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1 Disciplina: Legislação e políticas públicas para surdos Autores: Esp. Priscila Mara Simões Revisão de Conteúdos: Esp. Orlei Candido Antunes Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki Ano: 2018 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Priscila Mara Simões Legislação e políticas públicas para surdos 1ª Edição 2018 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA SIMÕES, Priscila Mara Legislação e políticas públicas para surdos / Priscila Mara Simões. – Curitiba, 2018. 39 p. Revisão de Conteúdos: Orlei Candido Antunes. Revisão Ortográfica: Juliano de Paula Neitzki. Material didático da disciplina de Legislação e políticas públicas para surdos – Faculdade São Braz (FSB), 2018. ISBN: 978-85-5475-223-1 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da disciplina A disciplina de Legislação e Políticas Públicas na Educação de Surdos tratará da ética e atuação profissional, conceito e especificidades da tradução de línguas nas diversas modalidades, os problemas teóricos e práticos da tradução, a mediação do conhecimento por intermédio do intérprete na sala de aula e na educação de surdos, igualmente as técnicas de tradução dentro e fora do espaço educacional. 6 Aula 1 - História dos surdos na educação Fonte: https://www.iped.com.br/_upload/content/2014/11/25/lingua-brasileira-sinais-libras.jpg Apresentação da aula 1 Sabe-se que em vários momentos históricos os surdos eram considerados deficientes, amaldiçoados e até mesmo sem pensamento; conceitos esses que os levaram à marginalidade. Apesar das ideologias e pré- conceitos concebidos pelos ouvintes da época, ocorreram avanços e retrocessos, mas, quando foram compreendidos como indivíduos pensantes, houve grandes avanços no processo educacional da pessoa surda. 1.1. Antiguidade e Idade Média A surdez sempre existiu e nunca foi uma epidemia de um dado momento histórico. Na antiguidade e na Idade Média os surdos foram marginalizados e totalmente excluídos do convívio social, principalmente do contexto educacional, pois eram concebidos como indivíduos sem inteligência, afinal, que inteligência poderia ter uma pessoa que não fala e gesticula fazendo mímica?! A partir dessa realidade, além de não terem nenhum tipo de instrução formal, comunicavam-se com mímicas e algumas gesticulações, ficando isolados de seus familiares e da sociedade. Essa concepção de que surdo não tinha pensamento se propagou pelo mundo e colaborou com a escravidão e assassinatos de surdos na Grécia e na 7 Roma antiga. Sendo assim, impossibilitando a instrução social da época. Segundo Fernandes (2011): O pensamento se desenvolvia somente através da palavra articulada oralmente. Uma vez que o sentido da audição lhes faltava, a intenção de ensiná-los a falar foi considerada absurda, relegando-os à condição de não humanos (FERNANDES, 2011). Apenas no final do século XV que alguns pensadores e filósofos começaram a discutir a capacidade de aprender dos surdos. Eram discussões disformes e isoladas, mas, com certeza, um passo no reconhecimento do surdo como um indivíduo intelectual. 1.2. Pós Idade Média A partir de 1.500, no século XVI, ocorreram as primeiras experiências educativas com surdos. O primeiro a ministrar aula foi Pedro Ponce de Leon (1420-1584), monge beneditino espanhol, professor de surdos da nobreza, que com o uso de alfabeto digital ou alfabeto datilológico e outros sinais, ensinou- lhes a ler e escrever. Leon não dispensou a oralização e utilizou o alfabeto datilológico para comunicar-se com os alunos. Nas poucas tentativas de ensino da fala que foram realizadas com surdos, no século XVIII, o alemão Samuel Heinicke (1727-1790) fundou a metodologia oralista que inferia o pensamento por meio da fala. Iniciou-se então uma grande discussão sobre o oralismo e a sinalização, decorrida em duas grandes fases que influenciaram todo o contexto educacional e social dos indivíduos surdos, que resultou em um grande avanço. Entretanto, apesar das discussões, um outro grupo dominou o espaço educacional provocando uma drástica mudança Na década de 1780, o francês Charles Michel L’Epée desenvolveu uma metodologia para o ensino de surdos, idealizando que os sinais – mímica, como tido na época – tratava-se da linguagem natural dos chamados “surdos-mudos”. O professor utilizava sinais metódicos que seriam a combinação da língua de sinais de uso dos surdos com a gramática francesa de forma sinalizada. 8 A proposta foi experimentada em grupos de pessoas surdas, mostrando- se claramente eficaz, revelando um sucesso que foi disseminado por todo o continente europeu. Um pouco antes, em 1775, havia sido fundado o Instituto Nacional de Surdos-mudos, na cidade de Paris, que passou a ganhar mais visibilidade na década de 1780 com a proporção tomada pelo método de ensino de L’Epée. Quando se reconheceu que o aprendizado do surdo ocorre a partir da aquisição e uso da língua de sinais, permitiu-se que os surdos aprendessem também o sistema de leitura e escrita, oportunizando a possibilidade de capacitação profissional em diversas áreas. A língua de sinais, porém, ainda não era concebida como língua, mas como gesticulação. Mesmo assim, admitia-se ser a forma de comunicação que propiciava o desenvolvimento intelectual e social dos indivíduos surdos. O sucesso desse avanço foi nitidamente percebido quando aqueles por tanto tempo marginalizados tiveram novas oportunidades para participação efetiva e de reconhecimento na sociedade. O sistema permitiu um novo caráter de status social aos surdos que até pouco tempo ficavam isolados do convívio em sociedade. A partir daí se formaram professores e deram aulas nas dezenas de escolas de ensino para pessoa surda que surgiram na França. A metodologia de ensino foi divulgada para além da Europa, chegando aos Estados Unidos. Criou-se o Colégio Gallaudet, em Washington (hoje Universidade Gallaudet), protagonizando o ensino de nível superior para pessoas surdas, fundado por Thomas Hopkins Gallaudet (1715-1851), defensor da língua de sinais e dos direitos dos surdos. Durante todos esses acontecimentos, outro agrupamento de ouvintes defendia o oralismo que se fortalecia ainda mais no século XIX com apoio de pessoas de prestígio daquele períodocomo Adolf Hitler e Alexander Graham Bell, que propiciaram o retrocesso de todas essas conquistas a partir do Congresso de Milão. Ví deo Assista ao vídeo: uma breve história dos surdos no Brasil e no mundo: https:// www.youtube.com/watch?v=jc9X1i9zy3o 9 1.3 Método Oralista - Congresso de Milão Fonte: https://media.agoramt.com.br/2018/03/maos-amarradas.jpg O século XIX foi fortemente marcado pela instauração do Oralismo que em duas décadas conquistou seu êxito. No século anterior, foram muito claras as conquistas dos direitos dos surdos. Ainda assim, não foi suficiente para que se acabasse a busca por uma raça puritana que era defendida por Hitler. No dia 06 de setembro de 1880, na cidade de Milão, na Itália, aconteceu o II Congresso Internacional de Ensino de Surdos-mudos, composto por maioria ouvinte e apenas uma pessoa surda. O congresso foi embasado na perspectiva aristotélica de que a língua oral é divina e aquele que não a possui tem comprometimento grave intelectual. Dessa forma, os participantes do congresso usaram argumentos ideológicos de teorias clínicas que defendiam uma padronização biológica, e religiosa, sendo que o catolicismo defendia que os surdos eram seres amaldiçoados, pois na ausência da fala não poderiam confessar seus pecados. Essa perspectiva ouvintista foi base para discussão da educação de surdos naquele momento, desprezando toda conquista dos surdos no meio educacional e social. O Congresso ficou conhecido como Congresso de Milão, que resultou na proibição do uso da língua de sinais. Em decorrência disso, todos os profissionais surdos de diversas áreas intelectuais, como os professores, foram impedidos de atuar, pois o congresso decidiu que os surdos poderiam prestar 10 apenas trabalhos manuais. Na área da educação, ficou instituída a obrigatoriedade do aprendizado da língua oral, sem usar de forma alguma a sinalização, chamado de método oral puro, pois, na perspectiva ouvintista, além de limitar o surdo, deixava-o preguiçoso. A proibição do uso da língua sinais retornou à impossibilidade de aprendizado dos surdos e à total falta de informação, deixando-os novamente à mercê da sociedade, sem poderio à liberdade, à decisão e à voz, tidos como incapazes e ineptos. O método oralista se mostrou extremamente ineficaz, com comprovações científicas e experimentais de que não há desenvolvimento adequado no aprendizado dos surdos apenas com o uso de uma língua oral. O aprendizado de fala e escrita foram profundamente insatisfatórios, fato percebido em diversas partes da Europa e do mundo. Na França, pesquisadores atestaram que o não desenvolvimento dos indivíduos surdos não se dava à falta de potencial intelectual, mas à falta do uso de uma língua que permitisse a conversação com seus pares e, portanto, a falta de desenvolvimento de uma identidade. A sentença perdurou por todo um século. Foram 100 anos de proibição oficial da língua de sinais, mas o que ainda não sabiam é que onde se encontram dois ou mais surdos, encontra-se a língua de sinais. Eles continuaram utilizando a língua de sinais na marginalidade. Para o surdo, a língua de sinais é a língua materna. Oralizado ou não, quando conversa com outro indivíduo surdo, se comunica em língua de sinais. Ví deo Para compreender melhor o método oralista assista ao vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jK13vu3B a60 11 1.4 Comunicação Total Com o fracasso do método oralista, a partir da década de 1960 começaram os estudos para o desenvolvimento de uma nova metodologia de ensino aos surdos. Uma pesquisa importante foi feita por William Stokoe que reconheceu a sinalização como língua, comprovando a existência de elementos gramaticais na língua de sinais americana (ASL) encontrados em qualquer língua humana. O linguista Stokoe é reconhecido como o pai da linguística da língua de sinais, revolucionando com a publicação de sua obra em 1960 em que apresentou a estrutura gramatical, apontando-a como uma língua. A partir da década de 1980, a nova perspectiva tomada foi a aceitação de qualquer forma de comunicação, sendo divulgada a Comunicação Total, principalmente fundamentada por Dorothy Schifflet e Roy Holcom. O objetivo era reintegrar o surdo à sociedade, e foi fortemente defendido o método bimodal que trata o uso primordial da língua oral com apoio da língua de sinais de forma simultânea. O bimodalismo respeita a estrutura gramatical de uma das línguas, pois uma não depende da outra. Cada uma tem sua estrutura linguística formada naturalmente pelo uso social. Dessa forma, o método da Comunicação Total começou a ser rediscutido na busca por uma melhor forma de comunicação do surdo na sociedade. 1.5 Bilinguismo Abadé L’Epée já havia estabelecido uma educação bilíngue para surdos no século XVIII, fundando escola pública de atendimento para surdos. Sua perspectiva de escola era o ensino da leitura e escrita a partir do uso da língua de sinais que teve sucesso até o Congresso de Milão, em 1880. O método da Comunicação Total, na década de 1980, também não foi suficiente. Percebeu-se então que o surdo pode desenvolver-se plenamente a partir da língua de sinais, até mesmo para aprendizado de uma língua escrita. Começou a discussão de ensino Bilíngue para surdos onde há o reconhecimento como língua oral materna, e na modalidade escrita, a partir da língua de sinais. 12 Segundo pesquisas cientificas; fica comprovado que o bilinguismo é a melhor metodologia para o desenvolvimento cognitivo da pessoa surda no contexto escolar. 1.5 E como foi no Brasil? https://acessibilidadeemmaos.files.wordpress.com/2018/03/logo-faculdade-desu-ines- av.jpg?w=692 A história da educação de surdos no Brasil destaca-se a partir da fundação do Instituto Nacional de Educação de Surdos - Ines, em 1857, no Rio de Janeiro. A realização foi possível com a vinda do francês Ernest Huet ao Brasil. Huet era surdo e atuava como professor em Paris e ensinava indivíduos surdos a partir da língua de sinais. Após a criação de escolas em outros países, veio ao Brasil compartilhar da sua experiência, e com a aprovação de Dom Pedro II conseguiu a instituição do Ines. Na Lei nº 939 de 26 de setembro de 1857, que tratava das despesas e orçamento da Receita, Dom Pedro II incluiu o § 10º, no Art. 16, do Capítulo III das Disposições Gerais sobre o orçamento governamental anual voltado para o Ines: Conceder, desde já, ao Instituto dos surdos-mudos a subvenção anual de 5.000$000, e mais dez pensões, também anuais, de 500$000 cada uma, a favor de outros tantos surdos-mudos pobres, que nos termos do Regulamento interno do mesmo Instituto, forem aceitos pelo Director e Commissão aprovados pelo Governo. A Lei em questão é mais antiga que a Lei Áurea, assinada ainda em seu império pela Princesa Isabel em 1888, portanto se trata de um período de 13 escravidão legal. É importante destacar que a mesma Lei nº 936/1857 também dispõe do recurso governamental para escravos. Se ainda em pleno período de escravatura os surdos já foram considerados em Lei, o quanto teríamos avançado no século XXI se não fosse pelo retrocesso da proibição da língua de sinais que influenciou o mundo todo por todo um século? Dom Pedro II tinha familiares surdos. A Lei com certeza foi um avanço em toda história brasileira, pois antes da criação do Ines, os surdos eram considerados ineducáveis. Segundo Souza (2006), as leis criadas sempre privilegiam o grupo que está no governo, fazendo com que interesses pessoais sejam regularizados em lei: A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real (p. 26). De início,o Ines utilizava como base a língua francesa de sinais incorporando sinais de uso dos surdos brasileiros. A data da Lei de 26 de setembro de 1857 foi um marco tão grande que nesse dia é legalmente comemorado o Dia Nacional do Surdo desde 2008 estabelecido pela Lei nº 11.796. E de que forma o Congresso de Milão de 1880 influenciou a conquista da educação de surdos no Brasil? Desde a declaração da proibição da língua de sinais, o Ines continuou a atuar, mas alterou totalmente a proposta de ensino, assumindo a perspectiva do Oralismo em sala de aula, em 1911, sendo oficialmente proibida pela diretora Ana Rimola de Faria Doria, em 1957. Esse posicionamento privou os surdos de acesso à informação até mesmo uma cultura. Mesmo marginalizados, é importante lembrar que os surdos continuaram a sinalizar em conversações escondidas e clandestinas, fazendo com que a língua de sinais sobrevivesse durante todo o período de atraso educacional. Mais uma prova da naturalidade da língua: se o surdo tivesse outro meio de acesso ao conhecimento por meio do oralismo, ele não sentiria a necessidade de expressar-se por uma língua sinalizada. A linguagem é um impulso natural do ser humano. Estudos mostram que a sinalização é mais instintiva do que o uso vocal. A teoria gerativista de Chomsky afirma que a linguagem é inata ao ser humano: 14 De acordo com a teoria gerativa, os seres humanos são, então, dotados de uma capacidade inata para a linguagem, e possui um conhecimento sobre o sistema linguístico, chamado de “competência”. Isso explica como uma criança exposta a tão poucos dados no seu ambiente, consegue desenvolver um sistema tão complexo em tão pouco tempo. (QUADROS; PERLIN, 2007, p. 28). Nesse sentido, a língua de sinais sobreviveu a cem anos de proibição devido ao fato natural e necessário ao indivíduo surdo. Dessa forma, o método da Comunicação Total chegou ao Brasil na década de 1980, com a permanência de fortes correntes oralistas na perspectiva clínica de reabilitação do surdo, Estudos surdos iniciaram na década de 1990 a partir do fortalecimento da luta da comunidade por uma educação bilíngue. Diversas conquistas foram realizadas nessa perspectiva. Em 2002, conseguiram a realização do reconhecimento legal da Língua Brasileira de Sinais - Libras como primeira língua do surdo, pela Lei 10.346, que o conceitua como indivíduo bilíngue sobre a influência da Língua Portuguesa como segunda língua. Diversas leis foram instauradas a partir da Lei 10.436/2002, e a inserção obrigatória do Intérprete Tradutor de Libras/Língua Portuguesa presente em sala de aula. As leis foram sem dúvida conquistas revolucionárias por todos os integrantes da comunidade surda: surdos, intérpretes, familiares e profissionais da educação. Ainda assim, tem-se muito a conquistar, portanto o posicionamento da luta da comunidade surda hoje é pautado pela criação de escolas bilíngues que prezam pelo conhecimento mediado por educadores surdos e ouvintes fluentes em Libras. Resumo da aula Nesta aula foram vistos os processos históricos pelos quais a legislação da pessoa surda percorreu. Diante de algumas derrotas e conquistas, sabe-se que a comunidade surda tem alcançado seus direitos principalmente no que tange ao social. 15 Atividade de Aprendizagem Quanto às propostas de ensino aos surdos aprendidas na primeira aula, em, no máximo 10 linhas, defina qual modalidade é a mais adequada na sua opinião, justificando a escolha. Aula 2 - Conquistas e Leis na interface da contemporaneidade da pessoa surda Apresentação da aula. Nesta aula serão vistas as conquistas que as pessoas com deficiência alcançaram dentro do processo de inclusão dos surdos. A diferença entre surdo e pessoa com deficiência, qual é a realidade do surdo e o objetivo da luta da comunidade. 2. Movimentos sociais das Pessoas com Deficiência Quando o surdo começou a conquistar alguns espaços sociais, como na escola, ainda era considerado um indivíduo deficiente. As lutas pelos direitos de igualdade e acessibilidade da pessoa com deficiência também apoiaram o espaço de conquistas das pessoas surdas. Portanto, não se pode desconsiderar os ganhos das lutas dessa classe social. Sendo assim, o processo de inclusão iniciou com a luta pelos direitos humanos, que tinha intrínseco o desejo pela liberdade e autonomia de todos os cidadãos, inclusive pessoas com deficiência. O movimento social pelos direitos humanos tomou força na década de 1970 e proporcionou visibilidade à pessoa com deficiência, tudo em meio ao conflituoso período vivenciado no Brasil em que enfrentava a dura realidade da ditadura militar instaurada de 1964 até 1985. Até esse período termos como defeituoso, inválido, incapacitado, aleijado ainda eram utilizados. As pessoas com deficiência eram tuteladas pela família ou instituições, pessoas ainda sem voz e sem autonomia. Eram pessoas que viviam à margem da sociedade escondidas e desprezadas pelo Estado. As lutas 16 pela visibilidade cidadã desse grupo na época, iniciaram um processo de criticidade social e educativa. Os movimentos sociais passaram a lutar pelo exercício pleno cidadão e político das pessoas com deficiência, idealizando a autonomia e participação deles nas decisões e discussões sobre si. Além disso, iniciou-se o reconhecimento da especificidade de cada deficiência. No dia 9 de dezembro de 1975, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou a Declaração sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, visando conscientizar vários países sobre o assunto. Na década de 1980, junto ao movimento de luta pelos direitos humanos, surge o conceito de sociedade inclusiva, sendo oficializado pela ONU, em 1981, com o objetivo de conquistar uma sociedade em que as pessoas são tratadas iguais e com os mesmos direitos, independentemente de sua diferença, eliminando todas as formas de discriminação. Saeta (1999), em seu artigo sobre Contexto Social e Deficiência, aponta que os debates sobre inclusão social, a partir da década de 1970, trouxeram avanços significativos principalmente em relação à formação de conceitos e pré- conceitos. Sabe-se que ainda há muito a ser melhorado quando se trata da concepção do outro. Sabe-se que até a década de 1970, os estudos relacionados à pessoa com deficiência eram unicamente clínicos. Os movimentos da pessoa com deficiência nos anos 70 e 80 acarretaram em novas discussões voltadas para o indivíduo, cidadão e pessoa com direitos, o que leva principalmente à discussão do acesso à educação. Após a movimentação dos anos 70 e 80 de luta pelo reconhecimento dos direitos da pessoa surda e da pessoa com deficiência, especialmente no movimento do Nada de nós sem nós, na década de 1990, depois disso, a declaração de Salamanca causou grande impacto na área de educação a partir do ano de 1994. 17 2.1 A Declaração de Salamanca Fonte: http://www.federacaodown.org.br/portal/images/coringas/educacao_coringa_04.jpg Como forma de reparação da exclusão vivenciada pelas pessoas com deficiência durante séculos, nos dias 7 a 10 de junho de 1994, representantes de 88 governos e 25 organizações internacionais realizaram a Conferência sobre Educação Especial, na Espanha, na cidade de Salamanca, em busca de da inclusão no sistema de ensino regular para aqueles com necessidades educacionais específicas. O Congresso baseou-se nas Normas das Nações Unidas sobre a Igualdade de Oportunidades para as Pessoas com Deficiência declaradas um ano antes, em 1993. Essas declarações tratavam de assegurar a inclusão das pessoas com deficiências no sistema de educação. A Declaração de Salamanca, a partir do direito fundamental de toda criança à educação considerando as características, habilidades, interesses e formas de aprendizagemespecíficas para cada indivíduo, demanda aos governos: Conceder a maior prioridade através das medidas de política e através das medidas orçamentais, ao desenvolvimento dos respectivos sistemas educativos, de modo a que possam incluir todas as crianças, independentemente das diferenças ou dificuldades individuais; Adoptar como matéria de lei ou como política o princípio da educação inclusiva, admitindo todas as crianças nas escolas regulares, a não ser que haja razões que obriguem a proceder de outro modo (UNESCO, 1994). O direito à educação já estava previsto nos Princípios Fundamentais da Constituição Federal de 1988, no Art. 6º do Capítulo II: “São direitos sociais a educação [...] na forma desta Constituição”, sendo garantia fundamental no Art. 5º que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 18 garantindo-se [...] a inviolabilidade do direito [...] à igualdade”, aplicando-se, portanto, a todos os cidadãos. Dessa forma, a Declaração de Salamanca, em forma mundial, reafirma o direito à educação, promovendo políticas públicas que visam as pessoas com deficiência inseridas na educação como qualquer outro cidadão. 2.2 Legislação Escolar A Declaração de Salamanca solicitou ao governo brasileiro formas de inclusão da pessoa com deficiência nas escolas sendo em forma de políticas públicas ou leis. Em 1996 foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação de nº 9.394 em que assegura o ensino regular a crianças portadoras de necessidades educativas especiais - especiais ao MEC era a orientação ao ensino diferencial conforme as necessidades educativas do aluno. Assim, a intenção de educação inclusiva começou a ser promovida nas escolas, possibilitando maiores oportunidades de formação humana e profissional às pessoas com deficiência. Com as pessoas com deficiência inseridas nas escolas, os surdos também foram contemplados, mas a questão surda não se trata de nenhum comprometimento físico ou intelectual, trata-se de reconhecimento linguístico. As escolas fizeram adaptações arquitetônicas para tornar a escola acessível, mas o aspecto linguístico comunicacional ainda era apercebido. A Convenção Internacional sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), na cidade de Barcelona, Espanha, em junho de 1996, desenvolveu a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos. Quanto ao Ensino, na Seção II, a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos defende que a educação deve sempre fortalecer a diversidade linguística e cultural entre diferentes comunidades linguísticas e defende o direito da presença de sua língua em qualquer nível de ensino, assim como professores com formação adequada e aquisição do conhecimento a partir de uma metodologia adequada. 19 A Declaração afirma o direito de que cada comunidade linguística aprenda sobre as mais variadas manifestações culturais, históricas e de literatura de sua própria cultura e de outras que tenha interesse. Ainda apresenta o direito do aprendizado da língua escrita como instrumento de comunicação com as demais comunidades linguísticas. 2.3 Lei de Libras https://www.wreducacional.com.br/img_cursos/prod/img_610x320/educacao/libras-lingua- brasileira-de-sinais.jpg A década de 1990 apresentou avanços no acesso escolar das pessoas com deficiência, mas não se mostrou suficiente no atendimento da demanda linguística. Assim, a comunidade surda fortaleceu sua luta pelo reconhecimento linguístico e acesso comunicacional nas diversas áreas sociais. Em 24 de abril de 2002, a comunidade surda conquistou o reconhecimento legal da Língua Brasileira de Sinais - Libras com a promulgação da Lei nº 10.436, conhecida como a Lei de Libras. Essa lei reconhece a língua de sinais brasileira como forma de comunicação das comunidades de pessoas surdas no Brasil e garante o apoio à difusão da Libras. Saiba Mais Leia a lei de Libras nº 10.436/2002 em sua íntegra pelo link: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm 20 Em 2005, a Lei de Libras foi regulamentada pelo Decreto nº 5.626, que detalha ações e estratégias para a efetivação da lei, além de conceituar pessoa surda. Algumas estratégias tratam da formação de professores e instrutores de Libras, meios para difusão da língua, formação de tradutores intérpretes de Libras/Português e a inserção da disciplina de Libras nos cursos de licenciatura. Saiba Mais Segue o link para leitura na íntegra do Decreto 5.626/2005: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/ decreto/d5626.htm O Decreto garante professores com conhecimento linguístico para educação do surdo em Libras como L1 (primeira língua) e para ensino da língua portuguesa como L2 (segunda língua). Nessa forma, o surdo é reconhecido como um cidadão bilíngue no Brasil, com direito ao aprendizado das diversas áreas em Libras e ao aprendizado da língua oral majoritária do país na sua forma escrita, além do direito a formas de avaliação que considerem a língua portuguesa como segunda língua. Saiba Mais Faça a leitura da nota técnica 05/2011 – MEC/SECADI/GAB que trata da Implementação da Educação Bilíngue pelo link:https://inclusaoja.com.br/2011/06/02/implementacao-da- educacao-bilingue-nota-tecnica 052011-mecsecadigab/ O decreto do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014, estabelece como uma de suas metas a garantia da oferta de educação bilíngue para surdos, tendo a Libras como primeira língua. Ainda que a proposta inicial do movimento não tenha sido completamente aceita, trata-se de mais uma conquista da comunidade surda. A proposta de “educação bilíngue” tinha o objetivo de criação de escolas bilíngues para surdos, mas a garantia proporcionada pelo Estado foi da obrigação de intérpretes em salas de aula com surdos, portanto atualmente constrói-se um novo projeto com o nome de “escola bilíngue”, clareando a primeira proposta da educação bilíngue. 21 Em 2015, conquistou-se a Lei de Acessibilidade nº 13.146 que também tratou sobre a educação bilíngue para surdos, requerendo do Poder Público, no Art. 28, a implementação de “educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas”, além da oferta do ensino de Libras e da atuação de Intérpretes Tradutores de Libras em todo nível educacional. A comunidade contou muito com as conquistas da pessoa com deficiência para acesso ao sistema educacional. Todas as conquistas na educação de surdos no Brasil proporcionaram visibilidade da comunidade surda que posteriormente teve um retrocesso educacional de mais de um século com o impacto do Congresso de Milão de 1880. Antes viviam na marginalidade, porém hoje a comunidade conta com a presença de surdos universitários, mestres e doutores. O número de profissionais surdos formados ainda é pequeno, o reconhecimento social da língua de sinais ainda não é tão extenso e as leis ainda são muito recentes, e as conquistas devem ser valorizadas, para continuidade de uma luta pela educação ideal ao cidadão surdo. Resumo da aula Do retrocesso às conquistas; às leis que apoiam a inclusão da pessoa surda na sociedade, sabe-se que outrora as oportunidades não existiam, porém hoje as chances de seguir a vida acadêmica são muito maiores, ainda que a comunidade enfrente muitas adversidades. Atividade de Aprendizagem Mesmo que as leis que atendem as Pessoas com Deficiência tenham sido importantes para a visibilidade do surdo. Explique em no máximo 10 linhas, por que o surdo participa da comunidade surda e não da comunidade da pessoa com deficiência?22 Aula 3 - Aspectos conceituais na educação no atendimento à Pessoa Surda Apresentação da aula Nesta aula serão vistas as terminologias específicas da área da surdez e o conceito de inclusão. 3. Terminologias corretas Ao falarmos de educação, devemos nos preocupar também com o pleno entendimento das terminologias corretas para atendimento do indivíduo surdo. Primeiramente, por mais óbvio que pareça, tenhamos claro que surdo é aquele que não escuta. Ponto. É uma sentença engraçada, mas ao mesmo tempo necessária. As pessoas focam ainda no conceito, errôneo, de que o surdo é aquele indivíduo que não fala. Ainda nesse sentido, quando colocamos o surdo como um ser sem fala, trazemos gravemente uma carga preconceituosa: a fala do usuário de língua de sinais é feita com as mãos, fala não é apenas vocal ou sonora. É um absurdo colocar um ser surdo como um ser sem fala. O termo surdo-mudo é errado! É importante no meio educativo deixarmos clara essa sentença, como princípio de quebra do senso comum de que surdo é também mudo. O surdo não é mudo por dois motivos: seu aparelho fonador não tem nenhuma alteração. Os surdos não são oralizados, pois ela se dá na reprodução daquilo que é ouvido. A sinalização é feita por uma língua de sinais, portanto, também é fala. Não se pode colocar o surdo como um ser sem voz. A sua forma de expressão não é vocal, mas isso não faz com que se torne um sujeito sem poder decisório ou crítico, apenas o faz naturalmente uma pessoa com língua sinalizada. Outra questão importante é a diferença entre pessoa surda e pessoa com deficiência auditiva. O termo deficiente auditivo não se adequa na perspectiva da própria comunidade, pois seu conceito refere-se à visão clínica. 23 A visão clínica atribui ao surdo a intenção de cura e tentativa de normalização, como se o ser humano tivesse um padrão anatômico. Não há espaço para o déficit auditivo. Essa perspectiva médica não reconhece o surdo como pessoa com potencial de desenvolvimento pleno com a língua de sinais. A busca é pela cura. Fonte: Elaborado pelo autor (2018) O termo surdo, além de mais correto, abrange toda uma questão cultural e linguística. Ser surdo refere-se a uma identidade e o faz partícipe de uma minoria linguística que luta pelo reconhecimento de sua cultura. Na perspectiva socioeducacional, caracteriza-se surdo aquele que utiliza a língua de sinais como primeira língua (L1). Deficiente auditivo (DA) é aquele indivíduo que não reconhece a língua de sinais como sua língua natural, portanto utiliza uma língua oral. A luta da comunidade surda assemelha-se às lutas de outras minorias sociolinguísticas, como, por exemplo, a luta das tribos indígenas brasileiras. Elas buscam a valorização cultural que as representam e o reconhecimento de suas línguas naturais. Nesse sentido, lutam e vão contra a obrigatoriedade do aprendizado da língua portuguesa como sua L1. Considerando isso, os surdos não se enquadram como pessoas com deficiência (PcD). Eles simplesmente precisam fazer valer o direito de utilizar sua língua em qualquer âmbito social, ou seja, trata-se de uma questão linguística e não de acessibilidade. Sendo assim, a língua de sinais não é acessibilidade e tão menos uma simples forma de comunicação. Da mesma forma pode-se colocar o profissional tradutor intérprete de Libras/Português. O intérprete é mediador de duas línguas, 24 e não acessibilidade para o surdo. Um tradutor de português para inglês ou do francês para o alemão é considerado acessibilidade? Não. Ele é mediador de línguas, assim como o intérprete de Libras. 3.1 Conceito de inclusão Fonte:https://i2.wp.com/www.araraquara.sp.gov.br/wpcontent/uploads/2017/06/inclus% C3%A3o-social.png?fit=1200%2C567 O direito de acesso a todos os cidadãos na educação é um princípio fundamental da Constituição Federal de 1988. E então de que forma isso é feito? Não sendo suficiente, em 2015 foi promulgada a Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência nº 13.146 em 06 de julho de 2015, que, no Art. 3º, considera a comunicação: forma de interação dos cidadãos que abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos multimídia, assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizados e os modos, meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, incluindo as tecnologias da informação e das comunicações. A inserção da Língua Brasileira de Sinais nessa Lei de Inclusão possibilitou a ampliação na contratação de tradutores intérpretes de Libras nas escolas brasileiras. Foi sem dúvida mais uma conquista da comunidade surda e uma resposta à luta de anos pela educação bilíngue, ainda que não atendendo toda a proposta da comunidade. 25 Incluir trata-se de permitir o acesso de todos independente de suas diferenças. Nesse sentido, vale uma discussão: a escola é obrigada em lei a acolher todos os alunos sem discriminação. Não é permitido o impedimento de matrícula de qualquer aluno. O problema é que o governo obriga, mas não fornece recurso para o preparo dos profissionais da educação. O verdadeiro sentido de incluir se faz ao se considerar as particularidades de cada aluno. Portanto, não basta que todos os alunos tenham acesso à mesma aula. É necessário que a aula seja planejada de forma que atenda a especificidade de cada um. As metodologias pedagógicas devem ser apropriadas para cada aluno. A partir do momento em que o aluno é inserido na sala de aula, mas não existe nenhuma preocupação com a apreensão do conteúdo e da socialização daquele aluno na escola, então a inclusão não está sendo efetivada. O que acontece na realidade, por falta de verba, falta de tempo, falta de aprimoramento intelectual e formação de qualidade é a desconsideração das diferenças. Machado (2008) contextualizando o processo de inclusão educacional envolvido em um sistema político capitalista, afirma: Dentro dessa política, ela é economicamente barata, já que um mesmo professor pode atender, sem capacitação, a trinta alunos ou mais que, no final das contas, não terão mesmo muitas perspectivas de ascensão social ante a sociedade competitiva em que estão colocados. (2008, p.44). A inclusão educacional do país tem utilizado de um discurso manipulado e distorcido. As escolas que aceitam a matrícula do aluno com alguma necessidade educacional específica, acomodam-se e educam da forma que podem. No caso de um processo judicial pela falta de qualidade na educação de um aluno com deficiência, a causa é perdida, afinal a escola “fez o seu papel” ao recepcionar o aluno. O direito de “ser incluído” é claro, mas de que forma essas leis são interpretadas?! O que as escolas fazem para a inclusão do aluno surdo?! Fica aqui a sugestão para um momento de reflexão. O conceito de inclusão para o renomado Romeu Sassaki, pesquisador na área de inclusão social: 26 É o processo pelo qual os sistemas sociais comuns são tornados adequados para toda a diversidade humana - composta por etnia, raça, língua, nacionalidade, gênero, orientação sexual, deficiência e outros atributos - com a participação das próprias pessoas na formulação e execução dessas adequações. (SASSAKI, 2009). Segundo o pesquisador, existem seis dimensões de acessibilidade que norteiam a realização da inclusão, projetadas a partir da perspectiva do Desenho Universal que se trata de mudanças metodológicas e estruturais para o acesso de todas as pessoas, sejam pessoas com ou sem deficiência: Arquitetônica; Comunicacional; Metodológica; Instrumental; Programática; Atitudinal. A noção de acessibilidade apresentada por Sassakifoi inclusive utilizada como base para a formulação da Lei de Inclusão nº 13.146, em 06 de julho de 2015. Saiba Mais Leia na integra a lei Brasileira de inclusão da pessoa com deficiência: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm 27 É importante diferenciar os conceitos de igualdade e equidade. Igualdade é quando a se garante a mesma oportunidade para todos. Equidade é quando oportunizamos o acesso à mesma coisa a partir das diferenças de cada um. Tratar todos os alunos de uma escola da mesma maneira, não oportuniza aprendizado. Cada aluno aprende diferente e é fundamental que o educador conheça a especificidade (habilidades e dificuldades) de cada aluno, pensando na mediação do conhecimento a partir de uma perspectiva que possibilite a todos os alunos a apreensão do conteúdo. Conceito inclusão, aproveitar guia acessibilidade: A inclusão é um processo no qual criam-se condições e possibilidades para que as pessoas com deficiência possam ser realmente incluídas na sociedade. Ou seja, a inclusão se dá no respeito às diferenças e às necessidades de cada um e não na tentativa de igualar todos institucionalmente. (SKILIAR, 2001). Além disso, a inclusão não se faz suficiente para uma criança em fase de alfabetização e letramento. De que forma será possível a aquisição da língua de sinais, sua L1, em ambiente prioritariamente de língua oral?! Ainda nesse contexto, temos mais uma afirmação que destaca a necessidade de Escola Bilíngue com metodologia e ambiente linguístico apropriado para o surdo. 3.2 Contexto educacional brasileiro para a efetivação da inclusão https://socializandocmm.files.wordpress.com/2017/06/equidade-igualdade-1490789046533_ 615x300.png?w=615 28 A situação educacional do Brasil não tem sido suficiente para o desenvolvimento pleno do país. Nessa realidade, não são feitos muitos esforços para atender adequadamente a pessoa surda na educação. A conjuntura econômica do país também causa grandes impactos no sistema educacional brasileiro, portanto é importante considerá-la. A economia do país é controlada pelo neoliberalismo que precede o Estado Mínimo e a livre atuação do mercado. Significa, então, que o Estado se submete às condições do mercado. Os direitos são garantidos pelo Estado, que é coordenado pelo mercado. Nesse sentido, o professor Paulo Machado coloca em seu livro A Política Educacional de Integração/Inclusão: um olhar do egresso surdo a seguinte análise sobre essa relação: A política de desobrigação do Estado com a educação pública, gratuita e de qualidade vem excluindo cada vez mais crianças, jovens e adultos da escola, e aprofundando desigualdades sociais. Se é esse o horizonte que se apresenta, então até que ponto faz sentido o processo de “inclusão”?.(MACHADO, 2008, p.44). A luta pela inclusão educacional é também uma forma de luta pelo objetivo constitucional que visa a diminuição da desigualdade social fortemente instaurada no Brasil. Atualmente o país perpassa por uma crise socioeconômica. O governo então tomou atitudes para ajuste, causando forte impacto na área da educação, visto que foi um dos setores visados pelo corte de gastos. A Proposta de Emenda Constitucional, (PEC) 241/2016, aprovada e tornada Emenda Constitucional nº 95/2016, institui o Novo Regime Fiscal que estabelece o congelamento de gastos públicos nas áreas da Saúde e Educação no período de 20 anos. A perspectiva de inclusão para os surdos nesse contexto, certamente não é promissor. Muitas leis terão que surgir para que a comunidade surda consiga conquistar a Escola Bilíngue nesse período. Então, dentro das escolas a consciência é necessária. Trata-se aqui a necessidade de disseminação da Libras, do olhar para o aluno surdo e da consciência linguística dentro das escolas brasileiras. 29 Esse tipo de consciência educacional envolvendo o aluno surdo, não requer tantos recursos financeiros, mas requer, com certeza, muitos esforços de todos os envolvidos na educação, seja por parte dos governantes, dos educadores, dos familiares e dos próprios estudantes. Resumo da aula Nesta aula, viu-se que a luta das pessoas com deficiência influenciou nas conquistas das pessoas surdas. Foi exposto também a questão da terminologia correta, bem como as dificuldades ainda perpassadas na educação por causa do investimento público para comunidade surda. Atividade de Aprendizagem Em no máximo 10 linhas, comente de que forma o senso comum em relação as terminologias e as crenças errôneas sobre o indivíduo surdo podem impactar no seu acesso à educação. Aula 4 - Educação Bilíngue Apresentação da aula 4 Nesta aula será visto o conceito de bilinguismo e como se aplica a comunidade surda brasileira com enfoque na escola bilíngue que se trata da luta contemporânea, envolvendo políticas educacionais e linguísticas presentes na realidade dos surdos Brasileiros. 30 4.1. Bilinguismo Fonte:http://www.surdosol.com.br/wp-content/uploads/2015/10/escola-bilingue.jpg Bilíngue é o termo utilizado para uma pessoa que fala duas línguas. É um significado amplo. Bilinguismo pode ocorrer em uma aquisição materna, aquisição no processo de imigração ou pelo ensino formal. Portanto, os níveis de fluência também variam: uma pode sobressair a outra ou não. Existem diversos conceitos de bilinguismo entre os pesquisadores. Segundo Megale (2005) : Ser bilíngue é “ser capaz de falar duas línguas igualmente bem porque as utiliza desde muito jovem [...] o controle nativo de duas línguas” (BLOOMFIELD, 1935 apud HARMERS e BLANC, 2000, p. 6 apud MEGALE, 2005, p. 27). Nessa perspectiva, o bilinguismo existe ao falar duas línguas com fluência materna caracterizando-se qualquer uma das duas como primeira língua de produção linguística. Outra linha teórica apresenta o bilinguismo conforme a visão de Macnamara, que tem como indivíduo bilíngue aquele que “possui competência mínima em uma das quatro habilidades linguísticas (falar, ouvir, ler e escrever) em uma língua diferente de sua língua nativa” (MACNAMARA, 1967, apud HARMERS e BLANC, 2000, p.6 apud MEGALE, 2005, p. 28). Nesse caso, possuir qualquer habilidade em outra língua, que não a sua materna, já se caracteriza como bilíngue, seja na modalidade escrita, falada ou de compreensão. 31 Uma vez compreendida a questão bilíngue, podemos iniciar o processo de entendimento do bilinguismo para o indivíduo surdo. 4.2. Bilinguismo surdo Para o surdo, o bilinguismo vai além da concepção acima. Para o surdo, ser bilíngue é uma necessidade. Não se trata de escolha. O português deve ser aprendido para pleno exercício de cidadania em uma sociedade majoritariamente de língua oral, tratando-se do Brasil. A Lei de Libras n. 10.436 de 2002 prevê em Parágrafo Único que: “A Língua Brasileira de Sinais - Libras não poderá substituir a modalidade escrita da língua portuguesa.” A língua portuguesa para o indivíduo surdo não se revela com uma aquisição materna e natural. A necessidade de aprendizagem é para que o surdo seja um cidadão ainda mais funcional na sociedade brasileira regida pelo português. Apesar do reconhecimento legal da língua de sinais no Brasil, aspectos oficiais são reconhecidos exclusivamente na língua portuguesa. Assim, a Libras não é apresentada como suficiente, tornando-se uma língua dependente do português. Sua autonomia linguística ainda não é reconhecida em âmbitos que privilegiem status social da língua. Para Refletir Nas aulas anteriores, viu-se sobre a historicidade das conquistas e retrocessos da educação de surdos. Sobre a Lei de Libras que foi um marco na história dos surdos brasileiros, reflita: qual seria a realidade vivenciada no reconhecimento social da língua de sinaisse não fosse o impedimento legal em que a libras não pode substituir a língua portuguesa na modalidade escrita? Afinal, por que não pode? E até onde deve-se concordar com essa imposição? 32 A intenção dessa reflexão não é diminuir a importância da conquista que a Lei de Libras apresenta. A Lei foi um avanço inegável para a educação de surdos. Além do reconhecimento linguístico, garante a inclusão da Libras no sistema educacional brasileiro. Encontramos, portanto, uma contraditoriedade na Lei de Libras. Esse processo é decorrente da conjuntura sociopolítica do país, presente em espaços reivindicatórios do movimento popular, na luta por direitos sociais e de cidadania. Almeida (2011) explica a contrariedade das políticas públicas no contexto de uma sociedade capitalista: As políticas públicas respondem a um novo patamar de relacionamento do Estado com a sociedade civil, em que se combinam contraditoriamente elementos de uma lógica globalizante das relações econômicas com a perspectiva de valorização da dimensão política. […] aponta para uma diversidade conceitual e política dos processos de descentralização política e participação social, tornando as políticas públicas campos que além de condensarem uma intensa disputa ideológica expressam enormes dificuldades de concretização dos direitos sociais. (2011, p. 66). O objetivo em destacar a contraditoriedade da Lei de Libras é para que não haja confirmadade com as conquistas já apresentadas. Precisamos ficar atentos ao todo, desde os aspectos legais aos aspectos práticos vivenciados pela minoria surda. É com o entendimento do todo que podemos ampliar nosso arcabouço teórico para maior criticidade na vinculação à luta da comunidade. Apesar da lei colocar, de certa forma, uma língua sobre a outra, ela reconhece a Libras como língua! Libras, na lei, é um sistema linguístico, de modalidade visual-motora, da comunidade surda brasileira em que se trata da sua forma de expressão e comunicação. Esse reconhecimento legal de língua auxilia para que não se abram mais margens socioeducacionais de manutenção da ideia de que surdo não tem língua. Além disso, ela assegura que a educação mais apropriada e que possibilitará o desenvolvimento do surdo é aquela que acontece a partir da língua de sinais. O Art. 2ª, da Lei 10.436, de 2002, também responsabiliza o governo pela difusão da Libras: 33 Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais - Libras como meio de comunicação objetiva e de utilização corrente das comunidades surdas do Brasil. (BRASIL, 2008). Sendo assim, com o entendimento da importância do bilinguismo ao cidadão brasileiro surdo, pode-se compreender com propriedade o que significa a educação bilíngue. 4.3. Educação bilíngue para o surdo A educação bilíngue, como visto anteriormente é uma luta presente na comunidade surda brasileira desde a década de 1990. Várias conquistas foram contempladas, como: Decreto nº 5.626 de 2005 que regulamenta a Lei 10.436 de 2005; Lei nº 13.146 de 2015. No Art. 22, do Capítulo VI do Decreto nº 5.626/2005 que apresenta sobre a Garantia do Direito à Educação das Pessoas Surdas ou com Deficiência Auditiva, assegura a inclusão de alunos surdos: ”As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva”. O artigo, portanto, assegura a educação inclusiva, ainda que coloque a educação bilíngue como forma de inclusão: São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. Artigo 1º. (BRASIL, 2008). O conceito apresentado pelo decreto de educação bilíngue considera as duas línguas, mas ainda não reconhece a Libras como primeira língua do surdo. O Decreto também assegura o intérprete de Libras em sala de aula, tratando-se de um direito importante conquistado pela comunidade surda. 34 As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à comunicação, à informação e à educação. Art. 23. (BRASIL, 2008). Sendo assim, a forma inclusiva de educação de surdos é garantida pelo decreto. O aspecto bilíngue da educação ainda não havia sido discorrido e assegurado legalmente em 2005, consequentemente, a luta dos surdos por melhorias na educação não parou. Recentemente, o Art. 28, da Lei de Acessibilidade de 2015 nº 13.146, prevê a responsabilidade do Estado na “oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas”. Apesar de recente, destaca-se que a Lei ainda não é uma realidade prática no país. Na prática, o “bilinguismo” existente nas escolas é a inserção do serviço de tradução em sala de aula, quando se tem. Ainda assim, todas essas conquistas são importantes para a inserção dos surdos, antes marginalizados, no sistema de educação. A visibilidade ao indivíduo surdo teve um avanço considerável, proporcionando mais espaços de atuação do cidadão surdo a partir da educação. 4.4 Identidade do movimento surdo Os surdos brasileiros são legalmente bilíngues e tem a Libras como língua natural. Barreiras de comunicação vivenciadas cotidianamente pelos surdos formam uma identidade de luta que se assemelha às lutas de outros grupos de minoria linguística. A comunidade surda constitui um grupo de minoria linguística de composição cultural visual. Ao assumir a luta pelo reconhecimento linguístico minoritário, a comunidade surda atrela-se a comunidades indígenas, por exemplo, que também buscam pelo direito e reconhecimento linguístico. A luta indígena é fortemente cultural, resistindo à imposição da língua portuguesa, buscando a sobrevivência das línguas indígenas intrínsecas à cultura indígena. 35 O direito pela manutenção da cultura indígena na educação foi conquistado na Constituição Federal de 1988: Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais. [...] § 2o O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. Portanto, a Educação Bilíngue existe no Brasil. Uma conquista legítima depois de séculos de luta. Os indígenas brasileiros têm como direito o uso de suas línguas maternas dentro da educação. [...] a prática do bilinguismo e da interculturalidade é o que confere tratamento diferenciado à escola indígena em relação às demais escolas de ensino. (FERNANDES e MOREIRA, 2014, p. 63). Isso nos desperta esperança. Toda revolta pelo retrocesso vivenciado durante e após o Congresso de Milão de 1988 pode ser superada. Na espera pela realidade da Escola Bilíngue para surdos, o Brasil requer avanços nos estudos sociolinguísticos, no contexto bilíngue e da língua de sinais. As pesquisas nessa área ainda são poucas. Em nosso país, todas essas questões da educação bilíngue precisam ser pensadas e muitas pesquisas terão de ser feitas, embora haja necessidade de mudanças urgentes na educação de surdos; mas, é necessário, antes de qualquer mudança, fazer cursos de treinamento para mudar a ideologia dos profissionais que trabalham nessa área. (FELIPE,1989, p. 110). O artigo de Felipe foi escrito no final da década de 80, mas a necessidade de aprofundamento das pesquisas ainda é real para que o movimento surdo tome mais força pela conquista de uma Escola Bilíngue. Nesse sentido, é necessário entender a proposta da comunidade ao solicitar a Escola Bilíngue. 4.5 Movimento surdo na perspectiva educacional Um movimento social é formado por um grupo de indivíduos, conceituado como minoria, que reconhecem entre si uma mesma causa, então, unem-se e lutam para alcançar a conquista de um direito. 36 O exercício da prática cotidiana nos movimentos sociais leva ao acúmulo de experiência, onde tem importância a vivência no passado e no presente para a construção do futuro. Experiências vivenciadas no passado, como opressão, negação de direitos, etc., são resgatadas no imaginário coletivo do grupo de forma a fornecer elementos para a leitura do presente. A fusão do passado e do presente transforma-se em força social coletiva organizada (Thompson, 1979). Aprende-se a não ter medo de tudo aquilo que foi inculcado como proibido e inacessível. Aprende-se a decodificar o porquê das restrições e proibições. Aprende-se a acreditar no poder da fala e das ideias, quando expressas em lugares e ocasiões adequadas (GOHN, 1992). O movimento surdo atualmente, considerando todas as conquistas históricas que impactaram a educação de surdos, toma uma frente pelo direito à Escola Bilíngue. A proposta da luta por uma Escola Bilíngue não foge do conceito inicial da luta pela Educação Bilíngue. Para a comunidade surda, as leis e decretos conquistados ainda não se mostraram suficientes. O objetivo da luta é pelo mais eficaz desenvolvimento do aluno surdo. A Escola Bilíngue proporciona um campo linguístico e cultural apropriado para o aprendizado e produção do conhecimento do aluno: Na perspectiva histórico-cultural da aprendizagem, o sujeito é um ser constituído nas inter-relações que estabelece com membros mais experiente da sua cultura. Nesse processo, ele se desenvolve nas interações que estabelece com outros sujeitos. Para que essas relações e interações aconteçam, entretanto, é necessário que os sujeitos envolvidos ocupem um mesmo território linguístico. (BASSO e MASUTTI, 2009, p. 32-33). Um ambiente linguístico adequado é essencial para aquisição do conhecimento, a partir da troca de experiência entre seus pares, compartilhando a mesma cultura a suas identidades multifacetadas. Isso também é importante para o aprendizado da leitura e escrita a partir da relação do significado a uma função social relevante para si e para seu meio. Agora tente imaginar como se dará esse processo de letramento para uma criança em uma escola inclusiva, sendo a maioria dos seus colegas ouvintes e também seu professor? 37 A proposta da Escola Bilíngue é a fundação de escolas com ambiente linguístico primordialmente em Libras e ensino e uso do português como L2 (segunda língua), desde a Educação Infantil até a primeira fase do Ensino Fundamental. Assim, a comunidade surda, com todos seus participantes, surdos e ouvintes que lutam por essa conquista, acreditam que será possível inserir alunos letrados na escola, junto com o serviço de tradução em Libras, proporcionando melhor acompanhamento do conhecimento escolar, além de conhecimento de mundo e maior difusão da Libras no país. O mais importante é o reconhecimento social e familiar. As famílias poderão ter um paralelo à perspectiva clínica da surdez, a partir da percepção do desenvolvimento pleno do surdo. Resumo da aula Nesta aula viu-se a importância da efetivação das leis bem como escola bilíngue para a efetivação da formação integral da pessoa surda. Atividade de Aprendizagem Os surdos brasileiros são legalmente bilíngues e têm a Libras como língua natural. A comunidade surda constitui-se de um grupo de minoria linguística de composição cultural visual”. A partir dessa afirmativa, discorra em no máximo 10 linhas o papel da escola no atendimento do surdo que apropria-se de duas línguas brasileiras. 38 Resumo da disciplina Nesta disciplina viu-se o contexto histórico da pessoa surda: suas conquistas e retrocessos. A importância da escola bilíngue para formação integral do aluno surdo e as terminologias usadas na comunidade surda 39 Referências ALMEIDA, Ney Luiz Teixeira de. Serviço Social no trabalho e políticas públicas. São Paulo: Saraiva, 2011. BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº 1/92 a 56/2007 e pelas Emendas constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. BRASIL, Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade. Declaração de Salamanca e Enquadramento da Acção: na área das necessidades especiais educativas. Salamanca, Espanha: UNESCO , 1994. FERNANDES, Sueli. Educação de surdos. 2. ed. atual. Curitiba: Ibpex, 2011. GOHN, Maria da Glória Marcondes. Movimetnos sociais e educação, São Paulo: Cortex, 1992. - (Questões da nossa época; v. 5) QUADROS, Ronice Muller de; PERLIN, Gladis (Org.). Estudos Surdos II. Petrópolis: Arara Azul, 2007. SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: acessibilidade no lazer, trabalho e educação. Revista Nacional de Reabilitação (Reação), São Paulo, Ano XII, mar./abr. 2009, p. 10-16. SOUZA, Celina. Políticas públicas: uma revisão da literatura. Sociologias: Porto Alegre, ano 8, n. 16, p. 20-45, jul./dez. 2006. Presidência da República - Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos – Brasilia, 2009. Disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018 /2015/lei/l13146.htm. Acesso em: Julho de 2018 Presidência da República - Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos – Brasilia, 2009. Acesso em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6949.htm. Julho de 208 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.