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AO (A) EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) DESEMBARGADOR (A) PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO. ALISSON AZEVEDO, nacionalidade, estado civil, profissão, inscrito no CPF sob nº XXX RG Nº XXX, e-mail, residente e domiciliado à Rua XXX, Nº XXX,Bairro XXX, CEP XXX, São Luís/MA, por intermédio do seu advogado infra assinado, tramitando na 14ª Vara Cível do Termo Judiciário de São Luís da Comarca da Grande Ilha, do Estado do Maranhão, processo em epígrafe, vem, perante este juízo, conforme artigo 995 e 1.015, parágrafo único, do CPC/2015, interpor o presente, AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO E ATIVO Em razão da discordância com a decisão proferida pelo juízo da 14º Vara Cível do Termo Judiciário de São Luís - MA, que determinou o desbloqueio da penhora realizada no processo em epígrafe, tratando-se de uma AÇÃO DE EXECUÇÃO proposta em face de AQUINO SOARES, nacionalidade, estado civil, profissão, portador do RG sob o nº XX e CPF sob o nº XX, residente e domiciliado no endereço XX, endereço eletrônico (e-mail), São Luís/MA, pelos fundamentos faticos e juridicos a seguir apresentados: 1. DO CABIMENTO Contra decisão interlocutória prolatada pelo juízo “a quo” na forma do art. 1.015, Parágrafo Único, do CPC/15, nos autos da Execução que tramita perante a 14ª Vara Cível do Termo Judiciário de São Luís, da Comarca da Grande Ilha, Estado do Maranhão, segundo razões inclusa: 2. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 2.1. DO PREPARO O agravante atesta recolhimento do preparo, cuja guia segue em anexo, correspondente ao valor de R$129,15 (cento e vinte e nove reais e quinze centavos) atendendo à tabela de custas deste Egrégio Tribunal. Conforme disposição do artigo 1.007, caput e 1.017, § 1º, ambos do CPC/15. 2.2. DA TEMPESTIVIDADE Em consonância com o art. 219 do Código de Processo Civil, na contagem do prazo, em dias, computar-se-ão somente os dias úteis. Ademais, o art. 224 e parágrafos estabelecem que: Art. 224. Salvo disposição em contrário, os prazos serão contados excluindo o dia do começo e incluindo o dia do vencimento. § 1º Os dias do começo e do vencimento do prazo serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, se coincidirem com dia em que o expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver indisponibilidade da comunicação eletrônica. § 2º Considera-se como data de publicação o primeiro dia útil seguinte ao da disponibilização da informação no Diário da Justiça eletrônico. § 3º A contagem do prazo terá início no primeiro dia útil que seguir ao da publicação. No art. 1003, §§ 1º, 5º e 6º, o prazo para a interposição do recurso é de 15 dias, a partir da intimação da decisão, sendo necessária a comprovação do feriado local. Isto posto, o Agravo de Instrumento é tempestivo, tendo em vista que a intimação da decisão, conforme o caso concreto, ocorreu em 19/04/2023, assim, o prazo de 15 dias úteis para interposição, cessa no dia 12/05/2023, não entrando no cômputo os feriados em 21/04/2023 (Tiradentes), em 01/05/2023 (dia do Trabalho) e os dias não úteis. 2.3. DOS NOMES E ENDEREÇOS DOS ADVOGADOS O Agravante informa os nomes e endereços dos advogados habilitados nos autos, aptos a serem intimados dos atos processuais, como orienta o artigo 1.016, IV, do CPC/15: DO AGRAVANTE: advogado(a), OAB/MA XXX, com escritório profissional situado à Av. Qd.__, n°__, bairro __, CEP __, endereço profissional, São Luís/MA. DO AGRAVADO: advogado(a), OAB/MA XXX, com escritório profissional situado à Av. Qd.__, n°__, bairro __, CEP __, endereço profissional, nesta cidade. 1. RELATÓRIO FÁTICO 1.1 DOS FATOS DA EXORDIAL A presente discussão, versa sobre uma AÇÃO DE EXECUÇÃO, na qual em sede de contestação, o executado versou sobre os seguintes argumentos: DA NULIDADE DA CITAÇÃO POR EDITAL E IMPENHORABILIDADE DO SALÁRIO. Entretanto, somente a segunda tese, da Impenhorabilidade do Salário, teve acolhimento pela decisão ora agravada. Observa-se então, que em tal contestação, houve receptividade parcial, buscando assim requerer somente o cancelamento da penhora eletrônica, com alegação de que tais valores referem-se ao seu salário. Nesse âmbito, em decisão conforme o ID nº 345691, o juiz deliberou o limite da penhora eletrônica em até R$299.428,14 (duzentos e noventa e nove mil e quatrocentos e vinte e oito reais e quatorze centavos). Contudo, procedida a tentativa de constrição, foi bloqueado o valor de R$15.984,86 (quinze mil e novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta e seis centavos), valor este, que segundo o executado é referente ao percentual de 30% do seu salário. O juízo acolheu ao pedido de desbloqueio da constrição, sob a motivação e fundamento do Artigo 833, inciso IV do Código de Processo Civil, que versa sobre a impenhorabilidade do salário. 2.2 DOS FATOS ARTICULADOS NA DEFESA Contudo, a decisão mencionada não coincide com o entendimento atual do Superior Tribunal de Justiça, no que tange à impenhorabilidade do salário, o que coaduna com o presente agravo, cuja finalidade é manter a penhora do valor determinado pelo juízo a quo (R$ 15.984,86), até o contentamento da dívida, de acordo com os fundamentos adiante expostos. 2.3. DA DECISÃO RECORRIDA Na decisão nº 345.691, foi determinada a penhora eletrônica na conta bancária do réu no valor de até R$ 299.428,14 (duzentos e noventa e nove mil e quatrocentos e vinte e oito reais e quatorze centavos), mas houve tentativa. Esse limite foi bloqueado em apenas 15.984,86 reais (quinze mil novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta e seis centavos) em uma de suas contas bancárias. Ocorre que o valor bloqueado de R$15.984,86 (quinze mil novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta e seis centavos) refere-se a 30% de seu salário, razão pela qual é impenhorável. Com efeito, o arguido juntou o documento de identidade n. 3355566 comprovante de trabalho no hospital IDU, anexando o extrato da conta bancária que indica o recebimento dos valores pela TED SAÚDE LTDA, referente ao salário pelos serviços prestados à unidade hospitalar. Assim, considerando que o salário é impenhorável, nos termos do art. 833, IV, do CPC, determinou a liberação da constrição no valor de R $15.984,86 (quinze mil novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta e seis cêntimos). O juiz determinou que o exequente venha a promover, no prazo de 5 (cinco) dias, o andamento normal do ato sob pena de suspensão da execução pelo prazo de 01 (um) ano, nos termos do art. 921, III, do CPC. 2.4. FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO Em cumprimento à norma estabelecida no artigo 1.017, § 5º do CPC/15, in verbis: Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída: (…) § 5º Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a compreensão da controvérsia. Dessa forma, o presente recurso não acompanhará os documentos mencionados no artigo supracitado, tendo em vista tratar-se de processo eletrônico. Caso, entretanto, entenda-se pela necessidade de juntada de peças, requer-se a concessão do prazo de 05 (cinco) dias para atendimento da determinação, a teor do disposto no parágrafo 3º do artigo 1.017 do Código de Processo Civil. Nestes termos, pleiteia o processamento deste recurso, por conter todos os requisitos necessários à sua interposição. 3. DO DIREITO 3.1. FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA E DAS RAZÕES DA REFORMA 3.1.1 Da Relativização da Impenhorabilidade Excelência, apesar do avanço por parte do legislador ao dizer que não se aplicamà hipótese de penhora às importâncias excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, o valor do salário mínimo atualmente em vigor no Brasil, a partir de maio/2023, será de R$ 1.320,00 (um mil e trezentos e vinte reais). A hipótese de penhorabilidade para os proventos que excederem os 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais atinge somente uma parcela ínfima da população, numericamente imprecisável, apenas aqueles que recebem salários superiores a R$ 66.000,00 (sessenta e seis mil reais). Na prática, o estabelecimento deste valor acaba por esvaziar o instituto. Este limite é maior, inclusive, que a remuneração de um ministro do Supremo Tribunal Federal, de R$ 41.650,92 (quarenta e um mil, seiscentos e cinquenta reais e noventa e dois centavos), que é o teto remuneratório dos servidores da administração pública direta e indireta. Ou seja, tal limite estabelecido pela lei é tão inapropriado que até mesmo o ocupante do mais bem remunerado cargo público do Brasil estará protegido pela impenhorabilidade do salário. Na esfera da impenhorabilidade, cabe salientar a novidade trazida pelo CPC de 2015, em seu art. 833, caput, que trata dos bens impenhoráveis, onde deixou-se de empregar o advérbio “absolutamente”, reformulando a forma como era transcrito no art. 649 do CPC/73. E, ainda no inciso IV, do mesmo artigo, estabelece a impenhorabilidade de verbas: Art. 833. São impenhoráveis: [...] IV - Os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, ressalvado o § 2º. Comparando ao art. 649 do CPC/1973: Art. 649. São absolutamente impenhoráveis: (...) IV - os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, observado o disposto no § 3o deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 11.382, de 2006). (grifo nosso) (...) Como demonstrado, a garantia da impenhorabilidade não é mais absoluta, pois ela prevê exceções, tais como, permissão da penhora na execução de alimentos, em percentual que possibilite a manutenção daquele que é executado. Uma vez que tal ação não pode exceder o valor que atinja a dignidade daquele que sofreu a penhora. Em regra, a impenhorabilidade consolidada no artigo 833 do CPC de 2015, protege apenas o necessário à sobrevivência do executado e de sua família. Assim, Eminente Julgador (a), considerando o ordenamento jurídico atual, junto às mudanças socioculturais, os Tribunais Pátrios flexibilizaram quanto às regras de impenhorabilidade das verbas, permitindo o bloqueio de uma parte adequada, proporcional e justa do patrimônio do devedor, aplicando ao caso concreto, a garantia da máxima satisfação do crédito. Conforme exposto, é deveras necessário proteger o mínimo existencial, a vida digna, e para isso também é preciso proteger o salário da penhorabilidade. No entanto, é necessário encontrar um limite que não seja tão baixo, a ponto de prejudicar o mínimo existencial, mas que também não permita “blindar” o patrimônio do causador de ilícitos que tenha uma renda alta e que se exima, com o manto da lei, de cumprir suas obrigações, quando tem condições de fazê-lo. O STJ, manifestou o entendimento de que "pode ser excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas capazes de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família", conforme a jurisprudência abaixo: CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PENHORA DE SALÁRIO. EXCEPCIONALIDADE. MANUTENÇÃO DA DIGNIDADE DO DEVEDOR E DE SUA FAMÍLIA NÃO COMPROVADA. CONSONÂNCIA DO ACÓRDÃO RECORRIDO COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE. SÚMULA 83/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que a regra geral da impenhorabilidade das verbas de natureza remuneratória, inclusive pensões, pecúlios e montepios, bem como das quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, dos ganhos de trabalhador autônomo e dos honorários de profissional liberal, somente poderá ser excepcionada, nos termos do art. 833, IV, e § 2°, do CPC/2015, para possibilitar: I) o pagamento de prestação alimentícia, de qualquer origem, independentemente do valor da verba remuneratória recebida; e II) o pagamento de qualquer outra dívida não alimentar, quando os valores recebidos pelo executado forem superiores a 50 salários mínimos mensais, ressalvando-se eventuais particularidades do caso concreto. Em ambas as situações acima citadas, deverá ainda ser preservado percentual capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família. 2. O entendimento adotado no acórdão recorrido coincide com a jurisprudência assente desta Corte Superior, circunstância que atrai a incidência da Súmula 83/STJ. 3. Agravo interno a que se nega provimento. (EDcl no AgInt no REsp Nº 1874222 - DF, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 15/02/2022). […] CONHECIDO O RECURSO DE DELSON FIEL DOS SANTOS JUNIOR E PROVIDO, POR MAIORIA, PELA CORTE ESPECIAL; PROCLAMAÇÃO FINAL DE JULGAMENTO: A CORTE ESPECIAL, POR MAIORIA, CONHECEU DOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA E DEU-LHES PROVIMENTO, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO RELATOR.; Certifica, por fim, que o assunto tratado no mencionado processo é: DIREITO CIVIL.Liquidação / Cumprimento / Execução, Penhora / Depósito/ Avaliação. (Eag. em REsp Nº 1874222 – DF, Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/04/2023). No caso em tela, o agravado, diante da demonstração de vínculo empregatício junto ao Hospital IDU, alegou que os R$15.984,86 (quinze mil novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta e seis centavos) bloqueados, em sua conta bancária refere- se ao recebimento de serviços prestados à empresa TED SAÚDE LTDA. Entretanto, essa constrição parcial é tão somente sobre o valor de 30% dos rendimentos líquidos do agravado, não comprometendo a sua subsistência, assim como de sua família: Nesta direção, a jurisprudência pátria está repleta de decisões, das quais cita- se mais uma: PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RECURSO ESPECIAL. PENHORA DE PERCENTUAL DO SALÁRIO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA. 1. A regra geral da impenhorabilidade de salários, vencimentos, proventos etc. (art. 833, IV, do CPC/2015), pode ser excepcionada quando for preservado percentual de tais verbas capazes de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família. Precedentes. 2. Na espécie, não se constata a alegada divergência, haja vista que o aresto recorrido e o acórdão paradigma estão no mesmo sentido. 3.Agravo interno não provido. (STJ - AgInt nos EREsp: 1934570 SP 2021/0121495-7, Relator: NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 02/05/2023, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 04/05/2023). O eminente relator Raul Araújo, da quarta turma do STJ, foi ainda mais enfático ao lembrar que o Magistrado deve “levar em consideração as peculiaridades do caso e se pautar nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade.": AGRAVO INTERNO NO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL - AUTOS DE AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO RECLAMO. INSURGÊNCIA RECURSAL DA PARTE AGRAVANTE. 1. "A jurisprudência do STJ caminha no sentido de que é possível, em situações excepcionais, a mitigaçãoda impenhorabilidade dos salários para a satisfação de crédito não alimentar, desde que observada a Teoria do Mínimo Existencial, sem prejuízo direto à subsistência do devedor ou de sua família, devendo o Magistrado levar em consideração as peculiaridades do caso e se pautar nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade."( AgInt no AREsp 1.537.427/MS, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 11/2/2020, DJe 3/3/2020.) 2. Agravo interno desprovido. (STJ - AgInt no AgInt no AREsp: 2196887 MS 2022/0263876-9, Relator: MARCO BUZZI, Data de Julgamento: 17/04/2023, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 20/04/2023) . Assim requer-se à Vossa Excelência, que a decisão pelo desbloqueio do valor parcial da dívida, seja reformulada, devendo o valor retido permanecer bloqueado até o cumprimento da obrigação. 3.1.2 Da concessão do efeito suspensivo e efeito ativo Importante observar ainda que, para a eficácia da decisão ora pleiteada, deferida pelo juízo a quo, que seja suspensa a decisão agravada, conforme previsto no parágrafo único do art. 995 do Código de Processo Civil, pois estão preenchidos, cumulativamente os dois requisitos legais, quais sejam: fumus boni iuris e o periculum in mora. Conforme o artigo in verbis: Art. 995. (...) Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade de provimento do recurso. Nesse sentido, o agravante requisita a concessão de tutela antecipada no âmbito recursal, consistente na concessão do efeito suspensivo ativo da decisão vergastada que determinou o desbloqueio da penhora no valor de R$ 15.984,86, devendo ser mantida tal constrição a fim de garantir o efetivo recebimento do crédito devido pelo agravado, conforme se demonstra no art. 1.019, inciso I, do Código de Processo civil, que preceitua: Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias: I - Poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão; No que tange a probabilidade do direito, cabe frisar que a ação está na fase de execução, tendo sido demonstrado que o exequente goza de direito líquido, certo e exigível, que de acordo com Maria Helena Diniz (2022, pág.39): “aquele que não precisa ser apurado, em virtude de estar perfeitamente determinado, podendo ser exercido imediatamente, por ser incontestável e por não estar sujeito a quaisquer controvérsias”. Nesse entendimento, resta evidente que o executado não cumpriu com obrigação de pagar, encontrando-se vencida, tornando a obrigação assim exigível. Ademais, no que concerne ao resultado útil do processo, constata-se que a suspensão da penhora resultará em danos irreparáveis, como a perda da efetividade da prestação jurisdicional, sendo assim imprescindível destacar que, prorrogar a concessão do pedido da agravante pode levar o mesmo a perder seu direito ao crédito. Outrossim, cabe trazer o julgado do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que expõe acerca dos requisitos acima supracitados: Tribunal de Justiça de Santa Catarina TJ-SC - Agravo de Instrumento: AI 5042767-56.2022.8.24.0000. (...) Passou então ao enfoque do pleito de concessão do efeito ativo, na forma do art. 1.019, inciso I, do Código Fux.A análise da tutela recursal pretendida encontra supedâneo no art. 300 da novel Cânone Processual Civil, que exige a presença do binômio periculum in mora e fumus boni iuris ao seu deferimento. É dizer, é preciso estar presente tanto a probabilidade do direito quanto o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. In casu, o efeito ativo deve ser deferido.O periculum in mora sobeja evidente em razão da possibilidade iminente de ocorrer o indeferimento da inicial e cancelamento da distribuição (Evento 9, DESPADEC1 da origem). Todavia, a plausibilidade do direito alegado não restou positivada diante do conjunto probatório exibido pelo Insurgente. (TJ-SC - AI: 50427675620228240000, Relator: Jose Carlos Carstens Kohler, Data de Julgamento: 03/08/2022, Quarta Câmara de Direito Comercial) Assim, considerando o valor retido de apenas 30% do salário do executado, R$ 15.984,86 (quinze mil novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta e seis centavos) para o cumprimento da obrigação, ainda restam os 70% de seu ordenado, perfazendo um vultoso total de R$ 37.298,00 (Trinta e sete mil e duzentos e noventa e oito reais), valor razoável para o executado manter seu sustento. Portanto, indispensável a manutenção da penhora, para satisfazer o débito constituído de forma idônea. Isto posto Excelência, estão satisfeitos os requisitos do Artigo 300 do Código de Processo Civil, para concessão de tutela provisória de urgência, sendo plenamente cabível a concessão de efeito suspensivo ativo, nos moldes do Artigo 1.019, inciso I, do mesmo diploma legal, de modo a restabelecer a penhora no montante referido acima ou no patamar de 30% do salário do agravado, de modo a garantir o resultado útil do processo, que consiste na garantia da efetividade da prestação jurisdicional. 4. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer o Agravante: 1. Tendo em vista o preenchimento dos requisitos de admissibilidade, seja conhecido o presente recurso; 2. Requer o recebimento do presente agravo com efeito suspensivo e ativo conforme art.995, parágrafo único, c/c art. 1.019, inciso I, do CPC/15; 3. A intimação do agravado para, querendo, apresentar contrarrazões no prazo legal de 15 (quinze) dias, conforme art. 1.019, inciso II, do CPC/15; 4. Recebido o Agravo, requer a intimação do representante do Ministério Público, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias na presente demanda, conforme art. 1.019, inciso III, do CPC/15; 5. O provimento do presente recurso, para reformar a decisão ora agravada, mantendo o bloqueio do valor já determinado pelo juízo inicial, até que seja cumprida a obrigação. Nestes termos, pede deferimento. São Luís, xx de xxx de 2023 ADVOGADO(A) OAB N° XXXX
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