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1 2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 3 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 5 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 9 4 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 10 3 1 INTRODUÇÃO A Odontologia Hospitalar (OH) se caracteriza como uma especialidade voltada a prática de ações preventivas e de tratamento desde procedimentos de baixa, média ou alta complexidade realizados neste ambiente, visando à melhora efetiva dos quadros de saúde e qualidade de vida de pacientes hospitalizados (SILVA et al., 2017). Logo, o objetivo de tal prática é oferecer cuidados ligados às alterações bucais em atendimentos considerados de alta complexidade. Assim, tornou-se obrigatória a presença do cirurgião-dentista no suporte e assistência de pessoas em internação após a criação do Projeto de Lei nº 2776/2008. A partir de então o projeto direcionou-se para a aprovação do senado, o qual foi feito alterações e acrescentou-se algumas ementas, como o atendimento domiciliar (RODRIGUES; MALACHIAS; DA FONSECA PACHECO, 2018; SILVA et al., 2017). Algumas das responsabilidades do profissional Cirurgião-Dentista quando está presente nesses locais, é o controle de doenças periodontais, cáries e infecções hospitalares que acontecerem por via oral. Dessa maneira, contribuindo e evitando que os enfermos apresentem uma piora e também auxilia na diminuição de reduzir os custos hospitalares, levando em consideração que tais problemas exigem maior uso de antibióticos e exames complementares (DOS SANTOS et al., 2016). O Cirurgião-Dentista para atuar no cenário hospitalar deverá sobretudo estar capacitado para trabalhar nestas equipes multiprofissionais, de forma interdisciplinar e transdisciplinar realizando a promoção da saúde, atuando na prestação de assistência odontológica aos pacientes em regime de internação, ambulatorial, domiciliar, urgência e emergência e pacientes críticos, realizando assistência integrada aos diversos profissionais envolvidos no cuidado ao paciente (RODRIGUES; MALACHIAS; DA FONSECA PACHECO, 2018). Nesse contexto, uma de suas capacidades é a de saber também reconhecer as situações de emergência que colocam em risco a saúde e a vida de seus pacientes, sendo capaz de instituir medidas de pronto atendimento, bem como, realizar e estimular pesquisas que visem o desenvolvimento e uso de novas tecnologias, métodos e fármacos. Em suma, se inserir e atuar na dinâmica do trabalho institucional do hospital, quer seja 4 na esfera administrativogerencial ou da ordem do cuidado curativista (RODRIGUES; MALACHIAS; DA FONSECA PACHECO, 2018). Por fim, a pesquisa sobre o devido assunto introduzido torna-se relevante uma vez que vem a contribuir para o âmbito assistencial e científico como fonte de estudo e conhecimento sobre a temática, ademais, destaca-se ainda como relevante, a possibilidade de despertar no leitor uma reflexão a respeito da integração do cirurgião-dentista no sistema hospitalar, com o intuído de favorecer a assistência integral. 5 2 REVISÃO DE LITERATURA Segundo o Manual de Odontologia Hospitalar (2018), o prognóstico do paciente hospitalizado com comprometimentos sistêmicos pode ser alterado por diversos fatores, dentre eles está a presença de uma condição bucal desfavorável, visto que infecções bucais podem viabilizar a instalação de condições inflamatórias sistêmicas e estas podem vir a servir como ponte para a disseminação de microrganismos por meio do sangue, resultando na piora do quadro clínico e prognóstico do paciente. Dessa forma, a Odontologia Hospitalar (OH) passou a ganhar espaço, principalmente, em razão da realização de estudos epidemiológicos, elaborados no decorrer dos anos, que mostraram a correlação entre a saúde bucal e a sistêmica do paciente, inserindo o odontólogo na vivencia dinâmica institucional do hospital, seja na esfera administrativo gerencial ou no âmbito do cuidado curativo (DOS SANTOS et al., 2016). Partindo desse pressuposto, estudos revelam que no Brasil a inserção do Cirurgião-Dentista na UTI é pioneira, visto que verificou-se a necessidade de uma assistência odontológica na rotina diária de tratamento, realizando inspeção da cavidade bucal a fim de se identificar alterações da normalidade, como também para assegurar a qualidade da higiene bucal do paciente crítico, levando em consideração que a negligência de tais cuidados podem levar a complicações mais graves, como já citado anteriormente (BLUM et al., 2018). Partindo desse pressuposto, estudos revelam que no Brasil a inserção do Cirurgião-Dentista na UTI é pioneira, visto que verificou-se a necessidade de uma assistência odontológica na rotina diária de tratamento, realizando inspeção da cavidade bucal a fim de se identificar alterações da normalidade, como também para assegurar a qualidade da higiene bucal do paciente crítico, levando em consideração que a negligência de tais cuidados podem levar a complicações mais graves, como já citado anteriormente (BLUM et al., 2018). Neste contexto, destaca-se o Projeto de Lei 2776/08, aprovado no Senado Federal no dia 10 de abril de 2013, este projeto passa a tornar obrigatória a presença da atuação do CD em hospitais públicos e privados, especialmente em todas as UTIs, onde pacientes graves estejam internados e dá outras providências. Assim, essa lei acaba por 6 contribuir para o emprego da assistência e cuidados com a saúde bucal de pessoas hospitalizadas, posto que somente o CD possui formação e habilitação adequada para atuação no seguimento de promoção, prevenção, recuperação e educação em saúde bucal (RODRIGUES; MALACHIAS; DA FONSECA PACHECO, 2018; SILVA et al., 2017). O atual cenário de saúde causado pela pandemia do novo Coronavírus (CoV), traz uma discussão mais acentuada a respeito da atuação do Cirurgião-Dentista em ambiente hospitalar em especial na UTI. O tratamento de casos graves de COVID 19 em que a insuficiência respiratória mostra-se resistente a oxigenoterapia, leva em consideração a utilização de ventilação mecânica, método este que traz benefícios ao paciente, mas que pode levar a complicações, sendo a mais comum desta a Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAMV) (SILVA et al., 2020). Neste cenário, torna-se claro a necessidade da adoção de medidas para diminuir a ocorrência dessa complicação. Uma das alternativas é a aplicação de técnicas de higiene bucal, realizada de maneira adequada por um CD, esta manobra surge como um fator modificador benéfico para o aparecimento da PAMV (SILVA et al., 2020). Produções científicas revelam que existe uma associação relevante entre a saúde bucal e a saúde geral do indivíduo, estas seguem seu curso concomitantemente e interferem uma na outra de forma direta. Ademais, sabe-se que a presença de determinadas doenças bucais pode contribuir para o surgimento ou agravamento de alterações sistêmicas (RODRIGUES; MALACHIAS; DA FONSECA PACHECO, 2018). Ainda segundo, Rodrigues; Malachias; Da Fonseca Pacheco (2018) ao pensar em pacientes que estão hospitalizados essa perspectiva passa a apresentar maior relevância, uma vez que o indivíduo irá apresentar-se enfraquecido por sua condição de saúde e na maioria das vezes incapacitado de realizar por si só uma higiene bucal eficiente, aspectos estes que podem elevar a gravidade de sua condição. Silva et al., (2017) reitera que umas das infecções mais comuns em ambiente hospitalar é a pneumonia nosocomial, esta complicaçãoé a uma das principais causas de óbitos neste setor, trata-se de uma infecção resultado de uma tríade, os microrganismos presentes no meio hospitalar, a condição em que se encontra o hospedeiro, comprometida 7 ou enfraquecida e a cadeia de transmissão existente no ambiente hospitalar. Assim, essa tríade possibilita um risco consideravelmente elevado de infecção hospitalar. Nessa perspectiva, a pneumonia nosocomial é desencadeada facilmente devido aspiração de patógenos presentes na microbiota oral para os pulmões ou a partir da doença periodontal, através da difusão hematológica dos patógenos presentes na microbiota bucal (SILVA et al., 2017) Tendo em vista o exposto, a necessidade e importância dos cuidados bucais em ambiente hospitalar direcionado a pacientes com ou sem ventilação já foi discutida em estudos e comprovada. Contudo, atualmente no sistema público de saúde brasileiro, não existe um protocolo bem definido de higiene bucal e ainda há a necessidade de estabelecer um programa abrangente de cuidados a ser realizado por um profissional odontólogo devidamente qualificado (SILVA et al., 2017; WEI; YANG, 2019). Em suma, conforme literatura não há recomendações específicas quanto às ferramentas adequadas para a realização da higiene bucal em ambiente hospitalar, no entanto os estudos revelam que o uso de escovação poderia encontrar uma tendência de menor taxa de PAV (WEI; YANG, 2019). Outrossim, a literatura recomenda que seja realizada a higienização bucal quatro vezes ao dia para prevenir o ressecamento das mucosas, naqueles pacientes com nível de consciência rebaixado ou debilitado (DOS SANTOS et al., 2016). Portanto, é preciso oferecer ao paciente em UTI um cuidado integral, especialmente, sem realizar distinção da boca ao restante do corpo, pois afecções bucais podem agravar morbidades sistêmicas e vice-versa. Logo, a presença de um profissional da odontologia ajuda a manter a adesão aos protocolos de saúde bucal, além de apoiar e dar assistência à equipe para enfrentar as eventuais dificuldades durante os cuidados ao paciente, visto que a saúde bucal é essencial para a qualidade de vida e saúde geral de indivíduos hospitalizados (BLUM et al., 2017). A figura a seguir apresenta a síntese de algumas das principais atividades executadas pelos profissionais Cirurgiões-Dentistas em ambiente hospitalar, que vão desde a avaliação da presença de biofilme bucal, prevenção e/ou controle da doença 8 PRINCIPAIS ATIVIDADES EXECUTADAS POR CIRURGIÕES-DENTISTAS EM AMBIENTE HOSPITALAR Avaliação da presença de biofilme bucal, prevenção e/ou controle da doença periodontal, presença de cáries e halitose. Avaliar próteses dentária, revestimento da língua e mucosas, lesões bucais precursoras de infecções virais e fúngicas sistêmicas, lesões traumáticas e outras alterações bucais que representem risco ou desconforto aos pacientes hospitalizados, atentando ao surgimento de uma infecção hospitalar. Participar também na capacitação dos pacientes, cuidadores e demais profissionais de saúde da unidade para a execução correta de técnicas de higiene bucal, assim prevenindo o aparecimento ou agravo de doenças bucais comuns que podem levar à piora do quadro clínico sistêmico. Execução de avaliações orais pré-intervenção em indivíduos que serão submetidos a transplante de órgãos, como nos casos de transplante de medula óssea e renal, também devem receber olhar cauteloso do CD. periodontal, presença de cáries e halitose até a execução de avaliações orais pré- intervenção em indivíduos que serão submetidos a transplante de órgãos. FIGURA 1: Principais atividades executadas por Cirurgiões-Dentistas em ambiente hospitalar. Fonte: Elaborado pela autora, 2021. 9 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A odontologia hospitalar pode ser definida como um conjunto de ações preventivas, diagnósticas, terapêuticas e paliativas em saúde bucal, desenvolvidas em pacientes no ambiente hospitalar (internados ou não), ou em assistência domiciliar, em consonância com a missão do serviço hospitalar e inseridas no contexto de atuação da equipe multiprofissional. Nessa conjuntura, em ambiente hospitalar a saúde bucal deve ser notada e entendida como relevante para a saúde geral do paciente, neste espaço a interação multiprofissional é primordial, incluindo a ação de Cirurgiões-Dentistas, enfermeiros, médicos, técnicos e equipes de apoio, coexistindo de forma harmônica e complementar. Ou seja, a atuação do profissional Cirurgião-Dentista está em prevenir os problemas e reduzir os riscos de infecções, melhorar a qualidade de vida dos pacientes, diminuir o tempo que ele permanece internado, mas também reduzir o uso de medicamentos. Logo, conclui-se que o aspecto de saúde bucal é essencial para a qualidade de vida e saúde geral de indivíduos hospitalizados. Durante toda a assistência é necessário proporcionar às pessoas um tratamento integral e humanizado, sobretudo sem separar a boca do restante do corpo, uma vez que as afecções bucais são importantes fontes de agravamento de doenças sistêmicas. Levando em consideração o exposto, a presença de Cirurgiões-Dentistas nas equipes multiprofissionais dos hospitais é de extrema importância para a implementação de protocolos clínicos de conduta visando tanto a prevenção quanto a recuperação da saúde bucal e sistêmica. 10 4 REFERÊNCIAS BLUM, Davi Francisco Casa et al. A atuação da Odontologia em unidades de terapia intensiva no Brasil. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 30, n. 3, p. 327-332, 2018. BLUM, Davi Francisco Casa et al. Influência da presença de profissionais em odontologia e protocolos para assistência à saúde bucal na equipe de enfermagem da unidade de terapia intensiva. Estudo de levantamento. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, v. 29, n. 3, p. 391-393, 2017. DE, CÂMARA TÉCNICA. Manual De Odontologia Hospitalar. CRO, 2018. DE FREITAS-AZNAR, Adriana Rodrigues et al. A bioética no contexto da Odontologia Hospitalar: uma revisão crítica. Revista Brasileira de Odontologia, v. 73, n. 4, p. 311, 2016. DOS SANTOS, Thainah Bruna et al. A inserção da odontologia em Unidades de Terapia Intensiva. Journal of Health Sciences, v. 19, n. 2, p. 83-88, 2016. SILVA, Isabelle Oliveira et al. A importância do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar. Rev Med Minas Gerais, v. 27, 2017. WEI, Hua-ping; YANG, Kelu. Effects of different oral care scrubs on ventilator- associated pneumonia prevention for machinery ventilates patient: a protocol for systematic review, evidence mapping, and network meta-analysis. Medicine, v. 98, n. 12, 2019. SILVA, Dayane Helen Ferreira et al. Impact of oral hygiene in patients undergoing mechanical ventilation in the COVID-19 pandemic. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 66, p. 96-101, 2020. SILVA, Isabelle Oliveira et al. A importância do cirurgião-dentista em ambiente hospitalar. Rev Med Minas Gerais, v. 27, 2017. RODRIGUES, Anna Luiza Souza; MALACHIAS, Raphael Corrêa; DA FONSECA PACHECO, Cinthia Mara. A importância da saúde bucal em pacientes hospitalizados: uma revisão. Revista de Odontologia da Universidade Cidade de São Paulo, v. 29, n. 3, p. 243-248, 2018.
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