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0 SUMÁRIO 1. O PROBLEMA DO CÂNCER ................................................................................ 2 2. A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA ..................................... 4 3. LEGISLAÇÃO ENVOLVIDA .................................................................................. 8 4. PRINCIPAIS UNIDADES ENVOLVIDAS NA OPERACIONALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ONCOLÓGICA ................................................................................. 10 5. A PROMOÇÃO DA SAÚDE E A PREVENÇÃO DO CÂNCER COMO UM DESAFIO ATUAL ...................................................................................................... 14 6. A BOA ALIMENTAÇÃO DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER ................ 22 7. QUAL O TIPO DE ALIMENTO NECESSÁRIO? ................................................. 23 8. A BOA NUTRIÇÃO PODE SERVIR DE TRATAMENTO PARA O CÂNCER? .... 24 9. COMO RESOLVER OS PROBLEMAS DE ALIMENTAÇÃO DURANTE O TRATAMENTO .......................................................................................................... 25 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27 1. O PROBLEMA DO CÂNCER Fonte: www.mdsaude.com O termo câncer é utilizado para representar de forma genérica um conjunto de mais de cem enfermidades, que abrangem neoplasias malignas de localizações diversas, sendo responsável por cerca de 17% dos óbitos por causa conhecida ocorridos no Brasil. Deve-se destacar o caráter múltiplo da doença, com apresentação de manifestações variadas, diferentes taxas de letalidade e sobrevida, assim como diversas formas de abordagens terapêuticas e preventivas. Há tipos de câncer com melhor prognóstico, como é o caso dos tumores de pele não melanoma, mama feminina, colo do útero, cólon e reto, e próstata. Outros tipos de câncer apresentam taxa de sobrevida relativamente baixa, como no caso do câncer de pulmão e de estômago (INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2009, p. 7 e 23). As ações de combate ao câncer envolvem desde cuidados de saúde preventiva, associada à atenção básica, até a alta tecnologia, aplicada à realização de exames e a modernos tipos de tratamentos, relacionados à assistência de alta complexidade. Os desafios colocados pela doença também demandam investimentos constantes em pesquisas, para a descoberta de formas de prevenção, bem como de tratamentos mais efetivos, com a promoção de benefícios científicos e melhorias para a saúde pública. No mundo, o impacto do câncer mais que dobrou em trinta anos. As estimativas para o ano de 2008 foram de cerca de doze milhões de casos novos e de sete milhões de óbitos. O crescimento populacional contínuo e o envelhecimento da população mundial deverão potencializar ainda mais o impacto do câncer no mundo. Esse impacto deverá ser mais acentuado em países de médio e baixo desenvolvimento, para os quais foram estimados metade dos casos novos e cerca de dois terços dos óbitos por câncer em 2008 (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008). Essa realidade demonstra a importância de investimentos na área de prevenção e tratamento em oncologia, principalmente em países menos desenvolvidos. Fonte: plus.google.com/ Os tipos de câncer mais comuns em termos de incidência no mundo foram o câncer de pulmão (1,52 milhões de casos novos), mama (1,29 milhões) e cólon e reto (1,15 milhões). Em função do mau prognóstico, o câncer de pulmão foi a principal causa de morte (1,31 milhões), seguido pelo câncer de estômago (780 mil óbitos) e pelo câncer de fígado (699 mil óbitos) (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2008). 2. A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO ONCOLÓGICA Fonte: jucineiaprussak.jusbrasil.com.br A Política Nacional de Atenção Oncológica, objeto de estudo da presente auditoria, contempla ações de promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos. A Portaria GM/MS 2.439/2005 que a instituiu, estabeleceu que a Política deveria ser organizada de forma articulada com o Ministério da Saúde e com as Secretarias de Saúde dos estados e município, respeitando-se as competências das três esferas de gestão. A Política foi concebida de forma a permitir as seguintes ações: a) o desenvolvimento de estratégias coerentes com a política nacional de promoção da saúde voltadas para a identificação dos fatores determinantes e condicionantes das neoplasias malignas mais prevalentes e orientadas para o desenvolvimento de ações que promovam a redução de danos e a proteção da vida, de forma a assegurar a equidade e a autonomia de indivíduos e coletividades; b) a organização de uma linha de cuidados que perpasse todos os níveis de atenção, desde a atenção básica até a atenção especializada de média e alta complexidade, e de atendimento contemplados pela política (promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos); c) a constituição de Redes Estaduais ou Regionais de Atenção Oncológica, formalizadas nos Planos Estaduais de Saúde, com estabelecimento de fluxos de referência e contra referência, de forma a garantir o acesso e atendimento integrais; Fonte: doutissima.com.br d) a definição de critérios técnicos adequados para o funcionamento e para a avaliação dos serviços públicos e privados que atuam na atenção oncológica, assim como sistemática para sua monitoração; e) a ampliação da cobertura do atendimento aos doentes de câncer, de forma a assegurar a universalidade, a equidade, a integralidade, o controle social e o acesso à assistência oncológica; f) o fomento, a coordenação e a execução de projetos de incorporação tecnológica, por meio de estudos de custo-efetividade, eficácia e qualidade da atenção oncológica no Brasil; g) o auxílio ao desenvolvimento de processos e métodos de coleta, análise e organização dos resultados das ações decorrentes da Política, de forma a permitir o aprimoramento da gestão e a disseminação das informações; h) a promoção do intercâmbio com outros subsistemas de informações setoriais, de forma a aperfeiçoar a produção de dados e a democratização das informações; i) a qualificação da assistência e a promoção da educação permanente dos profissionais de saúde envolvidos com a implantação da Política, de acordo com os princípios da integralidade e da humanização; j) o fomento à formação e à especialização dos recursos humanos para atuação na rede de atenção oncológica; Fonte: www.digabahia.com.br k) o incentivo à pesquisa sobre a atenção oncológica; de acordo com os objetivos da Política Nacional de Ciência e Tecnologia em Saúde. A Portaria GM/MS 2.439/2005 definiu, ainda, os componentes fundamentais da política, dentre os quais, destacam-se os seguintes: a) A promoção e a vigilância em saúde, que devem utilizar, entre outras, ações que proporcionem a redução de fatores de risco para as neoplasias; b) A atenção básica, com previsão de ações voltadas para a promoção da saúde, a prevenção do câncer, o diagnóstico precoce, o apoio à terapêutica, aos cuidados paliativos e ao seguimento dos doentes; c) Média complexidade, assistência que deve ser garantida por meio do processo de referência e contra referência dos pacientes; d) Alta complexidade, organizada de forma a assegurar o acesso dos doentes com diagnóstico definitivo, deverá determinar o estadiamento da doença, tratar os pacientes com qualidade e de acordo com as condutas estabelecidas em Unidades e Centros de Alta Complexidade em Oncologia; e) Sistema de informação, que deve possibilitar aos gestores subsídios para a tomada de decisões e promover a disseminação de informações; f) Diretrizes nacionais para a atenção oncológica, envolvendo todos os níveis de atenção, que possibilitem o aprimoramento da atenção,da regulação, da avaliação e dos controles; g) Avaliação tecnológica, que deve oferecer subsídios para a tomada de decisões no processo de incorporação de novas tecnologias; h) A educação permanente e capacitação das equipes em todos os níveis de atenção. 3. LEGISLAÇÃO ENVOLVIDA A Declaração Universal dos Direitos Humanos preceitua, no artigo 25, que toda pessoa tem direito a saúde e a cuidados médicos em caso de doença. A Constituição Federal de 1988 materializa esses direitos na Seção II do Título VIII – Da Ordem Social –, que se dedica, especialmente, ao tema da Saúde. O art. 196 assevera que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado, que deve ser garantido por meio de políticas que visem ao acesso universal e igualitário aos serviços de saúde. O art. 198 nomeia como um das diretrizes do SUS o atendimento integral da população. Fonte: www.rochadvogados.com.br A Lei 8.080/1990 (Lei Orgânica do SUS), em conformidade com a Constituição, no art. 7º, relaciona entre os princípios do SUS, o princípio da “universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência” e princípio da integralidade de assistência. A mesma lei, ao delimitar os campos de atuação do SUS, estabelece que a execução das ações deve abranger a assistência terapêutica integral, inclusive a farmacêutica (art. 6º, inciso I, alínea “d”). A Política Nacional de Atenção Oncológica foi instituída pela Portaria MS/GM 2.439 do Ministério da Saúde, de 8/12/2005, de forma coerente com os princípios já expressados. Fonte: www.mdig.com.br Portaria SAS/MS 741, de 19/12/2005, editada com o objetivo de estruturar determinados aspectos da Política, definiu as normas de classificação, credenciamento e habilitação, assim como os parâmetros de distribuição demográfica, produção e avaliação das Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacons), dos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacons) e dos Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia (Cracons). É importante mencionar, ainda, a Portaria SAS 62, de 11/3/2009, que determinou que a Coordenação-Geral da Alta Complexidade, em conjunto com o Inca e com a Coordenação-Geral de Regulação e Avaliação mantenham monitoramento e avaliação contínua e anual dos estabelecimentos habilitados para prestar serviços de oncologia. A referida portaria também manteve determinação no sentido de que as Secretarias de Estado da Saúde avaliem a produção desses estabelecimentos a cada doze meses, de forma a poderem propor os ajustes de cadastro ou assistenciais cabíveis. O Apêndice D apresenta a relação das principais normas legais e infralegais sobre a prestação da assistência oncológica e sobre temas correlatos. 4. PRINCIPAIS UNIDADES ENVOLVIDAS NA OPERACIONALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA ONCOLÓGICA Fonte: www.indeppos.com.br No âmbito do Ministério da Saúde, a operacionalização da atenção oncológica está afeta à Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), mais especificamente, ao Departamento de Atenção Especializada (DAE). No entanto, a Coordenação Geral de Média e Alta Complexidade (CGMAC), que integra o Departamento de Atenção Especializada (DAE), é a responsável mais direta pelas ações que envolvem a Política de Oncologia. Entre suas competências regimentais, podem ser destacadas as seguintes (art. 264, do Anexo à Portaria GM/MS 2.965/2010, que aprovou os regimentos internos dos órgãos do Ministério da Saúde): a) o planejamento e a coordenação da elaboração de programas nacionais da área de média e alta complexidade do SUS; b) a coordenação da elaboração de normas, diretrizes e orientações para a execução de procedimentos de média e alta complexidade nos serviços de saúde do SUS em relação às políticas sob sua responsabilidade direta; c) a promoção da implantação de mecanismos para o acompanhamento dos procedimentos de média e alta complexidade desenvolvidos nas unidades do SUS referentes às políticas sob sua responsabilidade direta; d) o desenvolvimento de sistemas de registro das informações sobre os procedimentos de média e alta complexidade realizados no âmbito do SUS relacionados às políticas sob sua responsabilidade direta e) a coordenação das ações de cooperação técnica junto às instâncias gestoras do SUS, no que diz respeito às normas e diretrizes para execução de procedimentos de média e alta complexidade; f) definir indicadores para monitoramento e avaliação das ações sob sua coordenação. Ainda no âmbito da organização do sistema de atendimento oncológico, integrando a SAS, há o Departamento de Regulação, Avaliação e Controle de Sistemas (DRAC). O DRAC é o setor responsável pelas políticas nacionais de regulação em saúde e operacionaliza a Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), que tem como objetivo coordenar as referências interestaduais de pacientes que necessitem de assistência hospitalar de alta complexidade, conforme Portaria GM/MS 2.309/2001. A SAS agrega também o Instituto Nacional de Câncer (Inca) que tem entre suas competências a formulação e a execução de programas nacionais de enfrentamento ao câncer, a formação de recursos humanos e a realização de pesquisas na área oncológica. O Inca é responsável, ainda, pela prestação de serviços assistenciais diretamente aos portadores de câncer por meio dos quatro Hospitais do Câncer que integram a sua estrutura. O Inca também participa da melhoria das condições estruturais da rede de atendimento, mediante a cessão e doação de equipamentos para estados, instituições públicas e filantrópicas no país para o rastreamento do câncer de mama e tratamento radioterápico dos pacientes oncológicos (INCA, 2010). Os gestores locais de estados e municípios, por meio das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, são responsáveis solidários com o Ministério da Saúde pela prestação dos serviços para as suas populações. Assim, executam a formalização de contratos e convênios com prestadores de serviço, o processamento do faturamento desses serviços, bem como o pagamento aos estabelecimentos de saúde. Fonte: www.eldia.com Os gestores estaduais responsabilizam-se pela gestão da política de alta complexidade em âmbito estadual. Entretanto, os municípios habilitados em Gestão Plena do Sistema Municipal e com serviços de alta complexidade em seus territórios serão responsáveis pela organização desses serviços, exercendo o comando único sobre os prestadores (arts. 24 e 25 da Portaria GM/MS 373/2002 – Norma Operacional da Assistência à Saúde - NOAS-SUS 01/2002). A rede de atenção oncológica de alta complexidade é composta pelos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Cacons), pelas Unidades de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacons) e por serviços isolados (Portaria SAS/MS 741/2005). Os Unacons são hospitais que possuem condições técnicas, instalações, equipamentos e recursos humanos adequados à prestação de assistência de alta complexidade para a realização de diagnóstico definitivo e tratamento dos tipos de câncer mais prevalentes no Brasil e deve contar com, no mínimo, Serviço de Cirurgia Oncológica e Serviço de Oncologia Clínica. Os Cacons são hospitais que apresentam condições técnicas, instalações físicas, equipamentos e recursos humanos apropriados para a prestação de assistência especializada de alta complexidade, que envolva o diagnóstico e tratamento de todos os tipos de câncer. Ademais, os Cacons devem, obrigatoriamente, contar com serviços de cirurgia oncológica, oncologia clínica radioterapia e hematologia. Fonte: nathaliarodriguesgarcia.blogspot.com.br A Portaria SAS/MS 741/2005 definiu que os Cacons que desempenham papel auxiliar, de caráter técnico, em apoio ao gestor do SUSnas políticas de atenção oncológica constituem-se em Centros de Referência de Alta Complexidade em Oncologia (Cracons). Entretanto, salvo o Inca, que é o Centro de Referência de Alta Complexidade em Oncologia do Ministério da Saúde, nenhum outro Cacon foi autorizado como centro de referência. Os serviços isolados são estabelecimentos que prestam atendimento em radioterapia e quimioterapia associados a um hospital de maior nível de complexidade (Unacon ou Cacon), atuando de forma complementar na prestação dos serviços. A Portaria SAS/MS 741/2005 vedou o credenciamento de novos serviços isolados. Conforme consta do § 9º do art. 1º da Portaria SAS/MS 62/2009, o credenciamento dos serviços isolados remanescentes de radioterapia têm prazo de vigência apenas até dezembro de 2011. Após esta data, apenas poderão continuar prestando atendimento os serviços que se integrarem a um hospital habilitado ou em condições de se habilitar, conformando um complexo hospitalar. Além dos centros de atendimentos mencionados, também foram concedidas habilitações para determinados hospitais gerais realizassem cirurgias oncológicas (Portaria SAS/MS 361/2007). Em junho de 2011, a rede de atenção oncológica compunha-se de 280 estabelecimentos habilitados, sendo, 42 Cacons, 213 Unacons, 9 hospitais gerais habilitados para realizar cirurgias oncológicas e, ainda, 1 serviço isolado de quimioterapia e 15 serviços isolados de radioterapia (Vide Apêndice H – Quantidade de estabelecimentos habilitados em oncologia por unidade da Federação). 5. A PROMOÇÃO DA SAÚDE E A PREVENÇÃO DO CÂNCER COMO UM DESAFIO ATUAL Fonte: www.atividadesfisicas.com.br/ A produção do conhecimento e as mudanças da práxis da saúde têm sido mais efetivas nos últimos anos. Observa-se a apropriação pelos indivíduos dos saberes sobre saúde, riscos e doenças, difundidos pelos meios de comunicação de massa. É um fato a revolução nas comunicações, a expansão, praticamente ao infinito, pela Internet e a circulação de informações sobre saúde, risco, danos, exames, terapias e práticas visando a preservação e recuperação da saúde no plano individual, tornando o próprio sujeito responsável por decisões e ações que afetem direta ou indiretamente sua saúde. Em países desenvolvidos esta já é uma realidade palpável. Na Inglaterra as pessoas estão sendo encorajadas, nas consultas médicas, a responsabilizar-se pela própria saúde, por meio da adoção de comportamentos saudáveis, sendo esta uma característica atual implícita no cuidado preventivo na atenção à saúde primária. Fonte: www.amvapmg.org.br No Canadá as ações de saúde também deslocam a ênfase da prevenção de doenças para a PS e está ganha uma importância capital, sendo definidora de um novo modelo que incorpora políticas públicas saudáveis e mudanças em estilos de vida. Esta é, portanto, uma tendência mundial, onde se destaca a crescente importância das atitudes individuais para a promoção, prevenção e proteção de doenças, além da disseminação paralela dos fatores de risco à saúde associando sua prática, ao crescente peso da razão econômica. Entretanto, a mercantilização da saúde, com a comercialização em larga escala de informações e produtos dirigidos à preservação da vida saudável, do viver com saúde, na perspectiva do consumo individualizado de produtos e serviços, não significará necessariamente uma racionalização da vida no sentido da incorporação exclusiva de um saber científico, instrumental. Pelo contrário, a julgar pelas características e multiplicidade de informações, o cuidado à saúde no plano individual não deixará de manter o apelo ao simbólico, ao mágico, ao sobrenatural, ao místico, e mesmo ao metafísico. Fonte: www.ibccoaching.com.br As condições de vida globalizadas, hoje, em hipótese, são configuradas como forma de sofrimento social que pode ser traduzida como uma pandemia de saúde mental, resultante de mudanças na política, economia e cultura. A propagação do tabaco e do álcool pela mídia e os problemas de saúde associados ao seu uso são um exemplo. É provável que uma das principais características das práticas de saúde no futuro será a ênfase concedida à pesquisa e principalmente, às ações em prevenção. Assim, uma exploração das possibilidades colocadas para o século XXI pressupõe análise das tendências da produção de conhecimentos e do desenvolvimento de práticas de prevenção, promoção e vigilância da saúde, levando em conta a identificação das perspectivas econômicas, políticas e sociais que se apresentam no momento em que se consolida o processo de globalização da economia e da cultura. Assim, o câncer é indubitavelmente um problema de saúde pública, incluído entre as primeiras causas de morte nas diferentes regiões do nosso país. Hoje este agravo é a segunda causa de morte por doença no Brasil, perdendo somente para as doenças do coração, e seguido das doenças cerebrovasculares. Estima-se que em 2003, no Brasil, ocorreram 402.190 casos novos e 126.960 óbitos por câncer. Espera-se encontrar para o sexo masculino 186.155 casos novos e 68.350 óbitos, enquanto que, para o sexo feminino, 216.035 casos novos e 58.610 óbitos. As maiores taxas de incidência entre os homens foram provavelmente devidas ao câncer de pele não melanoma, próstata, pulmão, estômago e cólon e reto enquanto que nas mulheres, destacam-se as neoplasias malignas da pele não melanoma, mama, colo do útero, cólon, reto e estômago. Provavelmente o câncer de pulmão foi a primeira causa de morte por câncer no sexo masculino, seguido do câncer de próstata, estômago, esôfago, cólon e reto. Estima-se que o câncer da mama feminina manter-se-á como a primeira causa de morte em mulheres, seguido pelo câncer de pulmão, cólon, reto, colo do útero e estômago. Fonte: sites.correioweb.com.br Analisando-se o panorama apresentado, a importância do câncer como um problema de saúde pública em nosso país torna-se evidente, desencadeando uma discussão sobre a prevenção do câncer, o comportamento preventivo a este agravo e a PS. Conceitualmente, prevenir o câncer consiste em reduzir ao mínimo ou eliminar a exposição aos agentes carcinogênicos além de minimizar a suscetibilidade individual aos efeitos destes agentes. Este é um conceito simplificado. Poderiam ser acrescentados a ele os aspectos sociais, econômicos e culturais. Fonte: www.brasilpost.com.br Para prevenir o câncer a população deve ser informada sobre os comportamentos de risco, os sinais de alerta e a frequência da prevenção. Mas, além disto, é importante a capacitação dos recursos humanos que atuam nesta área, buscando uma reorientação para a cultura do câncer e consequentemente mudanças na práxis destes profissionais. Em oncologia encontra-se o termo prevenção classificado em níveis primário e secundário. A prevenção primária situa-se no período anterior à doença, incluindo medidas inespecíficas de proteção de indivíduos contra riscos e danos. Refere-se a toda e qualquer ação voltada para redução da exposição da população a fatores de risco da doença, tendo como objetivo reduzir a sua ocorrência, por meio da promoção da saúde e proteção específica. Fonte: www.folhadocentro.pt Portanto, a prevenção primária divide-se nas ações de promoção e nas ações de proteção específicas contra fatores de riscos para o câncer, sendo que a promoção da saúde se relaciona às medidas inespecíficas da prevenção primária, como luta contra o tabagismo, orientações sobre dieta saudável e proteção solar e a proteção específica, refere-se às ações mais diretas, como a vacinação e o exame de Papanicolaou. O Instituto Nacional do Câncer considera como principais fatores de risco para o câncer: o tabagismo; o alcoolismo; os hábitos alimentares, principalmente em relação ao consumo de alimentosricos em gordura, nitritos, alcatrão e aflatoxina; as radiações, sendo estas as ionizantes e as radiações ultravioletas natural, provenientes do sol; o uso de medicamentos, que podem ter efeito carcinogênico ou ainda supressores imunológicos; o uso de hormônios e fatores reprodutivos; o contato com os agentes infecciosos e parasitários; a exposição ocupacional, com exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos e; a poluição do ambiente geral. A prevenção primária destaca-se como a melhor alternativa quando comparada ao diagnóstico ou mesmo ao tratamento do câncer. Visto que apesar de sermos incapazes de mudar nossa predisposição genética, podemos ter a possibilidade de intervenção para prevenir exposições e os fatores causais do câncer. A prevenção secundária é o rastreamento (screening) do câncer. Entende- se por rastreamento uma avaliação de indivíduos assintomáticos, para classificá-los como candidatos a exames mais refinados de avaliação, com o objetivo de descobrir um câncer oculto ou uma afecção pré-maligna que pode ser curada com tratamento. (BRASIL, 2002). Fonte: www.bbc.com/news/health-32936877 O rastreamento é a única estratégia potencialmente capaz de reduzir a mortalidade em dois grupos de câncer: aqueles encontrados com frequência, para os quais o tratamento, se metastizados, não é curativo e aqueles cujas causas não são conhecidas e, portanto, a possibilidade de prevenção primária não existe. Ele está baseado na suposição de que o diagnóstico precoce do câncer resultará na sua descoberta antes que ocorram metástases fatais. O rastreamento é factível para diversos tipos de câncer incluindo o de mama, o da cérvice uterina, o de intestino grosso, o de estômago e o melanoma maligno. São exemplos de ações para detecção precoce a colpo citologia, a monografia e o autoexame da boca. É indiscutível que a prevenção do câncer é uma prática possível. As práticas de prevenção, entretanto, não estão sendo aplicadas em sua plenitude. Estas dependem da vontade dos políticos, da sensibilização dos profissionais de saúde, e da motivação dos pacientes. Ainda hoje, muitas mulheres continuam morrendo por câncer de colo uterino por falta de detecção e diagnóstico precoce, ou seja, as medidas adotadas até o momento, não tiveram o impacto desejável. Sendo assim, quatro programas de prevenção e detecção precoce deveriam ser considerados prioritários à nossa realidade. A prevenção dos cânceres do colo uterino, de mama, de boca e de pele. Porém, estes programas continuam a enfrentar problemas para se desenvolver. 6. A BOA ALIMENTAÇÃO DURANTE O TRATAMENTO DO CÂNCER Uma dieta nutritiva é sempre vital para que o organismo funcione melhor. A boa nutrição é ainda mais importante para as pessoas que sofrem de câncer. Por quê? • Quem come melhor durante o tratamento tem mais capacidade de vencer os efeitos colaterais deste e de enfrentar, com êxito, a administração de doses mais altas de certos medicamentos. • Um regime alimentar sadio pode ajudar a manter o vigor, evitando a degeneração dos tecidos do corpo e ajudando a reconstruir aqueles que o tratamento do câncer possa ter prejudicado. • Quando não se ingere a quantidade suficiente ou o tipo correto de alimento, o corpo utiliza os nutrientes que tem armazenado para servirem de fonte de energia. O resultado é que as defesas naturais se enfraquecem, e o corpo não consegue combater as infecções. No entanto, esse sistema de defesa é importantíssimo para quem tem de enfrentar o câncer, pois, nessas circunstâncias, é sempre grande o risco de adquirir infecções. 7. QUAL O TIPO DE ALIMENTO NECESSÁRIO? Uma boa regra é ingerir vários alimentos diferentes todos os dias. Nenhum alimento ou grupo de alimentos contém todos os nutrientes necessários. Para manter o vigor do organismo, a dieta deve conter porções diárias dos seguintes grupos de alimentos: • Frutas e vegetais: Verduras cruas ou cozidas, frutas e sucos de frutas são fontes de algumas vitaminas (como A e C) e de sais minerais necessários ao organismo. • Alimentos protéicos: As proteínas contribuem para a regeneração do organismo e o combate às infecções. Carnes em geral, peixes, aves, ovos, leite, iogurte e queijo fornecem não só proteínas como também muitas vitaminas e sais minerais. • Cereais: Os cereais, tanto in natura quanto os presentes no pão, nas massas e arroz, fornecem vários carboidratos e vitamina B. Os carboidratos são uma ótima fonte de energia, sendo necessários para que o organismo funcione bem. • Laticínios: O leite e seus derivados fornecem proteínas e muitas vitaminas, constituindo a melhor fonte de cálcio. Com o intuito de prestar esclarecimentos sobre o melhor regime alimentar, os Ministérios da Agricultura e da Saúde dos Estados Unidos conceberam uma “Pirâmide Alimentar”, em que são apresentadas as quantidades e os tipos de alimentos recomendados para consumo diário. Nela são destacados cinco grupos de alimentos: pão, frutas, verduras/legumes, leite e carnes, e o objetivo principal é reduzir a quantidade de gordura contida na dieta. O quadro da página 10 - “Consuma vários tipos de alimentos todos os dias” - apresenta, com mais detalhes, as orientações da “Pirâmide”. O exemplo de menu da página 12 mostra uma das maneiras de observar as diretrizes da “Pirâmide” É preciso ter em mente que as instruções contidas na “Pirâmide” podem não atender às necessidades das pessoas que precisam submeter-se a regimes alimentares especiais, tais como os pacientes de câncer. Na verdade, os melhores alimentos para você, agora, podem ser muito diferentes dos apresentados na “Pirâmide”, dependendo do tipo de tratamento que você está recebendo e do modo como se sente. É provável que você precise de mais calorias e de mais proteínas, que podem ser obtidas com a ingestão de carnes e laticínios. Você pode estar precisando eliminar temporariamente o consumo de alimentos ricos em fibras, tais como verduras, frutas, legumes e cereais integrais, se o seu tratamento provocar diarreia. O médico ou o nutricionista também podem sugerir a inclusão na dieta de suplementos alimentares comercializados, para garantir a ingestão de quantidade suficiente de proteínas, calorias e outros nutrientes durante o tratamento. 8. A BOA NUTRIÇÃO PODE SERVIR DE TRATAMENTO PARA O CÂNCER? Fonte: emformanumaboa.blogspot.com.br Os médicos sabem que os pacientes que comem bem durante o tratamento do câncer têm mais condições de vencer os efeitos colaterais causados pela terapia. No entanto, não existem provas de que qualquer tipo de dieta ou de alimento seja capaz de curar o câncer ou de evitar a sua recidiva. Na verdade, alguns regimes alimentares podem até ser prejudiciais, especialmente aqueles que não incluem grande variedade de alimentos. Também não há provas de que os suplementos dietéticos, tais como comprimidos com vitaminas ou sais minerais, podem curar o câncer ou impedir que ele volte. O NCI insiste no fato de que é preciso ingerir alimentos nutritivos e seguir o tratamento prescrito por um médico que adote métodos aceitos e consagrados. As pessoas que dependem de tratamentos não-convencionais podem perder um tempo inestimável e reduzir a probabilidade de controlar o câncer e de passar bem. O NCI também recomenda consultar o médico ou o nutricionista antes de tomar suplementos de vitaminas ou sais minerais, pois sua ingestão em quantidade excessiva pode ser tão perigosa quanto a sua carência. Algumas vitaminas em altas doses podem até mesmo impedir que o tratamento do câncer funcione como deve. Para evitar problemas, não tome esses medicamentos por conta própria. Siga a orientação do seu médico, e os resultados serão mais seguros. 9. COMO RESOLVER OS PROBLEMAS DE ALIMENTAÇÃO DURANTE O TRATAMENTO Os métodos de tratamentodo câncer (cirurgia, radioterapia, quimioterapia e imunoterapia) são muitas vezes traumáticos. Embora o objetivo destes tratamentos seja as células cancerosas do organismo, às vezes também atingem as células normais e sadias. Isso pode produzir desagradáveis efeitos colaterais, que causam problemas alimentares. Os efeitos colaterais do tratamento do câncer variam de um paciente para outro. A parte do corpo que está sendo tratada, a duração do tratamento e a dose usada também determinam a ocorrência ou não de efeitos colaterais. Pergunte ao médico de que modo o tratamento poderá afetá-lo. A boa notícia é que apenas um terço dos pacientes que passam por tratamento do câncer apresenta efeitos colaterais, a maioria dos quais desaparece com o fim do tratamento. Seu médico tentará planejar um tratamento que não provoque efeitos colaterais. O tratamento do câncer também pode afetar seus hábitos alimentares de outra maneira. Algumas pessoas, quando estão transtornadas, preocupadas ou com medo, podem ter problemas alimentares. A perda do apetite e a náusea são duas reações normais ao nervosismo ou ao medo. Esses problemas devem durar pouco tempo. REFERÊNCIAS Starfield B. Atenção primária: equilíbrio entre necessidades de saúde, serviços e tecnologia. Brasília (DF): UNESCO; 2002. Paim JS. Vigilância da saúde: tendências de reorientação de modelos assistênciais para a promoção da saúde. In: Czeresnia D, Freitas CM, organizadores. Promoção da saúde: conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro (RJ): Fiocruz; 2003. p. 161-74. Organização Mundial da Saúde. 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