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PRINCÍPIOS DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR ● Princípio = diálogo sistemático de coerência de complementariedade e de subsidiariedade, de coordenação e adaptação sistemática. ● Os princípios são abstraídos das normas, dos costumes, da doutrina, da jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais. SÃO IGUALMENTE regras de conduta que norteiam o juiz na interpretação da norma, do ato ou negócio jurídico. ● Enunciado 167 do CJF >> "Com o advento do Código Civil de 2002, houve forte aproximação principiológica entre esse Código e o Código de Defesa do Consumidor no que respeita à regulação contratual, uma vez que ambos são incorporadores de uma nova teoria geral dos contratos" PRINCÍPIOS 1. PRINCÍPIO FUNDAMENTAL: O fato é que todas as normas instituídas no CDC têm como princípio e meta a proteção e a defesa do consumidor. - PRINCÍPIO DO PROTECIONISMO DO CONSUMIDOR: A natureza da norma de ordem pública e interesse social importa em três tipos de consequências: i) primeiramente implica em que as regras da Lei 8.078/1990 não podem ser afastadas por convenção entre as partes, sob pena de nulidade absoluta (art. 51, inc. XV, CDC); ii) cabe sempre a intervenção do Ministério Público em questões envolvendo problemas de consumo - a Lei da Ação Civil Pública (n. 7.347/85) reconhece a legitimidade do Ministério Público para as demandas coletivas envolvendo danos materiais e morais aos consumidores (art. 1o); iii) a proteção do CDC deve ser conhecida de ofício pelo juiz, em caso da nulidade de eventual cláusula abusiva. - EXEMPLO desse princípio é a LEI n.12.291/2010, que torna obrigatória a exibição de um exemplar do Código de Defesa do Consumidor em todos os estabelecimentos comerciais do País, sob pena de imposição de multa no valor de R$ 1.064,10. ● Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; II - ação governamental no sentido de proteger efetivamente o consumidor: a) por iniciativa direta; b) por incentivos à criação e desenvolvimento de associações representativas; c) pela presença do Estado no mercado de consumo; d) pela garantia dos produtos e serviços com padrões adequados de qualidade, segurança, durabilidade e desempenho. III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; IV - educação e informação de fornecedores e consumidores, quanto aos seus direitos e deveres, com vistas à melhoria do mercado de consumo; V - incentivo à criação pelos fornecedores de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços, assim como de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; VI - coibição e repressão eficientes de todos os abusos praticados no mercado de consumo, inclusive a concorrência desleal e utilização indevida de inventos e criações industriais das marcas e nomes comerciais e signos distintivos, que possam causar prejuízos aos consumidores; VII - racionalização e melhoria dos serviços públicos; VIII - estudo constante das modificações do mercado de consumo. 2. PRINCÍPIO DA VULNERABILIDADE (ar. 4, I): a vulnerabilidade é mais um estado da pessoa, um estado inerente de risco ou um sinal de confrontação excessiva de interesses identificado no mercado, é uma situação permanente ou provisória, individual ou coletiva, que fragiliza, enfraquece o sujeito de direitos, desequilibrando a relação. 3. PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA (art. 4, III) : considera justo equilíbrio, em uma correta harmonia entre as partes, em todos os momentos relacionados com a prestação e o fornecimento. Diz respeito à atuação concreta das partes, constitui uma regra de conduta. Trata-se da exigência de um comportamento de lealdade, de probidade, do dever de informar, do dever de transparência, do dever de agir honestamente e com razoabilidade dos participantes negociais, em todas as suas fases. 4. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO (implícito): com base no princípio da solidariedade social, retirado do art. 3, I, da CRFB/88, rompe com a regra do "pacta sunt servanda" , constituindo um principio contratual de ordem pública – conforme consta do art. 2.035, parágrafo único, do CC/2002 –, pelo qual o contrato deve ser, necessariamente, interpretado e visualizado de acordo com o contexto da sociedade. provoca eficácia interna (entre as partes contratantes) quanto uma eficácia externa (para além das partes contratantes) >>No âmbito do Código de Defesa do Consumidor, a função social do contrato deve ser reconhecida como princípio implícito. ex: RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA. 5. PRINCÍPIO DA TRANSPARÊNCIA E DA CONFIANÇA (arts. 4, caput e 6, III): este princípios diz respeito, primeiramente, ao dever de informação, tem dupla face: o dever de informar e o direito de ser informado. A informação ao consumidor, tem como escopo: i) consciencialização crítica dos desejos de consumo e da priorização das preferências que lhes digam respeito; ii) possibilitação de que sejam averiguados, de acordo com critérios técnicos e econômicos acessíveis ao leigo, as qualidades e o preço de cada produto ou de cada serviço; iii) criação e multiplicação de oportunidades para comparar os diversificados produtos; iv) conhecimento das posições jurídicas subjetivas próprias e alheias que se manifestam na contextualidade das séries infindáveis de situações de consumo; v) agilização e efetivação da presença estatal preventiva, mediadora, ou decisória, de conflitos do mercado de consumo’ ● Art. 6º São direitos básicos do consumidor: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX - (Vetado); X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Parágrafo único. A informação de que trata o inciso III do caput deste artigo deve ser acessível à pessoa com deficiência, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) 6. PRINCÍPIO DA EQUIVALÊNCIA NEGOCIAL (art. 6, II): Pelo princípio da equivalência negocial, é garantidaa igualdade de condições no momento da contratação ou de aperfeiçoamento da relação jurídica patrimonial. A par dessa tentativa de concretizar a igualdade, fundamentada na isonomia constitucional, no máximo, o que se pode aceitar são privilégios aos consumidores que necessitem de proteção especial, tidos como hipervulneráveis, caso de idosos, portadores de deficiências, crianças e adolescentes, que merecem proteção por duplo ou triplo motivo. 7. PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO INTEGRAL DOS DANOS (art. 6, VI): o regramento fundamental é a reparação integral dos danos, que assegura aos consumidores as efetivas prevenção e reparação de todos os danos suportados, sejam eles materiais ou morais, individuais, coletivos ou difusos. Em um primeiro momento, se existirem danos materiais no caso concreto, nas modalidades de danos emergentes – o que efetivamente se perdeu –, ou lucros cessantes – o que razoavelmente se deixou de lucrar –, o consumidor terá direito à reparação integral, sendo vedado qualquer tipo de tarifação ou tabelamento, previsto por lei, entendimento jurisprudencial ou convenção internacional. 8. PRINCÍPIO DA HIPOSSUFICIÊNCIA DO CONSUMIDOR (art. 6, VIII): A hipossuficiência é um conceito fático e não jurídico, não podendo ser analisada de maneira restrita significando apenas uma discrepância econômica, financeira ou política. Ela pode ser de ordem técnica, pelo desconhecimento em relação ao produto ou serviço adquirido, sendo essa a sua natureza perceptível na maioria dos casos, também caracteriza a hipossuficiência técnica/informacional a situação jurídica que impede o consumidor de obter a prova que se tornaria indispensável para responsabilizar o fornecedor pelo dano verificado. ● DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE SÓFIA (2012) - sobre o Desenvolvimento de Princípios Internacionais de Proteção do Consumidor - regramentos fundamentais a respeito da matéria: - a) Princípio da vulnerabilidade – os consumidores são vulneráveis frente aos contratos de massa e padronizados, em especial no que concerne à informação e ao poder de negociação; - b) Princípio da proteção mais favorável ao consumidor – é desejável, em Direito Internacional Privado, desenvolver standards e aplicar normas que permitam aos consumidores beneficiarem-se da proteção mais favorável ao consumidor; - c) Princípio da justiça contratual – as regras e o regulamento dos contratos de consumo devem ser efetivos e assegurar transparência e justiça contratual; - d) Princípio do crédito responsável – crédito responsável impõe responsabilidade a todos os envolvidos no fornecimento de crédito ao consumidor, inclusive fornecedores, corretores, agentes e consultores; - e) Princípio da participação dos grupos e associações de consumidores – grupos e associações de consumidores devem participar ativamente na elaboração e na regulação da proteção do consumidor.
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