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AULA 9 Manuella Soussa Braga Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Mordida Cruzada ANTERIOR e POSTERIOR A mordida cruzada é uma relação anormal, vestibular ou lingual, de um ou mais dentes da maxila com um ou mais dentes da mandíbula. O diagnóstico de mordida cruzada é morfológico e etiológico (é necessário mapear a etiologia). A mordida cruzada anterior é uma alteração sagital (ântero-posterior) das arcadas dentárias, enquanto a mordida cruzada posterior é uma alteração transversal. Mordida Cruzada Anterior É uma relação vestíbulo-lingual anormal entre os dentes anteriores com incisivos inferiores posicionados anteriormente aos superiores. Clinicamente, essa relação se apresenta como um overjet negativo, em que o incisivo superior oclui na superfície lingual do incisivo inferior. A etiologia precisa ser entendida ou eliminada, pois, caso não seja, há grandes chances de recidiva durante a fase de contenção. ● erupção lingual do sup. ou vestibular do inf. ○ traumatismo no dente decíduo ○ supranumerário, cistos ou tumores ○ falta de espaço ○ perda precoce do decíduo ○ retenção prolongada de decíduo ● hábito de morder o lábio superior ● desvio funcional ant. da mandíbula (pseudo cl. III) ● classe III verdadeira (MC anterior esquelética) Avalia-se: ● o número de dentes cruzados ● onde está a alteração (IS, II ou ambos) ● se existe espaço para correção ● se a sobremordida é suficiente para contenção ● se a alteração é dentária ou esquelética ● o padrão de fechamento mandibular (desvio) ● grau de formação radicular A sobremordida é uma medida necessária para estabilizar o tratamento. dentária funcional (pseudo classe III) esquelética (classe III verdadeira) Mordida Cruzada Anterior Dentária Diante de uma mordida cruzada anterior de origem dentária, as bases ósseas da maxila e mandíbula estão sagitalmente equilibradas ( Classe I de Angle ). O problema em questão é que há uma inclinação dentária alterada , geralmente localizada em um ou dois dentes. Também não se tem um desvio funcional da mandíbula, ou seja, a RC = MIH (ou muito próxima). O paciente possui um crescimento facial equilibrado . Alguns aspectos clínicos que são possíveis de visualizar são desgastes na vestibular dos superiores e recessão gengival inferior . Não há alterações esqueléticas craniofaciais significativas. É possível visualizar uma inclinação dentária axial alterada. 1. Espátula de Madeira 2. Plano Inclinado Individual de Resina Composta 3. Plano Inclinado Inferior de Acrílico 4. Placa com Mola Digital Espátula de Madeira. ETIOLOGIA CONSIDERAÇÕES PARA TRATAMENTO CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS TRATAMENTO indicação fase de erupção vantagem custo e rapidez do tratamento desvantagem cooperação protocolo - espátula em 45º - intervalos de 5 a 10 minutos por hora - 2 horas por dia AULA 9 Manuella Soussa Braga Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Plano Inclinado Individual em Resina Composta. Plano Inclinado Inferior em Acrílico. Placa com Mola Digital. Arco de Hawley (arco vestibular) - limita o movimento e retenção - fio com 0.7 mm Mola - simples - hélice - fio 0.6 ou 0.5 mm - faz passivo e depois ativa Caso a mordida cruzada anterior dentária não seja tratada… Perda do espaço no arco. Desgaste vestibular no IS cruzado. Oclusão traumática (recessão gengival especialmente no II) Desenvolvimento de MCA funcional (pseudo classe III) Desenvolvimento de má oclusão classe III. Mordida Cruzada Anterior Funcional É o desvio funcional anterior mandibular durante o fechamento. Há um contato prematuro, sendo que a RC é diferente da MIH. Quando há o contato prematuro na RC, o paciente faz o desvio da mandíbula para anterior para a posição de MIH. Em MIH, os incisivos estão cruzados, os molares tendem a uma posição de classe III (pseudo-classe III). Em RC, os incisivos tendem a uma posição de topo-a-topo e os molares tendem a uma posição classe I. O tratamento leva em consideração a mordida em RC, levando em consideração a eliminação do contato prematuro que leva ao desvio para MIH. Na máxima abertura, a mandíbula tende a não desviar. Quando fecha lentamente, é possível observar o primeiro contato. Se esse primeiro contato coincide com outros contatos, é um bom sinal de que a RC está bem próxima ou é igual a MIH. Caso seja observado essa alteração funcional, é necessário confeccionar um JIG de resina acrílica para que o paciente o posicione no momento de realizar a radiografia para não interferir na projeção da mandíbula e interferir no resultado do exame. Origem do contato prematuro. Dentária (inclinações axiais estão alteradas) Esquelética (classe III incipiente) Caso a MC anterior funcional não seja tratada… Crescimento facial alterado Restrição do crescimento maxilar Estímulo do crescimento mandibular Tensões excessivas na ATM Desenvolvimento da Classe III indicação incisivo inferior também está vestibularizado vantagem custo, facilidade, rapidez no tratamento e não necessita de cooperação desvantagem desconforto e risco de trauma protocolo adicionar incrementos em resina, aumentando a coroa clínica dentária com movimento recíproco requisitos para indicação incisivo superior (até 2) lingualizado espaço suficiente para descruzar ápice próximo à posição correta relação de classe I de Angle sobremordida suficiente (contenção) características ancoragem mínima: dente a ser descruzado + 2 (A = N + 2), rampa lisa adapta na superfície palatina no inc. superior, 45º com plano oclusal, contorno gengival vestibular e lingual, toca-se apenas os dentes cruzados, tempo de uso curto de até 3 semanas vantagens fácil construção, rápida correção,rara recidiva (desde que estabeleça sobremordida correta) e é fixo desvantagens mordida traumática, dificuldade temporária de fala e mastigação, a força é descontrolada (por isso precisa ser rápido e supervisionado) e tem risco de trauma vantagens é biológico e efetivo (atraumático), melhor alinhamento dentário desvantagens custo, cooperação, uso 24 horas por dia CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS AULA 9 Manuella Soussa Braga Ortodontia I - 7º período - 2020/2 Mordida Cruzada Anterior Esquelética É válido lembrar que as características radiográficas devem complementar o que foi visto clinicamente. Na mordida cruzada anterior esquelética, há alterações nas medidas esqueléticas, podendo ser uma deficiência maxilar, excesso mandibular ou a combinação destes. No exame cefalométrico é necessário ter um pouco de atenção, pois na classe III esquelética, a base craniana também pode estar deficiente, prejudicando o ângulo ANB. Por isso, é necessário complementar com o AO-BO. Na cefalometria, também se observa a direção de crescimento. Se for horizontal ou harmônico, tem-se um prognóstico um pouco mais favorável. Se for vertical, há um prognóstico menos favorável. Observa-se uma relação de classe III entre as bases ósseas e a mordida cruzada anterior persiste em RC e MIH, ou seja, nesses casos, a RC = MIH . Geralmente, essa MCA é generalizada , envolvendo todos os incisivos. O paciente também apresenta características de classe III de Angle (relação de molar de classe III e perfil côncavo). 1. Mentoneira 2. Tração Reversa Maxilar a. Máscara Facial i. Máscara de Petit ii. Máscara de Dellaire b. SkyHook Possuem bom prognóstico em idades precoces (6-7 anos). Mentoneira. Indicada para casos de prognatismo mandibular (classe III). A mentoneira exerce uma pressão na mandíbula com o objetivo de contrapor a tendência à classe III na dentição decídua ou mista inicial, descruzar a mordida anterior e restringir e redirecionar o crescimento mandibular. É bem difícil restringir esse crescimento condilar (por ser uma ossificação endocondral), o que pode acontecer é uma discreta melhora por conta de um giro da mandíbula no sentido horário (como se a mandíbula crescesse um pouco mais para baixo do que para frente). O prognóstico é extremamente desfavorável. Tração Reversa Maxilar. Indicada para casos de retrusão/deficiência maxilar (classe III). Tem um prognóstico mais favorável, levando em consideração a plasticidade da maxila. Outra indicação é quando há um prognatismo mandibular suave e moderado. O objetivo é estimular o crescimento maxilar por meio da máscara facial de Petit, Delaire ou outras opções. Essas máscaras tendem a ter efeitos dentoalveolares. A SkyHook é uma mentoneira com ganchos, ou seja, uma mentoneira de tração reversa. Pode ser utilizada quando se deseja uma combinação de efeitos (giro da mandíbula e tração da maxila). A vantagem é que é muito mais barata, porém necessita de um pouco mais de atenção pois a mentoneira não pode pressionar a região de incisivo inferior. A melhor época para tratamento da MC anterior esquelética é iniciar o mais cedo possível, pois quanto mais precoce, maior o efeito esquelético. Ainda, entre 6 a 9 anos é a época em que se tem melhor cooperação e resultados. Mordida Cruzada Posterior ● Respirador Bucal ● Hábitos Bucais Deletérios ● Interferências Oclusais ● Fissuras Palatinas ● Hábitos Posturais Incorretos ● Migração do Germe do Dente Permanente Respirador Bucal Características Faciais aspecto cansado lábios entreabertos nariz achatado base nasal estreita lábio superior hipotônico lábio inferior evertido CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS EXAME CLÍNICO TRATAMENTO ETIOLOGIA AULA 9 Manuella Soussa Braga Ortodontia I - 7º período - 2020/2 quanto à orientação anatômica : 1. lingual 2. lingual completa 3. vestibular (brodie) quanto à localização : 1. unilateral 2. bilateral quanto à etiologia : A mordida cruzada unilateral funcional não tratada pode se consolidar em um problema esquelético de assimetria mandibular. Diagnóstico Diferencial das Mordidas Cruzadas Posteriores Bilaterais Levando em consideração as inclinações dentárias posteriores e a forma do palato: Na dento-alveolar, as bases ósseas possuem dimensões corretas (palato correto) (AB), porém as inclinações linguais dentárias estão incorretas (CD). Na esquelética, as inclinações dentárias estão normais (vestibulares) (CD), porém as bases ósseas (palato atrésico/profundo) possuem dimensões incorretas (AB). Também pode acontecer a combinação dos dois. Trata-se do problema mais grave (alteração esquelética). Normalmente ao tratar a alteração esquelética, as inclinações dentárias alteradas também são tratadas. Algumas características marcantes de um arco maxilar atrésico por etiologia esquelética são: formato em V, palato profundo/atrésico e presença de apinhamento dentário. Mordida Cruzada Posterior Dentária CLASSIFICAÇÃO unilateral dentária inclinação dentária alterada (localizada em 1 dente) dento-alveolar inclinação dentoalveolar alterada (grupo de 2-4 dentes) funcional desvio lateral de RC (relação de topo) para MIH (mordida cruzada) esquelética inclinação dentária normal e atresia maxilar assimétrica bilateral dentária/ dento-alveolar inclinação dentoalveolar alterada em ambos os lados esquelética atresia maxilar real e inclinação dentária não alterada TRATAMENTO AULA 9 Manuella Soussa Braga Ortodontia I - 7º período - 2020/2 MC Posterior Dento-Alveolar Para mordidas cruzadas posteriores dento-alveolares, utiliza-se os expansores. Aparelho Removível (Expansão Lenta) É removível e cobre pelo menos o centro da coroa dos posteriores. O que define a velocidadede expansão é a sua ativação. Nesse caso, faz-se ¼ de volta a cada 2 dias, tendo o efeito de inclinação vestibular e abertura da sutura (dificilmente mesmo usado muito precocemente). Para contenção, utiliza-se o próprio aparelho por 1-3 meses (basta imobilizar o parafuso, aplicando resina acrílica no torno do expansor). Quadri-hélice (aparelho fixo) A sua ativação (expansão bilateral ou assimétrica) é feita antes da cimentação. Ele já é cimentado ativo, ou seja, na posição futura que se deseja para aqueles dentes. O seu efeito é expansão dentoalveolar, dependendo da idade e a abertura da sutura só pode ocorrer se usado precocemente (até 1º período transicional). A sua ativação é fora da boca, o que confere uma desvantagem para esse aparelho, já que para reativar seria necessário tirar e cimentá-lo novamente. A vantagem é que não depende da cooperação do paciente. MC Posterior Esquelética Expansão Rápida ou Disjunção Maxilar O objetivo principal é coordenar as bases ósseas da maxila e mandíbula. A sua indicação é para a deficiência transversal da maxila, criação de espaço no arco (para evitar extrações), capacidade nasal inadequada e, normalmente, a deficiência maxilar ântero-posterior (classe III), pois geralmente está combinado com a alteração transversa da maxila. Pode favorecer erupção de caninos. O sinal de sucesso clínico desse tratamento é a abertura de espaço na região anterior (diastema inter-incisivos que se fecha espontaneamente após o fim das ativações). Deve ser realizada o mais precoce possível, pois assim terá maior efeito esquelético. A adolescência é o limite ideal máximo. Na pós-adolescência ou adulto jovem, há um risco da sutura não abrir mais. A ativação lenta desses disjuntores faz com que eles possuam efeito dento-alveolar pela expansão dentária. ● Dor suportável em crianças ● Pouca resistência da sutura palatina mediana ● Aumento da largura internasal A sua ativação para disjunção é ¼ de volta a 1 volta completa ao dia (0.25 a 1 mm por dia). É importante que a primeira ativação seja um pouquinho mais forte para impactar a sutura palatina mediana. Os resultados da expansão palatal são: abertura da sutura palatina mediana, expansão ortopédica e expansão dentária por inclinação vestibular (indesejada). Interrompe-se a disjunção quando percebe-se que os dentes estão sobrecorrigidos, pois essa inclinação vestibular tende a recidivar (ganha em estabilidade). Para higienizar esses aparelhos, recomenda-se passar o fio dental por baixo do aparelho, realizar a escovação, além de utilizar uma seringa com jato de água para limpar por baixo. O Hyrax possui maior facilidade de higiene. O padrão de abertura desses aparelhos na expansão rápida da maxila ou disjunção é em V (a ossificação é maior na região posterior e ainda tem a resistência promovida pela base do crânio). Para contenção, utiliza-se o aparelho em posição para ossificação da sutura por 4 a 6 meses. A mordida cruzada não se autocorrige. Pelo contrário, se não corrigida pode se agravar. O tratamento em idade precoce é mais simples e tem um custo biológico e financeiro menor. Assim, deve-se corrigi-la o quanto antes, assim que diagnosticada. TRATAMENTO TRATAMENTO CONCLUSÃO
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