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Exerćıcios de Álgebra Linear Gabriel Ribeiro 07 de julho de 2016 Fiz essa lista de exerćıcios com alguns dos exerćıcios mais parecidos com as provas e com o estilo dos professores que eu pude encontrar. Como uma referência básica, classifiquei os exerćıcios por “estrelas”. Sendo assim, um exerćıcio “*” é fácil e um exerćıcio “****” é bem dif́ıcil. Espero que ajude. 1 Dependência e Independência Linear / Espaços Vetoriais Exerćıcio 1 (*). Seja V o espaço vetorial dos polinômios de coeficientes reais cujo grau não excede 3. Os seguintes vetores 1 + 3x+ x2, x3 − 3x+ 1, 3x3 − x2 − x− 1 são linearmente independentes em V ? Exerćıcio 2 (*). Suponha que v1, · · · , vn são linearmente independentes em V e w ∈ V . Prove que se v1 + w, · · · , vn + w é linearmente dependente, então w existe no subespaço gerado por v1, · · · , vn. Exerćıcio 3 (*). Seja R[X] o espaço vetorial de todos os polinômios de coefi- cientes reais. Mostre que R[X] possui dimensão infinita. Exerćıcio 4 (*). Seja V o espaço vetorial de todas as funções de R em R; seja Vp o subconjunto das funções pares, f(−x) = f(x); seja Vi o subconjunto das funções ı́mpares, f(−x) = −f(x). (a) Prove que Vp e Vi são subespaços de V. (b) Prove que Vp + Vi = V. (c) Prove que Vp ∩ Vi = {0}. Exerćıcio 5 (**). Sejam W1 e W2 subespaços de um espaço vetorial V tais que W1 + W2 = V e W1 ∩W2 = {0}. Prove que para todo vetor α em V existem vetores α1 em W1 e α2 em W2 únicos tais que α = α1 + α2. Exerćıcio 6 (**). Sejam v1, v2, · · · , vn vetores L.I. em Rn. É sempre verdade que v1, v1 + v2, v1 + v2 + v3, · · · , v1 + v2 + · · ·+ vn são L.I.? 1 Exerćıcio 7 (**). Seja V o espaço vetorial de todas as funções de R em C (os escalares são números complexos). Seja f1(x) = 1, f2(x) = e ix e f3(x) = e −ix. (a) Prove que f1, f2 e f3 são linearmente independentes. (b) Seja g1(x) = 1, g2(x) = cos(x) e g3(x) = sin(x). Encontre uma matriz P 3× 3 inverśıvel tal que gj = 3∑ i=1 Pijfi. Exerćıcio 8 (***). Sejam W1 e W2 subespaços de um espaço vetorial V tais que W1 ∪W2 também é um subespaço. Prove que um dos espaços Wi está contido no outro. Exerćıcio 9 (***). Seja V o espaço vetorial de todas as funções de R em R. Prove que as funções f1(x) = |x− 1|, f2(x) = |x− 2|, ..., f10(x) = |x− 10| são linearmente independentes. Exerćıcio 10 (****). Seja V o conjunto dos números reais. Considere V um espaço vetorial em que os escalares são números racionais, com as operações usuais. Prove que esse espaço vetorial não possui dimensão finita. 2 Resolução do primeiro caṕıtulo Solução 1 (Resolvido pelo Roberto). Suponha que a(1 + 3x+ x2) + b(x3 − 3x+ 1) + c(3x3 − x2 − x+ 1) = 0. Agrupando os coeficientes de x obtemos: x3(b+ 3c) + x2(a− c) + x(3a− 3b− c) + (a+ b+ c) = 0, ficando assim com um sistema de 4 equações: b+ 3c = 0 a− c = 0 3a− 3b− c = 0 a+ b− c = 0. Resolvendo esse sistema obtemos a = b = c = 0 como única solução. Sendo assim os 3 polinômios são L.I. (Essential Linear Algebra With Applications - Titu Andreescu.) 2 Solução 2 (Resolvido pelo Roberto). Vamos supor que a1(v1 + w) + a2(v2 + w) + · · ·+ an(vn + w) = 0. Deixando o vetores em evidência, ficamos com a1v1 + a2v2 + · · ·+ anvn + (a1 + a2 + · · ·+ an)w = 0. Vamos examinar o coeficiente de w. Se supormos que (a1 + · · ·+ an) é igual a zero, a equação restante se torna: a1v1 + a2v2 + · · ·+ anvn = 0, e já que o conjunto v1, v2, · · · , vn é L.I., isso implica em a1 = a2 = · · · = an = 0, o que é um absurdo! Então chegamos a conclusão de que o coeficiente de w deve ser não-nulo. Vamos então isolar o w: w = −a1v1 + a2v2 + · · ·+ anvn a1 + a2 + · · ·+ an . Ué, então w está sendo escrito como uma combinação linear de v1, v2, ..., vn. Ou, em outras palavras, w existe no subespaço gerado por v1, v2, ..., vn. (Essential Linear Algebra With Applications - Titu Andreescu.) Solução 3. Considere qualquer lista de elementos de R[X]. Seja m o maior grau dos polinômios dessa lista. Logo, todo elemento do espaço gerado por essa lista possui grau menor ou igual a m. Isso é, xm+1 não está na nossa lista. Logo, nenhuma lista gera R[X]. Portanto R[X] não possui dimensão finita. (Linear Algebra Done Right - Sheldon Axler.) Solução 4. (a) Seja h : R→ R tal que h(x) = cf(x) + g(x). Se f e g são pares, h(−x) = cf(−x) + g(−x) = cf(x) + g(x) = h(x). Se f e g são ı́mpares, h(−x) = cf(−x) + g(−x) = −(cf(x) + g(x)) = −h(x). Logo Vp e Vi são subespaços de V. (b) Seja f ∈ V uma função qualquer e defina duas funções g : R → R e h : R→ R tal que: g(x) = f(x) + f(−x) 2 e h(x) = f(x)− f(−x) 2 . Observe que g(−x) = g(x) e h(−x) = −h(x). Logo, g ∈ Vp e h ∈ Vi. Por fim, note que f(x) = g(x) + h(x), ∀x ∈ R. Portanto, Vp + Vi = V. (c) Se f ∈ Vp e f ∈ Vi, então f(−x) = f(x) = −f(x). Isso é, f(x) = 0. (Linear Algebra - Hoffman / Kunze.) 3 Solução 5. Suponha que existam α′1 ∈ W1 e α′2 ∈ W2 diferentes de α1 e α2 respectivamente, tal que α = α1 + α2 = α ′ 1 + α ′ 2. Como W1 e W2 são subespaços, α1−α′1 ∈W1 e α′2−α2 ∈W2. Mas α1−α′1 = α′2 − α2, logo α1 − α′1 = α′2 − α2 ∈W1 ∩W2. Como o único elemento de W1 ∩W2 é o vetor nulo, α1 = α′1 e α2 = α′2. (Linear Algebra - Hoffman / Kunze.) Solução 6. Suponha que a1v1 + a1(v1 + v2) + · · ·+ an(v1 + v2 + · · ·+ vn) = 0. Logo, (a1 + a2 + · · ·+ an)v1 + (a2 + a3 + · · ·+ an)v2 + · · ·+ anvn = 0. Já que v1, · · · , vn são linearmente independentes, a1 + a2 + · · ·+ an = 0 a2 + · · ·+ an = 0 ... an = 0. O que implica a1 = a2 = · · · = an = 0. Logo os vetores são sempre linearmente independentes. (Essential Linear Algebra With Applications - Titu Andreescu.) Solução 7. Lema. eix = cos(x) + i sin(x), ∀x ∈ R. Demonstração. Seja f : R→ C, f(x) = e−ix(cos(x) + i sin(x)). Derivando, obtemos a seguinte expressão: f ′(x) = e−ix(i cos(x)− sin(x))− ie−ix(cos(x) + i sin(x)) que é identicamente nula. Como f(0) = 1, segue que f(x) = 1 para todo x real. Ou seja, eix = cos(x) + i sin(x). (a) Suponha que existam a, b, c ∈ C tal que a+ beix + ce−ix = 0 para todo x real. Substituindo x = 0, x = π e x = π2 , obtemos respectivamente (pelo Lema): a+ b+ c = 0 a− b− c = 0 a+ ib− ic = 0. Tal sistema claramente possui apenas a solução trivial a = b = c = 0, logo f1, f2 e f3 são linearmente independentes. 4 (b) Isso é equivalente a 1cos(x) sin(x) = P 1eix e−ix . Ou seja, P−1 1cos(x) sin(x) = 1eix e−ix . Escrevendo explicitamente as entradas P−111 + P −1 12 cos(x) + P −1 13 sin(x) = 1 P−121 + P −1 22 cos(x) + P −1 23 sin(x) = cos(x) + i sin(x) P−131 + P −1 32 cos(x) + P −1 33 sin(x) = cos(x)− i sin(x) fica claro que P−1 = 1 0 00 1 i 0 1 −i satisfaz. A inversa de P−1 é P = 1 0 00 12 12 0 − i2 i 2 . (Linear Algebra - Hoffman / Kunze.) Solução 8. Seja x ∈ W1 e y ∈ W2 −W1. Então, pela definição de união, temos que x ∈ W1 ∪W2 e y ∈ W1 ∪W2. Portanto, já que W1 ∪W2 é um subespaço, x+ y ∈W1 ∪W2 o que, novamente pela definição de união, significa que x + y ∈ W1 ou x + y ∈ W2. Se x + y ∈ W1 então, como W1 é um subespaço, y = (x + y) + (−x) ∈ W1 o que é imposśıvel, já que y ∈ W2 −W1. Logo, temos que x + y ∈ W2 de onde decorre que, como W2 é um subespaço, x = (x+ y) + (−y) ∈W2. Portanto, como x era arbitrário, W1 ⊂W2. (Linear Algebra - Hoffman / Kunze.) Solução 9. Suponha que a1f1 + a2f2 + · · ·+ a10f10 = 0 para alguns números reais a1, · · · , a10. Suponha que algum ai é não-nulo. Divi- dindo por ai nós obtemos fi como uma combinação linear das outras funções. Todas as outras funções são diferenciáveis em x = i. Logo fi também é (já que é uma combinação linear das outras funções). Isso é um absurdo! Logo ai = 0 para todo 1 ≤ i ≤ 10, e o resultado segue. (Essential Linear Algebra With Applications - Titu Andreescu.) 5 Solução 10. Suponha que V possui dimensão finita. Seja m a sua dimensão. Sejam p1, · · · , pm+1 os m + 1 primeirosnúmeros primos e c1, · · · , cm+1 ∈ Q. Suponha que c1 ln p1 + · · ·+ cm+1 ln pm+1 = 0. Multiplicando por um fator comum, podemos considerar os c1 inteiros. Expo- nenciando, temos que pc11 · · · p cm+1 m+1 = 1, o que implica ci = 0, ∀i ≤ m+ 1. Isso é, temos um conjunto linearmente independente de dimensão m+ 1 que é subconjunto de um espaço de dimensão m. Isso é um absurdo! (Se isso não for claro pra alguém, me avise que eu provo!) Logo V não possui dimensão finita. (Linear Algebra - Hoffman / Kunze.) 6
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