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DA INCONSTITUCIONALIDADE DA APREENSÃO DO VEÍCULO POR DÉBITO DE IPVA: INOBSERVÂNCIA AS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS PELO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO O artigo em questão, discute quanto a inconstitucionalidade de aprender veículo por débito de IPVA, pois, essa prática é considerada inconstitucional, podendo até mesmo gerar direito à indenização para vítima, já que ocorre um abuso de autoridade se o motivo da confiscação do veículo decorrer somente da falta de pagamento do IPVA. Na maioria dos estados, as fiscalizações de trânsito conferem se o veículo está licenciado, e isso implica no pagamento de todos os débitos, pois quando os motoristas fazem e pagam pelo licenciamento, é para obter o livre tráfego do veículo e a liberação dele, ocorre após a quitação de todas as dívidas, incluindo o IPVA. Contudo, o conselho federal da OAB, arguiu a inconstitucionalidade de parte do CTB sob argumento de que a remoção de veículo por falta de pagamento de débito é grave ofensa ao direito de propriedade que é garantido pela Constituição Federal e ao devido processo legal que de acordo com a Constituição Federal brasileira, ninguém será privado da liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal. Uma decisão do Supremo Tribunal Federal, na sessão no dia 10/04/2019, julgou parcialmente procedente a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) nº 2998. Mas quanto aos dispositivos do CTB – Lei 9.503/1997, sobre a expedição do novo CRV e do licenciamento anual ao pagamento dos débitos do veículo, o entendimento do ministro Marco Aurélio foi que a circulação de veículo pressupõe o atendimento de formalidades legais, por isso o licenciamento se da de forma anual. O tribunal julgou prejudicada ação quanto ao artigo 288, § 2º, do CTB, mas julgou improcedente a ação, declarando-se a constitucionalidade dos artigos 124, VIII, 128, e 131, § 2º. DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 1. DO NÃO CONFISCO O presente artigo discorre também da inconstitucionalidade do artigo 230 do CTB, pois se não há pagamento de tributo, o veículo não é licenciado, não sendo licenciado, não pode transitar e se transitar, praticará infração gravíssima cuja punição é a remoção do veículo. Essa infração possui natureza tributária, não podendo a cobrança de débito ocorrer com a apreensão de bem de forma administrativa. No artigo 150, IV da Constituição Federal, está escrito que sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados e ao DF e aos Municípios utilizar tributo com efeito de confisco. De acordo com Oscar Joseph, o conceito de confisco, ou confiscação, é […] o ato pelo qual se apreendem e se adjudicam ao fisco bens pertencentes a outrem, por ato administrativo ou por sentença judicial, fundada em lei. ” 2. DO DIREITO À PROPRIEDADE Segundo a jurista brasileira Maria Helena Diniz, o direito de propriedade pode ser entendido como “o direito que a pessoa física ou jurídica tem, dentro dos limites normativos, de usar, gozar e dispor de um bem, corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha”. Ou seja, ser proprietário ou deter o direito de propriedade sobre um bem, significa ter o direito de uso, de gozo e de dispor dele. O direito de propriedade no Brasil é garantido pela Constituição, mas não é ilimitado, o que limita este direito é o cumprimento da função social que se refere à estrutura do direito mesmo, à propriedade. Ademais, o automóvel é um bem e deve ser exercidos sobre ele todas as prerrogativas do direito de propriedade, como: uso, gozo, fruição e disposição. O CTB, impôs algumas condições à aquisição e uso dos veículos, onde se encontra toda a regulamentação das exigências para o registro, licenciamento, circulação e questões de segurança e identificação. 3. DO DIREITO À LIBERDADE DE LOCOMOÇÃO Garantido no artigo 5, XV da CF, o direito de locomoção é livre no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa nele entrar, permanecer ou sair com seus bens. Porém, como no artigo em questão cita, muitas vezes, esse direito é ignorado, pois ao apreender o veículo como penalidade por falta de pagamento do imposto, o CTB ignora as disposições fundamentais, pois como vai se locomover sem o direito de utilizar do seu próprio meio de transporte. 4. DO CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA O artigo 5º, LV da CF, garante o princípio do contraditório e ampla defesa, que possibilitam a igualdade entre as partes pois os atos que compõem o processo não pode ser de apenas uma das partes, e sim do conjunto de ações produzidas pela acusação e defesa sobre a análise do contraditório. No princípio do contraditório que significa “ouvir o outro lado”, cada ato praticado dentro do processo resulta na participação das duas partes, sendo autor e réu, é uma garantia indispensável para as partes que garante que a parte contrária deve ser ouvida no processo. E no princípio da ampla defesa, as partes do processo devem oferecer argumentos a seu favor e demonstrar de forma legal todos os meios que venham provar o que está falando. Acontece que na apreensão do veículo por indébito do IPVA, não há nem o contraditório e nem ampla defesa. 5. DO DEVIDO PROCESSO LEGAL A forma de cobrança do tributo deve ser feita por meios legais, sendo resguardado pelos princípios do contraditório, da ampla defesa e do processo legal. Quando o contribuinte não paga qualquer tributo, até mesmo o IPVA, deve entrar com processo administrativo tributário que é a fazenda pública notificá-lo do lançamento tributário. Se apreendem o automóvel por inadimplemento do IPVA, não estão dando oportunidade ao tributado a chance de levar a discussão a juízo e indo contra o artigo 5º, LIV, CF, onde diz que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal.” 6. DA AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL Procedimento de cobrança de um título executivo extrajudicial seguindo o rito da lei 6.830/80, pelo qual a fazenda cobra suposta quantia do devedor, que é realizada através do poder judiciário. A fazenda pública fundamenta a cobrança portando a certidão da dívida ativa. Portanto, ao invés de apreender o veículo e apropriar-se do bem do devedor, poderia ser cobrado pela fazenda por meio da medida judicial cabível. CONCLUSÃO: Concordo plenamente que se trata de um ato inconstitucional e que caberia ao estado indenizar e ressarcir os que foram afetados, devido ao prejuízo que tiveram tendo que usufruir de taxis, ônibus e outros meios de se locomover e principalmente se esses, se utilizam do carro como um meio de trabalho, defendendo assim os princípios constitucionais como direito à propriedade, direito à liberdade de locomoção, do não confisco como aborda o artigo 150, IV da CF, do contraditório e ampla defesa, do devido processo legal e da ação de execução fiscal. REFERÊNCIAS: · Apreensão do carro por IPVA atrasado é ilegal e pode gerar dever de indenização (jusbrasil.com.br) · É proibida a 'apreensão' de veículo por débito de IPVA? Veja o que o STF decidiu sobre o tema (jusbrasil.com.br) · Veículos que circulam sem o devido pagamento do IPVA podem ser apreendidos pela Polícia? - Meu site jurídico (editorajuspodivm.com.br) · O princípio do não confisco tributário - Âmbito Jurídico (ambitojuridico.com.br) · O PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO E SUA APLICABILIDADE FRENTE ÀS ESPÉCIES IMPOSTO, TAXA E CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA - Jackson Moulon Stefanato - JurisWay · Artigo Quinto (politize.com.br) · O direito de propriedade e o Código de Trânsito Brasileiro - Jus.com.br | Jus Navigandi · O Contraditório e a Ampla Defesa (jusbrasil.com.br) · PIMENTEL JÚNIOR, Paulo Gomes. Constituição & eficácia social. Curitiba: Juruá, 2003, p. 17. · PIMENTEL JÚNIOR, Paulo Gomes. Constituição & eficácia social. Curitiba: Juruá, 2003, p. 17. · Execução Fiscal: o que é e como funciona o processo pela Lei 6.830/1980 (sajadv.com.br)
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