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Aula 10 - PPB

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A HIPNOSE
A hipnose pode ser entendida como um estado ou condição psicológica induzida por um procedimento ritualístico, que gera alterações na experiência da pessoa em relação à percepção, ao pensamento, à memória e ao comportamento, em resposta às sugestões do hipnotizador. Uma sugestão é uma comunicação que pretende induzir alguma experiência ou comportamento, que é diferente do que a pessoa habitualmente experiencia ou faz sem aquele comando. A hipnose implica uma interação entre duas pessoas.
Duas teorias são reconhecidas como importantes para explicar a hipnose: A teoria da neodissociação de Hilgard, que propõe a existência de conteúdos mentais que funcionam de modo diferente do habitual, pela influência da amnésia, um processo que separa aqueles conteúdos mentais do resto da consciência da pessoa. A segunda teoria é de Spanos, a teoria da psicologia social. A hipnose envolve o pensamento e o comportamento normais, porém que operam de modo diferente. Desta forma, durante a hipnose, a pessoa age voluntariamente para ser um bom sujeito hipnótico. As duas teorias são discutidas atualmente.
A suscetibilidade hipnótica é a habilidade para responder às sugestões hipnóticas, o grau que uma pessoa pode ser hipnotizada, permanecendo num modo superficial ou profundo e que é medida por uma escala, como a escala Stanford, que envolve procedimentos padronizados de indução hipnótica, usando três tipos de sugestões: 1) sugestões ideomotoras, em que o hipnotizador sugere para a pessoa hipnotizada imagine alguma situação e se for verdadeira, causa algum tipo de movimento particular. O hipnotizador pede para a pessoa hipnotizada imaginar que tem um peso em suas mãos e observa se a mão da pessoa vai para baixo. 
2) Um desafio, em que o hipnotizador sugere que a pessoa hipnotizada não pode movimentar alguma parte do seu corpo e então o hipnotizador desafia a pessoa a mover tal parte. O hipnotizador pede para a pessoa esticar o braço e sugestiona a pessoa de que ele está muto rígido. Em seguida, pede para a pessoa contrair o braço.
3) As sugestões cognitivas envolvem mudanças na percepção, no pensamento e na memória, como é o caso de alucinações, regressão de idade, sonhos hipnóticos e amnésia pós hipnótica. Um exemplo da alucinação é dar uma sugestão de que a pessoa deve imaginar um mosquito passando próximo de sua mão direita. Observa-se se a pessoa faz algum movimento com a mão. Na regressão de idade, a pessoa hipnotizada recebe a sugestão que está ficando cada vez menor e mais jovem e está de volta à sala escola primária. Então a pessoa é solicitada a escrever o seu nome. Observa-se se a caligrafia da pessoa muda. No sonho hipnótico, a pessoa recebe a sugestão de dormir e sonhar. Observa-se se a pessoa relata imagens mentais vívidas. Na amnésia hipnótica, sugere-se à pessoa hipnotizada que não vai se lembrar de nada do que ocorreu durante a hipnose, até a ordem de dizer para ela que agora pode se lembrar de tudo. Observa-se se a pessoa se lembra de no máximo três eventos durante a hipnose, antes da ordem.
A teoria da neodissociação estabelece que as pessoas estão verdadeiramente hipnotizadas se experienciarem as respostas hipnóticas como involuntárias. A teoria da psicologia social propõe que a experiência da resposta involuntária é uma ilusão provocada por expectativas geradas pela interação social entre o hipnotizador e a pessoa hipnotizada.
Estudos mostram que não existe correlação entre a suscetibilidade hipnótica e características da personalidade, como a introversão e a extroversão, mas a suscetibilidade se correlaciona com a capacidade de produzir imagens mentais vívidas e a absorção (a capacidade para ter atenção total em experiências imagéticas e estéticas).
A explicação para a estabilidade da suscetibilidade hipnótica vem de aspectos da personalidade da pessoa ou da aprendizagem.
A hipnoterapia, a aplicação clínica da hipnose, tem sido mais bem sucedida com problemas involuntários como dores, problemas na pele e asma, do que problemas voluntários como o abuso de drogas psicoativas. Mas mesmo nos casos em que a hipnoterapia é bem sucedida, não é mais efetiva que as terapias não hipnóticas.
De modo geral, a hipnose é segura se feita com um profissional habilitado e que se compromete com a ética. O uso de sugestões ilegais ou imorais não são aceitas pela pessoa hipnotizada, se ela acreditar que pode resistir às sugestões do hipnotizador. 
A EXPERÊNCIA DE QUASE MORTE
A experiência de quase morte é um tipo de experiência mística que pode ocorrer em situações graves como acidentes automobilísticos, ataques do coração, durante cirurgias ou após elas. Embora nem todas as experiências de quase morte sejam as mesmas, Raymond Moody observou algumas características que aparecem na maioria delas: 1) emoções positivas, 2) experiência de sair do corpo, 3) sensação de flutuar num espaço escuro, 4) emergir da escuridão para uma luz brilhante, 5) encontrar um tipo de presença, descrito por Moody como um “ser de luz”, 6) fazer uma revisão da vida e 7) estar num lugar paradisíaco.
A experiência de quase morte deixa efeitos profundos nas pessoas, como estudado por Ring: 
1) sentir-se mais próxima de Deus, 2) ser menos materialista, 3) ter maior interesse pela vida e pelas 
pessoas, 4) ter maior autoconfiança, 5) ter menos medo da morte e 6) acreditar na vida após a morte.
A experiência de quase morte pareceria provar a independência da consciência em relação ao cérebro e a sobrevivência após a morte. esta abordagem é conhecida como dualista. Mas uma abordagem materialista também existe. A experiência de quase morte apresenta alucinações produzidas por estados fisiológicos e/ou psicológicos. As alucinações são imagens mentais, normalmente vívidas, que ocorrem espontaneamente, sem controle voluntário e que são interpretadas como uma percepção real. A alucinação pode ser produzida por febre alta, privação de oxigênio ou aumento do dióxido de carbono no cérebro. Um aumento na quantidade de endorfina, que reduz a dor e produz uma sensação de bem estar psicológico pode estar presente na experiência de quase morte. Alguns estados de experiência de quase morte podem ser explicados por alucinações produzidas por anestésicos 
Entender as alucinações na experiência de quase morte deve envolver alterações nos lobos parietal e temporal do cérebro, áreas relacionadas com as imagens mentais e a imagem corporal. É claro que esta abordagem materialista é insuficiente para o entendimento da experiência de quase morte.
Então existe a interação de fatores cerebrais, que produzem imagens mentais vívidas, com a incapacidade de distinguir a imaginação da realidade, influenciada por fatores psicológicos como o medo, os desejos e as lembranças relacionadas com a proximidade da morte.
A abordagem materialista não elimina a abordagem dualista, porém torna a abordagem dualista desnecessária. As pessoas que relatam tais experiências não morreram de fato e não temos informação alguma sobre a vida após a morte. 
Baseado no livro “The Psychology of Consciousness” de G. William Ferthing. Prentice-Hall. 1992. 
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