Buscar

29 Defesa Previa de ato infracional equiparado ao delito de receptação

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DE INFÂNCIA E JUVENTUDE DA COMARCA DE XXXXXXXX/XX. 
 G S G N, já qualificado nos autos em epígrafe, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, pela D P, apresentar DEFESA PRÉVIA.
O adolescente está sendo representado pelo suposto cometimento do ato infracional equiparado ao crime previsto no artigo 180, caput, do Código Penal.
A representação deve ser julgada improcedente.
I) DA VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NO ARTIGO 45 § 2º DA LEI Nº 12.594 DE 2012 (SINASE)
Verifica-se ter o adolescente sido responsabilizado ao cumprimento de medida socioeducativa de internação em decorrência de fatos supostamente praticados posteriormente àqueles ensejadores do presente processo.
Embora o parágrafo 2°, do artigo 45 do SINASE determine a vedação de aplicação de nova medida de internação “por atos infracionais praticados anteriormente, a adolescente que já tenha concluído cumprimento de medida socioeducativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido para cumprimento de medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos por aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema”, devemos entender por meio de uma interpretação sistemática é que esta vedação se refere à prática de ato infracional cometido antes do início da execução a que se encontra submetido o adolescente , situação está realmente presente no caso dos autos.
Nesse sentido é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça constante no HC 274.565-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 12/05/2015, Dje 21/05/2015, senão vejamos:
HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO EM SUBSTITUIÇÃO AO RECURSO CABÍVEL. UTILIZAÇÃO INDEVIDA DO REMÉDIO CONSTITUCIONAL. NÃO CONHECIMENTO. 1. A via eleita se revela inadequada para a insurgência do impetrante contra o ato apontado como coator, pois o ordenamento jurídicoprevê recurso específico para tal fim, circunstância que impede o seu formal conhecimento. Precedentes. 2. O alegado constrangimento ilegal será analisado para a verificação da eventual possibilidade de atuação ex officio, nos termos do artigo 654, § 2.º, do Código de Processo Penal. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. UNIFICAÇÃO DE MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS. ART. 45, § 2.º, DA LEI N.º 12.594/2012 (LEI DO SINASE). ATO INFRACIONAL PRATICADO ANTES DO INÍCIO DE EXECUÇÃO DE MEDIDA ANTERIORMENTE IMPOSTA. ABSORÇÃO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. HABEAS CORPUS CONCEDIDO DE OFÍCIO. 1. O termo "anteriormente" contido no § 2.º do art. 45 da Lei n.º 12.594/2012 refere-se ao início da execução, não à data da prática do ato infracional que originou a medida extrema primeiramente imposta. 2. O retorno do adolescente à internação após demonstrar que está em recuperação - apresentou méritos para progredir para medida em meio aberto - significaria um retrocesso em seu processo de ressocialização. 3. Deve-se ter em mente que, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente, em relação ao menor em conflito com a lei não existe pretensão punitiva, mas educativa, considerando-se a "condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento" (art. 6.º da Lei n.º 8.069/90), sujeitos à proteção integral (art. 1.º do ECA). 4. Writ não conhecido. Habeas corpus concedido de ofício para determinar que a unificação das medidas aplicadas nos Procedimentos n.º 0033801-58.2009.8.19.0042 e n.º 0175907-64.2012.8.19.0001, seja realizada nos termos do art. 45, § 2.º, da Lei n.º 12.594/2012. (STJ, Relator: Ministro JORGE MUSSI, Data de Julgamento: 12/05/2015, T5 - QUINTA TURMA).
Sendo assim, necessária a extinção do presente processo em razão da falta de justa causa e interesse processual superveniente, com fundamento no artigo 45, § 2º do SINASE, que expressamente prevê a ABSORÇÃO dos atos anteriores. 
Com efeito, o caso se amolda à hipótese prevista no artigo 45, §2º da Lei 12.594/12, responsável pela instituição do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), o qual veda expressamente a aplicação de medida de internação a atos infracionais praticados anteriormente ao adolescente que tenha sido aplicada a medida socioeducativa de internação.
Desta forma, constatado que o início da execução da medida de internação do adolescente é posterior aos fatos ensejadores do presente processo de apuração de ato infracional, não há razão para prosseguir o presente feito, já que o adolescente foi responsabilizado à medida extrema de internação.
Cumpre salientar a expressa previsão no artigo 45, §2º do SINASE, no sentido de os ATOS ANTERIORES FICAREM ABSORVIDOS por aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema. Assim, por expressa determinação legal as medidas socioeducativas eventualmente aplicadas no presente processo serão absorvidas por internação posterior, ou seja, IMPOSITIVA A EXTINÇÃO DO PRESENTE PROCESSO.
II) DA AUSÊNCIA DE ATUALIDADE E PROPORCIONALIDADE
Ademais, não podemos perder de vista que as medidas socioeducativas devem ser norteadas pelo princípio da atualidade e proporcionalidade, ou seja, devem levar em conta as atuais circunstâncias e condições de desenvolvimento do adolescente, conforme se extra da leitura do Estatuto:
“Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários. 
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das medidas: VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o adolescente se encontram no momento em que a decisão é tomada”.
O fato apontado em desfavor do representado supostamente ocorreu há muito tempo.
Certamente, demonstra-se totalmente inoportuna a aplicação de qualquer medida socioeducativa, pois o representado sequer irá entender o motivo desta, após a prática do ato, em tese, típico.
A adolescência é uma fase que tem por traço a transgressão, e na qual as transformações se operam rapidamente, inclusive no sentido da normalização da conduta do adolescente. 
Os acontecimentos da adolescência desenham um quadro propício à emergência de comportamentos transgressores. Osório, psicanalista renomado, explica melhor:
“Entendemos a conduta impulsiva típica do adolescente como vinculada intrinsecamente a vicissitudes de sua crise de identidade. Como sabemos, o processo ‘provoca uma situação de caos intrapsíquico, transitório e reversível, mas que marca indelevelmente o comportamento do indivíduo nesta fase do desenvolvimento. De um lado o pressionam as pulsões instintivas exacerbadas e, de outro lado, as exigências familiares quanto a um novo e desconhecido posicionamento social, sem que ele conte ainda com um equipamento cognoscitivo e um patrimônio afetivo capaz de ajudá-lo a absorver efetivamente essa dupla tempestade endo e exopsíquica que o atormenta. O adolescente, então atua. E, atuando, delinqüe”. [footnoteRef:1] [1: FRASSETO, Flávio Américo. Esboço de roteiro para a aplicação de medida socioeducativa. Disponível no endereço eletrônico http://www.abmp.org.br/sitestemplates/_engine.php3?aut=1&user=frasseto&cod_usu=382. Consultado no dia 17.09.2007 às 17:00 horas.] 
Portanto, partindo-se da constatação de que são realidades sociais distintas as condutas criminosas praticadas por adolescentes e por adultos foi que se decidiu erigir sistemas legais diferenciados de responsabilização para pessoas em diferentes fases da vida. 
E, de fato, o ato infracional cometido na adolescência é substancialmente distinto de crime cometido na maturidade. Este é o conteúdo da peculiar condição do adolescente como pessoa em desenvolvimento, por isso, o processo socioeducativo demasiadamente atrasado, encontra adolescente ou, até jovem-adulto, como é o caso dos autos, diverso daquele ao qual se imputou a prática do ato infracional, vivendo em contexto completamente diferente.
Daí dizer que a contemporaneidade entre o fato e a medida é requisito essencial para que o processo socioeducativo faça sentido. 
O mais adequado é que a decisão seja proporcionalao necessário no momento em que é tomada, porém, também deve ser levado em consideração o momento em que é executada.
Assim, em razão do dinamismo que prepondera em relação às medidas protetivas e medidas socioeducativas, se a medida for executada contemporaneamente à sua aplicação, o magistrado levará em consideração o contexto existente neste momento. Porém, levando-se em consideração a essência da atualidade, tem-se também que, se a medida for executada em intervalo de tempo muito posterior, logo devem ser levadas em consideração todas as variantes e o novo quadro existente. O que importa, na verdade, é que a medida seja ADEQUADA E PROPORCIONAL AO MOMENTO ATUAL, ou seja, àquele em que será cumprida!
Tal direcionamento legal decorre da necessidade de que a decisão a ser tomada pelo magistrado na escolha da melhor medida socioeducativa a ser aplicada deve levar em conta outros fatores, como a realidade social, familiar, econômica, cultural, daquele determinado indivíduo em desenvolvimento, atentando-se para a excepcionalidade da segregação de sua liberdade. 
É que a medida socioeducativa deve ser norteada pelo princípio da atualidade e da proporcionalidade, ou seja, deve levar em conta as atuais circunstâncias e condições de desenvolvimento do adolescente.
Esse princípio originariamente é previsto no ECA para as medidas protetivas e medidas socioeducativas (art. 99, 100 e 113). Porém, a doutrina é unânime no sentido de que os princípios indicados no art. 100 se aplicam a todo o Direito da Criança e do Adolescente, compondo um Sistema de Princípios derivados da Proteção Integral.
Os fatos supostamente ocorreram há muito tempo. Assim, a medida socioeducativa eventualmente aplicada se despiria de qualquer elemento extrapunitivo e funcionaria, apenas, como vingança estatal em face do representado. 
Assim, verifica-se totalmente desproporcional a aplicação de qualquer medida socioeducativa, em especial porque fere o princípio da atualidade.
III) DA MAIORIDADE PENAL
Ainda, verifica-se o representado ter atingido a maioridade penal. Diante desse cenário não se justifica a aplicação de medida socioeducativa a ele, sendo certo que os objetivos preconizados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente não serão mais atingidos.
Isto porque as medidas estabelecidas no referido Estatuto têm caráter pedagógico, motivo pelo qual perde a medida socioeducativa a sua razão de ser com o decurso do tempo.
Ante a maioridade penal do representado, eventual medida socioeducativa aplicada ao jovem se mostrará inútil pela perda do caráter pedagógico.
Nesse sentido, a regra do parágrafo único do artigo 2º, que permite a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente às pessoas entre 18 e 21 anos de idade, refere-se aos casos expressos em lei. 
Tais exceções referem-se apenas à internação ou hipóteses em que a peculiaridade do caso justifique a aplicação da medida para pessoa que atingiu os dezoito anos. Contudo, o caso em tela não constitui qualquer das exceções previstas em lei. 
Ademais, a medida socioeducativa não atingirá sua finalidade, vez que presta à suposta “ressocialização” do adolescente a fim de prepará-lo para idade adulta. 
IV) DOS PEDIDOS
Ante o exposto requer-se:
1. A extinção do processo em relação ao representado, em razão de ter sido responsabilizado ao cumprimento de medida socioeducativa de internação em decorrência de fatos supostamente praticados posteriormente àqueles ensejadores do presente processo, com fundamento no artigo 45, § 2º do SINASE, que expressamente prevê a ABSORÇÃO dos atos anteriores; ou
2. Caso assim não entenda Vossa Excelência, requer-se a improcedência da ação socioeducativa por ferir o princípio da atualidade/proporcionalidade; ou
3. A extinção do processo tendo em vista ter atingido dezoito anos, não havendo previsão legal expressa para a aplicação de medida socioeducativa a quem tenha completado tal idade que se enquadre no caso em tela; ou ainda
4. Subsidiariamente, caso não sejam estes os entendimentos de Vossa Excelência, quanto à audiência designada, requer-se a oitiva das testemunhas arroladas pela acusação, protestando por eventual substituição. 
“Município”, 15 de abril de 2021.
“ADVOGADO”
OAB/XX – XXX.XXX
Página 1 de 1

Continue navegando