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Abuso sexual infantil intrafamiliar

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A Organização Mundial da Saúde afirma que o abuso sexual infantil é "o envolvimento de uma criança em atividades sexuais que ela não compreende, que são para a qual ela não está preparada ou que violam as leis e tabus sociais da sociedade. O abuso sexual infantil é comumente cometido por alguém conhecido da criança, incluindo membros da família".
Para a UNICEF, o abuso sexual se define por "qualquer contato ou interação entre uma criança e um adulto (ou outra pessoa) em que a criança é usada para gratificação sexual do agressor, seja essa gratificação sexual física ou não. Isso pode incluir contato físico, como tocar as partes íntimas da criança ou fazer com que a criança toque as partes íntimas do agressor, bem como exposição a pornografia ou outras formas de exploração sexual".
As ramificações do conceito de abuso para a saúde da criança vão além de traumas físicos que se manifestam no corpo da vítima, tais como lesões, gravidez indesejada e doenças sexualmente transmissíveis, o abuso causa principalmente um impacto grande em sua saúde emocional.
Ao adentrar no âmbito do sofrimento da vítima de abuso, Koenen (2018) salienta que “A exposição ao trauma pode resultar em efeitos negativos a longo prazo na saúde mental, incluindo sintomas de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e ansiedade. Além disso, o trauma pode levar a mudanças estruturais e funcionais no cérebro, o que pode afetar a cognição, a regulação emocional e a tomada de decisões."
O abuso sexual infantil pode ter um impacto duradouro e destrutivo tanto no bem-estar físico quanto mental da vítima, conforme mencionado por Kaplan e Sadock (1990). A intervenção do Estado para punir o infrator é relevante, mas faz-se necessário um olhar atento das autoridades envolvidas para dar garantia que a vítima terá oportunidade de superar tal situação, assim como destaca López Ossorio (2010) "O abuso intrafamiliar não é apenas um problema individual, mas também um problema social que exige uma resposta coordenada das instituições públicas e privadas."
As consequências do abuso podem ser danosas a saúde física, mental, sexual e pode afetar suas relações socias. A Organização Mundial da Saúde relata que "O abuso intrafamiliar tem efeitos devastadores na saúde física e mental das vítimas, incluindo
 trauma, depressão, ansiedade, baixa autoestima e comportamento de risco." (OMS, 2014).
Um estudo de meta-análise feito por Pereda (2014) verificou a prevalência significativa do abuso sexual infantil, sendo que o abuso sexual intrafamiliar é a forma mais comum de abuso. Além disso, o estudo também apontou que indivíduos que sofreram abuso sexual infantil apresentam maior risco de desenvolver transtornos psicológicos, incluindo transtornos ansiosos, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.
Segundo Pereda (2014) O abuso sexual infantil é um problema grave de saúde pública que está associado a uma ampla gama de resultados adversos na infância e mais tarde na vida" (Pereda, Guilera, Forns e Gómez-Benito, 2014, p. 118).
As sequelas do abuso sexual infantil acompanham o sujeito para a vida adulta aparecendo como traumas físicos e emocionais como afirma Carvalho e Amaral (2018) "As vítimas de abuso sexual intrafamiliar apresentaram sintomas físicos como dor de cabeça, dor abdominal, problemas ginecológicos, bem como sintomas psicológicos como baixa autoestima, problemas de confiança, transtornos alimentares, entre
outros" (Carvalho & Amaral, 2018, p. 367).
O abuso sexual é uma forma de violência que pode deixar profundas marcas psicológicas nas vítimas, gerando uma série de problemas de saúde mental. Segundo Teicher (2016) afirma que "O abuso sexual infantil intrafamiliar pode levar a uma variedade de consequências negativas para a saúde mental, incluindo transtornos de ansiedade, depressão, transtorno de estresse pós-traumático, comportamentos autodestrutivos e até mesmo suicídio" (Teicher et al., 2016).
O abuso sexual infantil intrafamiliar é uma forma de violência que pode deixar profundas marcas psicológicas nas vítimas, gerando uma série de problemas de saúde mental. Tais consequências não afetam apenas as vítimas, mas também toda a sociedade em geral, já que uma criança que sofreu abuso sexual pode se tornar um adulto com comportamentos agressivos ou passivos para resolver situações estressantes.
Outros estudos também mostram que o abuso sexual pode ter um impacto duradouro na saúde mental da vítima, podendo afetar sua capacidade de estabelecer relacionamentos
 saudáveis e lidar com situações estressantes ao longo da vida, como é o caso do estudo de Fergusson (2013). Por isso, é fundamental que as vítimas de abuso sexual recebam atendimento psicológico adequado para lidar com as consequências emocionais dessa violência.
Problemas de confiança
Uma pessoa que foi vítima de abuso sexual pode ter dificuldade em confiar em outras pessoas. Eles podem achar difícil confiar em amigos, familiares e até mesmo em profissionais de saúde, como psicólogos e terapeutas.
Existem estudos que apontam que indivíduos que foram vítimas de abuso sexual podem apresentar dificuldades em confiar em outras pessoas, incluindo amigos, familiares e profissionais de saúde, como psicólogos e terapeutas. Um estudo publicado na revista "Journal of Interpersonal Violence" em 2008, por exemplo, analisou os efeitos do abuso sexual infantil na capacidade de confiança de adultos sobreviventes.
Os resultados indicaram que os participantes que relataram ter sofrido abuso sexual na infância apresentaram níveis significativamente mais baixos de confiança em seus relacionamentos interpessoais do que aqueles que não relataram ter sofrido abuso sexual. Além disso, esses indivíduos também apresentaram níveis mais elevados de ansiedade e depressão.
Sentimento de culpa
As vítimas de abuso sexual muitas vezes se sentem culpadas pelo que aconteceu com elas, mesmo que o abuso não tenha sido sua culpa. Esses sentimentos de culpa podem levar a uma perda de confiança em si mesmas e em suas próprias habilidades de tomar decisões
A culpa é um sentimento frequentemente experimentado por vítimas de abuso sexual, mesmo que elas não tenham culpa pelo que aconteceu. Esse sentimento pode ter um impacto negativo na autoestima e na confiança da pessoa. Um estudo publicado em 2012 na revista "Child Abuse & Neglect" analisou a relação entre culpa, autoestima e depressão em vítimas de abuso sexual.
 Os resultados revelaram que as vítimas de abuso sexual apresentaram níveis significativamente mais altos de culpa em comparação a um grupo controle não abusado, e que essa culpa estava significativamente relacionada à baixa autoestima e depressão.
Em outro estudo publicado em 2013 na revista "Journal of Traumatic Stress", foi examinada a presença de culpa entre vítimas de abuso sexual em relação ao perpetrador do abuso. Os resultados mostraram que a culpa e a auto acusação eram mais prevalentes entre as vítimas que relataram que o perpetrador era um membro da família ou outra pessoa próxima, em comparação com aquelas que relataram que o abusador era um estranho.
O estudo de Kessler e Shaver (2018) é uma revisão sistemática da literatura existente sobre a presença de culpa no pós-abuso sexual. Eles concluíram que a culpa é uma emoção comumente relatada entre vítimas de abuso sexual e pode ser direcionada a si mesma ou ao perpetrador do abuso. A presença de culpa pode dificultar o processo de recuperação e estar associada a sintomas de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.
Os autores Kessler e Shaver (2018) salientam que "A culpa é uma emoção comumente relatada no pós-abuso sexual e muitas vezes é dirigida a si mesmo ou ao perpetrador do abuso" (Kessler e Shaver, 2018, p. 45).
Os autores sugerem que a compreensão da presença de culpa no pós-abuso sexual pode ajudar os profissionais de saúde a desenvolver intervenções mais eficazes para apoiar as vítimas de abuso sexual em seu processo de recuperação. Eles destacam a importância de fornecer apoio e tratamento adequado para asvítimas de abuso sexual a fim de minimizar o impacto negativo da culpa no longo prazo. A culpa é uma questão imprescindível a ser considerada no tratamento de vítimas de abuso sexual.
Medo de intimidade
 O abuso sexual pode levar a um medo de intimidade física e emocional com outras pessoas. Isso pode fazer com que a pessoa evite relacionamentos românticos e amizades íntimas. Para Lazarus e Cheavens (2017) "Vítimas de abuso sexual infantil podem apresentar dificuldades em se envolver em relacionamentos íntimos na idade adulta, devido à preocupação com a possibilidade de sofrerem novamente traumas emocionais"
Esse medo de intimidade pode ser atribuído ao fato de que, para muitas vítimas, a relação sexual foi imposta ou realizada por alguém em posição de poder, o que pode levar à desconfiança em relação aos outros e dificuldades em estabelecer vínculos íntimos saudáveis.
Além disso, a experiência traumática do abuso sexual infantil pode resultar em sentimentos de vergonha, culpa e baixa autoestima, o que pode levar a vítima a questionar sua própria capacidade de estabelecer um relacionamento íntimo satisfatório. A presença de sintomas de ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) também pode dificultar o processo de se envolver em um relacionamento íntimo.
Pacheco salienta que “Vítimas de abuso sexual infantil relatam dificuldades em estabelecer relacionamentos íntimos, com medo de serem retraumatizadas, sentir vergonha, culpa, dificuldades em confiar nos outros e dificuldades em expressar suas necessidades e desejos" (Pacheco et al., 2018).
É importante ressaltar que a dificuldade em estabelecer relacionamentos íntimos saudáveis não é uma característica inerente às vítimas de abuso sexual infantil. No entanto, é um problema comum que pode afetar a qualidade de vida das vítimas. É essencial que os profissionais de saúde estejam cientes dessa questão e ofereçam suporte adequado para ajudar as vítimas a superar o medo de intimidade e estabelecer relacionamentos saudáveis.
Hansen e Rossow (2016) destacam que "o suporte psicológico é essencial para que as vítimas possam lidar com as consequências emocionais do abuso e estabelecer relacionamentos satisfatórios na idade adulta" (p. 279). De acordo com Collin-Vézina, Coleman, Milne e Sell (2015), é fundamental que as vítimas de abuso sexual infantil recebam um suporte adequado para superar o medo de intimidade e estabelecer relacionamentos saudáveis. Para isso, intervenções terapêuticas eficazes são essenciais para trabalhar questões como autoestima, confiança e capacidade de comunicação, e incentivar a busca por ajuda profissional sempre que necessário.
 Autoestima
O abuso sexual pode causar danos significativos à autoestima de uma pessoa. Eles podem se sentir envergonhados e humilhados pelo que aconteceu com eles e sentir que não valem a pena.
O estudo de Santos, Borba & Miranda (2019) aponta que o abuso sexual infantil pode ter um impacto significativo na autoestima, autoimagem e autoconfiança das vítimas. Os autores ressaltam que o abuso sexual infantil é uma experiência traumática que pode afetar negativamente o desenvolvimento emocional e psicológico das vítimas.
Os resultados do estudo indicam que vítimas de abuso sexual infantil tendem a apresentar problemas de autoestima, autoimagem e autoconfiança, o que pode levar a dificuldades em áreas como relacionamentos interpessoais, desempenho acadêmico e profissional, entre outros aspectos da vida. Como confirma Santos, Borba e Miranda (2019) "O abuso sexual infantil é um fator de risco para a autoestima, autoimagem e autoconfiança das vítimas".
É importante destacar que o estudo enfatiza a necessidade de intervenções psicológicas e terapêuticas específicas para ajudar as vítimas a lidar com os efeitos negativos do abuso sexual infantil em sua autoestima e autoimagem. O suporte emocional adequado é fundamental para que as vítimas possam recuperar a confiança em si mesmas e reconstruir sua autoestima e autoimagem.
Hershkowitz, Lamb e Horowitz (2018) abordam a relevância da terapia cognitivo- comportamental, por exemplo, Para ajudar as vítimas a superar os efeitos negativos do abuso sexual infantil em sua autoestima e autoimagem Essa abordagem tem como objetivo trabalhar as crenças distorcidas e comportamentos disfuncionais que podem ter surgido em decorrência do trauma, além de promover habilidades para lidar com emoções negativas e desenvolver estratégias para enfrentar situações desafiadoras.
Os autores Hershkowitz, Lamb e Horowitz (2018) também citam a terapia de exposição como uma das abordagens terapêuticas eficazes para ajudar as crianças a enfrentar o medo e a ansiedade relacionados ao trauma do abuso sexual. A técnica consiste em expor gradualmente a criança às memórias traumáticas, através de imagens,
 pensamentos e situações que desencadeiam essas lembranças, com o objetivo de reduzir a intensidade e a frequência dos sintomas.
O processo é feito em etapas, começando com exposições menos intensas e evoluindo para exposições mais intensas, conforme a criança vai aprendendo a lidar com a situação. Além disso, o terapeuta ajuda a criança a identificar e lidar com as emoções negativas que surgem durante o processo de exposição, para que possa aprender a lidar com elas de maneira mais eficaz.
Outra forma terapêutica utilizada para ajudar as crianças a lidar com o trauma do abuso sexual infantil é a terapia de jogo, que segundo Hershkowitz, Lamb e Horowitz (2018) é considerada eficaz por permitir que a criança expresse seus sentimentos e experiências em um ambiente seguro e lúdico, por meio de jogos e brincadeiras.
Durante a terapia de jogo, o terapeuta pode trabalhar habilidades de enfrentamento e ajudar a criança a processar suas emoções de forma saudável. Essa abordagem permite que a criança se sinta confortável e segura para compartilhar suas experiências de forma não ameaçadora. Com a ajuda do terapeuta, a criança pode aprender a lidar com os sintomas associados ao trauma do abuso sexual e a desenvolver estratégias de enfrentamento para lidar com situações desafiadoras.
(inicio da conclusão)
Quando entramos no âmbito do abuso sexual intrafamiliar, foi observado por Pereda (2014) "O abuso intrafamiliar foi encontrado como a forma mais frequente de Abuso Sexual Infantil, com pais, padrastos e irmãos mais velhos sendo os perpetradores mais comuns" (Pereda et al., 2014, p. 119).
A proximidade e intimidade entre o agressor e a vítima também são fatores que podem agravar as consequências. isso ocorre porque, nesses casos, a violação da confiança e do vínculo emocional pode ser ainda mais profunda, levando a uma maior dificuldade em lidar com as emoções e sentimento de culpa.
 Além disso, a proximidade e a intimidade podem dificultar a revelação do abuso sexual por parte da vítima, que pode se sentir ainda mais vulnerável e com medo das possíveis consequências, como a perda do relacionamento com o agressor. A falta de apoio e proteção familiar também pode contribuir para que a vítima se sinta desamparada e sofra ainda mais com os efeitos do abuso.

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