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Analise da obra "comer, rezar e amar" de acordo com a Perspectiva Humanista-Existencial

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ANÁLISE DA OBRA DE ACORDO COM A PERSPECTIVA HUMANISTA-EXISTENCIAL
O filme que utilizamos como elemento de análise para correlacionar com os assuntos abordados na matéria de Psicologia Humanista Existencial e Fenomenológica foi “Comer, Rezar e Amar”, da autora Elizabeth Gilbert, sendo este, uma autobiografia que primeiro foi exposta como um livro e posteriormente como filme. 
O filme retrata uma mulher nova-iorquina que havia aparentemente conquistado tudo o que almejava em sua vida, tendo uma carreira de sucesso, um casamento e uma casa planejada segundo o que ela sonhou. Entretanto, mesmo Liz tendo conquistado tudo o que ela gostaria, depara-se com sentimentos e pensamentos confusos, sobre o que realmente seria importante em sua vida e se vê insatisfeita com sua atual situação, passando por uma crise existencial sobre quem realmente é e o que quer ser.
A dor desta personagem e a busca por si mesma, são aspectos bastante significativos para a realização desta análise. A personagem apresenta incertezas da existência humana levando-a fazer reflexões sobre a vida e o viver, o que nos mostra as diversas maneiras que o ser encontra para lidar com suas questões existenciais. 
O filme começa com a Liz conversando com um curandeiro indonésio, em Bali, sobre seus relacionamentos, ele diz que ela teria dois casamentos, um que duraria pouco tempo e outro que duraria mais tempo, sendo que diante dessa explanação, ela fica confusa com relação ao seu relacionamento atual, seria esse o duradouro ou não, trazendo ainda mais incerteza sobre sua relação conjugal.
Depois disso, ela volta para casa e se depara cada vez mais com dificuldades para se sentir realizada em sua realidade e com seu casamento, fica muito confusa sobre tudo o que construiu com seu marido e sobre sua identidade. No filme, a personagem diz que gostaria de sair daquela situação, porém, sem magoar as pessoas. Neste cenário, podemos contextualizar a crise da existência de Elizabeth em uma angústia frente ao “nada”, e este nada existencial coloca-a frente a sua liberdade e responsabilidade de fazer escolhas, gerando esta angústia. A partir desse sentimento de angústia, a personagem Liz, busca estabelecer um projeto que se refere ao fazer existir das possibilidades que ela tem frente a sua existência e assim, o filme se norteia então na personagem buscando “se encontrar”, descobrindo quais possibilidades ela tem para se chegar a uma existência autêntica, onde ela tenha plena autoconsciência de si. Uma frase do filme que retrata bem essa situação é quando Elizabeth diz: “Há momentos que temos de procurar o tipo de cura e paz que só podem vir da solidão.”
Nesta situação desconfortante de desacordo interno, desorientada sobre seus valores e sentidos da vida, Liz, decide deixar o casamento que não estava colaborando para a sua autenticidade, pois entende que ela e o marido não tem os mesmos propósitos de vida, não querem as mesmas coisas. Elizabeth diz no filme que tentou fazer dar certo seu relacionamento, que investiu tudo o que tinha, porém, ao invés do relacionamento agregar a sua vida, auxiliando no seu autodescobrimento, teve resultado contrário, foi contribuinte para a perda do seu “eu”. 
Há uma cena no filme que alguns atores estão encenando uma história que Elizabeth escreveu, e enquanto ela assiste o teatro, uma das atrizes diz a seguinte frase: “eu desapareço na pessoa que amo”. Diante desta frase que ela mesma redigiu, Elizabeth reflete sobre, porém, acaba se relacionando com outro rapaz, aparentemente pensando que ao se relacionar novamente com alguém, se encontraria neste outro. Enquanto a personagem se encontra neste segundo relacionamento, um dia, ao ir na casa de uma amiga, o marido desta diz para Liz que ela sempre se parece com os companheiros, comparando-a com quando as pessoas começam a se parecer com seus cães. Isto posto, Liz passa a pensar sobre este comentário e se estabelece uma crise existencial dentro dela novamente, onde ela conclui em um momento do filme que a paixão leva a desvalorização de si mesmo. 
Esta parte do filme é o “ápice” da sua angústia, em que ela percebe que precisa fazer algo, precisa ir em frente para descobrir as possibilidades que tem para agir em sua existência e se autogerir. No momento em que está conversando com sua amiga sobre como se sentia, ela diz: “Sabe o que senti quando acordei hoje de manhã? Nada. Nem paixão, nem entusiasmo, nem fé, nem emoção. Absolutamente nada. Eu acho que eu passei do ponto onde se pode chamar isso de um mal momento e isso me apavora. Meu Deus, essa ideia é pior do que a ideia da morte. É essa pessoa que eu vou ser de agora em diante?”. Dessa forma, Liz termina mais um relacionamento, e se dispõe a assumir os riscos da autocriação perante sua existência, deixando sua vida atualmente construída, para viajar em busca de apetite pela vida, por algo que lhe traga “pulsão” ao viver, viajando para a Itália, Índia e Bali por um ano para pensar em si mesma e se autodescobrir. De acordo com o filósofo Martin Heidegger, a escolha se faz diante da angústia frente ao nada, levando o ser a interpretar suas possibilidades, sendo que a partir delas o ser estabelece um projeto que se refere ao fazer existir estas possibilidades, sendo essa uma existência autêntica, dessa forma, Liz pela busca de sua autenticidade e diante da angústia do sentir nada, faz a escolha de viajar.
Em uma parte do filme, Liz faz uma autoanálise, diz ser uma americana de trinta e poucos anos que acaba de passar por um divórcio, seguido de um caso de amor que terminou de forma dolorosa, e essas perdas causaram nela uma grande tristeza, relacionando com os conceitos de Heidegger novamente, sobre o ser-aí, o qual o ser não é um indivíduo, mas o ser do sujeito existente. A característica da condição existencial do ser é o imediatismo e o inevitável, basicamente é o ser no presente, em que ele está aberto para perceber e responder a tudo que está em sua presença, realizando a concretude da existência. A determinação fundamental do Dasein é o estar-no-mundo, sendo o ser e mundo unos, levando a compreensão que a relação do Dasein com o mundo se torna uma projeção. 
Liz, enquanto projeta sua vida está tentando agir no mundo de acordo com suas possibilidades, está presente em um processo dinâmico de vir-a-ser, na maneira em que escolhe como estar-no-mundo.
A partir desses apontamentos, podemos dizer que Elizabeth não sabia expandir o seu eu, sem se perder no outro. Sempre que ela tentava ampliar o centro do seu eu para trocar com os outros, principalmente em relacionamentos amorosos, ela deixava de ser quem realmente era, perdia sua identidade, da qual já não possuía muita autoconsciência. Além disso, o vazio existencial se fez presente na vida dela, que o ocasionou nesses questionamentos perante a vida, seus aspectos e morte. Com isso, Liz precisa decifrar seus próprios padrões de comportamento, ou seja, o projeto/imagem que ela tem de si mesma, entender seu autofuncionamento e a compreensão de seu ser-no-mundo para levá-la a redescobrir seu presente a si mesma. 
O primeiro ponto turístico escolhido por Liz é a Itália, a parte do “comer”, ela já havia demonstrado interesse na Itália e na língua italiana anteriormente, e lá Liz descarrega sua frustração comendo e aproveitando esse prazer da vida, faz novos amigos e vive algo novo, já que se sentia infeliz, essa foi a maneira de se sentir um pouco melhor. O vazio que ela sentia se preenche aos poucos pelos pequenos prazeres, e ao final da viagem pela Itália, Liz diz que chegou no país magra e triste, sem saber o que queria e o que merecia, mas ela percebia que estava se recuperando ao notar que havia engordado. 
Apesar da experiência de liberdade que Liz teve na Itália, em algumas partes do filme ela ainda sentia uma solidão, em determinado ponto turístico na Itália ela tem um momento de reflexão e diz “A ruína é o caminho que leva a transformação”, esse pensamento é análogo ao que ela estava vivenciando, uma desordem e sofrimento diante da mudança, e percebe a importânciade encontrar um sentido nessa vivência.
Ao final de sua estádia na Itália, Liz se reúne com amigos para um dia de ação de graças e nessa cena ela aparenta estar grata e emocionada pelo que estava sentindo em relação aquele momento.
Ao chegar na Índia, Liz vai a um templo para dar continuidade no seu projeto de busca para encontrar-se, lá conhece Richard um americano do Texas e Tulsi uma indiana de 17 anos cujo destino é casar, mas que seu verdadeiro sonho era cursar psicologia. Elizabeth não consegue acompanhar o ritmo das meditações e comenta com seu colega Richard que foi procurar paz, mas não estava encontrando, ele a responde “Se quiser chegar ao castelo tem que nadar pelo foço”. Através dessa afirmação do personagem, pode ser feito um paralelo com o conceito de escolha para o Existencialismo, pois só é possível ao indivíduo fazer escolhas mediante a angústia, pois ela o coloca de frente para as possibilidades. Logo, entende-se como castelo a liberdade que só possível através da angústia, representada pelo foço, possibilitando a tomada de decisões.
Além de não conseguir encontrar sua paz, Liz não conseguia ser devota aos ensinamentos da Guru Guita, mas ao conversar com Richard ela entende que a devoção deveria ser ao amor, por meio disso ela a dedica para Tulsi como um presente de casamento: “A você dediquei meu guru Guita. Imaginar-te feliz foi o que me fez passar por ele.” No casamento de Tulsi, Elizabeth começa a ter lembranças do seu casamento e a culpa invade a personagem por ter feito seu ex-marido sofrer e por ter o deixado, ficando evidente através da fala “Sinceramente estou esperando que ele me perdoe. E me liberte.” Mas com o tempo ela percebe que na verdade ela deveria se perdoar e encontrar sua própria liberdade. Para o Existencialismo, o sujeito que terá de realizar seu projeto de vida sozinho e cabe somente a ele, se responsabilizar pelas suas escolhas. E é por meio desse contato consigo mesma realizando seu projeto de vida sozinha e responsabilizando-se por suas escolhas, em plena solidão, que Liz consegue se perdoar e ao ir se descobrindo vai construindo sua vida.
Sua última parada é em Bali, na Indonésia, ela retorna assim como dizia a previsão do curandeiro na sua primeira visita ao local, ela procura novamente pelo xamã Ketut para aprender seus ensinamentos com a finalidade de encontrar o seu próprio equilíbrio, com a prática da meditação. Em um de seus diálogos, ele diz a ela que para ser feliz devemos saber onde estamos. Nessa parte do filme, percebemos que Liz compreende o homem quanto a sua finitude e dessa forma ela entende a verdadeira essência do que estava em busca. 
Notamos também, nos momentos em que ela está na Índia, que ela entende a importância da existência dela para Ketut, quando ela afirmar ser alguém com quem ele pode conversar, porque ele gosta de ouvir falar sobre o mundo, e não teve muita oportunidade de vê-lo, ela compreende melhor os laços afetivos como fundamentais de sua existência, com as novas amizades ela percebeu que a existência se constrói com o outro.
Em Bali, ela conhece e se envolve com Felipe, um brasileiro que também estava passando uma temporada na Índia. Após algumas semanas se relacionando, Liz termina com ele dizendo que por causa do relacionamento ela está perdendo o seu equilíbrio. E ao conversar com Katut, ele diz que “as vezes, perder equilíbrio por amor faz parte de viver vida equilibrada”, ou seja, a essência do homem está sempre se transformando e isso o permite reconstruir sua vida a todo momento. Com Felipe, a Liz vive um amor que ela se reconhece, mas não perde sua identidade, aprende e constrói seus projetos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse filme nos coloca frente à sentimentos, dúvidas e angústias que muitas vezes nos identificamos. Alguns pensamentos e momentos da personagem são muito parecidos com o que passamos em nossas vidas. Porém, fazemos nossa história de acordo com nossas vivências e com o estar-no-mundo. De acordo com a fala do personagem Richard, nossas escolhas são fruto da nossa liberdade para a tomada de decisões, sendo assim, é o homem quem escreve sua própria história.
O encontro com o nada nos leva a um estranhamento diante de nossa própria existência. Quando sentimos que nossas próprias decisões foram tiradas de nós, ficamos frente a frente com a perda, com o nosso limite.
Sendo assim, podemos concluir que os laços, o encontro com o nada e a liberdade para tomar decisões tem um importante papel que nos ajuda a chegar ao perdão. Perdão a si mesmo por mudar e buscar o sentido que antes faltava em sua vida.

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