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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS E CLIMÁTICAS BACHARELADO EM METEOROLOGIA AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO ENOS NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MORFOLÓGICAS DAS LINHAS DE INSTABILIDADE NA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA ORIENTANDO: LORENA MARTINA TRINDADE DE LIMA ORIENTADOR: WEBER ANDRADE GONÇALVES NATAL -RN DEZEMBRO – 2018 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO ENOS NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MORFOLÓGICAS DAS LINHAS DE INSTABILIDADE NA REGIÃO AMAZÔNICA BRASILEIRA LORENA MARTINA TRINDADE DE LIMA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Graduação em Meteorologia, do Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos à obtenção do Título de Bacharel em Meteorologia. Orientador: Weber Andrade Gonçalves Natal Dezembro de 2018 Lima, Lorena Martina Trindade de. Avaliação da influência do ENOS nas características físicas e morfológicas das linhas de instabilidade na região amazônica brasileira / Lorena Martina Trindade de Lima. - 2018. 54f.: il. Monografia (Bacharelado em Meteorologia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Exatas e da Terra, Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas. Natal, 2018. Orientador: Weber Andrade Gonçalves. 1. Meteorologia - Monografia. 2. Oceanic Niño Index - Monografia. 3. Sistemas convectivos de mesoescala - Monografia. 4. Oceano-Atmosfera - Monografia. 5. Precipitação - Monografia. I. Gonçalves, Weber Andrade. II. Título. RN/UF/CCET CDU 551.5 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET Elaborado por Joseneide Ferreira Dantas - CRB-15/324 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA BACHARELADO EM METEOROLOGIA A Monografia “Avaliação da Influência do ENOS nas Características Físicas e Morfológicas das Linhas de Instabilidade na Região Amazônica Brasileira” Elaborada por (Lorena Martina Trindade de Lima) e aprovado por todos os membros da Banca Examinadora foi aceito pelo Colegiado do Curso de Meteorologia e homologada pelos membros da banca, como requisito parcial à obtenção do título de BACHAREL EM METEOROLOGIA Natal, 11 de dezembro de 2018 BANCA EXAMINADORA Profº Doutor Weber Andrade Gonçalves – Orientador (Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas- DCAC/UFRN) Profº Doutor Cláudio Moisés Santos e Silva (Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas- DCAC/UFRN) Profº Doutor David Mendes (Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas- DCAC/UFRN) Dedico esse trabalho aos meus pais, irmão e avós. AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, Maria Edna Trindade de Lima e Luis Eduardo Pinheiro de Lima, ao meu irmão Luis Gustavo Trindade de Lima, e aos meus avós, em especial para Juraci Pinheiro de Lima pelo carinho, incentivo e suporte durante essa jornada. Aos meus primos Adson Pinheiro Borges Câmara, Marina Amanda Câmara Pinheiro e Vinícius Pinheiro Torres de Carvalho, e aos meus tios por me apoiarem e se fazerem presentes durante minha jornada acadêmica. À Beatriz Rabelo, Lillian Damasceno, Raissa Monteiro, por serem pessoas incríveis, compreensivas e fundamentais nessa conquista. Aos meus companheiros de curso, e amigos meus sinceros agradecimentos pelo apoio e carinho. Ao professor Weber Andrade Gonçalves, pela orientação e apoio na elaboração deste trabalho. Aos professores do Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas, pela dedicação e contribuição no meu processo de formação intelectual e profissional. “What a funny planet! he thought. It’s all dry, and all pointed, and all salty. And the people have no imagination. They repeat everything you say. . . At home I had a flower: she always spoke first.” The Little Prince – Antoine de Saint- Exupery RESUMO O propósito deste trabalho é contribuir com o conhecimento acerca da influência que o Oceano Pacífico pode apresentar nas características dos sistemas convectivos, em especial às Linhas de Instabilidade (LI). Dito isso, ao longo desta pesquisa será analisado como as fases do El Niño Oscilação Sul (ENOS) influi na intensidade, ocorrência e deslocamento das LI na região Amazônica brasileira. O entendimento acerca das LI faz-se necessário, pois elas são grandes influenciadoras nos índices de precipitação nas regiões Tropicais e Extratropicais. A escolha dos anos de estudo foi feita levando em consideração o índice de anomalia da temperatura do Oceano Pacífico Tropical (OPT), intitulado de Oceanic Niño Index (ONI). Para analisar a precipitação também foi levado em consideração as observações do Gradiente Inter-hemisférico do Atlântico (GRAD), já que ambos os oceanos exercem influência na precipitação da região. Após a definição dos anos extremos de El Niño (EN) e La Niña (LN), foram utilizados dados de identificação de sistemas convectivos oriundos do International Satellite Cloud Climatology Project-Tracking (ISCCP- Tracking), com ênfase nos dados do Geostationary Operational Environmental Satellite East (GOES-E), porém, para analisar o deslocamento dos Sistema Lineares (SL- termo explicitado no decorrer do trabalho) foi utilizado o METEOSAT. A identificação dos SL foi feita por meio de limiares de excentricidade e inclinação. Observou-se que o Oceano Pacífico influencia remotamente na ocorrência e intensidade dos SL, contudo, não foi possível observar diferenças entre as médias de deslocamento dos sistemas entre os anos de estudo. E ainda foram encontradas diferenças significativas entre as médias de temperatura média e fração convectiva dos sistemas, sendo isso um indicativo de maior intensidade dos SL em anos de LN. Ademais, foi possível averiguar que as fases do ENOS influenciam na distribuição e no acumulado de precipitação na região Amazônica brasileira. Palavras-chaves: Oceanic Niño Index. Sistemas Convectivos de Mesoescala. Oceano-Atmosfera. Precipitação ABSTRACT The purpose of this work is to contribute with the knowledge about the influence that the Pacific Ocean can present on the characteristics of the convective systems, especially the Squall Lines (LI). That said, along of this research will be analyzed how the El Niño Southern Oscillation (ENSO) phases influence the intensity, occurrence and displacement of LI in the Brazilian Amazon region. The understanding of LI is necessary, since they are great influencers in precipitation indices in the Tropical and Extratropical regions. The choice of years of study was made taking into account the Tropical Pacific Ocean (OPT) anomaly index, titled Oceanic Niño Index (ONI), to analyze the precipitation was also taken into account the observations of the Inter-hemispheric Gradient (GRAD), since both oceans exert an influence on the precipitation of the region. After defining the extreme years of El Niño (EN) and La Niña (LN), we used the identification of convective systems from the International Satellite Cloud Climatology Project-Tracking (ISCCP-Tracking), with emphasis on Geostationary Operational Environmental Satellite East (GOES-E) data, but METEOSAT was used to analyze the displacement of linear systems (SL- term explained in the course of the work). The SL identification was made by means of eccentricity and slopethresholds. It was observed that the Pacific Ocean influences remotely in the occurrence and intensity of Linear Systems, however, it was not possible to observe differences between the means of displacement of the systems between the years of study. It was also found a significant difference between the means of the mean temperature and convective fraction of the systems, being this indicative of a higher intensity of SL in years of LN. In addition, it was possible to verify that the ENSO phases influence in the distribution and accumulation of precipitation in the Brazilian Amazon region. Keywords: Oceanic Niño Index. Mesoscale Convective Systems. Ocean- Atmosphere. Precipitation Sumário LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................................x LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................xii LISTA DE TABELAS .......................................................................................................... xiv 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 15 1.2. Justificativa .................................................................................................................. 18 1.3. Objetivos ...................................................................................................................... 18 1.3.1. Objetivos Específicos ............................................................................................. 18 1.4. Revisão Bibliográfica ................................................................................................. 19 1.4.1. Sistemas Convectivos de Mesoescala ............................................................. 19 1.4.3. Linhas de Instabilidade ....................................................................................... 20 1.4.2. El Niño Oscilação Sul.......................................................................................... 24 2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................... 26 2.1. Caracterização da área de estudo ........................................................................... 26 2.2. Material......................................................................................................................... 27 2.2.1. Oceanic Niño Index ............................................................................................. 27 2.2.3. ISCCP-Tracking ................................................................................................... 27 2.2.4. Tropical Rainfall Measurement Mission .......................................................... 28 2.3. Métodos ....................................................................................................................... 29 2.3.1. Seleção dos anos de fase positiva e negativo do ENOS .............................. 29 2.3.2. Definição dos Sistemas Lineares (SL) ............................................................. 30 2.3.3. Relação entre o ISCCP-Tracking e o TRMM .................................................. 30 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................... 31 4. CONCLUSÕES................................................................................................................. 46 REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 47 x LISTA DE ABREVIATURAS AMSU-B Advanced Microwave Radiometer AMSR-S Advanced Microwave Scanning Radiometer ATN Atlântico Tropical Norte ATS Atlântico Tropical Sul CB Cumulusnimbus EL El Niño ENOS El Niño Oscilação Sul ECCE Excentricidade FRAC Fração convectiva FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos GOES-E Geostationary Operational Environmental Satellite East GOES-W Geostationary Operational Environmental Satellite West GMS Geostationary Meteorological Satellite GRAD Gradiente Inter-Hemisférico do Atlântico GRADT Gradiente de temperatura do SC INSAT Indian National Satellite System INCL Inclinação em relação ao norte LN La Niña LI Linha de Instabilidade LIC Linha de Instabilidade Costeira LIP1 Linha de Instabilidade com propagação tipo 1 LIP2 Linha de Instabilidade com propagação tipo 2 CBSIL Maior raio de aglomerado convectivo no SC NASA National Aeronautics and Space Administration NASDA National Space Development Agency xi NEB Nordeste Brasileiro CBNUM Número de aglomerados convectivos no SC ONI Oceanic Niño Index OPT Oceano Pacífico Tropical SIZE Raio CBSMED Raio médio dos aglomerados convectivos SC Sistema Convectivo SCM Sistema Convectivo de Mesoescala SCMC Sistema Convectivo de Mesoescala Circular SCML Sistema Convectivo de Mesoescala Linear SL Sistema Linear SSM/I Special Sensor Microwave TMEDCB Temperatura média do aglomerado convectivo TMEDCL Temperatura média do SC TMI TRMM Microwave imager TMINCL Temperatura mínima do SC TMPA TRMM Multisatellite Precipitation Analysis TSM Temperatura da Superfície do Mar TRMM Tropical Rainfall Measurement Mission ZCIT Zona de Convergência Intertropical xii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS QUE ATUAM NA ESCALA MESO-Α, DE ACORDO COM SUAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, DE ORGANIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO. FONTE: ADAPTADO DE MADDOX, 1980 ........................................................................................................... 20 FIGURA 2. IMAGENS DE SATÉLITE DO GOES 8 RETRATANDO O CICLO DE VIDA DE UMA LINHA DE INSTABILIDADE QUE OCORREU NO DIA 21 DE JULHO DE 2001 NOS HORÁRIOS: A) 14:15 UTC, B) 16:45 UTC, C) 19:15 UTC, D) 22:15 UTC E E) 23:45 UTC. FONTE: ALCÂNTARA, 2001............................................................................................................ 21 FIGURA 3. MODELO ESQUEMÁTICO DE UMA LINHA DE INSTABILIDADE MOSTRANDO UMA SEÇÃO TRANSVERSAL. AS LINHAS DE CORRENTE TRACEJADAS MOSTRAM CORRENTE ASCENDENTE DE ESCALA CONVECTIVA, A CIRCULAÇÃO DE FLUXO DESCENDENTE É REPRESENTADA PELA LINHA CONTÍNUA SÓLIDA. NA REGIÃO DA BIGORNA, AS SETAS LARGAS E SÓLIDAS MOSTRAM A CIRCULAÇÃO DE CORRENTE DESCENDENTE, E AS SETAS TRACEJADAS LARGAS MOSTRAM A CIRCULAÇÃO ASCENDENTE DE MESOESCALA. O SOMBREAMENTO ESCURO MOSTRA FORTE ECO DE RADAR NA FAIXA DE FUSÃO. AS LINHAS RECORTADAS INDICAM O LIMITE VISÍVEL DA NUVEM. FONTE: ADAPTADO DE GAMACHE E HOUZE, 1982. .............................................................................................. 23 FIGURA 4. DEFINIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO. FONTE: FEITO PELO AUTOR. ............................ 26 FIGURA 5. DISTRIBUIÇÃO DO ONI NOS ANOS DE 1983-2008. A LINHA TRACEJADA REPRESENTA O LIMIAR PARA A DETERMINAÇÃO DA OCORRÊNCIA DAS FASES POSITIVA E NEGATIVA DO ENOS. FONTE: ADAPTADO DO NOAA/ NACIONAL WEATHER SERVICE. 27 FIGURA 6. CURVA DE DENSIDADE DE: (A) CBSIL; (B) FRAC; (C) TMEDCL; (D) CBSMED; (E) TMEDCB; (F) TMINCL ............................................................................................. 34 FIGURA 7. CURVAS DE DENSIDADE DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MORFOLÓGICAS DOS SISTEMAS LINEARES: (A) CBSIL; (B) FRAC; (C) TMEDCL;(D) CBSMED; (E) TMEDCB; (F)TMINCL.................................................................................................... 37 FIGURA 8. CURVA DE DENSIDADE DO DESLOCAMENTO DOS SISTEMAS LINEARES NOS ANOS DE EL NIÑO E LA NIÑA. .......................................................................................................... 38 FIGURA 9. DISTRIBUIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO (A) MÁXIMA E (B) MÍNIMA PARA OS ANOS DE EL NIÑO E LA NIÑA ................................................................................................................ 39 FIGURA 10. DISTRIBUIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO MÉDIA PARA OS ANOS DE: (A) 1998, (B) 2001 E (C) 2008. .......................................................................................................................... 41 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473451 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473451 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473451 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473452 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473452 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473452 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473452 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473453 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473455 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473455 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473455 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473459 https://d.docs.live.net/b3defbfe0531dbe3/TCC_Lorena_final.docx#_Toc473459 xiii FIGURA 11. DISTRIBUIÇÃO DA PRECIPITAÇÃO MÉDIA REFERENTE AOS SISTEMAS LINEARES PARA OS ANOS DE: (A) 1998, (B) 2001 E (C) 2008. ........................................................ 43 FIGURA 12. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA PORCENTAGEM DA PRECIPITAÇÃO DOS SL EM RELAÇÃO AO TOTAL ACUMULADO NA ÁREA DE ESTUDO PARA OS ANOS DE: (A)1998, (B) 2001 E (C) 2008............................................................................................................... 45 xiv LISTA DE TABELAS TABELA 1. VARIÁVEIS DISPONIBILIZADAS PELO ISCCP-TRACKING. ...................................... 28 TABELA 2. ANOS DE ENOS SELECIONADOS........................................................................... 30 TABELA 3. QUANTIDADE DE SISTEMAS CONVECTIVOS PARA DIFERENTES EXCENTRICIDADES E INCLINAÇÕES PARA A AMAZÔNIA E O NORDESTE BRASILEIRO ........................................ 32 TABELA 4. MÉDIA E DESVIO PADRÃO AS VARIÁVEIS DO ISCCP-TRACKING PARA A AMAZÔNIA .......................................................................................................................................... 35 15 1. INTRODUÇÃO Sistemas precipitantes como as Linhas de Instabilidade (LI) ocorrem principalmente em regiões Tropicais e Extratropicais, podendo se desenvolver no continente ou no oceano. Elas afetam fortemente as dinâmicas sociais, devido a ampla distribuição geográfica, frequência de ocorrência, e por estarem associados a valores elevados de precipitação (WEISMAN e KLEMP, 1986). Maddox (1980), definiu as características físicas que os Sistemas Convectivos (SC) deveriam ter para ser classificados como Sistemas Convectivos de Mesoescala (SCM), e essas particularidades foram identificadas por meio de imagens de satélite no infravermelho. Além disso, os SCM podem ser classificados de acordo com as características físicas, organização do sistema e localização de ocorrência, isso permite diferenciar os SCM em: Sistemas Convectivos de Mesoescala Lineares (SCML) e os Sistemas Convectivos de Mesoescala Circulares (SCMC). E dentro dessa classificação, as LI foram classificadas como SCML. De acordo com Cohen et al. (1998), as LI são SCM responsáveis por montantes elevados de precipitação em diversas áreas espalhadas pelo globo. No Brasil, é possível notar seu desenvolvimento em regiões de passagem de frentes frias assim como na costa Norte-Nordeste. Kousky (1980) encontrou que o desenvolvimento das LI que se formam na costa do Brasil, são diretamente associadas à brisa marítima local. A evolução das LI próximas ao continente é decorrente da advecção de umidade decorrente da brisa marítima (COHEN E SILVA DIAS E NOBRE, 1995). Além disso, as LI são compostas de nuvens com alto potencial convectivo [Cumulusnimbus (CBs)] dispostas espacialmente de forma linear, apresentam movimentos ascendentes no interior da nuvem, já em sua retaguarda, onde há movimentos descendentes, é percebido uma configuração de bigorna 16 Quando a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) se desloca latitudinalmente, influencia no deslocamento e no local de formação das LI, pois na costa brasileira, as LI se formam ao sul da ZCIT. Nos meses de março e abril a ZCIT se encontra mais ao sul, o que beneficia a formação das LI mais próximas ao litoral brasileiro, isso proporciona a formação de sistemas mais intensos. Enquanto que, nos meses de agosto e setembro a ZCIT se configura em latitudes mais ao norte, provocando a geração de LI mais enfraquecidas (Cavalcanti, 1982). As LI que ocorrem na costa do Brasil foram classificadas de acordo com seu deslocamento por Cohen et al. (1989), como: Linhas de Instabilidade Costeira (LIC), cuja propagação horizontal para o interior do continente alcança até 170 km; Linhas de Instabilidade com Propagação Tipo 1 (LIP1), com deslocamento horizontal entre 170 e 400 km; e Linhas de Instabilidade com Propagação do Tipo 2 (LIP2), que apresenta deslocamento horizontal superior a 400 km. Cavalcanti (1982) encontrou que sistemas com maior deslocamento são mais frequentes quando a ZCIT se encontra próxima ao litoral norte do Brasil. Santos Neto (2004), apresentou que os números de casos de LICs são em média mais frequentes que as LIPs, sendo assim, as LI em sua maioria não adentram o continente. Segundo Cohen e Silva Dias e Nobre (1995) a convecção associada a formação das LI tem início após o meio dia local. Com relação ao ciclo diurno de precipitação na região Amazônica, Santos e Silva (2013) averiguou que na porção Norte da Amazônia a chuva tende a ocorrer à noite, em regiões centrais, no Oeste e Sul a precipitação acontece à tarde. Além disso, a amplitude dos ciclos diurnos é afetada pela variabilidade interanual [El Niño (EN) e La Niña (LN)]. O El Niño Oscilação Sul (ENOS) é grande responsável pela distribuição interanual da precipitação em diversas áreas ao longo do globo (DA SILVA, 2001; BERLATO et al. 2005). No Brasil, os impactos das fases do ENOS são perceptíveis principalmente na região Amazônica e no Nordeste Brasileiro (NEB). Para a realização de trabalhos sobre essa anomalia no Oceano Pacífico Tropical (OPT), é conhecido que o ENOS se divide em duas fases distintas, a de aquecimento das 17 águas é denominada de EN e a de resfriamento das águas é chamada de LN (DA SILVA, 2001; BERLATO e FONTANA, 2003; BERLATO et al. 2005). O EN é caracterizadopela elevação da temperatura do mar no litoral do Peru e do Pacífico Equatorial Oriental, configura-se em média no mês de março ou abril e se estende por um ano ou mais (RAMAGE e HORI, 1981). Segundo Philander (1989), o aquecimento da temperatura das águas do Pacífico proporciona o deslocamento da convecção para leste, modificando assim, o posicionamento da Célula de Walker. Ou seja, na região do NEB e em parte da Amazônia há ocorrência de correntes descendentes, provocando inibição na formação de nuvens e chuvas. Por outro lado, quando há o resfriamento anômalo das águas do Oceano Pacífico, é observado uma conjuntura de LN (PHILANDER, 1985). Durante a fase de LN, a Célula de Walker encontra-se configurada com ramo ascendente sobre o Pacífico Oeste-Equatorial, possibilitando a formação de nuvens convectivas com grande desenvolvimento vertical. As fases do ENOS além de afetar a Célula de Walker, também contribui para mudanças na intensidade da Célula de Hadley. De acordo com Bezerra e Cavalcanti (2008), ao longo da fase de EN a intensidade dos ventos alísios diminui, provocando o acumulo de águas aquecidas ao norte do Pacífico, o que ocasiona mudanças bruscas de temperatura das regiões mais profundas do oceano. Santiago et al. (2010), ressaltou que o fluxo natural do vento é definido de leste para oeste no Pacífico Equatorial, provocando a varredura das águas superficiais, acarretando o mecanismo de ressurgência. Os padrões de aquecimento e resfriamento da TSM no Oceano Atlântico Tropical podem afetar o processo de formação da brisa, influenciar os padrões de circulação em diferentes escalas e no regime de precipitação (ALCÂNTARA et al., 2011; SILVA et al., 2017). De acordo com Hastenrath e Heller (1977); Nobre e Shukla (1996), o índice das anomalias de temperatura no Oceano Atlântico, denominada pôr Amorim (2014) de Gradiente Inter-hemisférico do Atlântico (GRAD), é construído a partir de medições dos padrões de temperatura, velocidade e direção 18 do vento no Oceano Atlântico, estas medidas são realizadas por meio de navios comercias ou oceanográficos e boias. O GRAD contribui para a alteração da distribuição da precipitação da parte norte do NEB até a região central da Amazônia, devido as condições termodinâmicas associadas ao GRAD que interferem na posição e intensidade da ZCIT. 1.2. Justificativa O estudo proposto pretende avaliar as LI na costa Norte do Brasil, uma vez que, estes sistemas são responsáveis por elevados níveis de precipitação nessa região, tornando-se assim necessário o entendimento do seu comportamento, e se padrões de escala globais, como o ENOS, podem interferir na sua atuação. 1.3. Objetivos Devido ao comportamento diferenciado do padrão de precipitação em fases distintas do ENOS, faz-se necessário avaliar se é notório essa mudança na ocorrência e intensidade das LI que se formam na costa Norte do Brasil. 1.3.1. Objetivos Específicos Observar as características físicas e morfológicas das LI em anos que as fases do ENOS se apresentam intensas; Averiguar se há diferença no deslocamento das LI durante dois anos extremos de El Niño e La Niña; Analisar a precipitação provocada pelas LI, utilizando os dados do TRMM; 19 Obter a distribuição espacial da precipitação causada pelas LI. 1.4. Revisão Bibliográfica 1.4.1. Sistemas Convectivos de Mesoescala Os fenômenos que atuam em mesoescala são naturalmente menores espacialmente e temporalmente inferior aos que ocorrem em escala sinótica, à vista disso, seu entendimento torna-se mais difícil devido a distribuição de redes de monitoramento, o que torna a utilização de satélite e de radares meteorológicos primordial na descrição dos padrões de nuvens e altura, albedo, temperatura, dentre outras variáveis (FUJITA, 1963). Por meio dos dados colhidos na Florida e em Ohio pelo Thunderstorm Project, Fujita e Brown (1960) averiguaram que a atuação de um fenômeno de mesoescala proporciona a queda da temperatura, a ainda, afirmaram que a mensuração da precipitação contribui para avaliar os ecos do radar. Orlanski (1975) realizou uma revisão das diferentes escalas atmosféricas existentes e fez a proposição de uma nova subdivisão das escalas. Nesta recapitulação, o autor fez questão de ressaltar a importância da definição da mesoescala, pois os meteorologistas despendem bastante atenção os fenômenos que ocorrem em microescala e larga escala, e negligenciam o desenvolvimento de estudos na escala intermediária, porém isto ocorre devido à dificuldade de obtenção de dados observacionais. Sendo assim, um sistema meteorológico é definido como mesoescala quando apresentar comprimento horizontal na ordem de 1000 km e duração de alguns dias. Ainda, foi proposto que a mesoescala pode ser dividida em 3 tipos de densidade espacial e temporal: meso-α, meso-β e meso-γ. Fenômenos como tempestades que se estendam de 2-20 km são considerados de meso- γ, na escala 20 β que se estende 20-200 km pode-se citar como exemplos a brisa marítima e tempestades de neve, por fim, os sistemas pertencentes a escala meso-α apresentam comprimento de 200-2000 km, e os podem ser eles LI, SCM e pequenos ciclones tropicais (FUJITA e BROWN, 1960; FUJITA, 1963; ORLANSKI, 1975). A definição de um SCM é feita baseada em características físicas observadas pelo canal infravermelho. Por meio de sua organização, característica física e local de ocorrência, os SCM são diferenciados dos demais sistemas atuantes na atmosfera (Figura 1). Além disso, esses sistemas são responsáveis pelo desenvolvimento de fenômenos de tempo significativos, como tornados, granizo, vento, inundação repentinas e tempestades elétricas intensas. O ciclo de vida dos SCM pode ser dividido em 4 fases: 1. Gênese; 2. Desenvolvimento; 3. Maduro; 4. Dissipação (MADDOX, 1980). 1.4.3. Linhas de Instabilidade Linear Circular Meso-α....... 250-2500 km escala espacial e ≥ 6 h de escala temporal Trópicos Rajadas Tropicais Latitudes Média Linhas de Instabilidade Trópicos Grupos de nuvens/Tempestades Tropicais/Ciclones/Co mplexos Convectivos de Mesoescala (CCM) Latitudes Médias Grupos de nuvens Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM) Figura 1. Classificação dos sistemas que atuam na escala meso-α, de acordo com suas características físicas, de organização e localização. Fonte: Adaptado de Maddox, 1980 21 As LI são definidas como uma banda de nebulosidade, que pode ser continua ou apresentar uma quebra, de convecção úmida profunda, ainda, podem ser descritas como tempestades multicelulares organizadas em forma de linha (Figura 2) (HUSCHKE, 1959; WEISMAN e KLEMP, 1986; HOUZE, 1993). Devido a esta característica, as LI são responsáveis por transportar calor da camada limite planetária para a alta troposfera, esse transporte de calor é de extrema importância para a circulação global e para a energética da atmosfera (COHEN, 1989). Rotunno e Klempe e Weisman (1988) buscaram entender as condições atmosféricas que influenciam na duração das LI, utilizando o modelo de nuvens de Klemp-Wilhelmson. Foi encontrado dois tipos de LI que apresentam longa duração: células ordinárias distribuídas em linhas que continuamente crescem e decaem, e linhas com comportamento de uma supercélula quase estável. A ocorrência do primeiro tipo de LI está relacionada ao forte cisalhamento do vento em baixos níveis Figura 2. Imagens de satélite do GOES 8 retratando o ciclo de vida de uma linha de instabilidade que ocorreu no dia 21 de julho de 2001 nos horários: a) 14:15 UTC, b) 16:45 UTC, c) 19:15 UTC, d) 22:15 UTC e e) 23:45 UTC. Fonte: Alcântara, 2001 22 diretamente perpendicular à linha, e fraco cisalhamentode vento acima, enquanto que a segundo tipo está ligada a forte e profundo cisalhamento do ar. Para a formação da LI é preciso condições semelhantes à de tempestades fortes, porém algumas condições espaciais difere o seu desenvolvimento com o de tempestades isoladas, são elas (HANE, 1986): 1. Uma massa de ar quente e úmida em baixos níveis, localizada em uma região que o ar no entorno é mais frio 2. A camada de níveis médios, logo acima da camada úmida de baixos níveis, deve se encontrar seca; 3. O perfil de temperatura no ambiente deve apresentar uma inversão elevada; isso proporciona a inibição da formação de convecção na região a frente da LI, o que garante o fornecimento de ar quente e úmido na linha. As LI são conhecidas por serem sistemas multicelulares, porém, as dinâmicas que ocorrem nas células individualmente são de extrema importância para a retroalimentação do sistema (Figura 3). As células individuais de convecção apresentam uma corrente ascendente que sobe pela troposfera rapidamente, proporcionando a elevação na quantidade de água líquida e gelo. No momento em que as gotas de chuva e partículas de gelo ficam pesadas demais para serem suportadas pela corrente ascendente, dá-se início a uma corrente descendente, consequência da queda dos hidrometeoros. A corrente descendente passa por compressão adiabática acarretando à sub-saturação e o processo físico de evaporação da água que retira o calor do ambiente (resfriamento evaporativo). O resfriamento evaporativo acelera a corrente descendente devido ao empuxo negativo, isso proporciona a formação de uma região de ar frio. Essa região de ar frio influi na convergência de ar na área frontal do sistema, favorecendo assim, a formação de novas células (ALCÂNTARA, 2010). Quanto mais intensa for a região de ar frio, mais células surgem a frente do sistema (ALCÂNTARA et al., 2014) 23 Figura 3. Modelo esquemático de uma Linha de Instabilidade mostrando uma seção transversal. As linhas de corrente tracejadas mostram corrente ascendente de escala convectiva, a circulação de fluxo descendente é representada pela linha contínua sólida. Na região da bigorna, as setas largas e sólidas mostram a circulação de corrente descendente, e as setas tracejadas largas mostram a circulação ascendente de mesoescala. O sombreamento escuro mos tra forte eco de radar na faixa de fusão. As linhas recortadas indicam o limite visível da nuvem. Fonte: adaptado de Gamache e Houze, 1982. Cohen e Silva Dias e Nobre (1995) fazendo o uso de imagens de satélite do Geostationary Operational Environmental Satelllite East (GOES-E) e dados de radiossondagens, realizaram um estudo de caso que tinha como alvo o estudo das LI que se originassem na costa nordeste da América do Sul e que se deslocassem na direção da Amazônia. Com relação ao comportamento do vento durante a ocorrência de LI foi encontrado que a medida que o sistema adentra o continente é registrado elevação da velocidade do vento, além disso, em 500 hPa a velocidade vertical é mais intensa, indicando as correntes ascendentes no interior do sistema. O vento médio máximo sazonal (Jato de Baixos Níveis Leste) ocorre em todos os caso em 800 hPa, porém na ocorrência de LIP1 e LIP2 os Jato de Baixos Níveis foi mais forte do que nos demais dias, uma vez que, nos outros dias as velocidades dos ventos foram quase constantes. Outrossim, foi concluido que a direção do vento com relação a costa não foi um elemento muito importante para a propagação das LI avaliadas. Ainda, com relação as LI que se propagam na região amazônica, Garstang et al. (1994) encontrou que elas se deslocam a 50 – 60 km h-1 e podem se manter por até 48 horas. Alcântara (2011) definiu que o cenário ideal para a formação das LI é alto teor de umidade em baixos níveis, perfil de instabilidade convectiva e CAPE pelo menos ELEMENTO MADURO NOVO ELEMENTO ELEMENTO VELHO LINHA DE INSTABILIDADE FRENTE DE RAJADA CAMADA ESTÁVEL LIMITE DA NUVEM LIMITE DO ECO DO RADAR BANDA DE FUSÃO REGIÃO DA BIGORNA A L TU R A 24 moderado. Com relação ao perfil de vento, o jato de baixos níveis deve apresentar intensidade moderada, jato em altos níveis intenso e pouco cisalhamento do vento em baixos e médios níveis. É possível aferir que as LI originarias do litoral nordeste da América do Sul que apresentam deslocamento para a Amazônia podem sofrer influência tanto dos fluxos de grande escala como os de mesoescala. Em grande escala é possível observar a influência da propagação de ondas de leste no Atlântico e a presença de fontes de calor tropicais na Amazônia Ocidental. E no caso da mesoescala, as formações e a evolução da brisa do mar desempenham um papel fundamental. Além disso, sabe-se que a convecção do sistema está associada com o horário, e a formação das LI começaram próximo ou depois do meio dia (COHEN e SILVA DIAS e NOBRE, 1995). Ainda, Ramos da Silva e Werth e Avissar (2008) associaram o deslocamento das LI com o desmatamento da Floresta Amazônica, já que devido o desmatamamento massivo da região as LI se dissipam antes de chegar à parte ocidental da bacia Amazônica, ocassionando diminuição significativa da precipitação. E quando há ocorrência de EN o impacto no deslocamento é ainda maior. 1.4.2. El Niño Oscilação Sul O termo “El Niño” era originalmente utilizado para denominar uma fraca corrente oceânica aquecida de frequência anual, que se deslocava para Sul ao longo da costa do Peru e Equador, próximo ao final de dezembro (TRENBERTH, 1997). Porém, apenas algum tempo depois é que esse fenômeno começou a ser associado a um aquecimento anômalo, e que sua ocorrência influencia na nos ecossistemas locais e regionais (TRENBERTH, 1997). Quando se leva em conta as componentes atmosféricas utiliza-se a denominação de ENOS (HOLTON; DMOWSKA, 1989; TRENBERTH, 1997). Sabe-se que o ENOS possui duas fases distintas de comportamento de temperatura, a fase de aquecimento das águas do Pacífico é chamada de EN, e a fase de resfriamento é a LN (HOLTON e 25 DMOWSKA, 1989; TRENBERTH, 1997; DA SILVA, 2001; BERLATO et al., 2005; BERLATO e FONTANA, 2003). Ropelewski e Halpert (1987) tinham como o intuito expandir os conhecimentos no que se refere a relação entre a precipitação e o ENOS. Foi encontrado que as áreas que a precipitação é mais impactada pelo ENOS são o norte da América do Sul, a África equatorial oriental, o sul da Índia, o Sri Lanka e as ilhas vizinhas. Além disso, constatou-se que o ENOS tem relação com a variação global no padrão de chuva tropicais. Andreoli et. al (2004) realizou um estudo relacionando a precipitação que ocorre em Fortaleza com a Temperatura de Superfície do Mar (TSM) dos Oceano Atlântico e do Oceano Pacífico na região do Niño 3. Por meio de campos de Anomalia de TSM mensais, com resolução de 5º de latitude e de longitude, para o período de 1856 e 1991, e totais mensais de precipitação observados em Fortaleza (3°47’S, 38°32’W). Foi encontrado que a variabilidade interanual da precipitação no NEB em alguns anos pode estar mais ligada ao fenômeno de ENOS, porém em outros anos pode estar mais relacionada ao GRAD. Além disso, as anomalias de precipitação que possuem a fase inicial do ENOS nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, são ocasionadas por padrões de teleconexões associados ao rearranjo da Célula de Walker, enquanto as iniciadas em março, abril e maio, por padrões de teleconexões extratropicais (ANDREOLI e KAYANO, 2007). Coelho e Uvo e Ambrizzi (2002) encontrou que a distribuição da precipitação na América do Sul é afetada pelas distintas fases do ENOS. Na ocorrência de EN, nota-se a redução da precipitação em parte do nordeste do Brasil, extremo oeste do norte do Brasil. Por outro lado, norte do Peru, centroe sul do Brasil e norte da Argentina experimentam um aumento da precipitação. Já em episódios de LN, anomalias positivas de precipitação ocorrem no centro e sul do Peru, Colômbia, norte da Bolívia, Paraguai, sul/sudeste do Brasil e algumas partes do litoral do 26 nordeste do Brasil, enquanto que, as anomalias de precipitação negativas estão relacionadas ao noroeste do Brasil. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Caracterização da área de estudo Na região Amazônica, o clima é definido como quente e úmido, e seu regime pluvial médio varia de 1500 até 3800 mm (FISCH et al., 1996), os níveis elevados de precipitação se devem ao aquecimento diurno da superfície, já que as chuvas dessa região são em sua maioria chuvas convectivas. A floresta Amazônica é conhecida por desempenhar um papel importante no sistema climático global devido os feedbacks hidrológicos (MARENGO et al., 2011) Para a realização do estudo, foi delimitado uma caixa de latitude e longitude que abrangesse parcialmente a região Norte do Brasil (10º N, 5º S,60º W, 45º W) (Figura 4). Figura 4. Definição da área de estudo. Fonte: Feito pelo autor. 27 2.2. Material 2.2.1. Oceanic Niño Index O Oceanic Niño Index (ONI) é um índice de médias moveis trimestrais construído baseado na anomalia de TSM do Oceano Pacífico, na região do Niño 3.4 (5ºN-5ºS e 120º-170ºW), é utilizado para identificar as fases do ENOS (NOAA, 2016). Para analisá-lo, é necessário saber que temperaturas positivas são indicativas de aquecimento das águas oceânicas, enquanto que valores negativos são indícios de temperatura mais frias. Mas, para que seja classificado o EN ou LN, é preciso que as anomalias de temperatura sejam +/- 0.5ºC por no mínimo cinco meses seguido (Figura 5). Por conseguinte, entende-se que quando os índices indicam que as águas estão 0.5ºC mais aquecidas por mais de cinco meses seguido, está ocorrendo El Niño, por outro lado, se o índice indicar valores abaixo de -0.5ºC há a ocorrência de LN. 2.2.3. ISCCP-Tracking Por meio dos dados do ISCCP-Tracking Gonçalves (2013) conseguiu realizar uma climatologia global de sistemas convectivos, isso porque, essa base de dados apresenta dados referentes as características físicas e morfológicas de Sistemas Figura 5. Distribuição do ONI nos anos de 1983-2008. A linha tracejada representa o limiar para a determinação da ocorrência das fases positiva e negativa do ENOS. Fonte: Adaptado do NOAA/ Nacional Weather Service. 28 Convectivos, pois a mesma é construída por meio de um conjunto de dados de satélites meteorológicos geoestacionário [Geostationary Operational Environmental Satelllite East (GOES-E), Geostationary Operational Environmental Satelllite West (GOES-W), Meteosat, Indian National Satellite System (INSAT) e Geostationary Meteorological Satellite (GMS)]. Além disso, o ISCCP-Tracking apresentas 26 anos de dados disponíveis (1983-2008), resolução temporal de 3 horas e resolução espacial de 30 km. Devido a área de estudo ser na América do Sul, os satélites utilizados na a pesquisa foram o GOES-E, para avaliar as características das LI (Tabela 1), e o METEOSAT, para avaliar o deslocamento das LI. Tabela 1. Variáveis disponibilizadas pelo ISCCP-Tracking. Variáveis disponíveis no ISCCP-Tracking Raio (km) [SIZE] Raio médio dos aglomerados convectivos [CBSMED] Inclinação em relação ao norte (º)[INCL] Gradiente de temperatura do SC [GRADT] Excentricidade [ECCE] Temperatura média do SC (K) [TMEDCL] Fração convectiva [FRAC] Temperatura mínima do SC (K)[TMINCL] Número de aglomerados convectivos no SC [CBNUM] Temperatura média do aglomerado convectivo (K) [TMEDCB] Maior raio de aglomerado convectivo no SC [CBSIL] 2.2.4. Tropical Rainfall Measurement Mission Advindo de uma parceria entre a National Aeronautics and Space Administration (NASA), localizada nos Estados Unidos da América, e a National Space Development Agency (NASDA), sediada no Japão, o Tropical Rainfall Measurement Mission (TRMM) (KUMMEROW et. al 1998), destacou-se por ser o primeiro satélite a ter abordo um radar de precipitação, sendo então possível observar a precipitação por outro ângulo, pelo espaço. Uma vez que, até o seu lançamento, os radares meteorológicos só existiam em superfície. Pretendia-se com a implantação do TRMM realizar, principalmente, dois objetivos, que seriam eles: 1) a mensuração da troca de energia, ou seja, mensurar o calor latente de 29 condensação, e 2) a precipitação na região tropical e subtropical do globo (40º S- 40ºN) (KUMMEROW et. al 1998). Na conjuntura inicial do desenvolvimento da missão que pôs em órbita o TRMM, planejava-se que o satélite possui-se uma vida útil de 3 anos, onde seria possível adquirir as informação da precipitação por meio de sensores passivo e ativo de micro-ondas, operando tanto no visível quanto no infravermelho, porém o TRMM superou sua vida útil prevista em 14 anos, finalizando sua missão em 15 de abril de 2015 com 17 anos de atividade (SIMPSON et. al, 1998; LIU et. al, 2012; TRMM PROJECT, 2018). Segundo Simpson et. al (1998), o TRMM veio para revolucionar e incrementar as pesquisas direcionadas ao estudo do ciclo hidrológico, já que as informações colhidas por este satélite enriqueceriam os modelos globais de circulação de larga escala, além disso, o TRMM é indicado como um auxiliar nas simulações e no melhoramento do conhecimento sobre sistemas tropicais de chuva. O algoritmo 3B42 estima a precipitação pela técnica de TRMM Multisatellite Precipitation Analysis (TMPA) (HUFFMAN et al., 2007). Essa técnica baseia-se em uma combinação de estimativa de precipitação pelo canal de micro-ondas do TRMM Microwave imager (TMI), Special Sensor Microwave (SSM/I), Advanced Microwave Scanning Radiometer (AMSR-S), Advanced Microwave Radiometer (AMSU-B), Canal Infravermelho e precipitação mensais de superfície (HUFFMAN et al., 1995). Os dados apresentam resolução temporal de 3 horas e resolução espacial de 0.25º. 2.3. Métodos 2.3.1. Seleção dos anos de fase positiva e negativo do ENOS Baseando-se na distribuição dos dados do ONI (Figura 2.2), foram selecionados 6 anos (3 de El Niño e 3 de La Niña) com fases distintas de ENOS, 30 mas sempre priorizando anos em que a anomalia foi de moderada a muito forte. Portanto, os anos selecionados para que as características e ocorrências dos sistemas fossem analisadas foram 1987, 1989, 1992, 1998, 2001 e 2008 (Tabela 2.2). Ainda vale destacar, o a avaliação dos atributos dos sistemas será feita apenas nos 6 (Seis) primeiros meses de cada ano, pois segundo a literatura, é o período e maior ocorrência das LI. Tabela 2. Anos de ENOS selecionados. Anos de ocorrência Intensidade El Niño 1987 Moderado 1992 Moderado 1998 Muito Forte La Niña 1989 Forte 2001 Moderado 2008 Moderado 2.3.2. Definição dos Sistemas Lineares (SL) A literatura descreve que a identificação das LI é feita de forma subjetiva, fazendo-se uso de imagens de satélite para determinar sua localização. O presente estudo faz uso da base de dados do ISCCP-Tracking, por meio desta base de dados, a identificação dos sistemas será feita a partir dos parâmetros de excentricidade e inclinação dos sistemas. Vale ressaltar, que a inclinação das LI segue a orientação da costa brasileira, portanto, com valores negativos. Devido à dificuldade de discernir as LI pelos dados do ISCCP-Tracking, optou-se por adotar a denominação de Sistemas Lineares (SL) para se referir os sistemas que são alvos do presente estudo. 2.3.3. Relação entre o ISCCP-Tracking e o TRMM 31 Para realizar a avaliação da precipitação nas diferentes fases do ENOS, foi feita a incorporação dos dados de precipitação do TRMM aos dados do ISCCP- Traking.Esse passo é crucial para mensuração da precipitação máxima e média dos SL que foram estudados, uma vez que, os dados do ISCCP-Tracking não possuem valores de chuva, e sim as características que são importantes indicadores de intensidade dos SL. Portanto, como o ISCCP-Tracking possui resolução temporal de 3 horas, foram utilizados os dados estimados pelo algoritmo 3B42 versão 7, que também apresenta resolução temporal de 3 horas. Na base de dados do ISCCP-Tracking é disponibilizado a informação da latitude e longitude central, assim como, o raio dos SC. Fazendo-se uso dessas variáveis, foi possível inferir a área de atuação dos SL, isso retornou valores de latitude e longitudes máximas e mínimas para cada SL identificado. Posteriormente, utilizando-se as latitudes e longitude máximas e mínimas dos SL, buscou-se identifica-los imagens do 3B42, o que possibilitou a obtenção da precipitação dos sistemas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Primeiramente, foram realizadas avaliações da quantidade de SC de acordo com sua excentricidade (ECCE) e inclinação (INCL) (Tabela 3). A avaliação dos limiares de definição dos SL é de suma importância, uma vez que, essa técnica é uma tentativa de identificá-las de forma objetiva. Por definição a excentricidade nos dados do ISCCP é dada pela razão entre o menor e o maior eixo dos SC. Portanto, quanto mais próximo de zero mais linear será o sistema. Os SL avaliados neste estudo foram aquels que apresentaram excentricidade menor ou igual a 0,2. A explicação para a utilização deste limiar será realizada nos parágrafos seguintes. Com relação à inclinação foram utilizados valores negativos (em relação ao norte) seguindo a inclinação da costa norte do Brasil. Isto foi feito por levar em consideração que os SL formam-se paralelos à costa devido ao efeito de brisa. 32 Foi possível notar que na Amazônia os anos que apresentaram maior número de SC foram 1989, 1998, 2001 e 2008, dentre eles apenas o ano de 1998 apresentou a configuração de EN, o que indica que durante a ocorrência de LN houve mais desenvolvimento de sistemas. Também foi notório que, quanto mais rigoroso é o parâmetro utilizado (limiar de excentricidade menor), menos sistemas são registrados. Contudo, notou-se que em média, os anos de LN apresentaram mais sistemas com menores ECCE, ou seja, anos de anomalia negativa da TSM do Oceano Pacífico são mais propícios ao desenvolvimento mais acentuado de sistemas com menores ECCE. Levando em consideração as diferenças entre os números de sistemas apresentados (Tabela 3), decidiu-se avaliar se haveria diferença significativa entre no uso dos limiares de 0.4 e 0.2 de excentricidade para a determinação das características físicas e morfológicas dos SL em anos de EN e LN na região de estudo. Para tanto foram feitos histogramas (não apresentados) das variáveis contidas na Tabela 1 para os sistemas com excentricidade menor ou igual a 0,4 e 0,2 respectivamente. Esta avaliação foi realizada pela necessidade de se obter uma maior precisão na determinação dos SL. Além disto, como foi observado na Tabela 3, a utilização do limiar 0,2 diminui drasticamente a quantidade de sistemas a serem avaliados. No entanto, ao se avaliar a partir do teste t-student, notou-se que as curvas não poderiam ser consideradas semelhantes a um nível de significância de 5%. Portanto, optou-se por utilizar o limiar de 0,2 para a excentricidade dos sistemas. Tabela 3. Quantidade de Sistemas Convectivos para diferentes excentricidades e inclinações para a Amazônia e o Nordeste Brasileiro. Sendo, #- El Niño; * - La Niña Número de Sistemas Amazônia 1987# 1989* 1992# 1998# 2001* 2008* >0.4 4299 7632 3024 14693 21820 28654 <=0.4 (INCL>0) 154 336 109 696 938 1571 <=0.4 (INCL<0) 135 240 98 676 994 1500 <=0.2 (INCL<0) 5 25 7 28 18 60 33 A primeira avaliação realizada diz respeito às diferenças das características físicas e morfológicas dos SL e dos Sistemas Não Lineares (SNL) que ocorreram na região de estudo independente da fase do ENOS (Figura 6). Os SL apresentaram maior frequência de ocorrência do que os SNL para maiores valores CBSIL e CBSMED (Figura 6 a e b). Menores valores destas variáveis apresentaram maiores ocorrências para os SNL. Portanto, a convecção relacionada aos SL cobre uma área maior do que os SNL com uma maior frequência, possivelmente devido a uma organização de sua convecção. As demais variáveis apresentadas indicam uma maior intensidade da convecção relacionada aos SL em relação aos SNL. São observadas maiores ocorrências de FRAC (Figura 6 c), superiores a 70%, para os SL. Este resultado é um indicativo que os SL apresentam uma convecção organizada, cobrindo grande parte de sua área. As demais variáveis (Figuras 6 d, e e f) indicam que os SL têm topos mais frios do que os SNL, sendo assim com uma convecção mais intensa, sistemas com maior desenvolvimento vertical, concordando com o encontrado por Gonçalves (2013). O SIZE não apresentou muita diferença entre os SNL e SL, por isso, optou-se por não apresentar sua curva de densidade. O teste t-student foi realizado entre as curvas, e as distribuições foram consideradas diferentes. 34 Figura 6. Curva de densidade de: (a) CBSIL; (b) FRAC; (c) TMEDCL; (d) CBSMED; (e) TMEDCB; (f) TMINCL Na sequência, foram feitas as análises das médias e desvios padrões das variáveis do ISCCP-Tracking para os SL e SNL (Tabela 4). Em média os SL são mais frios, e suas temperaturas são mais dispersas quando comparado aos SNL, (a) (c) (e) (b) (d) (f ) 35 isso é um indicativo que esses sistemas são mais intensos e com maior desenvolvimento vertical, além disso, o raio dos SL são em média maiores que os do SNL, corroborando com os resultados apresentados na Figura 6. Em seguida, faz-se necessário uma sucinta explanação sobre os aglomerados convectivos mencionados na base de dados, eles são núcleos de baixa temperaturas que se formam no topo do sistema devido correntes ascendentes intensas que carregam umidade para regiões mais elevadas. Dito isso, tem-se que os SL apresentam mais aglomerados convectivos, esses aglomerados apresentam maiores valores de raio médio e máximo, ou seja, pode-se indicar que os SL possuem correntes ascendente mais intensas, consequentemente, maior desenvolvimento vertical. Tabela 4. Média e desvio padrão as variáveis do ISCCP-Tracking para a Amazônia Amazônia Média Desvio Padrão Sistema não linear Sistema linear Sistema não linear Sistema linear SIZE 63.04 80.96 30.59 51.73 FRAC 29.16 25.62 26.50 23.63 CBNUM 1.47 1.56 1.17 0.87 CBSIL 38.79 46.40 23.95 25.75 CBSMED 34.53 45.16 18.39 23.96 TMEDCL 226.70 221.53 7.90 8.93 TMINCL 212.61 206.13 11.37 11.20 TMEDCB 213.16 212.42 5.34 5.73 Após se analisar as diferenças entre as características físicas e morfológicas dos SNL e os SL, faz-se necessário averiguar se as fases do ENOS influenciam no comportamento dos SL (Figura 7). Durante os anos de LN, o maior raio (Figura 7 a) e o raio médio (Figura 7 b) dos aglomerados convectivos apresentaram maiores frequências em valores mais elevados, sendo assim, durante a anomalia negativa da TSM do Pacífico os núcleos de baixa temperatura ficam maiores, consequência de correntes ascendentes que se distribuem em maiores áreas no interior dos sistemas. Ainda na Figura 7 (c), nota-se que em anos de EN foram observadas maiores ocorrências em menores valores de FRAC, levando a entender que sistemas em anos de LN são mais intensos, por possuírem núcleos convectivos distribuídos abrangendo maiores áreas no interior do sistema. Por fim, na ocorrência de LN a 36 TMEDCB, TMEDC e TMINCL (Figura 7 d, e, f) apresentam maiores ocorrências em menores temperaturas, indicando que estes sistemastêm convecção mais severa, e levando em consideração que a detecção de uma nuvem por satélite é feita a partir da sua temperatura de topo. Sendo assim, quanto mais frio for a temperatura registrada, mais alto é o topo do sistema e mais intensa é a convecção. Portanto, nota-se que na região de estudo as fases do ENOS influenciam na ocorrência dos SL, e possivelmente na sua precipitação. Este resultado corrobora com os resultados encontrados por Ropelewski e Halbert (1987), Zolman et al. (2000) e Gonçalves (2013). 37 Figura 7. Curvas de densidade das características físicas e morfológicas dos Sistemas Lineares: (a) CBSIL; (b) FRAC; (c) TMEDCL; (d) CBSMED; (e) TMEDCB; (f)TMINCL. Ao realizar o teste-t a um nível de significância de 5% (0.05) para avaliar as características físicas e morfológicas dos SL para os anos de EN e LN encontrou-se que apenas a FRAC (p-value: 2.9047e-04) e TMEDCL (p-value: 0.0301) apresentam diferenças significativas entre as médias. Sendo assim, os valores de temperatura (a) (c) (e) (b) (d) (f ) 38 média dos SL são mais baixos, indicando elevado desenvolvimento vertical, isso é afirmado também pela FRAC. Antes de se discutir o deslocamento dos SL, é preciso esclarecer que nas análises anteriores os sistemas deveriam ter pelo menos um registro dentro da caixa de latitude e longitude definida como área de estudo, porém, para averiguar o deslocamento foram considerados apenas os sistemas que iniciaram e dissiparam dentro da área de estudo, ainda, foi utilizado os dados do METEOSAT para analisar o deslocamento dos sistemas, pois dentro da base de dados do GOES-E faltava alguns dos arquivos necessários para realizar este tipo de análise. Além disso, não foi feito uso da classificação de Cohen et al. (1989), pois a identificação dos SL é feita pela ECCE e INCL, e como os SL examinados nesse estudo podem não ter sido captados na região costeira, optou-se pela não utilização da classificação de LIC, LIP1 e LIP2. Dito isso, pela Figura 8 pode-se notar que durante os anos de estudo os SL apresentaram deslocamento de 29 – 71 km. Contudo, não foi possível observar diferenças significativas entre os deslocamentos dos SL em anos de EN e de LN (p-value: 0.4637). Figura 8. Curva de densidade do deslocamento dos sistemas lineares nos anos de El Niño e La Niña. 39 A avaliação da precipitação dos SL em anos de EN e LN foi realizada para os anos de 1998, 2001 e 2008, pois a obtenção desses resultados dependeu diretamente da disponibilidade dos dados do satélite TRMM. Com relação a precipitação máxima dos sistemas analisados (Figura 9 a), é notório que os sistemas que ocorreram durante o ano de LN possuíram maior frequência de ocorrência em valores mais elevados, enquanto que para os sistemas que aconteceram durante o EN, ostentaram maiores frequências de ocorrência em valores inferiores. Na Figura 9 (b), pode-se observar que a precipitação média para um ano de LN apresenta maior frequência de ocorrência em valores mais elevados, enquanto que para o ano de EN verifica que a maior ocorrência é em valores menores. Indicando mais uma vez que os SL que se desenvolvem durante os anos de LN tem maior intensidade, isso significa que as correntes ascendentes nesses sistemas são mais intensas, propiciando maior desenvolvimento vertical, consequentemente, mais precipitação pode estar associada a esses sistemas. Apesar dos histogramas (Figura 9 a e b) apresentarem diferenças entre a distribuição da precipitação máxima (p-value: 0.2844) e média (p-value: 0.4524), quando foi feito um teste-t para avaliar se as médias das curvas são iguais ou diferentes, em ambas não foi encontrado diferença significativa. Contudo, este resultado é inédito no que diz respeito ao indicativo das diferenças da precipitação nos SL em anos de EN e LN. (b) (a) Figura 9. Distribuição da precipitação (a) máxima e (b) mínima para os anos de El Niño e La Niña 40 Na Figura 10 é possível ver a distribuição da precipitação média para os 6 primeiros meses dos anos de estudo, sem nenhuma filtragem nos dados, ou seja, a precipitação média causada por qualquer SC que tenha atuado na região. É possível notar em ambos os anos (Figura 10 a, b, c) uma região na costa dos estados do Pará e Amapá com valores de chuva elevados exatamente na região que normalmente se formam os SL. Além disso, ainda é verificado que nos anos de LN ocorreram os maiores valores de precipitação, e eles foram distribuídos tanto na região costeira, quanto no interior do continente, isso indica que nos anos da LN os sistemas foram mais intensos e que ocorreu mais chuvas. Esta precipitação também está relacionada ao posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que esteve melhor representada na região de estudo em 2001, ano de LN. Portanto, pode-se dizer que a variabilidade da precipitação na Amazônia em alguns anos pode ser fortemente relacionada ao ENOS, concordando com o encontrado por Ropelewski e Halpert (1987), Zolman et al. (2000), Andriole et. al (2004) e Gonçalves (2013). Pode-se notar também, que o ano de 2001 (Figura 10 b) apresentou dentre os três anos, valores mais elevados de precipitação, isso pode estar associado com associar o comportamento do GRAD, uma vez que, nesse período o GRAD estava negativo, ou seja, ambos os oceanos estavam apresentando condições propícia para a convecção (FUNCEME, 2016). Segundo Segundo Hastenrath e Heller (1977) e Moura e Shukla (1981) a fase negativa do GRAD ocorre quando as águas do ATS estão aquecidas e as do ATN estão resfriadas há ocorrência de movimentos ascendentes de massas de ar, o que proporciona a intensificação do processo de formação de nuvens e aumento da precipitação. Sendo assim, o resultado obtido reforça o encontrado por Ferreira e Da Silva Mello (2005), de que a LN associada ao GRAD negativo é normalmente responsável por anos normais, chuvosos ou muito chuvosos na região. 41 Figura 10. Distribuição da precipitação média para os anos de: (a) 1998, (b) 2001 e (c) 2008. (a) (b) (c) 42 Na Figura 11 é retratada a distribuição da precipitação média dos SL. Por ela, pode-se perceber que durante o ano de 2008 registrou-se maiores valores de chuva relacionado aos SL (Figura 11 c) do que durante os anos de 1998 e 2001 (Figura 11 a, b), isso pode ser um indicativo de o ENOS influencia efetivamente na distribuição espacial precipitação pelos SL. Observa-se também diferenças na média da precipitação entre os anos de 2001 e 2008 (Figura 11), a explicação pode estar relacionada a intensidade da LN, pois por mais que ambos os anos sejam considerados como moderados, o ano de 2008 apresentou anomalias de TSM mais negativas que 2001. Ademais, em ambos os anos é observado precipitação na costa do continente (Figura 11 a, b, c), na área de formação dos SL, mas o ano de 2001 é retratado com valores médios de chuva maior (Figura 11 c). 43 Figura 11. Distribuição da precipitação média referente aos Sistemas Lineares para os anos de: (a) 1998, (b) 2001 e (c) 2008. (a) (b) (c) 44 A Figura 12 apresenta a porcentagem de precipitação acumulada associada aos SL em relação a precipitação acumulada de todos os sistemas convectivos que atuaram na região de estudo, por meio dessa relação, pode-se encontrar a porcentagem e a região onde a precipitação é referente apenas aos SL. No ano de 1998 (Figura 12 a), observa-se que os SL são responsáveis por valores no entorno de 10% para a maior parte da região de estudo, apresentando apenas no interior do continente porcentagens mais elevadas. O ano de 2001 (Figura 12 b) apresenta baixa porcentagem de precipitação relacionada com os SL, enquanto isso, no ano de 2008 (Figura 12c), os SL aparecem como maiores influenciados na precipitação tanto na região oceânica, como na continental. 45 Figura 12. Distribuição espacial da porcentagem da precipitação dos SL em relação ao total acumulado na área de estudo para os anos de: (a)1998, (b) 2001 e (c) 2008. (a) (b) (c) 46 4. CONCLUSÕES Levando em consideração os resultados obtidos durante o estudo, pode-se afirmar que o Oceano Pacífico influencia remotamente na ocorrência de sistemas convectivos lineares na região Amazônica brasileira. É importante ressaltar que a maior influência na geração das Linhas de Instabilidade na região de estudo é o gradiente térmico continente/oceano. Portanto, se faz importante avaliar em trabalhos futuros se a influência do Oceano Pacífico é apenas para os sistemas lineares ou para todos os sistemas que ocorrem na região. Encontrou-se que os Sistemas Lineares são mais intensos que os demais sistemas, que foram classificados ao longo do trabalho como Sistema Não Linear. Também houveram indícios de que os Sistemas Lineares são mais intensos durante a ocorrência de La Niña. Ou seja, os Sistemas Lineares possuem correntes ascendentes mais intensas, o que propicia o maior desenvolvimento vertical desse sistema, fazendo com que esses sistemas estejam mais relacionados a eventos extremos de precipitação. Ao analisar a precipitação média e máxima dos Sistemas Lineares não foi encontrada diferença significativa entre os anos de El Niño e La Niña, porém, ao avaliar a distribuição espacial notou-se que durante os anos de La Niña houveram valores mais elevados de precipitação, especialmente o ano de 2008 onde os SL apresentaram maior porcentagem de influência na precipitação tanto na região oceânica, como na região continental. Isso se deve a intensidade do sistema, pois quanto mais intenso é o sistema, maior será a possibilidade de ocorrer valores significativos de precipitação. Além disso, notou-se que tanto o Oceano Pacífico, quanto o Oceano Atlântico interferem na distribuição da precipitação; e que a intensidade das anomalias de Temperatura de Superfície do Mar é essencial para avaliar a influência do oceano nos Sistemas Lineares. 47 REFERÊNCIAS ALCÂNTARA, C.R.. Um estudo da relação entre jatos de baixos níveis e linhas de instabilidade da Amazônia. 2010. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo. ALCÂNTARA, C.R.. Linha de instabilidade da Amazônia: estudo de caso e importância das características do perfil do vento na sua formação e desenvolvimento. Ciência e Natura, v. 33, n. 2, p. 197-226, 2011. ALCÂNTARA, C.R. et al. Influência dos jatos em médios e baixos níveis nos processos de nuvem: estudo numérico de uma linha de instabilidade amazônica. 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