Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Renata Valadão Bittar – Medicina UNIT / P5 COLECISTITE AGUDA Inflamação da vesícula biliar geralmente causada por litíase ou infecção. 90 a 95% dos casos está associada a colelitíase (mais comum no gênero feminino, com idade média de 60 anos). A colecistite calculosa aguda é uma inflamação aguda da vesícula, precipitada 90% das vezes pela obstrução do colo ou do ducto cístico. Ela é a principal complicação dos cálculos biliares (colelitíase) e a razão mais comum para colecistectomia (remoção cirúrgica da vesícula biliar) de emergência. A colecistite acalculosa, que responde por menos de 5% dos casos, é mais comum em homens e em pacientes com sepse não-relacionada. Na colecistite aguda, a infecção pode sobrevir como complicação em 50% dos casos, mas freqüentemente não é o determinante inicial. IMPACTAÇÃO DE CÁLCULO NO DUCTO CÍSTICO OU NA BOLSA DE HARTMANN parece ser importante FATOR PATOGÊNICO INICIAL: PATOGÊNESE A colecistite calculosa aguda resulta da irritação química e inflamação da vesícula biliar obstruída. A obstrução provoca estase biliar, o que favorece a concentração da bile e a conseqüente liberação da fosfolipase pela mucosa da vesícula. A fosfolipase promove a transformação da lecitina (um fosfolipídio presente na constituição normal da bile) em lisolecitina, que é tóxica para o epitélio. A agressão à parede vesicular leva ao rompimento da camada de glicoproteínas da mucosa, expondo o epitélio à ação detergente direta dos sais biliares; isso desencadeia a liberação de prostaglandinas e outros mediadores da inflamação, levando ao acúmulo de líquido intraluminal. Tal fato leva a distensão, congestão e edema da vesícula. Desenvolve-se dismotilidade vesicular; a distensão e a pressão intraluminal aumentada comprometem o fluxo sangüíneo para a mucosa. A infecção bacteriana é secundária à obstrução biliar, ao invés de ser primária. No início da colecistite aguda, a bile na vesícula é estéril, mas dentro de uma semana após o início, bactérias estão presentes na bile em 50% ou mais dos casos. Embora a infecção seja secundária, ela é responsável pelas seqüelas mais graves da colecistite aguda – empiema (presença maciça de pus na luz da vesícula), gangrena e perfuração. Na colecistite acalculosa, a causa mais comum é a bile espessa – lama biliar –, que funciona como “rolha” no ducto cístico. A lama biliar costuma acompanhar pacientes em jejum prolongado ou em alimentação parenteral, eventos favorecedores de estase biliar. A lama biliar é uma bile litogênica, contendo todos os elementos necessários à nucleação de cálculos, como mucina, glicoproteínas e cálcio. Em casos raros, uma infecção bacteriana primária pode dar origem à colecistite acalculosa aguda, incluindo agentes como Salmonella typhi e Stafilococcus. Impacção do cálculo Irritação e necrose da mucosa Obstrução da drenagem Retenção biliar Compressão dos vasos Isquemia da parede Facilita infecção bacteriana Renata Valadão Bittar – Medicina UNIT / P5 Além de obstrução por cálculo impactado e contaminação secundária por bactérias (ex: Escheciria coli, enterococos e alguns anaeróbios), a ação das FOSFOLIPASES DO EPITÉLIO gera LISOLECITINA, a qual altera a camada de muco protetora da mucosa e expõe o epitélio à ação dos sais biliares. A liberação de PROSTAGLANDINAS também contribui para a inflamação. 10% dos casos não estão acompanhados à litíase e a inflamação parece ser precipitada por isquemia. Esta forma é mais comum nos homens e em pacientes debilitados, com mais de 65 anos de idade. Principais condições associadas: Traumatismos graves Cirurgias Parto Queimaduras Doenças sistêmicas (Diabetes Melito, câncer) Transfusões sanguíneas múltiplas Septicemia Obstrução da vesícula biliar não calculosa (carcinoma, fibrose, anomalia congênita) Arterites MORFOLOGIA a) MACROSCOPIA Tanto a colecistite aguda calculosa como a alitiásica são semelhantes morfologicamente. Vesícula aumentada de volume, distendida Áreas de hemorragia e deposição de fibrina na serosa Parede bastante espessada, chegando a atingir 2 cm Quando a inflamação aguda surge em vesícula com colecistite crônica prévia, pode-se observar fibrose evidente e volume normal ou diminuído Conteúdo da vesícula: mistura variável de bile, pus e sangue ou coágulos sanguíneos EMPIEMA DA VB: quando o conteúdo purulento predomina e e a via colocística está obstruída Alguns casos: úlceras da mucosa, material necrótico na superfície interna, semelhante ao que se vê na colite pseudomembranosa b) MICROSCOPIA Edema acentuado Congestão Áreas de hemorragia Deposição de fibrina Infiltrado neutrofílico e atinge seu pico entre o 3º e o 5º dia Reparação é precoce e os fibroblastos têm atividade regenerativa marcante por volta do 9º ao 10º dia, quando são encontrados também linfócitos, plasmócitos, eosnófilos e macrófagos fagocitando pigmentos (bile, hemossiderina e lipofucsina) Principais complicações: gangrena (2,5%) e perfuração (5 a 10%) ASPECTOS CLÍNICOS Dor no hipocôndrio direito, febre, náuseas, vômitos e flatulências Alguns apresentam discreta icterícia que, quando pronunciada, indica coledocolitíase Algumas vezes, o quadro configura emergênia clinicocirúrgica Na colecistite acalculosa, as manifestações são menos evidentes e o diagnóstico pode ser difícil, o que torna o caso mais grave Renata Valadão Bittar – Medicina UNIT / P5 COLECISTITE CRÔNICA Doença mais comum da vesícula biliar. Associada a litíase em 95% dos casos. Mais em mulheres e pacientes na 5ª e 6ª décadas de vida. Patogênese pouco conhecida A OBSTRUÇÃO BILIAR NÃO É NECESSÁRIA (opostamente à colecistite aguda) Micro-organismos são isolados em cerca de 30% dos casos A maioria das vesículas removidas apresenta algum grau de inflamação. MORFOLOGIA MACROSCOPIA A vesícula pode estar contraída ou ter tamanho normal ou mesmo aumentada A parede tem espessura variável Podem ser vistas aderências na serosa VESÍCULA EM PORCELANA = vesícula contraída, com extensa fibrose e calcificação da parede (condição associada com carcinomas em 20% dos casos) MICROSCOPIA Mucosa pode ser normal, plana ou ulcerada SEIOS DE ROKITANSKY-ASCHOFF, que representam herniações diverticulares da mucosa por entre feixes da camada muscular (90% dos casos) A mucosa pode estar hiperplásica ou apresentar focos de metaplasia pilórica ou intestinal A camada muscular encontra-se hipertrofiada e dissociada por fibrose, que é mais intensa na adventícia Infiltrado inflamatório predominante de linfócitos 5% dos casos = agregados linfoides com centros germinativos difusos em toda a parede = COLECISTITE CRÔNICA FOLICULAR associa- se à febre tifoide ou infecção por salmonelas/colangite esclerosante primária Macrófagos xantomatosos com arranjo granulomatoso, em meio aos quais são vistos cristais de colesterol e células gigantes do tipo corpo estranho lesão denominada GRANULOMA BILIAR ou COLEGRANULOMA e está relacionado com a bile impactada nos seios de Rokitansky- Aschoff Em até 10% dos casos, os colegranulomas são proeminentes eformam lesão macroscópica que simula neoplasia = colecistite xantogranulomatosa ASPECTOS CLÍNICOS Náuseas Vômitos Dor abdominal intermitente Flatulência ou fenômenos dispépticos mal definidos Em alguns casos, o quadro inicial relaciona-se com complicações da doença calculosa, como coledocolitíase, pancreatite aguda ou íleo paralítico Renata Valadão Bittar – Medicina UNIT / P5 NEUROPATIA INFECCIOSA CAUSADA POR HANSENÍASE TUBERCULOIDE, VIRCHOWIANNA E HERPES ZOSTER
Compartilhar