Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sistema Circulatório I – O coração O coração contribui para a homeostasia por meio do bombeamento de sangue pelos vasos sanguíneos para os tecidos do corpo, do fornecimento de oxigênio e nutrientes e da remoção de escorias metabólicas. O coração de contrai cerca de 100 mil vezes ao dia, cerca de 35 milhões de contrações em 1 ano. O lado esquerdo do coração bombeia o sangue por estimados 120 mil km de vasos sanguíneos. O lado direito bombeia o sangue através dos pulmões, possibilitando que o sangue receba oxigênio e elimine o dióxido de carbono. O coração possui aproximadamente 12 cm de comprimento, 9 cm de largura em seu ponto mais amplo, e 6 cm de espessura. Pesa em média 250g nas mulheres adultas e 300g nos homens adultos. O coração repousa sobre o diafragma, próximo da linha mediana da cavidade torácica. O coração encontra-se no mediastino, região anatômica que se estende do esterno à coluna vertebral, da primeira costela ao diafragma, e entre os pulmões. Aproximadamente 2/3 da massa do coração encontram-se a esquerda da linha mediana do corpo. É possível visualizar o coração como um cone deitado. O ápice pontiagudo é formado pela ponta do ventrículo esquerdo e está situado sobre o diafragma. O ápice está direcionado para frente, para baixo e para esquerda. A base esta do lado oposto e constitui sua face posterior. É formada pelos átrios do coração, principalmente o átrio esquerdo. Além do ápice e da base, o coração possui diversas faces. A face esternocostal é profunda ao esterno e as costelas, e a face diafragmática, é a parte do coração entre o ápice e a margem direita, se apoia principalmente no diafragma. A margem direita está voltada para o pulmão direito e se estende da face inferior ate a base. A margem esquerda esta voltada para o pulmão esquerdo e se estende da base ao ápice. A membrana que envolve e protege o coração é o pericárdio. Possibilita liberdade de movimento suficiente para uma contração vigorosa e rápida. Bianca Oliveira Medicina UNP O pericárdio consiste em duas partes principais: • Pericárdio fibroso: superficial é composto por tecido conjuntivo inelástico, resistente, denso e irregular. Ele impede a hiperdistensão do coração, fornece proteção e ancora o coração no mediastino. • Pericárdio seroso: mais profundo, uma membrana fina, delicada que forma uma dupla camada em torno do coração. Correlação clinica – Reanimação cardiovascular A reanimação cardiopulmonar (RCP) é o procedimento de emergência para o estabelecimento de frequências cardíaca e respiratória normais. A RCP convencional utiliza uma combinação de compressão cardíaca e ventilação artificial dos pulmões via respiração boca a boca. Por muitos anos, esta combinação foi o único método de RCP. Recentemente, no entanto, a RCP utilizando só compressões torácicas se tornou o método preferido. Como coração encontra-se entre duas estruturas rígidas – o esterno e a coluna vertebral – a compressão do tórax pode ser usada para forçar o sangue para fora do coração e em direção à circulação. Depois de ligar para a emergência, deve-se iniciar as compressões torácicas. No procedimento, deve-se aplicar compressões torácicas fortes e rápidas a uma frequência de 100 por minuto e de 2 cm de profundidade no adulto. Isso deve ser continuado até que profissionais de saúde treinado cheguem ou um desfibrilador automático externo esteja disponível. A RCP convencional é ainda recomendada para lactentes e crianças, assim como para quem sofre de falta de oxigênio, como por exemplo, vítimas de afogamento, overdose de drogas ou envenenamento por monóxido de carbono. Correlação clínica – Pericardite A inflamação do pericárdio é chamada pericardite. O tipo mais comum, a pericardite aguda, começa repentinamente e não tem causa conhecida na maior parte dos casos, mas às vezes está ligada a uma infecção viral. Como resultado da irritação ao pericárdio, há dor torácica que pode se irradiar para o ombro esquerdo e pelo braço esquerdo (muitas vezes confundida com um infarto agudo do miocárdio) e atrito pericárdico (um som de arranhado ou rangido auscultado por meio do estetoscópio quando a lâmina visceral do pericárdio seroso atrita contra a lâmina parietal do pericárdio seroso). A pericardite aguda geralmente persiste por 1 semana e é tratada com medicamentos que reduzem a inflamação e a dor, como o ibuprofeno ou o ácido acetilsalicílico. A pericardite crônica começa gradualmente e é de longa duração. Em uma das modalidades desta condição, há acúmulo de líquido pericárdico. Se muito líquido se acumula, esta é uma condição potencialmente fatal, porque o líquido comprime o coração, em uma condição chamada tamponamento cardíaco. Como resultado da compressão, o enchimento ventricular é diminuído, o débito cardíaco é reduzido, o retorno venoso ao coração é diminuído, a pressão arterial diminui e a respiração é difícil. Na maior parte dos casos, a causa da pericardite crônica envolvendo tamponamento cardíaco não é conhecida, mas às vezes resulta de condições como câncer e tuberculose. O tratamento consiste na drenagem do excesso de líquido por meio de uma agulha introduzida na cavidade do pericárdio. A parede do coração é constituída por três camadas: • O epicárdio (camada externa): é composto por duas camadas de tecido. Confere uma estrutura lisa e escorregadia, ele contém vasos sanguíneo, vasos linfáticos e vasos que irrigam o miocárdio. • O miocárdio (camada intermediaria): responsável pela ação de bombeamento do coração e é composto por tecido muscular cardíaco. Compõe aproximadamente 95% da parede do coração. • O endocárdio (camada interna): fornece um revestimento liso para as câmaras do coração e abrange as valvas cárdicas. O revestimento minimiza o atrito de superfície conforme o sangue passa através do coração. O endocárdio é continuo ao revestimento endotelial dos grandes vasos sanguíneos ligados ao coração. Correlação clínica – miocardite e endocardite A miocardite é uma inflamação do miocárdio que geralmente ocorre como complicação de uma infecção viral, febre reumática ou exposição à radiação ou determinados produtos químicos ou medicamentos. A miocardite muitas vezes não provoca sinais nem sintomas. No entanto, se eles ocorrerem, podem incluir febre, fadiga, dor torácica vaga, taquicardia, ritmo cardíaco irregular, artralgia e dispneia. A miocardite geralmente é leve e a recuperação ocorre em 2 semanas. Os casos graves podem causar insuficiência cardíaca e morte. O tratamento consiste em evitar exercício vigoroso, manter dieta hipossódica, realizar monitoramento eletrocardiográfico e tratar a insuficiência cardíaca. Endocardite refere-se à inflamação do endocárdio e tipicamente envolve as valvas cardíacas. A maior parte dos casos é causada por bactérias (endocardite bacteriana). Os sinais e sintomas da endocardite incluem febre, sopro cardíaco, taquicardia, ritmo cardíaco irregular, fadiga, perda de apetite, sudorese noturna e calafrios. O tratamento inclui antibióticos intravenosos. O coração possui quatro câmaras. As duas de recepção superiores são os átrios, e as duas de bombeamento inferiores são os ventrículos. O par de átrios recebe sangue dos vasos sanguíneos que retornam o sangue ao coração, as veias, enquanto os ventrículos ejetam o sangue para vasos sanguíneos chamados artérias. Na face anterior de cada átrio existe uma estrutura chamada aurícula, cada aurícula aumenta discretamente a capacidade de um átrio, de modo que ele possa abrigar um maior volume de sangue. Na superfície do coração existem vários sulcos que contem vasos sanguíneos coronarianos e uma quantidade variável de gordura. Cada sulco marca a fronteira externa entre duas câmaras do coração. Átrio direito O átrio direitoforma a margem direita do coração e recebe sangue de três veias: a veia cava superior, a veia cava inferior e o seio coronário (as veias sempre levam o sangue para o coração). As paredes anterior e posterior do átrio direito são muito diferentes. O interior da parede posterior é liso; o interior da parede anterior é áspero, por causa de cristas musculares chamadas de músculos pectíneos, que também se estendem até a aurícula. Entre o átrio direito e o átrio esquerdo existe uma partição fina chamado septo interatrial. Uma característica proeminente deste septo é uma depressão oval chamada de fossa oval, o remanescente do forame oval, uma abertura no septo interatrial do coração fetal que normalmente se fecha logo após o nascimento. O sangue passa do átrio direito para o ventrículo direito através da valva atrioventricular direita, porque é composta por três válvulas. Também é denominada valva tricúspide. As valvas cardíacas são compostas por tecido conjuntivo denso recoberto por endocárdio. Ventrículo direito Forma a maior parte da face esternocostal do coração. O seu interior possui uma serie de cristas formadas por feixes elevados de fibras musculares cardíacas, chamadas de trabéculas cárneas. O ventrículo direito é separado do ventrículo esquerdo por uma partição chamada de septo interventricular. O sangue passa do ventrículo direito através da valva do tronco pulmonar para uma artéria chamada de tronco pulmonar (as artérias sempre levam o sangue para longe do coração). Átrio esquerdo Forma a maior parte da base do coração. Ele recebe sangue dos pulmões por meio das veias pulmonares. Ventrículo esquerdo É a câmara mais espessa do coração, forma o ápice do coração. O sangue passa do ventrículo esquerdo através da valva da aorta na parte ascendente da aorta. Durante a vida fetal, um vaso sanguíneo temporário, chamado de ducto ou canal arterial, desvia o sangue do tronco pulmonar para a aorta. Por conseguinte, apenas um pequeno volume de sangue entra nos pulmões fetais não funcionantes. O ducto ou canal arterial normalmente se fecha logo após o nascimento, deixando um remanescente conhecido como ligamento arterial, que liga o arco da aorta e o tronco pulmonar. A espessura varia de acordo com a função de cada uma, os átrios de parede fina entregam o sangue sob menos pressão aos ventrículos adjacentes. Como os ventrículos bombeiam o sangue com maior pressão e maior distância, eles possuem paredes mais grossas. Embora os ventrículos direito e esquerdo ajam como duas bombas separadas que ejetam de forma simultânea volumes iguais de sangue, o lado direito tem uma carga menor de trabalho. Ele bombeia o sangue a uma curta distância para os pulmões a uma pressão inferior, o ventrículo esquerdo bombeia para outras partes do corpo, usando uma maior pressão e distancia, logo, o ventrículo esquerdo trabalha mais que o direito. A parede do coração possui um tecido conjuntivo denso que forma o esqueleto fibroso do coração, esse esqueleto é constituído por quatro anéis de tecido conjuntivo denso que circundam as valvas cardíacas, ele forma uma base estrutural para as valvas cardíacas e evita o estiramento excessivo das mesmas. Quando cada uma das câmaras do coração se contrai, empurra um volume de sangue a um ventrículo ou para fora do coração a uma artéria. As valvas se abrem e fecham em respostas as mudanças de pressão. Funcionamento das valvas atrioventriculares Localizadas entre um átrio e ventrículo, estas valvas chamadas de valvas atrioventriculares (AV) direita e esquerda. Quando uma AV está aberta, as extremidades arredondadas das válvulas se projetam para o ventrículo. Quando os ventrículos estão relaxados, os músculos papilares estão relaxados, as cordas tendíneas estão frouxas, e o sangue se move de uma área de maior pressão no átrio para uma de menor pressão nos ventrículos através das valvas AV abertas. Quando os ventrículos se contraem, a pressão do sangue aciona as válvulas para cima até que suas extremidades se encontrem e fechem a abertura. Ao mesmo tempo, os músculos papilares se contraem, o que traciona e retesa as cordas tendíneas. Isso impede que as válvulas das valvas evertam em resposta à alta pressão ventricular. Se as valvas AV ou cordas tendíneas estiverem danificadas, o sangue pode regurgitar para os átrios quando os ventrículos se contraem. Funcionamento das válvulas semilunares As valvas da aorta e do tronco pulmonar são compostas por 3 válvulas semilunares. Elas possibilitam a ejeção de sangue do coração para as artérias, mas evitam o refluxo do sangue para os ventrículos. Quando os ventrículos se contraem, a pressão se acumula nas câmaras. As valvas do tronco pulmonar e da aorta se abrem quando a pressão no ventrículo é superior à pressão nas artérias, possibilitando a ejeção do sangue dos ventrículos para o tronco pulmonar e aorta. Conforme os ventrículos relaxam, o sangue começa a refluir para o coração. Este fluxo sanguíneo retrógrado enche as válvulas da valva, o que faz com que as margens livres das valvas do tronco pulmonar e da aorta se contraiam firmemente uma contra a outra e fechem a abertura entre o ventrículo e a artéria. O lado esquerdo do coração é a bomba para a circulação sistêmica; ele recebe sangue rico em oxigênio dos pulmões. O ventrículo esquerdo ejeta o sangue para a aorta. A partir da aorta, o sangue vai se dividir em correntes separadas, entretanto progressivamente em artérias sistêmicas menores que o transportam para todos os órgãos do corpo. Nos tecidos sistêmicos, as artérias dão origem a arteríolas de menor diâmetro, que por fim levam a extensos leitos de capilares sistêmicos. A troca de nutrientes e gases ocorre através das finas paredes capilares. O sangue libera O2 (oxigênio) e capta CO2 (dióxido de carbono). Na maior parte dos casos, o sangue flui por meio de um único capilar e então entra em uma vênula sistêmica. As vênulas transportam o sangue desoxigenado dos tecidos e se fundem para formar veias sistêmicas maiores. Por fim, o sangue reflui para o átrio direito. O lado direito do coração é a bomba para a circulação pulmonar; ele recebe todo o sangue desoxigenado vermelho escuro que retorna da circulação sistêmica. O sangue ejetado do ventrículo direito flui para o tronco pulmonar, que se divide em artérias pulmonares que levam o sangue para os pulmões direito e esquerdo. Nos capilares pulmonares, o sangue descarrega o CO2, que é expirado, e capta o O2 do ar inalado. O sangue recentemente oxigenado então flui para as veias pulmonares e retorna ao átrio esquerdo. Correlação clínica – Valvopatias cardíacas Quando as valvas cardíacas funcionam normalmente, elas se abrem e se fecham completamente nos momentos adequados. Um estreitamento da abertura de uma valva cardíaca que restringe o fluxo sanguíneo é conhecido como estenose; a falha de uma valva em se fechar completamente é denominada insuficiência. Na estenose atrioventricular esquerda, a formação de uma cicatriz ou um defeito congênito provoca um estreitamento na valva atrioventricular esquerda. Uma das causas da insuficiência atrioventricular esquerda, em que há refluxo de sangue do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo, é o prolapso da valva mitral (PVM). No PVM, uma ou ambas as válvulas da valva atrioventricular esquerda se projetam para o átrio esquerdo durante a contração ventricular. O prolapso da valva mitral é uma das valvopatias mais comuns, afetando até 30% da população. É mais prevalente em mulheres do que em homens, e nem sempre representa uma ameaça grave. Na estenose aórtica, a valva da aorta está estreitada, e na insuficiência aórtica existe refluxo de sangue da aorta para o ventrículo esquerdo. Algumas doenças infecciosas podem danificarou destruir as valvas cardíacas. Um exemplo é a febre reumática, uma doença inflamatória sistêmica aguda que geralmente ocorre depois de uma infecção estreptocócica da garganta. As bactérias desencadeiam uma resposta imune em que os anticorpos produzidos para destruir as bactérias atacam e inflamam os tecidos conjuntivos em articulações, valvas cardíacas e outros órgãos. Mesmo que a febre reumática possa enfraquecer toda a parede do coração, na maior parte das vezes prejudica as valvas atrioventricular esquerda e da aorta. Se as atividades de vida diária forem afetadas pelos sinais/sintomas e se uma valva cardíaca não puder ser reparada cirurgicamente, então é crucial substituí-la. Valvas de tecido podem ser fornecidas por doadores humanos ou suínos; às vezes, utilizam-se próteses mecânicas. Em ambos os casos, a substituição da valva envolve uma cirurgia cardíaca a céu aberto. A valva da aorta é a valva cardíaca mais comumente substituída. Como os nutrientes não conseguem se difundir rápido o suficiente do sangue para as câmaras do coração. O miocárdio possui sua própria rede de vasos sanguíneos, a circulação coronariana ou circulação cardíaca. As artérias coronárias se ramificam da parte ascendente da aorta e cercam o coração como uma coroa circundando a cabeça. Enquanto o coração está se contraindo, pouco sangue flui nas artérias coronárias, porque elas estão bem comprimidas. Quando o coração relaxa, no entanto, a pressão do sangue elevada na aorta impulsiona o sangue ao longo das artérias coronárias até os vasos capilares e, em seguida, às veias coronárias Correlação clínica – isquemia e infarto agudo do miocárdio A obstrução parcial do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias pode causar isquemia miocárdica, uma condição de redução no fluxo sanguíneo para o miocárdio. Normalmente, a isquemia causa hipoxia, o que pode enfraquecer as células sem matá-las. A angina de peito, que significa literalmente “tórax estrangulado”, é uma dor intensa que normalmente acompanha a isquemia miocárdica. Tipicamente, é descrita como uma sensação de aperto ou compressão, como se o tórax estivesse em um torno. A dor associada à angina de peito muitas vezes é referida ao pescoço, queixo ou para o braço esquerdo até o cotovelo. A isquemia miocárdica silenciosa, episódios isquêmicos sem dor, é particularmente perigosa, porque a pessoa não tem aviso prévio de um infarto agudo do miocárdio minente. A obstrução completa do fluxo sanguíneo em uma artéria coronária pode resultar em um infarto agudo do miocárdio (IAM). O infarto significa a morte de uma área de tecido por causa da interrupção da irrigação sanguínea. Uma vez que o tecido cardíaco distal à obstrução morre e é substituído por tecido cicatrizado não contrátil, o músculo cardíaco perde um pouco de sua força. Dependendo do tamanho e da localização da área infartada, um infarto compromete o sistema de condução do coração e causa a morte súbita por desencadear uma fibrilação ventricular. O tratamento para o infarto agudo do miocárdio pode envolver a injeção de um agente trombolítico (promotor de dissolução de coágulo), como a estreptoquinase ou tPA, além de heparina (anticoagulante), ou a realização de uma angioplastia coronariana ou cirurgia de revascularização miocárdica. Felizmente, o músculo cardíaco consegue permanecer vivo em uma pessoa em repouso se receber tão pouco quanto 10 a 15% de seu suprimento sanguíneo normal. Histologia do musculo cardíaco As extremidades das fibras musculares cardíacas se ligam às fibras vizinhas por espessamentos transversais irregulares de sarcolema chamados discos intercalares. Os discos contêm desmossomos, que mantêm as fibras unidas, e junções comunicantes, que possibilitam que os potenciais de ação musculares sejam conduzidos de uma fibra muscular para as fibras vizinhas. As junções comunicantes possibilitam que todo o miocárdio dos átrios ou dos ventrículos se contraia como uma única unidade, coordenada. As mitocôndrias são maiores e mais numerosas nas fibras do músculo cardíaco do que nas fibras musculares esqueléticas. Em uma fibra muscular cardíaca, elas ocupam 25% do espaço do citosol; em uma fibra muscular esquelética, apenas 2% do espaço do citosol é ocupado pelas mitocôndrias. As fibras musculares cardíacas têm o mesmo arranjo de actina e miosina, e as mesmas bandas, zonas e discos Z, que as fibras musculares esqueléticas. Fibras autorrítmicas – O sistema de condução A atividade elétrica inerente e rítmica é o motivo das contrações cardíacas ao longo da vida. A fonte desta atividade elétrica é uma rede de fibras musculares cardíacas especializadas chamadas fibras autorrítmicas, porque são autoexcitáveis. As fibras autorrítmicas produzem repetidamente potenciais de ação que desencadeiam contrações cardíacas. Durante o desenvolvimento embrionário, apenas aproximadamente 1% das fibras musculares cardíacas tornam-se fibras autorrítmicas; estas fibras relativamente raras têm duas funções importantes: • Agem como marcapasso, definindo o ritmo da excitação elétrica que provoca a contração do coração. • Formam o sistema de condução do coração, uma rede de fibras musculares cardíacas especializadas que oferecem uma via para que cada ciclo de excitação cardíaca se propague pelo coração Os potenciais de ação cardíacos se propagam ao longo do sistema de condução na sequência: 1. A excitação cardíaca normalmente começa no nó sinoatrial (SA), localizado na parede atrial direita. As células do nó SA não têm potencial de repouso estável. Em vez disso, elas se despolarizam repetida e espontaneamente até um limiar. A despolarização espontânea é um potencial marcapasso 2. O potencial chega ao nó atrioventricular (AV). No nó AV o potencial desacelera como resultado de várias diferenças na estrutura celular do nó. 3. A partir do nó AV, o potencial de ação entra no fascículo atrioventricular (AV). esse fascículo é o local em que os potenciais de ação podem ser conduzidos dos átrios para os ventrículos 4. Depois da propagação pelo fascículo AV, o potencial de ação entra nos ramos direito e esquerdo. Os ramos se estendem ao longo do septo interventricular em direção ao ápice do coração. 5. Por fim, os ramos subendocárdicos calibrosos (fibras de Purkinje) conduzem rapidamente o potencial de ação, começando no ápice do coração e subindo em direção ao restante do miocárdio ventricular. Em seguida, os ventrículos se contraem, deslocando o sangue para cima em direção às válvulas semilunares Correlação clínica – marca-passos artificiais Se houver comprometimento do nó SA, o nó AV mais lento pode assumir a tarefa de marca- passo. Sua frequência de estimulação espontânea é de 40 a 60 vezes por minuto. Se a atividade de ambos os nós estiver suprimida, o batimento cardíaco ainda pode ser mantido por fibras autorrítmicas dos ventrículos – o fascículo AV, um dos ramos, ou os ramos subendocárdios. No entanto, a frequência de estimulação é tão lenta (20 a 35 bpm) que o fluxo sanguíneo para o encéfalo é inadequado. Quando esta condição ocorre, o ritmo cardíaco normal pode ser restaurado e mantido pela implantação cirúrgica de um marca-passo artificial, um aparelho que envia pequenas correntes elétricas para estimular o coração a se contrair. O marca-passo consiste em uma bateria e um gerador de impulso, e habitualmente é implantado sob a pele logo abaixo da clavícula. O marca-passo é conectado a um ou dois condutores flexíveis (fios), que são inseridos até a veia cava superior e, em seguida, passados até as câmaras do coração. Muitos dos marca-passosmais modernos, chamados de marcapassos de demanda, aceleram automaticamente os batimentos cardíacos durante o exercício. 1. Despolarização: ao contrário das fibras autorrítmicas, as fibras contráteis têm um potencial de repouso estável, que é de cerca de 90 mV. Quando uma fibra contrátil alcança seu limiar por um potencial de ação de fibras vizinhas, seus canais de Na+ acionados por voltagem se abrem. Estes canais de íons sódio são chamados de “rápidos” porque se abrem muito rapidamente em resposta a despolarização no nível do limiar. A abertura destes canais possibilita a entrada de Na+, porque o citosol das fibras contráteis é eletricamente mais negativo do que o líquido intersticial e a concentração de Na+ é mais elevada no líquido intersticial. O influxo de Na+ abaixo do gradiente eletroquímico produz despolarização rápida. Em alguns milissegundos, os rápidos canais de Na+ se inativam automaticamente e o influxo de Na+ diminui. 2. Platô. A próxima fase de um potencial de ação em uma fibra contrátil é o platô, um período de despolarização mantida. É em parte decorrente da abertura dos lentos canais de Ca2+ acionados por voltagem do sarcolema. Quando estes canais se abrem, os íons cálcio se movem do líquido intersticial O aumento da concentração de Ca2+ no citosol por fim provoca a contração. Vários tipos diferentes de canais de K+ acionados por voltagem também são encontrados no sarcolema de uma fibra contrátil. Pouco antes da fase de platô começar, alguns desses canais de K+ se abrem, possibilitando que os íons potássio saiam da fibra contrátil. Por isso, a despolarização é sustentada durante a fase de platô porque o influxo de Ca2+ equilibra a saída de K+. A fase de platô dura cerca de 0,25 s, e o potencial de membrana da fibra contrátil está próximo de 0 mV. Para comparação, a despolarização em um neurônio ou de fibra muscular esquelética é muito mais breve, de cerca de 1 ms (0,001 s), porque falta uma fase de platô. 3. Repolarização. A recuperação do potencial de repouso durante a fase de repolarização de um potencial de ação cardíaco lembra o de outras células excitáveis. Após um atraso (que é particularmente prolongado no músculo cardíaco), canais de K+ acionados por voltagem adicionais se abrem. O influxo de K+ restaura o potencial de repouso negativo (–90 mV). Ao mesmo tempo, os canais de cálcio do sarcolema e do retículo sarcoplasmático estão se fechando, o que também contribui para a repolarização. O musculo cardíaco produz pouco do ATP que precisa por respiração celular anaeróbica. Em vez disso, depende quase que exclusivamente da respiração celular aeróbica em suas diversas mitocôndrias. O oxigênio necessário se difunde do sangue da circulação coronariana e é liberado da mioglobina para as fibras musculares cardíacas. As fibras musculares cardíacas usam vários combustíveis para potencializar a produção de ATP mitocondrial. Em uma pessoa em repouso, o ATP do coração vem principalmente da oxidação de ácidos graxos (60%) e glicose (35%), com menores contribuições do ácido láctico, aminoácidos e corpos cetônicos. Durante o exercício, o uso do ácido láctico – produzido pela contração ativa dos músculos esqueléticos – pelo coração aumenta. Em cada ciclo cardíaco, os átrios e ventrículos se contraem e relaxam alternadamente. Enquanto uma câmara do coração se contrai, a pressão arterial dentro dela aumenta Sístole atrial Durante a sístole atrial, que dura cerca de 0,1 s, os átrios estão se contraindo. Ao mesmo tempo, os ventrículos estão relaxados. Sístole ventricular Durante a sístole ventricular, que dura cerca de 0,3 s, os ventrículos se contraem. Ao mesmo tempo, os átrios estão relaxados na diástole atrial. Período de relaxamento Durante o período de relaxamento, que dura cerca de 0,4 s, os átrios e os ventrículos estão relaxados. Conforme aumenta a frequência cardíaca, o período de relaxamento torna-se cada vez mais curto, enquanto a duração da sístole atrial e da sístole ventricular se encurta apenas discretamente A ausculta, o ato de ouvir sons do corpo, geralmente é feita com um estetoscópio. O som dos batimentos cardíacos é decorrente principalmente da turbulência do sangue causada pelo fechamento das valvas cardíacas. O fluxo tranquilo do sangue é silencioso. Compare os sons de corredeiras ou de uma cachoeira com o silêncio de um rio que flui lentamente. Durante cada ciclo cardíaco, existem quatro bulhas cardíacas, mas em um coração normal apenas a primeira e a segunda bulhas cardíacas (B1 e B2) são auscultadas com um estetoscópio. Correlação clínica – sopros cardíacos As bulhas cardíacas fornecem informações valiosas sobre o funcionamento mecânico do coração. Um sopro cardíaco é um som anormal que é auscultado antes, durante ou depois das bulhas cardíacas normais, ou que pode mascarar as bulhas cardíacas normais. Os sopros cardíacos em crianças são extremamente comuns e, geralmente, não representam um problema de saúde. São mais frequentemente detectados em crianças entre os 2 e 4 anos de idade. Estes tipos de sopros cardíacos são chamados de sopros cardíacos inocentes ou funcionais; muitas vezes, diminuem ou desaparecem com o crescimento. Embora alguns sopros cardíacos em adultos sejam inocentes, com frequência um sopro no adulto indica um distúrbio valvar. Quando uma valva cardíaca apresenta estenose, o sopro cardíaco é auscultado quando ela deveria estar totalmente aberta, mas não está. Por exemplo, a estenose atrioventricular esquerda produz um sopro durante o período de relaxamento, entre B2 e a B1 seguinte. Uma valva cardíaca incompetente, em contrapartida, causa o aparecimento de um sopro quando a valva deveria estar totalmente fechada, mas não está. Então, um sopro decorrente de incompetência da valva atrioventricular esquerda ocorre durante a sístole ventricular, entre B1 e B2. O débito cardíaco (DC) é o volume de sangue ejetado por minuto pelo ventrículo esquerdo para a aorta (ou pelo ventrículo direito para o tronco pulmonar). É calculado do seguinte modo: DC (mℓ/min) = volume sistólico (VS) em mℓ/batimento × frequência cardíaca (FC) em batimentos/min. O volume sistólico (VS) é o volume de sangue ejetado por um ventrículo durante cada sístole. A reserva cardíaca é a diferença entre o DC máximo de uma pessoa e seu DC em repouso. O volume sistólico está relacionado com a pré- carga (estiramento do coração antes de ele se contrair), contratilidade (vigor da contração) e póscarga (pressão que precisa ser sobrepujada antes que a ejeção ventricular possa ter início). De acordo com a lei de FrankStarling do coração, uma pré-carga maior (volume diastólico final) distendendo as fibras musculares cardíacas pouco antes da contração aumenta a sua força de contração até que o alongamento se torne excessivo. O controle nervoso do sistema circulatório se origina no centro cardiovascular localizado no bulbo. Os impulsos simpáticos aumentam a frequência cardíaca e a força de contração; os impulsos parassimpáticos diminuem a frequência cardíaca. A frequência cardíaca é afetada por hormônios (epinefrina, norepinefrina, hormônios da tireoide), íons (Na+, K+, Ca2+), idade, sexo, condicionamento cardiorrespiratório e temperatura corporal. A prática persistente de exercícios físicos aumenta a demanda de oxigênio dos músculos. Entre os benefícios do exercício aeróbico estão o aumento do débito cardíaco, a diminuição da pressão arterial, o controle do peso e o aumento da atividade fibrinolítica. O transplante cardíaco consiste na substituição de um coração com lesões graves por um coração saudável. Os procedimentos e dispositivos de assistência cardíaca incluem o balão intra-aórtico, o dispositivo de assistência ventricular, a miocardioplastiae um dispositivo de assistência utilizando músculo esquelético. O coração se desenvolve a partir da mesoderme. Os tubos endocárdicos evoluem para o coração de quatro câmaras e os grandes vasos do coração Figuras Anatômicas retiradas do atlas
Compartilhar