Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Oclusão arterial crônica dos membros inferiores Etiologia Aterosclerose (90% dos casos) Arterites (Tromboangeíte obliterante) Doença cística da adventícia Sequela de traumatismos Síndrome do aprisionamento da artéria poplítea Embolia arterial de repetição- não são trombos grandes ao ponto de causar uma isquemia ou ter uma repercussão grave, mas cronicamente vão causando obstrução e o paciente manifesta sintomas Quando se fala de doença arterial crônica, em 90% dos casos estamos falando de aterosclerose. Os pacientes vão desenvolvendo essas placas de ateroma que vão gerando o estreitamento do vaso e ocluindo cronicamente, causando uma estenose e depois uma oclusão completa dos vasos. Epidemiologia Mais comum no sexo masculino Alta prevalência (a maioria dos pacientes são assintomáticos). Mais frequente a partir da 5ª década de vida Aterosclerose Doença multifocal (os pacientes podem ter doenças coronarianas, podem ter placas de ateroma nos rins, no cérebro e na carótida) A DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA É O PRINCIPAL MARCADOR DA DOENÇA CARDIOVASCULAR (quando o paciente não tem pulso no MI ou está em isquemia de MI, é necessário estar alerta) Epidemiologia Fatores de Risco – São os mesmos da aterosclerose Tabagismo HAS Sedentarismo Hereditariedade Hiperomocisteinemia Hiperlipidemia Obesidade Diabetes Melito Idade (50 a 70 anos) Sexo masculino Fisiopatologia Crescimento da placa aterosclerótica Estenose arterial Diminuição do fluxo sanguíneo Desenvolvimento da circulação colateral Isquemia crônica O paciente tem uma artéria normal e depois começa a formar a placa de ateroma na camada média (segunda imagem) e essa placa com o tempo vai crescendo e reduzindo a luz do vaso (terceira imagem). Em seguida, vai havendo uma infiltração em toda camada média e além da porção lipídica da placa, começa a ter formação de cálcio, gerando rigidez nessas artérias. Conforme essa placa vai crescendo ocorre a diminuição do lúmen do vaso e consequentemente há diminuição do fluxo sanguíneo. Na tentativa de compensar, o organismo começa a desenvolver a circulação colateral (pode ser identificada na arteriografia). Além disso, o paciente desenvolve uma isquemia crônica. Fisiopatologia – Nível celular Diminuição do fluxo sanguíneo arterial Metabolismo anaeróbico (muscular) Aumento da liberação dos radicais livres Aumento da atividade inflamatória Lesão tecidual – necrose (devido à isquemia) Geralmente a lesão tecidual ocorre na porção distal (pés, artelhos) Segmentos Arteriais Envolvidos Aorto-ilíaco Fêmoro-poplíteo Artérias distais (perna e arco plantar do pé) - Quando se fala de MI, todos os seguimentos arteriais podem estar envolvidos. Você pode ter obstrução desde a aorta e as ilíacas, acometimento do seguimento fêmoro-popíteo e das artérias distais - Na imagem pode-se ver que a luz da artéria está reduzida em mais de 50% devido a placa de ateroma Fisiopatologia É comum o envolvimento de múltiplos segmentos arteriais- o paciente pode ter doença na aorta, ilíacas, femorais, renais, membro superior, coração, carótida, etc. A partir da isquemia crônica, o paciente também desenvolve a gangrena, que pode ser espontânea ou precipitada por traumas e infecções. Às vezes uma micose, uma unha encravada e outros traumas pequenos acabam levando a esse quadro porque o paciente não tem suprimento arterial o suficiente para cicatrizar. Quadro clínico Claudicação intermitente / Dor de repouso A claudicação é uma dor, geralmente localizada na panturrilha, que ocorre quando o paciente está caminhando. Os pacientes relatam que começam a andar e depois de certa distância começam a sentir uma dor na panturrilha que vai se intensificando conforme ele anda, fazendo-o parar para que haja alívio. Conforme o tempo vai passando, a claudicação vai gerando dor cada vez mais rápido (o paciente sentia dor quando caminhava 200 m, atualmente sente a partir dos 100 m) e se não for feito o tratamento, a distância de deambulação vai reduzindo até que começa a haver dor em repouso, que é chamado de isquemia crítica (o paciente tem risco de perder o membro) Se o paciente tem uma obstrução mais alta (aorta, ilíaca) ele pode ter claudicação de coxa e glúteo Sensibilidade ao frio (hipotermia cutânea) Não chega sangue direito e o membro costuma ser mais frio Diminuição ou ausência de pulsos Alterações da cor dos pés e mãos (palidez, eritrocianose) Rarefação de pelos e hipotrofia cutânea Úlceras isquêmicas e gangrena (isquemia crítica) Hipotrofia muscular O paciente anda cada vez menos e tem um aporte sanguíneo reduzido, gerando hipotrofia muscular Classificação Clínica Pacientes nos graus lll e lV possuem isquemia crítica, tendo o risco de perda de membro. Nesses casos é necessária a intervenção cirúrgica ou por via endovascular. Úlceras nos Membros Inferiores Observações Úlceras venosas geralmente têm o fundo vermelho Úlceras neuropáticas ocorrem geralmente em pacientes com diabetes de longo prazo com neuropatia diabética, hanseníase e doenças que levam à neuropatia. Geralmente ocorrem em locais onde há protuberâncias ósseas (como o calcanhar), porque o paciente acaba sempre tendo o mesmo ponto de apoio e não sente a região (por causa da neuropatia) Gangrena do calcanhar Outro caso de isquemia Úlcera neuropática Localizada na região do apoio (pode acontecer na cabeça de qualquer metatarso). Como o paciente apoia o membro sempre no mesmo local, é formada essa borda hiperceratótica ao redor. Úlcera venosa Avermelhada, fundo granulando, não tem um aspecto isquêmico Úlcera venosa Localizada na região maleolar medial. Úlcera com fundo avermelhado, granulação viva (é possível notar que tem aporte sanguíneo) Úlcera isquêmica Áreas de necrose e tecido desvitalizado no dorso do pé Gangrena de artelhos As unhas estão assim devido à falta de sangue, a pele fica ressecada, não têm pelos... Tudo isso é decorrente da isquemia Gangrena de artelhos Nesse caso, a lesão na unha (hálux) foi o que causou a gangrena. Esses pacientes são sempre orientados a cortar a unha reta, não tirar cutícula e etc. Também há uma infecção secundária com hiperemia ao redor da base do quarto dedo. É um caso de isquemia crítica Exames Complementares Velocimetria Doppler Ultrassom com Doppler colorido Arteriografia Angio-ressonância Angio-tomografia Velocimetria Doppler 1- Avaliar fluxo e pressão arterial 2- Avaliar circulação colateral 3- Quantificar a isquemia (ITB) * Teste de esforço Utiliza-se um sonar, semelhante aqueles usados para ouvir batimento fetal. Coloca-se esse sonar nas artérias (tibial posterior, pediosa e etc) para ouvir o som do fluxo sanguíneo e dizer se é um fluxo trifásico, monofásico. Também pode-se quantificar o grau de isquemia através do Índice Tornozelo-Braquial (ITB). O profissional avalia a pressão sistólica máxima na artéria braquial colocando o manguito como se fosse uma aferição de pressão, coloca o sonar na artéria braquial, insufla e depois ver com o sonar qual é a pressão sistólica máxima. Em seguida se faz a mesma coisa nas artérias da perna e divide o resultado encontrado no pé pelo do braço, quantificando o grau de isquemia. Quanto menor o índice, maior é a isquemia. Quanto maior o índice indica que não tem muita diferença entre as artérias do braço e da perna, significando que não tem uma estenose importante. Gangrena de coto de amputação Outro caso de isquemia. O paciente sofreu uma amputação, mas não houve revascularização, deixando o coto de amputação isquêmico. Nesse caso, o segundo dedo também está ficando isquêmicoUltrassom com Doppler As irregularidades vistas na imagem são as placas. Também é possível visualizar as colaterais que estão se desenvolvendo por causa da oclusão. Ecodoppler colorido Avaliar as ondas de fluxo, verificar se tem fluxo presente Auxiliar o planejamento cirúrgico Útil no diagnóstico diferencial Avaliar rede venosa superficial Acompanhamento no pós-operatório Arteriografia Padrão-ouro Com um cateter inserido é injetado contraste dentro do vaso. Assim, é possível ver toda a anatomia do vaso, se tem placas, se está irregular, se tem obstrução e etc. É o exame utilizado para planejar a cirurgia. Se um paciente chega com isquemia na enfermaria, o profissional realiza a arteriografia para ver onde está a obstrução e planejar o tratamento. Planejamento terapêutico Desvantagem: método invasivo, faz-se o uso de contrastes iodados e radiação (é um método invasivo). Tratamento Clínico Todos os pacientes são candidatos ao tratamento clínico, independente do grau da doença Medicamentoso (antiagregantes, hipolipemiantes, hemorreológicos) Controlar fatores de risco (tabagismo, diabetes, hipertensão) – é imprescindível que o paciente pare de fumar para que a doença não progrida Atividade física aeróbica ou exercícios resistidos Proteção dos pés (pele) – cuidado com o calçado que usa, tentar evitar traumas, não fazer as unhas e etc Tratamento Cirúrgico Indicado em casos de isquemia crítica (dor em repouso ou gangrena) Revascularização em Ponte O cirurgião pega o local onde tá ocluído, faz uma anastomose de veia ou de prótese acima do local da lesão e leva essa prótese até depois onde se tem um seguimento de artéria viável As próteses utilizadas são de PTFE, que é um material derivado do silício. É usado por ser bem liso e não apresentar risco de reação ou rejeição Angioplastia O cirurgião entra com um cateter, passa o fio guia e por cima do fio passa o balão. Depois ele faz a dilatação dessa estenose/placa insuflando o balão Ponte arterial, endarterectomia (remover a placa de ateroma quando ela se localiza em um ponto mais focal) Endovascular (angioplastia com ou sem Stent) Oclusão arterial aguda dos membros inferiores Conceito: é uma descompensação súbita da perfusão do membro por privação circulatória abrupta que terá repercussões locais e/ou sistêmicas para o individuo. A oclusão arterial aguda (OAA) pode ocorrer por embolia ou por trombose. A embolia é causada por placas, células tumorais, gases e outros que são desprendidos ou introduzidos na corrente sanguínea que oclui a artéria num ponto distante da origem do êmbolo. 80% dos êmbolos são formados no coração, mas também pode ter causa arterial e venosa (mais raras), eles geralmente param em bifurcações arteriais e a artéria mais afetada é a artéria femoral (na bifurcação femoral). Já a trombose geralmente e formada pela fratura de uma placa de ateroma que ativa a cascata inflamatória e forma o trombo. Os quadros de trombose tendem a ser menos exuberantes que os de embolia, isso porque o individuo já tem algum grau de circulação colateral devido a preexistente e a isquemia é menor. Mas também existe trombose aneurisma e nesses casos o quadro clinico pode ser um pouco mais exuberante. Essas causas citadas anteriormente são de etiopatogenia degenerativas, porém pode ocorrer trombose por etiopatogenia displásica, mecânicas (como trauma), hematológicas (trombofilia), miscelânea (neoplasia, infecções) e inflamatória (LES e tromboangite obliterante). No entanto, a causa mais comum é a aterosclerose e vem ocorrendo um aumento da incidência de causas mecânicas por traumas. A OAA é uma síndrome clínica que ocorre depois da oclusão súbita de uma artéria e causa um desequilíbrio circulatório no tecido que está distal a essa oclusão. No quadro de isquemia aguda o paciente terá os sintomas bastante exacerbados. Com muita dor, membro muito frio e palidez (é como se ele tivesse sofrendo um infarto do membro acometido). Precisa de atendimento de urgência, porém essa isquemia é de intensidade variável (a isquemia da artéria aorta causa mais repercussão do que a da artéria fibular, por exemplo). Epidemiologia: Homens e mulheres de qualquer idade Maior incidência a partir da 5ª década Membros inferiores são mais afetados Fisiopatologia: depende do local da oclusão, se o paciente tem circulação colateral, da extensão da trombose secundária (proximal ou distal), se tem trombose venosa associada, das condições hemodinâmicas do paciente, se ele tem espasmo arterial, da resistência dos tecidos a isquemia (a resistência da pele e dos ossos é maior que a dos músculos que é maior que as dos nervos) – atender um paciente que tem pé caído sabe-se que a parte neurológica dele já foi afetada pela isquemia e os nervos são tecidos que menos resistem a suspensão da irrigação sanguínea - e o tempo da isquemia (quando se tem isquemia na pele é sinal de que essa isquemia já está há bastante tempo e se atingiu esse tecido que é resistente, músculos e nervos já foram afetados. Quanto mais tempo se leva para tratar a isquemia mais grave ela se torna). Diagnóstico – é basicamente clínico Anamnese Antecedentes (pessoais e familiares) – se o paciente tem doença cardiológica, se já claudicava e etc. Exame físico Sinais e sintomas – os 5 “Ps” da isquemia P: pain (dor) P: pulseless (ausência de pulso) P: paresthesia/paralysis (parestesia/paralisia) P: pailor (palidez) P: poiquilorhermia (poiquilotermia – frio) Exames complementares: Velocimetria doppler Ecodoppler Arteriografia Nos casos de embolia costuma-se pedir também exames cardiológicos Rx de tórax ECG Ecocardiograma OAA de da artéria ilíaca. É uma arteria sadia que não apresenta irregularidades. A ilíaca que mostra na imagem está completamente sadia e não vemos nada da ilíaca do lado esquerdo. Nessa primeira imagem pode ser vista uma obstruçao por trombose. Isso pode ser identificado pelas irregularidades da artéria, pelo estreitamentoexistente no final do vaso que é causado por uma placa de ateroma e pela quantidade de circulação colateral existente. Na segunda imagem só é possívem observar uma parte do vaso pois ele está obstruído a partir daquele ponto. Tratamento da OAA: Clínico Cirúrgico Endovascular O tipo de tratamento dependerá do quadro do pacientee do local da oclusão. O tratamento clinico é pra todo mundo e consiste basicamente em cuidados gerais (aquecer o membro com enfaixamento, repouso, hidratação) e medicamentoso (analgésicos e anticoagulantes). Tratamento cirúrgico: Tromboembolectomia (abre o vaso e remove os embolos com um cateter) Revascularização em ponte Trombólise (medicação que dissolve o embolo) Angioplastia (em alguns casos) Amputação
Compartilhar