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APOSTILA DE DIREITO CIVIL I

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GABRIELA ERBETTA 
2°PERÍODO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2020 
APOSTILA DE 
DIREITO CIVIL I 
SUPRIMENTO DAS INCAPACIDADES 
 
REPRESENTAÇÃO 
-> Forma de suprimento da incapacidade, em princípio absoluta, na qual o 
representante pratica o ato no lugar do representado. 
-> Menor de 16 anos: os pais ou o tutor nomeado pelo estado irá o representar. 
Tutor: representa pessoas menores de 18 anos 
Curador: representa pessoas maiores de 18 anos 
ASSISTÊNCIA 
-> Forma de suprimento da incapacidade na qual o assistente atua em conjunto 
com o assistido 
-> é típico da incapacidade relativa, mas em alguns casos essa incapacidade terá 
que ser suprida pela representação quando: 
a) não for possível realizar a assistência (ex. coma) 
b) interdição judicial: o juiz vai determinar a extensão da incapacidade da pessoa 
interditada junto de uma equipe multidisciplinar 
 
 
 
 
 
 
 
Obs 1: Se a pessoa não for ébria habitual mas estiver bêbada no momento 
da celebração do negócio jurídico, ele não será válido, pois a pessoa não 
estava em condição de exprimir sua vontade por causa transitória, ou seja, 
será relativamente incapaz. 
Obs 2: Caput do artigo 4: diz que a pessoa com mais de 16 anos e menor 
de 18 anos pode 
-ser testemunha 
-fazer testamento sem estar assistida 
-votar 
- casar sem estar assistida, mas precisa da autorização dos pais 
AUSÊNCIA 
 
CONCEITOS 
- Ausente é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem deixar notícias e 
um responsável ou procurador para administrar seus bens. 
- Ausência é um procedimento judicial no qual se objetiva proteger os bens 
da pessoa tida como ausente. 
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, 
se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba 
administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou 
do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. 
FASES 
1) Curadoria de Bens: 
- Deixou mandatário: ainda NÃO será declarada ausência 
18 anos 
Sentença de Interdição 
Se tornou ébrio 
habitual 
Analisar se houve boa-fé (se sabia ou 
não da incapacidade da outra pessoa) ou 
não no momento da realização do 
negócio jurídico para que ele seja 
considerado válido ou não. 
Sentença de interdição: 
“Ex nunc” -> nunca retroage 
A partir do momento em que foi 
celebrado, em teoria todos tem 
conhecimento dele e se for 
realizado um negócio jurídico 
nesse período ele será válido 
apenas com assistência 
- Não deixou mandatário ou o que ele deixou não pode/não quer exercer a 
função ou ainda se não tiver poderes suficientes: é declara a ausência e se 
nomeia um curador 
OBS: Esse processo é interrompido se o ausente voltar vivo ou morto. 
2) Sucessão Provisória: 
- Transcorrido 1 ano da declaração de ausência, da arrecadação dos bens do 
ausente e da nomeação do curador ou se ele deixou representante/ 
procurador, passados 3 anos do desaparecimento, poderão os interessados 
requerer a declaração de ausência e a abertura da sucessão de bens. 
- Os herdeiros receberão a herança do ausente, e os credores serão pagos. 
- A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá 
efeito 180 dias depois de publicada a sentença pela imprensa. Entretanto, 
logo que a sentença passe em julgado já é feita a abertura do testamento, 
ao inventário e partilha de bens, como se o ausente fosse falecido. 
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele 
deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os 
interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente 
a sucessão. 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram 
interessados: 
I- O cônjuge não separado judicialmente; 
II- Os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários; 
III- Os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua 
morte; 
IV - Os credores de obrigações vencidas e não pagas. 
- Se depois de 1 ano da arrecadação de bens e não havendo interessados na 
sucessão provisória o MP pode requerê-lo. 
- Antes da partilha o juiz ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a 
deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União. 
- Para que o herdeiro tenha a posse provisória ele deve dar garantias de 
restituição dos bens por meio de penhores ou hipotecas equivalentes aos 
quinhões respectivos (navio e avião podem). Entretanto, aquele que tiver 
direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia será excluído, 
mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, 
ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia. 
-Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua 
qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar 
na posse dos bens do ausente. 
- Quem estiver na posse provisória responde legalmente pelo bem. 
- O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do 
ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este 
couberem. Caso não for, o sucessor provisório ficará com metade dos frutos 
e rendimentos e capitalizar a outra metade e prestar anualmente contas ao 
juiz competente. 
OBS: Esse processo é interrompido se o ausente reaparecer em um período 
de 10 anos, contados da abertura da sucessão provisória, e terá direito a 
reaver dos herdeiros todos os seus bens. Entretanto, se o ausente aparecer, 
e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em 
favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos. 
3) Sucessão Definitiva: 
- Passados os 10 anos desde a abertura da sucessão provisória, os herdeiros 
ou o MP poderão requerer que se abra o a sucessão definitiva do ausente, 
quando então, adquirem os bens a título definitivo. 
- Uma vez aberta a sucessão definitiva o ausente se presumirá morto. 
- A sucessão definitiva poderá ser requerida também se o ausente for 
encontrado morto, tiver morte presumida ou se o ausente contar 80 anos 
e houver decorrido 5 anos de suas últimas notícias (pode passar da 
curadoria para definitiva nesse caso). 
Art. 37. Dez nos depois de passada em julgado a sentença que concede a 
abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a 
sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas. 
OBS: Esse processo é interrompido se o ausente reaparecer em um período 
de 10 anos após a abertura da sucessão definitiva, tendo o direito de receber 
os bens no estado em que estiverem. 
Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não 
regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens 
arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se 
localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da 
União, quando situados em território federal. 
NOME 
 
CONCEITO 
- É essencial que os sujeitos das relações jurídicas sejam individualizados, 
identificados, como titulares de direitos e deveres na ordem civil. O nome, 
é a designação pela qual a pessoa se identifica no seio da família e no seio 
da sociedade. 
- É um direito da personalidade (inerente, intransmissível, imprescritível e 
irrenunciável), individualiza a pessoa (na vida e após sua morte), e indica e 
procedência familiar. 
- Aspecto Público: o nome é o meio que o Estado tem de identificar a pessoa 
para lhe conferir direitos e deveres (ex: disciplinam a LRP, proibindo a 
alteração do prenome, salvo exceções expressamente admitidas). 
- Aspecto Individual: o nome é o meio como a própria pessoa será 
individualizada e identificada perante as demais pessoas. A pessoa exercerá 
seus direitos e deveres por meio de seu nome. É o próprio direito ao nome, 
no poder reconhecido ao seu possuidor de por ele designar-se e de reprimir 
abusos cometidos por terceiros (ex: contra usurpação, direito autoral,contra à exposição ao ridículo). 
ELEMENTOS 
prenome + sobrenome (patronímico ou apelido de família) + agnome 
- Prenome: Nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir membros 
da mesma família. Pode ser simples ou composto. Dentro do nome 
composto, ele pode ser duplo, triplo ou quádruplo. 
OBS: Irmãos e irmãos gêmeos não podem possuir o mesmo prenome, a não 
ser que seja duplo, estabelecendo a distinção. Nesse sentido, devem ser 
registrados com prenome duplo ou com nome completo diverso. 
- Sobrenome: Identifica a família da qual a pessoa pertence, transmissível 
por sucessão. Pode ser simples ou composto. 
- Agnome: Tem a finalidade de diferenciar nomes igual dentro de uma 
mesma família (ex: neto, júnior, bisneto, 1°/2°). 
OBS: Não são elementos do nome o cognome e alcunha (apelidos, muitas 
vezes depreciativos). 
PRINCÍPIO DA IMUTABILIDADE DO NOME 
- A estabilidade dos nomes é importante para a promoção da segurança 
jurídica. Algumas mudanças são previstas em lei, enquanto outras são fruto 
de jurisprudência. 
- Em regra, o nome é imutável, entretanto, existem exceções: 
1) Direito Potestativo ao alcançar a maioridade: 
Art. 56 da LRP: “O interessado, no primeiro ano após ter atingido a 
maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar 
o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a 
alteração que será publicada pela imprensa.” 
OBS: Nesse caso não é necessário autorização judicial, pode ser realizada 
diretamente no cartório de registro civil. 
2)Transgênero: É permitido ao transgênero a alteração de seu prenome de 
registro pelo o qual ele se identifica, juntamente de seu gênero desde que 
não haja prejuízo aos apelidos de família. Não é necessário autorização 
judicial, pode ser realizada diretamente no cartório de registro civil (ADI 
4275). Tal mudança não está mais condicionada à realização da operação de 
transgenitalização ou terapia hormonal. 
3) Retificação em caso de erro gráfico: A retificação (não é mudança) de 
prenome em caso de evidente erro gráfico e de “outros erros que não exijam 
qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua 
correção”. Ou seja, nos casos que constatam erros gráficos, não há 
necessidade de ação judicial, pode ser realizada diretamente no cartório 
de registro civil. 
Art. 110. O oficial retificará o registro, a averbação ou a anotação, de ofício 
ou a requerimento do interessado, mediante petição assinada pelo 
interessado, representante legal ou procurador, independentemente de 
prévia autorização judicial ou manifestação do Ministério Público, nos casos 
de: 
I - Erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de 
necessidade de sua correção; 
4) Exposição da pessoa ao ridículo: 
- Os oficiais devem recusar o registro de prenomes que exponham seus 
portadores ao ridículo. A alteração de nome, justificada pela exposição ao 
ridículo, dependem de, perante o juiz, um procedimento de retificação no 
nome, estabelecido de acordo com o art. 109 da LRP (depende de processo 
judicial), e publicado na imprensa. 
Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e 
motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por 
sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado 
e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 
desta Lei (erros gráficos notórios). 
5)Proteção à testemunha ou depoente: 
Art. 57. § 7° Quando a alteração de nome for concedida em razão de 
fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a apuração de 
crime, o juiz competente determinará que haja a averbação no registro de 
origem de menção da existência de sentença concessiva da alteração, sem 
a averbação do nome alterado, que somente poderá ser procedida 
mediante determinação posterior, que levará em consideração a cessação 
da coação ou ameaça que deu causa à alteração. 
- Nesta hipótese pode-se solicitar, a mudança de nome e sobrenome. Tal 
possibilidade é de extrema importância para a promoção da segurança e 
proteção de testemunhas ou depoentes. 
- Tal proteção poderá ser dirigida ou estendida ao cônjuge ou companheiro, 
ascendentes, descendentes e dependentes que tenham convivência 
habitual com a vítima ou testemunha, conforme o especificamente 
necessário em cada caso. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6015consolidado.htm#art110..
6) Adoção: 
Art. 47, §5º do ECA: “A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante 
e, a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do 
prenome.” 
- Possibilidade de mudança total do nome (prenome e sobrenome) do 
indivíduo adotado, desde que não prejudique a identificação/identidade da 
pessoa (por exemplo: caso de recém-nascido é fácil a modificação de nome 
e prenome). 
- O adotado, não pode preservar o sobrenome de seus pais de sangue, como 
consequência do desligamento dos vínculos de parentesco, sendo 
acrescentado ao seu, obrigatoriamente, o sobrenome do adotante. 
Prenome não há obrigatoriedade em sua modificação. 
7) Tradução de nome grafado em língua estrangeira: 
Art. 71 da lei nº 13.445: § 1º No curso do processo de naturalização, o 
naturalizando poderá requerer a tradução ou a adaptação de seu nome à 
língua portuguesa. 
§ 2º Será mantido cadastro com o nome traduzido ou adaptado associado 
ao nome anterior.” 
- O estrangeiro, em seu processo de naturalização pode pedir que seu nome 
seja traduzido ou adaptado à língua portuguesa. Tal medida serve até 
mesmo para evitar prejuízos na identificação da pessoa e a exposição ao 
ridículo do indivíduo. 
MUDANÇA DE SOBRENOME 
1) Inclusão de apelidos notórios ou alcunha: 
Art. 58, LRP: “O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua 
substituição por apelidos públicos notórios.” 
- É a permissão legal para acrescentar apelido público notório ou substituir 
o prenome por ele, desde que o apelido seja lícito. Exemplo é do Presidente, 
que acrescentou o apelido Lula (Luiz Inácio Lula da Silva) ao seu nome 
completo. 
- É possível substituir o prenome pelo apelido ou fazer uma adição 
intermediária. 
2) Homonímia: 
- A homonímia ocorre quando há a existência de normas iguais. É um 
fenômeno que ocorre principalmente em razão da existência de nomes 
muito comuns, e que pode promover a insegurança nas relações sociais e 
jurídicas. 
- Para corrigir problemas resultantes de homonímia, permite-se, conforme 
precedentes jurisprudenciais, que se acresça uma outra designação ao 
nome, seja prenome ou apelido de família. 
- Jurisprudencial, não está presente na lei. 
3) Casamento: 
Art. 1565, §1º, do CC: “Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer 
ao seu o sobrenome do outro.” 
- É necessária ação de retificação de registro civil. 
- A adoção do sobrenome pelos cônjuges é facultativa, entretanto, não pode 
suprimir ou substituir o seu próprio sobrenome. 
4) Divórcio: 
Art. 1571, §2°: “Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por 
conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo 
caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial.” 
- Em regra, quando se há o divórcio, o sobrenome de casado se retorna ao 
sobrenome de solteiro. Entretanto, existem exceções, como no caso em que 
o sobrenome de solteiro está intimamente ligado à identidade/identificação 
do indivíduo, fazendo com que o uso do nome de casado seja conservado. 
5) Exclusão de sobrenome em casos de abandono material e psicológico 
do ascendente: 
- Quando pais abandonam os filhos fisicamente ou psicologicamente, o 
trauma pode ser tamanho que a pessoa não queira carregar o sobrenome 
deste, uma vez que não desenvolve vínculos afetivos. Visa minimizar o dano 
emocional causado ao abandonado. 
- Não está previsto legalmente, mas a jurisprudência admite esta hipótese. 
ESTADO 
 
CONCEITO 
Status: modo de ser de uma, no que diz respeitoa soma das qualificações 
de um indivíduo na sociedade, hábeis a produzir efeitos jurídicos. 
ESPÉCIES 
→ Em Roma: 
a) Libertatis: homem livre ou não - mínima, média ou máxima) 
b) Civitatis: cidadão romano ou não 
c) Familiae: a qual família pertence 
→ Atualmente: 
a) Individual: modo de ser de uma pessoa no que tange as suas 
características próprias, como idade, sexo, cor, estado de saúde, altura etc. 
b) Familiar: modo de ser da pessoa dentro da família. 
c) Político: modo de ser da pessoa no que diz respeito a sociedade política, 
conforme o Art. 12 da CF/88, podem ser: 
- Brasileiro nato: nacionalidade adquirida em função do nascimento; 
- Brasileiro reconhecido: nacionalidade adquirida por morar em domicílio 
dos pais brasileiros, mesmo que eles tenham nascido em outro país; 
- Brasileiro naturalizado: nacionalidade adquirida através de 
consentimento judicial, ou seja, os pais da pessoa não são brasileiros, a 
própria pessoa não é brasileira, mas pediu ao Poder Judiciário para que fosse 
reconhecido como brasileiro. Enfim, nacionalidade em função judicial. 
OBS: Art. 12 § 2º. A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros 
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. 
CARACTERÍSTICAS 
1) Indisponibilidade: não se pode transpor seu estado para ninguém, nem 
gratuita ou onerosamente, uma vez que o estado é inalienável e 
irrenunciável. 
2) Indivisível: a pessoa não pode ter 2 estados ao mesmo tempo (ex. não 
tem como ser casado e solteiro ao mesmo tempo). 
- Exceções: dupla nacionalidade, pai que estupra e engravida a filha. 
3) Imprescritibilidade: não se perde o estado em razão da passagem do 
tempo. 
- Prescrição: perda de algo em razão da passagem do tempo. 
DOMICÍLIO 
 
CONCEITO 
É o local onde as pessoas podem ser encontradas para responderem pelas 
suas obrigações (ex. fixação de competências para ação judicial). 
 
DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL 
Lugar onde a pessoa natural de modo definitivo estabelece a sua residência 
e o centro principal de sua atividade (Art.70). 
-Elemento subjetivo: é o ânimo definitivo, ou seja, intenção da pessoa de 
fixar seu domicílio. 
- Elemento objetivo: residência 
Domicílio = residência + ânimo definitivo 
ESPÉCIES 
a) Domicílio Voluntário: 
a.1) Geral/comum: 
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua 
residência com ânimo definitivo. 
a.2) Especial: 
a.2.1) Do contrato: lugar onde as obrigações referentes ao contrato 
serão cumpridas. 
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar 
domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles 
resultantes. 
a.2.2) De Eleição: é o lugar escolhido no contrato, onde vai, 
eventualmente, ser movida alguma ação judicial referente àquele contrato. 
b) Domicílio Profissional: 
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações 
concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada 
um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 
c) Domicílio Legal/Necessário: 
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o 
marítimo e o preso. 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou 
assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente 
suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da 
Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente 
subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, 
o lugar em que cumprir a sentença. 
- Teoria do Domicílio Aparente: 
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência 
habitual, o lugar onde for encontrada. 
- Mudança de Domicílio: 
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção 
manifesta de o mudar. 
Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às 
municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais 
declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a 
acompanharem. 
- Pluralidade Domiciliar: 
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, 
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 
DOMICÍLIO DA PESSOA JURÍDICA 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
I - da União, o Distrito Federal; 
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas 
diretorias e administrações -> EXEÇÃO, ou onde elegerem domicílio especial 
no seu estatuto ou atos constitutivos. -> REGRA GERAL 
§ 1 o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares 
diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele 
praticados. 
§ 2 o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-
á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por 
cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a 
que ela corresponder. 
DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
CONCEITO 
Os direitos da personalidade são indestacáveis da pessoa do seu titular e 
decorrem da própria situação jurídica de personalidade. Além disso, são em 
boa medida, os direitos fundamentais ou humanos, encarados do ponto de 
vista das relações privadas. 
CARACTERÍSTICAS 
1)Indisponíveis: são direitos irrenunciáveis e inalienáveis, ou seja, que não 
podem ser dispostos onerosa ou gratuitamente. 
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da 
personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu 
exercício sofrer limitação voluntária. 
- Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil: “O exercício dos direitos da 
personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja 
permanentemente nem geral.” 
Ex: Reality Shows – os participantes abrem mão, de forma voluntária, 
temporariamente do direito à intimidade e privacidade. 
2) Absolutos: impõem a todos um dever de abstenção, de respeito. 
Possuem caráter geral – inerente a toda pessoa humana. 
- “oponibilidade erga omnes”: contra todos. Significa que todos devem 
respeitar os direitos da personalidade dos outros. 
3) Ilimitáveis: o rol/lista de direitos da personalidade é meramente 
exemplificativo - números apertus (oposto de numerus clausus) – ou seja, 
não são taxativos. 
4)Imprescritíveis: os direitos da personalidade não se extinguem pelo uso 
ou decurso do tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-los. 
- Não confundir com o reflexo patrimonial dos direitos da personalidade, os 
quais são sujeitos a prescrição. 
5) Impenhorabilidade: não podem ser objetos de penhora, ou seja, o ato de 
constrição patrimonial/pagamento de obrigações. 
- Penhora (ato judicial, emitido por juiz, no qual se apreende bens do 
devedor para que se cumpra o pagamento da dívida assumida) ≠ Penhor 
(devedor entrega um bem móvel ao credor como forma de garantia de 
cumprimento da dívida 
Obs: Os reflexos patrimoniais eventualmente decorrentes dos direitos da 
personalidade podem ser objeto de penhor. 
6) Não sujeição a desapropriação: por sua natureza intrínseca a noção de 
personalidade, os direitos da personalidade não podem ser desapropriados. 
- Desapropriação é a perda de algum bem por vontade do estado. Operada 
independente da vontade do particular, tendo em vista a supremacia da 
vontade pública. 
7)Vitalícios: os direitos da personalidade acompanham a pessoa durante 
toda a sua vida, podendo até mesmo vir antes ou permanecer após a morte. 
DISCIPLINA LEGAL 
 
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da 
personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções 
previstas em lei. – Ex. DP 
-Tutela preventiva: sob ameaça de lesão (ex. medida cautelar).-Tutela repressiva: após a lesão (ex. pagamento de indenizações por danos 
morais/materiais). 
Ex: Pornografia de vingança – ameaça de divulgação de fotos íntimas, o que 
rompe com vários direitos da personalidade, assim pode ser feita uma tutela 
preventiva de tais direitos. Tal ação é proibida no CP pela lei Carolina 
Dieckmann. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a 
medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente 
em linha reta, ou colateral até o quarto grau. 
- Figura dos lesados indiretos: são as pessoas que são indiretamente lesadas 
por violação dos direitos da personalidade da pessoa morta. (irmãos, tios, 
sobrinhos, tios- avós e sobrinhos netos) 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso (proibido) o ato de disposição 
do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade 
física, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de 
transplante, na forma estabelecida em lei especial. 
- O parágrafo único prevê a exceção da doação de órgãos, que se realizará 
na forma da Lei n. 9.434/1997. 
-Cirurgia de transgenitalização pode ser: 
1) entendida por uma minoria da doutrina como proibida pelo Art. 13, 
mesmo que não houvesse eficácia prática. 
2) é um caso de exigência média. 
3) é permitida, pois caso o Art. 13 proibisse tal ação, poderia ser considerado 
inconstitucional. 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita 
do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a 
qualquer tempo. 
- Quando a pessoa morre como um indigente (desconhecido) seu corpo 
também pode ser doado para fins científicos. 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a 
tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 
- No caso de transfusão de sangue em testemunhas de Jeová, se adota o 
Enunciado 403 da V Jornada de Direito Civil: “O direito à inviolabilidade de 
consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, 
aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive 
transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento 
ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: 
a) Capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou 
assistente; 
b) Manifestação de vontade livre, consciente e informada; 
c) Oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do 
declarante. 
Enunciado 533 da VI Jornada de Direito Civil: ‘O paciente plenamente capaz 
poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento 
médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo 
as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos 
cirúrgicos que não possam ser interrompidos”. 
- Assim, se alguém constranger um testemunha de Jeová, por ter feito um 
procedimento médico de urgência constitui crime listado no CP: 
Art. 146 do CP: Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, 
ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de 
resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome 
e o sobrenome. 
- O nome está consagrado no art. 16, CC, que o assegura e expõe sua 
composição por prenome e sobrenome (ou apelido de família ou 
patronímico). 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em 
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda 
quando não haja intenção difamatória. 
 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda 
comercial. 
- Os Arts. 17 e 18 restringem a utilização do nome por terceiros, vedando 
publicação ou representação que o exponha ao desprezo público ou o utilize 
em propaganda comercial sem autorização de seu titular. 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que 
se dá ao nome. 
- No caso de uso fins lícitos. 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça 
ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão 
da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma 
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem 
prejuízo/interferência na indenização que couber, se lhe atingirem a honra, 
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes 
legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os 
descendentes. 
- Protege-se a imagem e a liberdade de expressão, assegurando a 
individualidade da pessoa. Em seu início, no entanto, abre espaço para 
relativização desses direitos. 
- A respeito de biografias não autorizadas, na ADI 4815, o STF decidiu que é 
“inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras 
biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária 
autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus 
familiares, em caso de pessoas falecidas).” Há, pois, uma 
inconstitucionalidade parcial, que não invalida todo o artigo, mas atinge 
apenas um de seus sentidos. 
- Figura dos lesados indiretos: serão somente o cônjuge, ascendentes e 
descendentes. Houve uma incongruência entre o PU do 12 e do 20, pois o 
20 não inclui os colaterais de até 4° grau. 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a 
requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para 
impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. 
- Não se considera, pois, violação da vida privada a mera publicação de 
biografia não autorizada. No entanto, o abuso nessa manifestação 
biográfica, quando provocar efetiva violação da intimidade ou da 
privacidade, poderá suscitar as tutelas inibitória e indenizatória. 
DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PESSOA JURÍDICA 
-Entidades a que a lei confere personalidade jurídica, capacitando-as a 
serem sujeitos de direitos e deveres. 
- Possui um patrimônio autônomo do da Pessoa natural. 
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, 
instituidores ou administradores. 
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um 
instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei 
com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de 
empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. 
 
TEORIAS 
- Teorias de ficção: defendem que as pessoas jurídicas são uma ficção, uma 
abstração, uma invenção que só tem existência no âmbito das ideias, mas 
não tem existência social. 
Obs: Se essa fosse adotada, o Estado que é uma PJ seria uma ficção e assim 
o direito também. 
- Teorias da realidade: as Pessoas Jurídicas são reais e reconhecidas pelo 
direito e atribui a elas a pessoa jurídica. 
Requisitos de Constituição de uma pessoa jurídica 
 
 
 
 
- Se for uma sociedade, o ato jurídico é um contrato social. 
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado 
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, 
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, 
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato 
constitutivo. 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das 
pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado 
o prazo da publicação de sua inscrição no registro. 
 
ENTES DESPERSONALIZADOS 
- São entes que não são dotados de personalidade jurídica, assim não 
possui a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres (estão no 
meio-termo entre bens e pessoas). 
- Não possui personalidade jurídica, mas em certos casos podese fazer 
presente em juízo e praticar atos da vida civil, quando a lei autorizar e 
representados por alguém. 
Ex: condomínios edilícios; massa falida (bens deixados por uma PJ que 
faliu). 
- Orlando Gomes diz que não tem diferença entre capacidade de direito e 
personalidade jurídica. 
- Já Fábio Ulhôa Coelho diz que embora os entes despersonalizados não 
tenham PJ, nos casos em que a lei autoriza, ele tem capacidade de direito. 
- Sociedades irregulares/de fato: grupo de pessoas que se uniu para um fim 
específico, mas não cumpriram os requisitos necessários para constituir 
uma PJ, por isso não possuem personalidade jurídica. Podem se fazer 
presente em juízo, mas se for processada, quem responde são os sócios. 
 
Pluralidade de pessoas 
Pluralidade de bens 
(Há exceções) 
Finalidade 
específica 
 
Registro dos 
atos 
constitutivos 
CLASIFICAÇÕES DAS PESSOAS JURÍDICAS 
a) Nacionalidade: as PJ podem ser nacionais ou estrangeiras (sempre é 
necessária a autorização do Poder Executivo Federal). 
Art. 1.126. É nacional a sociedade organizada de conformidade com a lei 
brasileira e que tenha no País a sede de sua administração. 
Art. 1.134. A sociedade estrangeira, qualquer que seja o seu objeto, não 
pode, sem autorização do Poder Executivo, funcionar no País, ainda que por 
estabelecimentos subordinados, podendo, todavia, ressalvados os casos 
expressos em lei, ser acionista de sociedade anônima brasileira. 
b) Estrutura interna: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Obs: Empresa é aquela que exerce atividade econômica organizada para 
produção ou circulação de bens ou serviços. 
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade 
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de 
serviços. 
- Ter CNPJ faz alguém ser PJ? NÃO, pois até mesmo PN podem ter, para 
facilitar a fiscalização da receita federal. 
c) Função/órbita de atuação: as PJ podem ser de direito público, interno ou 
externo, e de direito privado (Art.40) 
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV-as autarquias, inclusive as associações públicas; 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. (ex. anatel) 
Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional 
público. 
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado: 
I - as associações; 
II - as sociedades; 
III - as fundações. 
IV - as organizações religiosas; (é de direito privado pois o estado é laico) 
V - os partidos políticos. 
VI- as empresas individuais de responsabilidade limitada 
CORPORAÇÕES “universitas personarum”- 
formadas por uma pluralidade de pessoas. 
 
FUNDAÇÕES “universitas bonorum”- 
formadas por uma pluralidade de bens, 
a qual não pode ter finalidade 
lucrativa. 
 ASSOCIAÇÕES não podem ter finalidade 
lucrativa (ex. Clube Atlético Mineiro/ APAE) 
 
SOCIEDADES devem ter, obrigatoriamente, 
uma finalidade lucrativa. 
EMPRESÁRIAS (se organiza 
com o elemento de empresa) 
SIMPLES (não se organiza com o 
elemento de empresa) 
§3° Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o 
disposto em lei específica. 
Obs: Art. 7º da Lei de Partidos Políticos - O partido político, após adquirir 
personalidade jurídica na forma da lei civil, registra seu estatuto no Tribunal 
Superior Eleitoral. 
ASSOCIAÇÕES 
- Espécie de corporação. 
- PJ formada por uma união de pessoas (mín. 2). 
- Não podem ter finalidade lucrativa. 
Art. 53. Constituem-se as associações pela união de pessoas que se 
organizem para fins não econômicos. 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações 
recíprocos. 
- Só existe a relação entre associado/associação, não entre os envolvidos. 
Obs: O direito constitucional de reunião é esporádico, já o direito de 
associação é perene. 
- Ninguém é obrigado a se associar ou permanecer associado. (Art. 5° da 
Const.) 
- O registro do seu estatuto deve ser levado ao cartório de registro das 
pessoas jurídicas. 
- Joia: valor pago para se associar. 
Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associações conterá: 
I - a denominação, os fins e a sede da associação; 
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; 
III - os direitos e deveres dos associados; 
IV - as fontes de recursos para sua manutenção; 
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos; 
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a 
dissolução. 
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas 
contas. 
Art. 55. Os associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poderá 
instituir categorias com vantagens especiais. 
Art. 56. A qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não 
dispuser o contrário. 
Art. 57. A exclusão do associado só é admissível havendo justa causa, assim 
reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, 
nos termos previstos no estatuto. 
Art. 58. Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou 
função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e 
pela forma previstos na lei ou no estatuto. 
Art. 59. Compete privativamente à assembleia geral: 
I – destituir os administradores; 
II – alterar o estatuto. 
Parágrafo único. Para as deliberações a que se referem os incisos I e II deste 
artigo é exigido deliberação da assembleia especialmente convocada para 
esse fim, cujo quórum será o estabelecido no estatuto, bem como os 
critérios de eleição dos administradores. 
Art. 60. A convocação dos órgãos deliberativos far-se-á na forma do 
estatuto, garantido a 1/5 (um quinto) dos associados o direito de promovê-
la. 
- A Assembleia Geral é o órgão deliberativo máximo. 
Art. 61. Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, 
depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no 
parágrafo único do art. 56, será destinado à entidade de fins não 
econômicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberação dos 
associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins idênticos ou 
semelhantes. 
§ 1 ° Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos 
associados, podem estes, antes da destinação do remanescente referida 
neste artigo, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as 
contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação. (ex. 
mensalidades, voltam para o associado) 
§ 2° Não existindo no Município, no Estado, no Distrito Federal ou no 
Território, em que a associação tiver sede, instituição nas condições 
indicadas neste artigo, o que remanescer do seu patrimônio se devolverá à 
Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da União. 
 
FUNDAÇÕES 
 
- Pluralidade de bens com uma finalidade definida, não podendo ser 
lucrativa. 
- Causa Mortes: Criada para produzir efeitos após a morte de seu 
constituidor. São constituídas por um testamento, que posteriormente é 
levado a registro. 
- Intervivos: Criada para produzir efeitos durante a vida de quem a criou. 
São constituídas mediante escritura pública, que posteriormente é levada a 
registro. 
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública 
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que 
se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins de: 
I – assistência social; 
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico; 
III – educação; 
IV – saúde; 
V – segurança alimentar e nutricional; 
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do 
desenvolvimento sustentável; 
VII– pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas,modernização de sistemas de gestão, produção e divulgação de informações 
e conhecimentos técnicos e científicos; 
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos 
humanos; 
IX – Atividades religiosas. 
- Dilma considerou inconstitucional e inconveniente a habitação de 
interesse social (inciso X Art. 62 do CC) como finalidade de fundação, tendo 
em vista que podem gozar do benefício fiscal chamado de imunidade 
segundo os requisitos do Art. 14 do código tributário nacional. A presidente 
atuou dessa forma, pois a fundação vai atuar no mercado contra sociedades 
(que paga impostos) mas pagando menos tributos, gerando uma 
competição desigual, a qual seria inconveniente e feriria preceitos 
constitucionais como a proteção da ordem concorrencial e a igualdade. 
- O veto pode se fundar em razões políticas (de conveniência ou 
inconveniência) ou em razões jurídicas (inconstitucionalidade do 
dispositivo). 
Art. 63. Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela 
destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados 
em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. 
Art. 64. Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor 
é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os 
bens dotados, e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por 
mandado/ordem judicial. 
Art. 65. Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, 
em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com as suas bases 
(art. 62), o estatuto da fundação projetada, submetendo-o, em seguida, à 
aprovação da autoridade competente (MP), com recurso ao juiz. 
Parágrafo único. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo 
instituidor, ou, não havendo prazo, em cento e oitenta dias, a incumbência 
caberá ao Ministério Público. 
- MP fiscaliza as fundações, mesmo sendo elas de direito privada, pois as 
fundações possuem finalidades importantes para toda coletividade.] 
Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde 
situadas. 
§ 1 º Se funcionarem no Distrito Federal ou em Território, caberá o encargo 
ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios. 
§ 2º Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, 
em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. 
Art. 67. Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister/essencial 
que a reforma: 
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar 
a fundação; 
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; - tem como finalidade evitar que 
haja mudanças conforme conveniências políticas pontuais. 
III – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 
dias, findo o qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o 
juiz supri-la, a requerimento do interessado. - Exemplo de eficácia horizontal 
dos direitos fundamentais. 
Art. 68. Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, 
os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto ao órgão do 
Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para 
impugná-la, se quiser, em dez dias. 
– Exemplo de aplicação do princípio democrático nas fundações, visto o 
respeito à minoria. 
Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a 
fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério 
Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-
se o seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou 
no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim 
igual ou semelhante. – Evitar uma distribuição travestida de lucros entre os 
integrantes. 
 
SOCIEDADES 
 
- Corporações formadas pela união de pessoas, que se organizam para fins 
econômicos/lucrativos. 
- Ato constitutivo: contrato social 
- Exceção: Sociedade limitada unipessoal (SLU - 219) 
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente 
se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade 
econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é 
restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela 
integralização do capital social. 
§ 1º A sociedade limitada pode ser constituída por 1 ou mais pessoas. 
§ 2º Se for unipessoal, aplicar-se-ão ao documento de constituição do sócio 
único, no que couber, as disposições sobre o contrato social. 
Art. 49-A. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, 
instituidores ou administradores. 
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um 
instrumento lícito de alocação e segregação de riscos, estabelecido pela lei 
com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de 
empregos, tributo, renda e inovação em benefício de todos. 
 
EMPRESAS INDIVIDUAIS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA 
- “EIRELI” 
- Formada por 1 só pessoa, protegida pela pessoa jurídica no exercício da 
sua atividade. 
Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será 
constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, 
devidamente integralizado, que não será inferior a 100 vezes o maior 
salário-mínimo vigente no País. 
§ 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade 
limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. 
§3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá 
resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num 
único sócio, independentemente das razões que motivaram tal 
concentração. 
§ 7º Somente o patrimônio social da empresa responderá pelas dívidas da 
empresa individual de responsabilidade limitada, hipótese em que não se 
confundirá, em qualquer situação, com o patrimônio do titular que a 
constitui, ressalvados os casos de fraude. 
A principal diferença que se observa quanto ao Empresário Individual é que 
na EIRELI a responsabilidade do empresário é limitada, ou seja, o patrimônio 
pessoal do titular não responde pelas dívidas da empresa, salvo exceções 
previstas em lei. Entretanto, para sua constituição, é necessário observar 
algumas exigências específicas da lei. Uma delas é que a empresa precisa, 
obrigatoriamente, ter um capital social mínimo de 100 (cem) salários-
mínimos correspondente ao ano vigente, o qual deve ser totalmente 
integralizado. A lei também permite constituir a EIRELI a partir da 
concentração das quotas de outra modalidade societária já registrada com 
outro regime jurídico em um único sócio, independente do motivo, 
convertendo-a nesta modalidade. 
 
HIPÓTESES DE EXTINÇÃO DA PJ 
- Art. 1028, 1033. 
OBS: eventual dissolução ou falência da PJ não faz com que ela perca sua 
personalidade jurídica (art. 51), só ocorre quando se dê a liquidação de seu 
patrimônio. 
- A liquidação é um procedimento destinado a apuração do ativo (bens e 
direitos) e a satisfação do passivo (dívidas) do patrimônio. 
 
Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurídica ou cassada a autorização 
para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de liquidação, até que 
esta se conclua. 
§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa jurídica estiver inscrita, a averbação 
de sua dissolução. 
§ 2º As disposições para a liquidação das sociedades aplicam-se, no que 
couber, às demais pessoas jurídicas de direito privado. 
§ 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da 
pessoa jurídica. 
DESCONSIDERAÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE DA PJ 
- Afastamento episódico da autonomia patrimonial existente entre a PJ e 
seus sócios, membros, instituidores etc. por conta da prática de algo que for 
considerado como abuso (uso anormal). 
- Nesse caso os sócios deixam de ser protegidos pelo véu da PJ (lifting of 
corporateveil) 
- Fábio Conder Comparato: teoria objetivista – buscou a lógica do artigo 135 
do CTN para dizer que se deve desconsiderar a PJ em certos casos. 
-Linhas de pensamento: 
1)SUBJETIVISTA: para que haja desconsideração da PJ deve ter 
comprovação da existência de má fé/intenção de prejudicar. 
2) OBJETIVISTA: exige a constatação de critérios objetivos para que haja ou 
não a desconsideração da PJ (ADOTADA NO BR) 
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo 
desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a 
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir 
no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas 
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de 
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou 
indiretamente pelo abuso. 
§ 3º O disposto no caput e nos § 1º e 2º deste artigo também se aplica à 
extensão das obrigações de sócios ou de administradores à pessoa jurídica. 
(desconsideração inversa – sair do patrimônio da PN para cobrar da PJ) 
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a utilização 
da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e para a prática de atos 
ilícitos de qualquer natureza. 
§ 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de fato 
entre os patrimônios, caracterizada por: 
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do 
administrador ou vice-versa; 
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, 
exceto os de valor proporcionalmente insignificante; e 
III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial. 
 desconsideração inversa 
§ 4º A mera existência de grupo econômico sem a presença dos requisitos 
de que trata o caput deste artigo não autoriza a desconsideração da 
personalidade da pessoa jurídica. 
§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão ou a alteração da 
finalidade original da atividade econômica específica da pessoa jurídica. 
OBS: Atuação por ofício do juiz = ação sem requerimento 
- TEORIAS: 
1) MAIOR: Exige a presença de mais requisitos para que ocorra a 
desconsideração (+ requisitos = - casos de desconsideração) -> ADOTADA 
PELO CC (abuso da pj). 
2) MENOR: Exige a presença de menos requisitos para que ocorra a 
desconsideração -> Adotada pelo Código de defesa do consumidor e na lei 
de crimes ambientais. 
BENS 
- São objetos de direito 
- São coisas materiais, concretas, fúteis aos homens e de expressão 
econômica, suscetíveis de apropriação, bem como as de existência 
imaterial, economicamente apreciáveis 
- Podem ser: 
a) Corpóreos: tangíveis (ex. celular) 
b) Incorpóreos: intangíveis (ex. direito de imagem) 
 
- Para uma coisa ser um bem, ela precisa ser dotada de expressão econômica. 
 -> CLASSIFICAÇÃO: 
a) Bens Imóveis 
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou 
artificialmente. 
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: 
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram; 
II - o direito à sucessão aberta. 
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis: 
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, 
forem removidas para outro local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se 
reempregarem. (ex. janelas) 
a.1) Imóveis por natureza: solo, subsolo e espaço aéreo 
a.2) Imóveis por acessão natural: todos aqueles bens que se incorporarem 
ao solo de forma natural (ex. árvores, mar) 
a.3) Imóveis por acessão artificial: todos aqueles bens que se incorporarem 
ao solo por força humana (ex. edifícios, postes de luz) 
a.4) Imóveis por determinação legal: são bens considerados imóveis por 
força de lei para dar maior segurança a determinadas relações jurídicas. 
OBS: os direitos reais sobre bens imóveis também são bens imóveis e as 
ações que asseguram os direitos reais (direito sob propriedade) sobre imóveis 
também são bens imóveis para efeitos legais 
b) Bens Móveis 
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de 
remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação 
econômico-social. 
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais: 
I - as energias que tenham valor econômico; (seu furto é crime) 
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes; 
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações. 
(direito obrigacional de receber o pagamento de uma dívida) 
 
COISAS 
 
BENS 
 
 
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem 
empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade 
os provenientes da demolição de algum prédio. 
b.1) Móveis semoventes: animais – dotados de movimento próprio (na 
França eles passaram a ser considerados seres sencientes, categoria que ainda 
não existe no BR) 
b.2) Móveis propriamente ditos: suscetíveis de remoção por força alheia 
b.3) Móveis por determinação legal: o Código Civil confere natureza de 
bem móvel a bens imateriais visando facilitar a proteção jurídica destes. 
b.4) Móveis por antecipação: são os bens que se incorporam ao solo com a 
intenção de futuramente separar-se deste, convertendo-se em móvel (ex. 
árvores que são plantadas justamente para serem cortadas posteriormente). 
c) Bens Fungíveis 
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da 
mesma espécie, qualidade e quantidade. 
(ex. canetas, dinheiro etc.) 
- A fungibilidade, portanto, é relativa, posto que não resulta apenas da 
vontade da Lei, podendo, por vezes, resultar da vontade humana. Assim, 
determinado bem pode ser fungível até que lhe seja atribuída determinada 
característica específica. 
d) Bens Infungíveis 
- São bens que não podem ser substituídas por outros em virtude de uma 
característica própria que tenham, que o torne individual. Seu empréstimo 
chama-se comodato (ex. livro autografado, quadro etc.) 
- Se um bem for imóvel, em regra será infungível. 
e) Bens Consumíveis 
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição 
imediata da própria substância, sendo também considerados tais os 
destinados à alienação. 
e.1) Consuntibilidade material: bens cujo uso leva a destruição imediata 
(ex. frutas etc.) 
e.2) Consuntibilidade jurídica: bens destinados a transferência/alienação 
(ex. carros, roupas etc.) 
- Não se pode confundir bens consumíveis com bens fungíveis, embora 
geralmente as coisas fungíveis sejam consumíveis e as infungíveis 
inconsumíveis. 
f) Bens Inconsumíveis 
- São bens que não são destruídos pelo seu uso. Eles admitem o uso reiterado 
sem alteração de sua substância (ex.: carro, livro) 
g) Bens Divisíveis 
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua 
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se 
destinam. 
(ex. água, ouro) 
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por 
determinação da lei ou por vontade das partes. 
h) Bens Indivisíveis 
- São bens que não podem ser fracionados sem que percam suas propriedades, 
suas características, sua substância. Ao serem partidos deixam de ser o que 
era (ex. relógio, carro etc.) 
- A indivisibilidade de um bem pode resultar de três diferentes fontes: 
h.1) Da lei (jurídica): como as hipotecas; os imóveis rurais (que não podem 
ser divididos em frações inferiores a um módulo regional); os lotes (que não 
podem ter área inferior a 125 metros quadrados etc). 
h.2) Da vontade das partes (convencional): como as ações. Nesta hipótese 
o acordo tornará a coisa comum indivisa, por não mais que cinco anos, 
podendo este prazo ser prorrogado posteriormente. Pode, ainda, ser 
estabelecida pelo doador ou pelo testador. 
h.3) Da natureza (físicaou natural): são os que não podem fracionar sem 
alteração da sua substância, diminuição de valor ou prejuízo, como o carro. 
i) Bens Singulares 
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per 
si, independentemente dos demais. 
j) Bens Coletivos 
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, 
pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. 
Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto 
de relações jurídicas próprias. 
j.1) Universalidade de fato: Pluralidade de bens singulares pertinentes a 
mesma pessoa e tenha destinação unitária (ex. coleção, bibliotecas etc.) 
j.2) Universalidade de direito: Pluralidade relações jurídicas pertinentes a 
mesma pessoa que sejam dotadas de valor econômico. No entanto, a Lei 
atribui a essas coisas um caráter unitário (ex. patrimônio, uma herança, a 
massa falida etc.) É formado por um complexo de relações jurídicas com 
vínculo resultante exclusivamente da lei. 
k) Bens Principais 
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; 
acessório, aquele cuja existência supõe a do principal. (ex. solo) 
- Princípio da gravitação jurídica: os bens acessórios vão seguir a sorte o 
bem principal (accessorium sequitur suum principale), assim, a existência do 
bem acessório depende da existência do bem principal. Porém o contrário não 
é verdadeiro. 
l) Bens Acessórios 
- Bens cuja existência supõe a existência de um principal (ex. a cláusula 
penal, que é acessório de obrigação principal; a árvore, que é acessório do 
solo; a fiança, que é acessória da locação etc.) 
- Espécies: 
l.1) Frutos: utilidades que a coisa periodicamente produz, cuja colheita não 
diminui o valor nem a substância da fonte. Podem ser: 
 - Naturais: surgem da força orgânica da própria natureza 
- Civis: surgem dos rendimentos produzidos por uma coisa em virtude 
da utilização por outrem que não o proprietário do bem – aluguel 
 - Industriais: surgem da força humana – produtos 
l.2) Produtos: utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a 
quantidade (ex. mina de ouro) 
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos 
podem ser objeto de negócio jurídico. 
l.3) Pertenças: Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes 
integrantes do bem principal, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao 
serviço ou ao aformoseamento de outro (ex. decoração da casa, tratores da 
fazenda etc.). São uma exceção pois não seguem a sorte do bem principal, 
mas quando disposto em lei que devem seguir, por manifestação de vontade 
das partes ou devido as circunstâncias do caso (ex. república), deixam de ser 
uma exceção (comprar com porteira fechada – com pertença ou aberta – sem 
pertença). 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não 
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação 
de vontade, ou das circunstâncias do caso. 
l.4) Benfeitorias: são obras que se realizam na coisa. 
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
§ 1° São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o 
uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado 
valor. (ex. fonte, jardim) 
§ 2° São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. (ex. garagem, 
elevadores) 
§ 3° São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se 
deteriore. (ex. conserto de uma infiltração) 
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos 
sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor. 
 
m) Bens Públicos X Privados 
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas 
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual 
for a pessoa a que pertencerem. 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço 
ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou 
municipal, inclusive os de suas autarquias; 
- Podem sofrer restrições, assim como o de uso comum. 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de 
direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas 
entidades. – Aquele que não está afetada a uma finalidade específica. 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são 
inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei 
determinar. 
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as 
exigências da lei. 
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. – adquirir a 
propriedade de um bem para uso prolongado, sem oposição do titular de tal 
propriedade. 
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, 
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração 
pertencerem. 
 
n) Bens de Família 
- Via de regra é impenhorável 
- Ato inter-vivos ou causa-mortes 
Art. 1.711. Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura 
pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de 
família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao 
tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel 
residencial estabelecida em lei especial. 
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por 
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de 
ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. 
 
Art. 1.712. O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou rural, 
com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a 
domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será 
aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família. 
Art. 1.715. O bem de família é isento de execução por dívidas posteriores à 
sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de 
despesas de condomínio. – Exceção de impenhorabilidade 
n.1) Legal: determina a impenhorabilidade do imóvel residencial, 
independentemente da instituição do bem de família convencional. O bem de 
família legal é instituído sem uma série de formalidades que o convencional 
possui, por exemplo, não depende de escritura, de registro, e não torna o 
imóvel inalienável. (lei 8.009/90) – 1 imóvel 
n.2) Convencional: pode ser instituído pelos cônjuges, pela entidade familiar 
ou por terceiro, mediante escritura pública ou testamento, desde que não 
ultrapasse um terço do patrimônio líquido das pessoas que fazem a instituição 
– o limite estabelecido pela legislação visa proteger eventuais credores (artigo 
1.711/CC – mais raro) - + de 1 imóvel 
Súmula N. 364 do STJ 
O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o 
imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. 
 
FATOS JURÍDICOS 
 
1) Conceito: 
Fato: acontecimento (ex. piscar os olhos). 
Fato jurídico: acontecimento do mundo fático relevante para o direito (ex. 
celebrar um contrato). 
a) Fatos jurídicos “stricto sensu”: todo acontecimento que produz 
consequências jurídicas provocado pela natureza (ex. raio, enchente etc.). No 
caso concreto podem ser classificados como: 
a.1) Ordinários: dentro da ordem natural das coisas 
a.2) Extraordinários: aquilo que foge do ordinário 
b) Fatos ou Atos jurídicos “lato sensu”: todo acontecimento que produz 
consequências jurídicas provocado por ação humana (somente o ser humano 
pratica ação dentro do mundo jurídico). 
b.1) Ilícitos => Atos ilícitos: são atos praticados com violação ao 
dever geral de não lesar a outrem (“neminem laedere”), o qual gera 
consequências. 
b.2) Lícitos: 
- Atos jurídicos “stricto sensu”: sãofatos humanos que nascem da 
vontade, mas cuja os efeitos decorrem sobretudo da lei, ou seja, não há 
autonomia para a escolha dos efeitos, mas existe autonomia para a realização 
do ato (ex. reconhecimento espontâneo de filho). 
- Negócios Jurídicos: são fatos humanos que nascem da vontade, 
assim como define seus efeitos. São a expressão maior da autonomia privada, 
uma vez que a vontade não só dá início ao negócio, mas também rege seus 
efeitos - efeito jurígeno da vontade (ex. contratos, testamento). 
- Atos-fatos jurídicos: são fatos humanos nos quais a vontade é 
irrelevante, com foco na consequência jurídica (ex. achado de tesouro - 
achádego). 
Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não sejam negócios jurídicos, 
aplicam-se, no que couber, as disposições do Título anterior. 
2) Negócio Jurídico 
Segundo Caio Mário da Silva Pereira, negócio jurídico é um pressuposto de 
fato, querido ou posto em jogo pela vontade e reconhecido como base do 
efeito jurídico perseguido. 
OBS: Todo negócio jurídico é um fato jurídico em sentido amplo 
Finalidade Negocial: adquirir, modificar, conservar ou extinguir direitos 
(ex. compra e venda, contrato de fiança bancária). 
Escala/Escada Ponteana ou Tricotomia existência-validade-eficácia ou 
Planos do negócio jurídico: 
a) Existência: o que não existe não produz efeitos 
a.1) vontade 
a.2) agente 
a.3) objeto 
a.4) forma 
b) Validade: artigo 104 do CC 
b.1) vontade livre e consciente 
b.2) agente capaz 
b.3) objeto lícito, possível, determinado ou determinável 
b.4) forma prescrita ou não defesa em lei 
c) Eficácia: capacidade do negócio jurídico estar ou não produzindo efeitos. 
Excepcionalmente, um negócio jurídico inválido, anulável ou nulo poderá 
produzir efeitos e um válido não produzir. 
3) Classificação dos Negócios Jurídicos 
a) Quanto ao número de declarantes ou declarações de vontade podem ser: 
-Unilaterais: 1 declarante ou declaração de vontade (ex. testamento) 
- Bilaterais: 2 declarantes ou declarações de vontade (ex. contrato de compra 
e venda de uma casa) 
- Plurilaterais: + de 2 partes ou declarações de vontade (ex. sociedades -
contrato social, contrato de consórcio) 
 
b) Quanto às vantagens patrimoniais podem ser: 
- Gratuitos: apenas uma das partes obtém vantagens patrimoniais (ex. 
contrato de doação) 
- Onerosos: ambas as partes obtêm vantagens patrimoniais (ex. compra e 
venda de um carro) 
- Neutros: não possui uma acepção patrimonial (ex. bem de família 
convencional) 
- Bifrontes: a depender do caso concreto podem ser gratuitos ou onerosos 
(ex. contrato de depósito) 
c) quanto ao momento de produção dos efeitos: 
- “Inter vivos”: feito para produzir efeitos durante a vida de uma pessoa 
- “Causa mortis” ou “mortis causa”: feito para produzir efeitos após a vida 
de uma pessoa (ex. testamento, constituição de bem de família) 
4) Validade dos Negócios Jurídicos 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
a) Lícito: não contraria nem a lei nem a ordem publica nem os bons costumes 
b) Impossibilidade Jurídica: além do objeto ser ilícito, ele é impossível do 
ponto de vista material 
OBS: se o objeto for impossível e ilícito ele será nulo 
c) Determinável: ainda não está determinada, mas pode vir a sê-lo (ex. vender 
uma caneca branca) 
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela 
quantidade. 
d) Determinado: ex. vender a caneca branca que está no mostruário 
e) Forma prescrita ou não defesa em lei: possui forma livre 
5) Disposições Legais 
Art. 105. A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada 
pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, 
salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação 
comum. (ex. vender uma mesma bola pra 2 pessoas, uma capaz e outra 
relativamente capaz, e for emitida um pedido de anulação, afetará ambos, 
uma vez que a bola é indivisível, ao contrário de um caso em que o objeto 
seja dinheiro, pois é um bem divisível) 
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico 
se for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver 
subordinado. 
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública (instrumento) 
é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, 
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de 
valor superior a trinta vezes o maior salário-mínimo vigente no País. 
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem 
instrumento público, este é da substância do ato. 
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o 
autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. 
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e 
os usos do lugar de sua celebração. 
- Boa-fé objetiva/função interpretativa/proibição ao “venire contra contra 
factum proprium” 
§ 1º A interpretação do negócio jurídico deve lhe atribuir o sentido que: 
I - for confirmado pelo comportamento das partes posterior à celebração do 
negócio; 
II - corresponder aos usos, costumes e práticas do mercado relativas ao tipo 
de negócio; 
III - corresponder à boa-fé; 
IV - for mais benéfico à parte que não redigiu o dispositivo, se identificável; 
V - corresponder a qual seria a razoável negociação das partes sobre a questão 
discutida, inferida das demais disposições do negócio e da racionalidade 
econômica das partes, consideradas as informações disponíveis no momento 
de sua celebração. 
§ 2º As partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de 
preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas 
daquelas previstas em lei. 
- Autonomia privada 
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se 
estritamente. 
 
 
 
 
 
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito 
a reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela o destinatário 
tinha conhecimento. 
 
- Quando o destinatário não sabe da intenção/reserva mental, prevalece a 
manifestação de vontade. Entretanto, quando o destinatário tem 
conhecimento da reserva mental, existem 3 correntes de pensamento: 
 
há autores que interpretam 
como “restritivamente” e 
outros como sendo algo nem 
ampliativo nem restritivo 
ato de “abrir 
mão” de algo 
= Negócios jurídicos gratuitos 
(apenas uma vantagem contrai 
vantagens patrimoniais) = 
Liberalidade 
a) o negócio jurídico é inexistente: Gonçalves diz que não houve 
manifestação de vontade e por isso não teria um negócio jurídico 
b) o negócio jurídico é nulo em razão de simulação: Rosenvald diz que ambas 
as partes terão vontade, mas seriam falsas e por isso, uma simulação 
c) vai valer a reserva mental: corrente minoritária 
6) Elementos dos Negócios Jurídicos 
a) essenciais (“essentialia negotii”): tem que estar presente no negócio 
jurídico sob pena de inexistência ou invalidade 
 a.1) gerais: comum a todos 
a.2) específicos: varia de acordo com o tipo de negócio (ex. preço 
para uma relação de compra e venda) 
b) natural (“naturalia negotii”): normalmente se faz presente no negócio 
jurídico, mas pode não se fazer por vontade das partes – decorrem de normas 
supletivas 
c) acidentais (“accidentalia negotii”): não precisam de estar presente no 
negócio jurídico, mas uma vez presentes se tornam parte integrante desse 
negócio 
- Conceito: são elementos que se acrescentam (decorre da vontade) à figura 
típica dos negócio jurídicos objetivando alterar seus efeitos. 
c.1) Condição: é o evento futuro e incerto do qual depende a eficáciado negócio jurídico. 
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente 
da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro 
e incerto. 
- É possível que um negócio jurídico válido nunca produza efeitos 
c.2) Termo: evento futuro e certo, dia ou momento em que começa 
ou termina a eficácia do negócio jurídico 
- Eventualmente não se sabe quando que o evento irá acontecer, apenas que 
irá se concretizar (ex. morte) 
c.3) Encargo: determinação que, imposta pelo autor de uma 
liberalidade (NJ gratuito), a esta adere, restringindo-a. (ex. darei dinheiro para 
fulano para ele deixar o jardim florido) 
- É coercitivo 
- Caso não for cumprido, poderá ser sujeito a revogação ou obrigação de 
cumprimento (até o MP pode recorrer, no caso de bem coletivo) 
Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, 
salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, 
como condição suspensiva. 
Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se 
constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o 
negócio jurídico. (ex.) 
OBS 1: Negócio Jurídico puro e simples = sem elemento acidental 
OBS 2: o ato jurídico de sentido estrito não tolera elementos acidentais, uma 
vez que seus efeitos não decorrem da vontade, mas sim da lei. 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à 
ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas (ilícitas) se 
incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao 
puro arbítrio de uma das partes. 
 
6.1) CONDIÇÃO 
- Classificação das condições quanto sua origem: 
a) condições puramente potestativas: depende do puro arbítrio de uma das 
partes, são ilícitas 
b) casuais: depende do acaso 
c) simplesmente potestativas: depende do arbítrio e do acaso, são lícitas (ex. 
se fulano for a Roma eu darei um livro para ele) 
d) mista: depende da vontade de uma das partes e de um terceiro que não é 
parte do negócio jurídico, em princípio é lícita 
Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados: 
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas - 
não possuem condições materiais para tal 
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; 
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias. 
 
a) Condição suspensiva: suspende a aquisição do direito (enquanto não for 
implementada a condição, o direito não será suspensivo) 
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição 
suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a 
que ele visa. 
b) Condição resolutiva: coloca fim ao direito 
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará 
o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por 
ele estabelecido. 
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os 
efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução 
continuada ou periódica (ex. assinatura de revista), a sua realização, salvo 
disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde 
que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme aos 
ditames de boa-fé. 
- Os efeitos do implemento da condição resolutiva em se tratando de negócio 
jurídico de execução continuada ou periódica são salvo exceção, “ex nunc”, 
ou seja, não retroagem 
OBS: Na teoria ser juridicamente impossível ≠ ilícito 
 
 
 
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis, quando 
resolutivas, e as de não fazer coisa impossível. 
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo 
implemento for maliciosamente obstado (impedido) pela parte a quem 
desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição 
maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu 
implemento. 
- Forçar o implemento da condição (quando te beneficia) ou impedir que ela 
aconteça (quando não te beneficia) 
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob condição suspensiva, e, 
pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, 
realizada a condição, se com ela forem incompatíveis. 
(ex. eu prometi por condição suspensiva o carro para fulano se ele passar na 
faculdade, mas antes que isso pudesse se consumar, vendi meu carro para 
ciclano. Nesse contexto, fulano passou no vestibular e passou a ter direito sob 
o carro, portanto a venda dele para ciclano foi invalidada e o carro deverá ser 
devolvido). 
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou 
resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. 
- Mesmo com mera expectativa de direito 
6.2 TERMO 
a) “Incertus an incertus quando”: não sabe se vai ocorrer e nem quando – 
CONDIÇÃO (ex. se um dia fulano se formar em direito darei um carro para 
ele) 
além de ilícita não tem como 
ser verificada na prática 
 
b) “Incertus an certus quando”: não sabe se vai ocorrer, mas caso aconteça 
se sabe quando – CONDIÇÃO (ex. se dia 4 de novembro fulano passar no 
vestibular lhe darei um carro; se seu pai morrer até o fim do mês te darei mil 
reais) 
c) “Certus an incertus quando”: se sabe que vai ocorrer, mas não se sabe 
quando – TERMO INCERTO (ex. no dia que sua mãe morrer lhe darei um 
apartamento) 
d) “Certus an certus quando”: se sabe que vai ocorrer e quando – TERMO 
CERTO (ex. no fim do mês você receberá mil reais) 
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do 
direito. (se o termo é um evento certo, ela já o tem) 
 SUSPENDEM 
CONDIÇÃO SUSPENSIVA A própria aquisição do direito (Art. 
125 do CC) 
 
TERMO INICIAL 
Não suspende a própria aquisição do 
direito, apenas seu exercício (Art. 
131 do CC) 
 
 
 
ENCARGO 
Não suspende nem a aquisição do 
direito nem o seu exercício, com 
exceção de quando o encargo for 
expressamente imposto como 
condição suspensiva (Art. 136 do 
CC) – na dúvida = encargo 
 
OBS: TERMO ≠ PRAZO 
 
Termo inicial ou “dies a quo” Termo final ou “dies ad quem” 
 
-> COMO SÃO CONTADOS OS PRAZOS NO D. CIVIL? 
Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-
se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído o do vencimento. 
§ 1° Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o 
prazo até o seguinte dia útil. (atenção: prazo em dias é diferente de prazo em 
mês ou ano, mesmo que forem 30 ou 365 dias) 
§ 2° Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia. 
§ 3° Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, 
ou no imediato, se faltar exata correspondência. = dia seguinte 
§ 4° Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto. 
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde 
logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de 
tempo. 
Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições 
relativas à condição suspensiva e resolutiva. 
VÍCIOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICO 
1) Vício social: vontade com o objetivo de prejudicar terceiros 
a) fraude contra credores 
OBS: simulação passou a gerar invalidade por nulidade 
2) Vício do consentimento: desconformidade entre a vontade real e vontade 
manifestada 
a) erro 
b) dolo 
c) coação 
d) estado de perigo PRAZO: intervalo de 
tempo entre os termos 
inicial e final 
e) lesão 
ERRO 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de 
vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa 
de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio. 
- Pessoa de diligência normal = “homem médio” (erro desculpável ou 
indesculpável). Interpretado por 2 correntes: 
1) Escusabilidade: a pessoa de diligência normal que

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