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Apelação prática penal

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AO DOUTO JUÍZO DA 3° VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO GONÇALO - 
RIO DE JANEIRO. 
 
 
 
 
Processo n° xxx 
 
 
 
CARLOS, já qualificado nos autos em epígrafe, por intermédio de seu advogado, legalmente 
habilitado, através de instrumento probatório em anexo, nos autos da ação que move em face 
do Ministério Público, vem respeitosamente a presença de vossa excelência, tendo em vista a 
respeitável sentença de folhas n° xxx, interpor 
RECURSO DE APELAÇÃO 
com fundamento no artigo 593, inciso I, Código de Processo Penal, conforme razões em anexo. 
Outrossim, requer que seja o presente recurso recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo, 
intimando-se a parte contrária para, querendo, apresentar suas contrarrazões. 
 
Por fim, requer, conhecimento e provimento, bem como a remessa dos autos para o Egrégio 
Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro – RJ, para seu processamento e julgamento. 
 
Nestes termos, 
Pede deferimento, 
 
São Gonçalo - RJ 
23 de setembro de 2019 
 
Advogado 
OAB n° xxx 
 
 
 
RAZÕES RECURSAIS 
APELANTE: CARLOS 
APELADO: JUSTIÇA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO 
PROCESSO N°: XXX 
 
 
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO 
DO RIO DE JANEIRO 
COLENDA TURMA 
DOUTO PROCURADOR 
 
 
I – DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 
O apelante, após condenação pelos crimes tipificados nos artigos 302 e 303 da Lei 9.503/97, 
ambos em concurso material, teve sentença postulada em 4 anos e 9 meses, pena privativa de 
liberdade, sendo essa em regime fechado, para tanto, vem, perante vossa excelência, com 
pleno interesse e legitimidade recursal, conforme artigo 577, Código de Processo Penal, 
interpor apelação. 
Diante disso, o presente recurso torna-se cabível, vez que investe contra sentença 
condenatória prolatada pelo respeitável Juízo a quo nestes autos de ação criminal. 
 
II – DA TEMPESTIVIDADE 
A defesa de Carlos foi intimada em 18 de setembro de 2019, quarta-feira, portanto, o recurso 
é tempestivo, vez que o prazo para apelação é de 5 dias, a contar da data da sentença, 
conforme caput do artigo 593, Código de Processo Penal. 
Portanto, tempestivo o presente recurso. 
 
III – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA 
Requer ao apelante o benefício da justiça gratuita, admitindo a este a qualidade descrita no 
artigo 5, inciso LXXIV, da Constituição Federal de 1988, tendo em vista ser pobre no sentido 
legal, com isso, constata-se que o autor da apelação não possui condições de arcar com as 
custas processuais, podendo isto afetar o sustento próprio e de sua família. 
Artigo 5, Constituição Federal 
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e 
aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
LXXIV – o Estado prestará assistência jurídica 
integral e gratuita aos que comprovarem 
insuficiência de recursos. 
Portanto, a conta dos fundamentos apresentados, requer ao apelante, o benefício da justiça 
gratuita. 
 
IV – DOS FATOS 
Carlos, primário e de bons antecedentes, 45 anos, foi denunciado como incurso nas sanções 
penais dos artigos 302 da Lei nº 9.503/97, por duas vezes, e 303, do mesmo diploma legal, 
todos eles em concurso material, porque, de acordo com a denúncia, “no dia 08 de julho de 
2017, em São Gonçalo, Rio de Janeiro, na direção de veículo automotor, com imprudência 
em razão do excesso de velocidade, colidiu com o veículo em que estavam Júlio e Mário, este 
com 9 anos, causando lesões que foram a causa eficiente da morte de ambos”. Consta, ainda, 
da inicial acusatória que, “em decorrência da mesma colisão, ficou lesionado Pedro, que 
passava pelo local com sua bicicleta e foi atingido pelo veículo em alta velocidade de 
Carlos”. 
Carlos negou estar em excesso de velocidade, esclarecendo que perdeu o controle do carro 
em razão de um buraco existente na pista. Foi acostado exame pericial realizado nos 
automóveis e no local, concluindo que, realmente, não houve excesso de velocidade por parte 
de Carlos e que havia o buraco mencionado na pista. O exame pericial, todavia, apontou que 
possivelmente haveria imperícia de Carlos na condução do automóvel, o que poderia ter 
contribuído para o resultado. 
Após manifestação das partes, o juiz em atuação perante a 3ª Vara Criminal da Comarca de 
São Gonçalo/RJ, em 10 de julho de 2019, julgou totalmente procedente a pretensão punitiva 
do Estado e, apesar de afastar o excesso de velocidade, afirmou ser necessária a condenação 
de Carlos em razão da imperícia do réu, conforme mencionado no exame pericial 
 
V – DO DIREITO 
V.I - DAS PRELIMINARES 
a) DA PRELIMINAR DE EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE 
O citado crime de lesão corporal de natureza culposa ocorreu no dia 08 de junho de 2017, 
onde este foi causado a Pedro, ocorre que o ofendido nunca compareceu em sede policial para 
narrar o ocorrido, ultrapassando assim o prazo de 6 meses que é estipulado a representação 
nos moldes do artigo 103, do Código Penal e artigo 38 do Código de Processo Penal, o que 
faz com que este sofra a perda do direito a representação. Neste caso, é evidente a figura 
decadencial, pois ultrapassou o prazo legal para representação. 
Portanto, havendo decadência do direito a representação, é gerada a extinção de punibilidade 
do agente, conforme artigo 107, inciso IV, Código Penal. 
 
b) DA PRELIMINIAR DE NULIDADE 
Conforme informações expostas nos autos do processo, não houve representação por parte de 
Pedro, o que vai contra o disposto no artigo 291, parágrafo 1°, do Código de Trânsito 
Brasileiro, bem como, no que dispõe o artigo 88, da Lei 9.099/95, aduzindo esta que a lesão 
corporal culposa dependerá de representação, o que impossibilita o prosseguimento da ação 
penal pública condicionada, regida pelo artigo 100, parágrafo 2, Código Penal. 
Artigo 88, Lei 9.099/95. 
Além das hipóteses do Código Penal e da 
legislação especial, dependerá de representação a 
ação penal relativa aos crimes de lesões corporais 
leves e lesões culposas. 
Portanto, destaca-se a ilegitimidade do Ministério Público para a propositura da presente ação 
penal, tendo em vista a inexistência de manifestação do ofendido. Dessa forma, requer a 
nulidade dos resultados referentes a lesão corporal culposa, com base no artigo 563, inciso II, 
Código de Processo Penal. 
 
V.II - DO MÉRITO 
a) DA ATIPICIDADE DO FATO 
Como descreve nos autos do processo, Carlos foi denunciado e condenado com incurso nas 
sanções penais do artigo 302, da Lei n° 9.503/97, por duas vezes, de acordo com a denúncia, 
no dia 08 de julho de 2017, na direção de veículo automotor, com imprudência em razão de 
alta velocidade, colidiu com veículo em que estavam Júlio e Mario, causando lesões que 
foram a causa eficiente da morte de ambos. 
Porém, Carlos negou que estava em alta velocidade, apontou ainda que havia um buraco na 
pista, com isso, foi acostado exame pericial realizado nos automóveis e no local, onde foi 
confirmado que não houve excesso de velocidade por parte de Carlos, e que realmente existia 
o referido buraco na via. Contudo, o exame pericial teve laudo inconclusivo, declarando que 
possivelmente haveria imperícia de Carlos, o que deixou dúvida quanto à existência desta. 
Desse modo, cabe a este caso a aplicação do princípio do in dubio pro reo, que prevê o 
benefício da dúvida em favor do réu, isto é, em caso de dúvida razoável quanto a 
culpabilidade do acusado, haverá a presunção de inocência, vez que a culpa deve estar 
plenamente comprovada, o que torna o fato atípico diante das informações que compõem o 
exame pericial. 
Assim, requer a vossa excelência, a absolvição sumária do apelante, conforme artigo 397, 
inciso III, do Código de Processo Penal. 
 
b) DO AFASTAMENTO DA AGRAVANTE EM RAZÃO DA IDADE 
A vista dos fatos, o apelante é acusado de praticar o crime previsto no artigo 302, do Códigode Trânsito Brasileiro, sendo este o homicídio culposo na direção de veículo automotor, foi 
aplicada ainda a agravante de pena disposta no artigo 61, inciso II, alínea H, do Código Penal, 
que trata dos crimes praticados contra criança, em razão da morte de Mario, que tinha 9 anos. 
Cabe observar que as agravantes do artigo 61, inciso II, Código Penal apenas são aplicadas 
aos crimes dolosos, pois os resultados dos crimes culposos são involuntários, o que 
impossibilita atribuir ao apelante, tal agravante de pena, quando este se quer, sabia da 
existência de criança no interior do veículo. 
Portanto, requer a vossa excelência o afastamento da presente agravante descrita no artigo 61, 
inciso III, alínea H, do Código Penal. 
 
c) DO AFASTAMENTO DO CONCURSO MATERIAL E APLICAÇÃO DO CONCURSO 
FORMAL 
Conforme dispõe o caso, a peça acusatória promove denúncia ao crime tipificado no artigo 
302, Código de Trânsito Brasileiro, sendo ambos em concurso material, porém, como 
também contas nos autos do processo, o apelante havia colidido com veículo automotor, o 
que causou a morte de duas pessoas, aduzindo que esta única ação provocou os mencionados 
resultados. Diante disso, é importante ressaltar que apenas haverá concurso material, quando 
o agente executar mais de uma ação ou omissão, podendo resultar em dois ou mais crimes. 
Dessa forma, fica clara a necessidade de afastamento do concurso material, e aplicação do 
concurso formal, que tem total aplicabilidade ao caso, conforme artigo 70, Código Penal, 
onde disciplina que haverá concurso formal, quando o agente, mediante uma ação ou 
omissão, executar dois ou mais crimes. 
Artigo 70, Código Penal 
Quando o agente, mediante uma só ação ou 
omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos 
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas 
cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até 
metade. As penas aplicam-se, entretanto, 
cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa 
e os crimes concorrentes resultam de desígnios 
autônomos, consoante o disposto no artigo 
anterior. 
Dessa forma, requer a vossa excelência, que afaste o concurso material e que aplique no dado 
caso, concurso formal. 
 
d) DO AFASTAMENTO DO REGIME FECHADO 
O Juízo a quo aplicou a Carlos a pena de 4 anos e 9 meses em regime fechado, sendo o 
apelante réu primário e acusado de crimes na modalidade culposa. Visto isso, a que se atentar 
na inobservância de tal juízo ao artigo 44, incisos I e II, do Código Penal, que trata das penas 
restritivas de direito, onde o texto aponta respectivamente, que para os crimes culposos e 
quando o réu não for reincidente em crime doloso, este terá pena restritiva de direitos. 
Portando, presentes os requisitos necessários do artigo 44, incisos I e II, do Código penal, 
requer a vossa excelência, a conversão da pena privativa de liberdade em pena restritiva de 
direitos. 
 
VI – DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer, respeitosamente à esta Colenda Câmara Criminal, que seja recebido, 
autuada e processada o presente recurso de apelação, bem como apreciada as razões, para que 
seja conhecido e ao final, provido o presente apelo, reformando a sentença prolatada pelo 
Juízo a quo, em favor do apelante CARLOS, para absolvê-lo das imputações nas quais fora 
condenado. 
 
Nestes termos, 
Pede e aguarda deferimento, 
 
São Gonçalo - Rio de Janeiro 
23 de setembro de 2019 
 
Advogado 
OAB n° xxx

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