocorrer com intoxicação alcoólica aguda. Um relaxamento reflexo da musculatura gastroesofágica precede a onda contrátil antiperistáltica associada a vômitos. É considerado falho em vômitos prolongados porque o conteúdo gástrico de refluxo sobrecarrega a entrada gástrica e faz a parede esofágica distender e rasgar. Os pacientes podem apresentar hematêmese (vômito com sangue). As lacerações de Mallory-Weiss são orientadas longitudinalmente e atravessam a junção gastroesofágica. Tendem a ser superficiais e não necessitar de intervenção cirúrgica, com cicatrização rápida e completa. Já a síndrome de Boerhaave é caracterizada por lacerações esofágicas transmurais e mediastinite e é mais grave. Tipos Química/infecciosa • Dor autolimitada, principalmente ao engolir • Hemorragia • Estenose ou perfuração Causa infecciosa: paciente imunologicamente comprometido Candidíase: placas esbranquiçadas de forma irregular, extensas geradas pelas hifas; forma viral está mais relacionada ao herpes vírus Áreas de fibrose diminuem o calibre e elasticidade do esôfago, gerando estenose. 2ª imagem: bactérias – ulcerações de tamanho variado, irregular, recobertas por pseudomembranas, agressão gera diminuição da espessura do epitélio, gerando erosões Áreas de erosão são áreas em que o epitélio fica mais delgado/fino, podendo ser áreas mais extensas (placas), lesão do epitélio de revestimento geram úlceras. Essas lesões não expõem o conjuntivo. Psudomembranas tem aspecto amarelado Refluxo - DRGE - Doença do Refluxo Gastroesofágico: Relaxamento transitório do esfíncter esofágico inferior O epitélio escamoso estratificado do esôfago é resistente à abrasão de alimentos, mas sensível ao ácido. As glândulas submucosas do esôfago proximal e distal contribuem para a proteção da mucosa pela secreção de mucina e bicarbonato. Equilíbrio do EEI e diafragma é essencial para evitar refluxo do conteúdo gástrico ácido, que está sob pressão positiva. Ambos proporcionam o vedamento Dependendo o nível de herniação deve haver acompanhamento e mudança do estilo de vida. O refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago inferior é a causa mais frequente de esofagite. A condição clínica associada é a doença do refluxo gastroesofágico. Mecanismos fisiopatológicos: • Relaxamento transitório do esfíncter • Hipotonia do EEI • Ruptura anatômica da junção esofagogástrica O refluxo biliar do duodeno pode agravar a lesão. Condições que diminuem o tônus de EEI ou aumentam a pressão abdominal contribuem para a DRGE. Substâncias tóxicas do tabaco podem interferir em diversas células como no EEI, favorecendo a doença do refluxo gastroesofágico. Gravidez e obesidade geram distensão abdominal Esquerda: normal Direita: área avermelhada e edemaciada Endoscopia: coleta de material e biópsia, são coletadas de no mínimo 3 áreas. Células migram para o epitélio de revestimento na tentativa de encontrar o agente agressor. Clínica: • Tosse: mecanismo de defesa que ocorre devido a aspirações do suco gástrico, que agridem o epitélio respiratório. Pode gerar pneumonite ou ainda o epitélio pode começar a sofrer metaplasia PIROSE e REGURGITAÇÃO • Dor torácica (região epigástrica ou retroesternal) - irradiando para a garganta, ombro ou costas • Eructação • Sintomas respiratórios com tosse crônica, sibilos e rouquidão. Morfologia: hiperemia simples. Com doença mais significativa, os eosinófilos são recrutados para o epitélio escamoso na mucosa seguidos de neutrófilos. Também pode ocorrer hiperplasia da zona basal. Tratamento: inibidores da bomba de prótons reduz a acidez gástrica e proporciona alívio sintomático. O dano histológico tende a aumentar com a duração da doença. Complicações: ulceração do esôfago, hematêmese, melena, desenvolvimento de estreitamento e esôfago de Barrett. Eosinofílica • Impactação alimentar • Disfagia em adultos • Intolerância aos alimentos • Dor torácica • Náuseas sem vômitos Deve ser feita investigação, anamnese, microscopia para fechar o diagnóstico. Sensação de entalo clássica da esofagite. Histórico do paciente de reações de hipersensibilidade. Infiltração epitelial com células eosinofílicas superficialmente (>15 por campo) e em locais distantes da junção gastroesofágica. A divisão da laminaocorre por campo Equizocitose: células agem do tecido conjuntivo e invadem o epitélio Falha de tratamento com inibidpr da bomba de prótons de alta dose e ausência de refluxo ácido.
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