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CLOSTRIDIOSES São toxoinfecções nos animais causadas por bactérias anaeróbicas do gênero clostridium Afeta diversos sistemas de produção, solo, ar, agua, alimentos e trato gastrointestinal. Esporos resistentes a agentes físicos e desinfetantes (fica anos no solo). Invasão tecidual e produção de toxinas. Ingestão, lesões ou inalação, micro organismos oportunistas. · Etiologia Clostridium spp. Bacilo reto, lados paralelos, extremidades arredondadas, não encapsuladas, Gram +, anaeróbico e móvel (exceto C. Perfringens), esporulado (resistente ao meio ambiente [esporos ovais, subterminais, mais largo que o corpo bacilar, presentes no solo]) Produzem toxinas responsáveis pela patogenia da doença TRES TIPOS: Gangrena gasosa (carbúnculo sintomático e edema maligno), enterotoxemias e doenças neuropáticas (tétano e botulismo) CARBÚNCULO SINTOMÁTICO Doença infecto contagiosa aguda caracterizada por inflamação dos músculos (miosite hemorrágica grave), toxemia e alta mortalidade, associada a traumatismo muscular. · Etiologia Clostridium chauvoei Bacilo Gram +, anaeróbico, forma esporos. · Epidemiologia Ocorrencia mundial, todas as regiões do Brasil, predominante em bovinos entre 6 meses e 2 anos de idade, bem nutridos. Morbidade de 5-25% e mortalidade de 100%, atinge principalmente membros posteriores na forma básica, forma visceral atinge órgãos. · Patogenia Ingestão de esporos – penetração pele, mucosa oral, intestinal Atinge os vasos linfáticos e sanguíneos – fígado e músculos Esporos germinam em condições de anaerobiose – traumatismos. Produção de toxinas – alfa e hialuronidase: mionecrose Fermentação do glicogênio: produção de gases. Ingestão dos esporos tropismo para o tecido muscular germinação de esporos presentes na musculatura produção de toxinas necrose do tecido muscular. · Sinais clínicos Febre, depressão, anorexia, estase ruminal completa, taquicardia e taquipneia, claudicação. Área afetada encontra-se edematosa, crepitante e dolorida, morte em 12-36 horas. · Patologia Miosite hemorrágica com presença de gás, lesões no coração, língua e diafragma, liquido serosanguinolento nos orifícios e cavidades, tecido edematoso, escurecido com odor rançoso, liquido sanguinolento nas cavidades, fino, contendo bolhas de gás. · Diagnóstico Sinais clínicos e achados de necropsia, isolamento e caracterização do M.O. (pedaços de tecido lesados, ossos longos) (imunofluorescência direta e cultura microbiológica. · Diagnóstico diferencial Edema maligno, hemoglobinúria bacilar, antraz, queda de raio, outras causas de morte súbita. · Tratamento Diagnóstico precoce = prognostico favorável. Penicilina G 20,000 UI/kg pv de procaína ou 10,000 UI/kg pv de benzatínica Ampicilina 10 mg/kg de peso vivo no intervalo de 12 horas Tetraciclina e cloranfenicol Limpeza do local com agua oxigenada nas lesões · Controle e profilaxia Vacinação, revacinar anualmente, usar seringas e equipamentos limpos. EDEMA MALIGNO Gangrena gasosa, infecção aguda de ferimentos caracterizada por celulite e edema gelatinoso. · Etiologia C. perfringens, C. septicum, C. sordelli, C, novyi, C. chauvoei · Epidemiologia Distribuição mundial, casos esporádicos devido a ferimentos, surtos ocorrem após traumatismo coletivo (vacinações ou injeções, tosquias, castrações, caudectomia, parto) · Sinais clínicos Febre, anorexia, depressão, claudicação, inchaço, edema, crepitação, mortalidade elevada 24-48h. · Patogenia Penetração via ferimentos (anaerobiose), produção de toxinas-alfa (hemolítica, necrozante e letal) hialuronidade, celulite (edema gelatinoso com produção de gás) · Patologia Gangrena na pele, edema hemorrágico no tecido, subcutâneo e entre os músculos, liquido serosanguinolento nas cavidades. · Diagnostico Sinais clínicos e lesões patológicas (ferimentos recentes), isolamento de M.O. em cultura (lesões, sangue do coração), inoculação em animais de laboratório, imunofluorescencia (raspagem das feridas) · Tratamento Penicilina em altas doses, excisão do local e limpeza com agua oxigenada. · Controle e profilaxia Vacinação, revacinar anualmente, usar seringas e equipamento limpos. ENTEROTOXEMIA Enterotoxemias agudas causadas por clostridium spp. · Etiologia C. perfringens tipo C (enterite necrótica hemorrágica e enterotoxemia) C. sordelli (enterotoxemias) C. perfringens tipo B (disenteria em cordeiros, terneiros e potros) · Epidemiologia Distribuição mundial (crescente no brasil), fatores predisponentes como alterações alimentares, vacinações e vermifugações, atinge principalmente animais entre 1,5 – 3 anos, vigorosos, cordeiros de 3-10 semanas, atinge bovinos, ovinos, caprinos, suínos e equinos. Morbidade baixa (10%) e mortalidade alta (100%) · Patogenia Proliferação das bactérias no intestino (habitante normal), toxinas são produzidas quando ocorre alterações intestinais devido alimentos, lesões nas mucosas e parasitas, toxina épsilon (altera permeabilidade sanguínea) · Sinais clínicos Anorexia, estase ruminal, diarreia hemorrágica, opistotomo, movimentos de pedalagem, convulsões, coma e morte entre 12-72horas. · Patologia Avermelhamento do intestino delgado, mucosa hiperemica, conteúdo de aspecto aquoso e cor vermelha, lesões semelhantes no abomaso, enterite hemorrágica, ulceras na mucosa do intestino, exsudato seroso no peritônio, pleura e pericárdio. · Diagnostico Clinico e achados patológicos (animais bem alimentados, diminuição movimentos intestinais), detecção da toxina no conteúdo do intestino e fluido das cavidades. · Controle e profilaxia Vacinação, controle da alimentação (15-20 dias) DOENÇA DO RIM POLPOSO Toxemia aguda caracterizada por diarreia, convulsões e morte súbita · Etiologia C. perfringens tipo D · Epidemiologia Comensal do TGI de bovinos e ovinos (pouco frequente no RS), ocorre com mais frequência em cordeiros entre 3-10 semanas (bem alimentados), fatores predisponentes: troca de alimentação, excesso na digestão do leite. · Patogenia Diminuição do fluxo do conteúdo intestinal (proliferação do agente), produção da toxina (necessita tripsina ou quimiotripsina para ativação), toxina aumenta a permeabilidade da mucosa intestinal e dos vasos sanguíneos, fluxo de liquido para o intestino causando diarreia, aumento dos níveis de glicose no sangue e urina. · Sinais clínicos Diarreia, anorexia, depressão, opistotomo, movimentos de pedalagem, coma, morte rápida (2-36horas), podem ocorrer mortes súbitas. · Patologia Avermelhamento de segmentos do intestino (enterite hemorrágica segmentar), rins amolecidos, consistência diminuída (polposo), presença de liquido no pericárdio e hemorragias nas serosas, fígado enegrecido e congesto, congestão do abomaso e do intestino, edema cerebral (compressão do cérebro) · Diagnóstico Sinais clínicos e patológicos, determinação da presença da toxina no conteúdo intestinal (inoculação em camundongos ou ELISA de captura) · Controle e profilaxia Durante o surto: alterar a alimentação, vacinação imediata dos animais, revacinar após 3 semanas, vacinar ovelhas a cada 6 meses (uma dose aos 3 meses de gestação), vacinar os cordeiros entre 4 – 8 semanas de idade. HEMOGLOBINURIA BACILAR Doença infecciosa de bovinos que ocorre principalmente em zonas úmidas e alagadiças. · Etiologia Clostridium haemolyticum (C. novyi tipo D) · Epidemiologia Distribuição mundial, atinge principalmente bovinos (ocasionalmente ovinos), no RS e SC ocorre em áreas baixas sujeitas a inundações, ocorre principalmente no verão e outono · Patogenia Infecção via oral (alimentos contaminados), fatores predisponentes: lesões hepáticas (fascíola) e anaerobiose, toxina B: lecitinas necrosante e hemolítica, bacteremia (hemólise, lesões no endotélio, extravasamento de sangue e plasma. · Sinais clínicos Anorexia, depressão, dificuldade de locomoção, tremores musculares, urina de cor escura, fezes com sangue, morte em 12-24horas ou na ausência de sinais clínicos. · Patologia Tecido subcutâneo com edema gelatinoso, petéquias e hemorragias difusas, icterícia, liquido serosanguinolento nas cavidades, hemorragias generalizadasem todas as serosas, fígado aumentado, amarelo, com focos necróticos, fétidos, acinzentados, rodeadas por uma zona hiperêmica, vesícula biliar aumentada e hemorrágica, urina vermelho escuro, esplenomegalia, conteúdo intestinal hemorrágico. · Diagnostico Dados epidemiológicos, sinais clínicos e lesões patológicos, esfregaço do fígado (imunofluorescencia direta), isolamento do C. haemolyticum é dificil · Tratamento Penicilina ou tetraciclina em altas doses no inicio da doença · Controle e profilaxia Vacinação 4 -5 meses antes da possibilidade de surtos, áreas endêmicas revacinar anual animais acima de 6 meses. TETANO Doença infecciosa não contagiosa, altamente fatal, comum a todos os mamíferos, caracterizada por uma exaltação da excitabilidade reflexa, contraturas da musculatura estriada, parada respiratória e morte. · Etiologia Clostridium tetani Anaeróbica, Gram +, formadora de esporos, encontrada no solo e no TGI · Epidemiologia Distribuição mundial, preferencialmente regiões quentes, esporádica (equino são mais sensíveis, bovinos menos), surtos: produção intestinal ou ingestão da toxina, bovinos: letalidade em jovens acima de 80% e adultos tem alta taxa de recuperação, equinos: acima de 50%, contaminação: umbigo mal curado, práticas de manejo (castração, amputação de cauda, brincos e vacinações) e ferimentos no geral · Patogenia Tetanolisina: hemolisina (necrose tecidual, antifagocitária). Tetanoespasmina: neurotoxina (sinais clínicos). Toxina não espasmogenica (ação paralitica periférica) · Sinais clínicos Aumento generalizado da rigidez muscular, tremores, convulsões, trismo, cólicas intratáveis (equinos), timpanismo (bovinos), prolapso de terceira pálpebra, constipação e retenção urinaria, sudorese intensa, febre, extensã da cabeça e pescoço, enrijecimento dos músculos dos membros (posição de cavalete), andar rígido, decúbito, morte por asfixia entre 5-10 dias. Formas clinicas: tétano ascendente: toxina atinge a medula via nervos periféricos. Tetano descendente: toxina absorvida pelos vasos, atinge primeiramente os músculos da cabeça, pescoço, tronco e membros · Patologia Não ocorrem lesões características · Diagnóstico Exame clinico e dados epidemio, exames de ferimentos e identificação do agente através de cultura ou IF Diagnostico diferencial: Envenenamento por estricnina, tetania hipocalcemica, hipomagnesemia, enterotoxemia dos cordeiros, poliencefalomaladia, laminite aguda · Tratamento Antissepsia de ferimentos e administração de toxina antitetânica ( 3 doses de 300,000 UI a cada 12 horas 1,000 a 5,000 UI/kg. Penicilina G procaína 22.000 UI/kg 2 x dia. Sedação do animal em local tranquilo (clorpromazina 0,4mg/kg de pv. · Controle e profilaxia Vacinação dos animais em áreas enzooticas. BOTULISMO Toxinfecção causada pela ingestão de alimentos contaminados com a toxina C. botulinicum (doença da vaca caída) · Etiologia C. botulinicum tipos C e D (bovinos, equinos e ovinos) C. botulinicum tipos A, B, E e F (humanos) C. botulinicum tipo C (aves domesticas e silvestres) · Epidemiologia Ocorrência mundial, esporo presente no solo, TGI, ocorrência sazonal, fatores predisponentes: carência de fosforo na alimentação, induz a osteofagia/necrofagia: mais evidente em vacas gestantes/lactantes · Patogenia · Sinais Clínicos 1-17 dias após a ingestão Superagudo (menos 24 horas) Agudo (1-2 dias) subagudo (3-7 dias) ou crônico (7 dias a 1 mês) depende da dose da toxina. Paralisia dos músculos faciais, da mastigação e deglutição, paralisia dos musuclos locomotores (decúbito de esterno ou abdominal), ausência de febre, psiquismo normal, paralisia flácida e morte. · Patologia Não há lesões características (pedaços de osso no rumem) · Diagnostico Dados epidemio e sinais clínicos, inoculação em camundongos, ELISA, soroproteção (fragmentos do fígado, soro sanguíneo, conteúdo ruminal, intestino delgado, cérebro resfriado ou congelado, órgãos no formol · Diagnostico diferencial Raiva, listeriose, encefalite por IBR tipo-5, intoxicação por cloreto de sódio ou chumbo e poliencefalomalacia. · Controle e profilaxia Mineralização adequada, eliminação de carcaça, vacinação
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